Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Santa Casa
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Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Personalidades - Bezerra de Menezes



Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nasceu na Freguesia de Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama, em 29 de agosto de 1831 e faleceu na manhã de 11 de abril de 1900, no Rio de Janeiro.
Intelectual, médico, militar, escritor, jornalista e político de peso na sua época, teve grande atuação na capital do Império, embora seja mais lembrado pela dedicação aos pobres como médico e pela divulgação do Espiritismo, doutrina que aderiu aos 55 anos.
Entre 1842 e 1846 viveu na Serra dos Martins (RN), devido à perseguição a sua família devido à aproximação com o Partido Liberal. De volta ao Ceará, matriculou-se no Liceu do Ceará, onde concluiu o curso secundário. Em 1851 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez o curso de medicina e ficou conhecido como "Médico dos Pobres" - atendendo gratuitamente os enfermos carentes. Tornou-se 2º Cirurgião-Tenente do Corpo de Saúde do Exército, membro da Academia Imperial de Medicina, membro honorário no Instituto Farmacêutico e, mesmo do Rio de Janeiro, presidiu a Sociedade Beneficência Cearense. Dez anos depois de mudar-se para o Rio de Janeiro, entra para o cenário político como vereador, pelo Partido Liberal. Representou o Rio de Janeiro ainda como Deputado Geral até 1885.
Abolicionista e opositor da monarquia, trabalhou sempre pelos mais fracos. Depois de 11 anos de intimidade com o Espiritismo, adotou-o oficialmente em 1886. E a partir desse período, passou a dedicar-se à doutrina, contribuindo para a sua divulgação e presidindo a Federação Espírita por duas vezes.
Infância e juventude

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.

Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila Frade (adjacente ao Riacho do Sangue), onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.

Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de Latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.

Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no
Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.

A carreira na Medicina

Em 1851, ano de falecimento de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano, iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

No ano seguinte (1852), ingressou como praticante interno ("residente") no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de Filosofia e Matemática.

Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro". Por essa altura, abandonou o último patronímico e modificou o "s" de Meneses para "z", passando a assinar-se simplesmente como Adolfo Bezerra de Menezes. Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, e nomeou para chefiá-lo, como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, e que o convidou para trabalhar como seu assistente.

A 27 de Abril de 1857 candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento". O académico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de Maio, tendo a eleição transcorrido na de 18 de Maio e a posse na de 1º de Junho do mesmo ano.

Em 1858 candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Capitão-tenente e, a 6 de Novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de Março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade. 

 No período de 1859 a 1861 exerceu a função de redactor dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.

Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais sete filhos.
Trajetória política

Nesse período a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela actuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.

Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de Março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.

Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.

Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro
Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.

Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efectivando-se em Julho de 1878, cargo que corresponderia actualmente ao de Prefeito.

Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Foi membro, a partir de 1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.


Vida empresarial

Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870). Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projecto que não conseguiu concretizar (c. 1872). Foi um dos directores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

Militância intelectual


Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem danos para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Alguns indicam que foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai e o visconde de Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redactor de "A Reforma", órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
Bezerra de Menezes: o filme




A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película "Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito", com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, e com a participação especial de Lúcio Mauro. A produção foi orçada em 1,7 milhões de Reais, a cargo da Trio Filmes e Estação da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-de-obra de uma equipe de cento e cinquenta pessoas. O lançamento do filme deu-se em 29 de Agosto de 2008.





O projeto cinematográfico Bezerra de Menezes-Médico dos Pobres utiliza reconstituições e depoimentos para transitar por uma história repleta de exemplos edificantes de amor e moral.

A vida de nosso personagem começa em 1831 na localidade de Riacho do Sangue, Ceará. No universo sertanejo forjou seu caráter e aos dezoito anos inicia no Rio de Janeiro seus estudos de medicina. Na Capital da República foi um grande abolicionista e elegeu-se vereador e deputado em várias legislaturas. Porém, o trabalho anônimo em favor dos mais humildes foi que lhe trouxe o maior reconhecimento de seu povo, que o chamava Médico dos Pobres.

Sua trajetória foi marcada pelo amor e pela caridade. Seja como o político devotado às causas humanitárias ou como o médico conhecido por jamais negar socorro a quem batesse à sua porta. Um exemplo de homem que fez da sua vida um meio de servir ao próximo e à sua pátria...

Contar a vida desse ilustre Cearense é um projeto que ambiciona, mais do que prestar tributo à um grande homem, possibilitar, através do audiovisual, o contato do grande público com as minúcias do seu pensamento e conhecer passagens relevantes de sua vida para melhor compreender a magnitude da sua obra.
Artigos e obras publicadas

 
1856 - "Diagnóstico do cancro"
1857 - "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
1869 - "A Escravidão no Brasil, e medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"
1877 - "Breves considerações sobre as secas do Norte"
"Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
"Das operações reclamadas pelo estreitamento da uretra"
Biografia de Manuel Alves Branco, visconde de Caravelas
Biografia de Paulino José Soares de Sousa, visconde do Uruguai
1892 - publicação da sua tradução de Obras Póstumas, de Allan Kardec
1902 - "A casa assombrada" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEB)
1907 - "Espiritismo (Estudos Filosóficos)" (colectânea dos artigos publicados em O Paiz no período de 1877 a 1894, publicada pela FEB em três volumes)
1983 - "Os Carneiros de Panúrgio" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEESP)
1946 - "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica" ou "Uma carta de Bezerra de Menezes" (réplica a seu irmão que lhe exprobrava a conversão ao Espiritismo, publicada postumamente, em livro, pela FEB)
1920 - "A Loucura sob novo prisma" (estudo etiológico sobre as perturbações mentais, publicado pela FEB)
"Casamento e mortalha" (romance, incompleto)
"Evangelho do Futuro"
"História de um Sonho"
"Lázaro, o Leproso"
"O Bandido"
"Os Mortos que Vivem"
"Pérola Negra"
"Segredos da Natura"
"Viagem através dos Séculos"
Morre Dr. Bezerra - O médico dos pobres


Em janeiro de 1900, Dr. Bezerra sofreu violento derrame cerebral, que o prostrou em uma cama. Durante três meses Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti agonizou sem poder falar ou se movimentar. Só os olhos ainda se moviam. A notícia correu a cidade e causou verdadeira peregrinação à casa do médico, no subúrbio modesto. Assim como acontecia no seu consultório, pobres e ricos misturaram-se em sua casa para visitar o doente.
A cena era singular: cada pessoa entrava uma a uma no quarto onde estava Bezerra , sentava-se em uma cadeira, não falava nada,— já que ele não poderia responder — ficava alguns minutos e saía comovida pelo olhar que Bezerra lhe dirigia. A procissão seguiu-se dia e noite.

No dia 11 de abril de 1900, na casa da Rua 24 de maio, Bezerra de Menezes falece. A cidade agitou-se com a notícia da morte, estando presente no sepultamento do Médico dos Pobres e prestando-lhe homenagens.

Sua época
“Meu Ceará, já estás mui longe (...)
Não desanimes com o abandono
em que te deixam. Teu braço de
ferro não é dos descaem diante
das dificuldades.”

“Éramos passageiros que se
acotovelavam melhor para
verem o gigante de pedra, que
guarda a entrada da primeira
Baía do Mundo.”

“É preciso ter assistido a essas cenas, ter
passado no meio delas, para poder fazer
idéia de todo o seu horror!”

“A liberdade (...) É um direito absoluto e
eterno de criação divina; a autoridade é
um fato, ou, se quiserem, um direito,
porém fato ou direito transitórios,
passageiros e contingentes, de criação
humana.”




Fonte: Wikipédia e pesquisas na internet

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Cemitério São João Batista


Fachada antiga do Cemitério de São João Batista sendo demolida- Arquivo Nirez

O Cemitério São João Batista foi inaugurado no dia 5 de abril de 1866 para substituir o Cemitério de São Casimiro que ficava no local onde depois construíram as oficinas e prédios administrativos da Estrada de  Ferro de Baturité. O terreno do cemitério comporta hoje os prédios e galpões da RFFSA.

Sobre a construção do cemitério


Cemitério São João Batista -Álbum Fortaleza 1931


Nota fiscal de compra de jazigo no cemitério São João Batista de 05/04/1957  
Acervo do Prof. Victor Bessa

Fachada pela Avenida Filomeno Gomes - Foto de Cláudio Lima


Seu fechamento foi determinado em virtude do terreno sofrer influência de dunas móveis e por ficar próximo do núcleo urbano de então. Em 1880 foram exumados do cemitério São Casimiro os restos de pessoas ilustres como Pessoa Anta e Padre Mororó e transferidos para o cemitério São João Batista. O cemitério é administrado pela Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza e tem uma área total de 95 mil m².



Com sua grande variedade de estilos, que se misturam com os rituais de dor, saudade e orações, o São João Batista é um espaço de inestimável relevância para a nossa história cultural. O São João Batista é um espaço central de informações históricas e culturais.



Foto de Cláudio Lima

Como testemunha material de várias temporalidades, a sua existência não é somente uma fonte para classificação técnica sobre arte ou arquitetura, é cenário de uma infinidade de obras. Sua importância histórica estende-se além do limite físico de seus muros, envolvendo-se intimamente com a história e a evolução da cidade de Fortaleza.


Muro do Cemitério na Rua Padre Mororó

Sua administração ficou a cargo da Santa Casa de Fortaleza que, por lei provincial de 1860, já era responsável pela gestão do São Casimiro. Poucos sabem, mas quem visita o São João Batista tem a possibilidade de aprender muito sobre a história de Fortaleza. Barão de Studart, Frei Tito, Tristão Gonçalves e Virgílio Távora, além de famílias tradicionais como Jereissati e Vidal Queiroz, são apenas algumas entre as personalidades sepultadas no local.

O muro lateral do Cemitério que pega toda a Rua Tijubana - Foto Ápio

Fundado em 1866, o cemitério localiza-se na rua Padre Mororó, no bairro Jacarecanga, próximo à Catedral Metropolitana de Fortaleza.


Outras personalidades que foram enterradas no São João Batista:


Barão de Camocim

Barão de São Leonardo

Barão de Studart

Francis Reginald Hull (Mister Hull)

General Sampaio

Carlos Jereissati

Carlos Virgílio Távora, ex-deputado federal do Ceará


Caio Prado

Cego Aderaldo, poeta cantador e rabequista

Cônego Bessa, religioso e político

Demócrito Rocha, telegrafista, odontólogo, escritor, poeta, e jornalista

Faustino de Albuquerque e Sousa, desembargador e ex-governador do Ceará

Francisco Armando Aguiar, ex-deputado estadual

Francisco de Meneses Pimentel, ex-interventor federal no Ceará, advogado e professor

Franklin Gondim, comerciante ex-interventor federal do Ceará

Hélio Melo, escritor, gramático, filólogo e professor

João Dummar, Pioneiro em rádio difusão

Juarez Barroso, escritor e jornalista

Manuel Cordeiro Neto, ex-chefe de polícia do Ceará e ex-prefeito de Fortaleza

Manuel Fernandes Vieira, magistrado e ex-deputado

Natércia Campos, escritora e professora

Osíris Pontes, comerciante e deputado estadual do Ceará

Paulo Sarazate, Deputado Governador e senador do Ceará


Parsifal Barroso, ex-deputado, ex-governador, ex-ministro e membro do Instituto do Ceará

Plácido Castelo, jornalista, advogado, político e professor


Rogaciano Leite

Soares Bulcão, jornalista, poeta, historiador, político e orador

Frei Tito

Tristão Gonçalves

Virgílio Távora

Messias Pontes, jornalista,radialista, militante político, Presidente do Comitê de Imprensa da Câmera Municipal de Fortaleza, Presidente do Comitê de Imprensa da Assembleia Legislativa Estadual, Diretor da Associação Cearense de Imprensa ( ACI)... Faleceu no dia 09 de novembro de 2013 aos 66 anos.


Trancoso e outras narrativas mitológicas

D. Neta, funcionária da Santa Casa de Misericórdia e presta serviços na secretaria do Cemitério, em depoimento amistoso, sem qualquer manifestação de medo porque por muitos anos, convive na "Chácara do Sr. Cândido Maia*", afirma por ser do seu conhecimento que o coveiro Luizinho, certa vez, no final da tarde, quando não havia mais nenhum coveiro, observou que, na avenida principal do cemitério, duas crianças brincavam fagueiras por entre os túmulos e capelas na circunvizinhança da extensa alameda, margeada por adultos ciprestes e algarobeiras perfiladas em linha reta sombreiam e divide em duas vias até alcançar a Av. Filomeno Gomes, próximo à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes e a Escola de Aprendizes Marinheiros.



Segundo a informante, o coveiro Luizinho, vendo que já entardecia e a noite se aproximava, ficou perplexos ao olhar aquelas duas crianças que brincavam despreocupadamente sem que viesse nenhuma pessoa para conduzi-las a sua casa. Atônito com aquela situação, dirigiu-se às crianças, e, ao alertá-las, observou que desapareceram misteriosamente sem deixar nenhum vestígio de sua existência, cujo sumiço foi disfarçado sem percepção.

A dançarina do Maguari

Corre à boca miúda também, impressionante episódio com um casal que se conheceu num baile do Clube Maguari. De repente veio àquela admiração causada à primeira vista numa forte simpatia. Depois de muito valsar, se comprometeu a jovem em fornecer o endereço para prolongar aquele feliz encontro transformando-o em namoro. Já próximo ao término do baile, deixaram o recinto do clube e o jovem rapaz pôs-se a cumprir o prometido para deixar a jovem em sua residência, cujo endereço lhe fora fornecido pela mesma que conhecera momentos antes.

Ao caminhar em direção da casa, a linda moça suplica: Entre aqui nessa rua por gentileza! Dobraram na Rua do Cemitério (Rua Padre Mororó) e ao se aproximar do portão principal, ela suspirou dizendo: Pare aqui. E ao chegar defronte ao cemitério evaporou-se numa transformação repentina.

Cemitério São João Batista -Álbum Fortaleza 1931

O jovem rapaz não se conformando, com o sumiço da jovem, logo ao amanhecer se dirigiu para o endereço fornecido pela dançarina da noite anterior e, ao indagar sobre a jovem dançarina foi informado que se tratava de uma ente querida que deveria ter colado grau de professora na noite anterior e era filha da informante, falecida há mais de dois anos. Ao jovem nada restou senão se unir a família e orar para ser recebida no Céu e não deixar corações empanados por tristeza a quem não pode satisfazer a beleza que o amor produz.

O Desempregado

Certa pessoa nutria grande devoção por almas e tinha por ofício visitar todas as segundas-feiras o cemitério para fazer suas orações. Desempregado, procurava um lenitivo para resolver a aflita situação econômica porque passava naquele momento, sem condição de manter a família e atender as necessidades mais prementes de um chefe de família.

Assim, numa segunda-feira ao percorrer uma rua que dar acesso ao cemitério deparou-se com um cidadão a ele se dirigindo indagou: Está à procura de emprego? Sim. Então vá nesse endereço que estão precisando dos seus trabalhos. Chegando ao local, foi informado que aquela pessoa que fizera a indicação tinha falecido. Entretanto sabedores que o extinto gostava muito de ajudar aos necessitados e conhecendo de quem se tratava deu-lhe emprego, prestando homenagem a quem se compadecera em vida de angustiante situação da pobreza, repartindo com necessitados o que lhe sobrava. 

Cemitério São João Batista -Álbum Fortaleza 1931

A menina-serpente

Outra história que passa numa das mais antigas e pomposas catacumbas, é o túmulo da menina-serpente, construído de pura argamassa, situado no 1º plano do Cemitério São João Batista, datado no inicio do século XIX, que apesar da forte estrutura e correntes de ferro maciço em redor do mausoléu, todos os anos se abrem em profundas fendas, caindo todo reboco.

Dizem que uma pessoa foi morta ainda criança amaldiçoada pela mãe, e, em noites de lua cheia percorre o Cemitério e ruas próximas a Igreja São João Batista, amedrontando pessoas, transformada em serpente, quebrando as correntes, rachando as paredes e abrindo fendas no túmulo.

A Plutocracia no Cemitério

Os que cultuam histórias de "Trancoso" falam de inúmeras histórias sobre os que já se foram desta para outra vida, mas, ainda assim, alimentam a mente como se caixão tivesse gaveta e mortalha tivesse bolso. Praticam atos de impiedade humilhando os menos favorecidos por terem vividos em cabedais de ouro, e, só depois conceberão que "tu és pó e em pó te tornarás". Porque para outra dimensão nada se leva, além das boas ações aqui praticadas dividindo com os mais pobres um pouco do que sobra, pois, "É dividindo que se multiplica", diz o velho adágio popular; de resto, mais nada.

Dos zelos

É preciso cuidar bem do espírito , para não ficar eternamente no limbo, purgando os pecados, que dão de logo ingresso ao inferno junto aos cães coxos, bem rabudos pagando crueldades aqui praticadas e as que não tiveram sequer um pequeno rasgo de bondade para praticar. Mas não esqueçam: o diabo também têm os seus... suas manhas e preferências. Entretanto melhor é fugir dos gracejos e deixar de lado os espíritos zombeteiros e chalaceadores que por aí, dizem, existir perturbando as almas que só querem orações jaculatórias como penitência.

Mas há quem afirma que o caifás, satanás e ferrabrás são na realidade o "manda chuva" do inferno. São os que possuem os maiores garfos e tomam conta das ardentes brasas. Por isso se roga tanto - "Livrai-nos Senhor do fogo do inferno" e das coivaras que esperam certas pessoas que aqui se vangloriam de riqueza e do poder. E se puderem recobrar fisionomias, êta que decepção tamanha será esse reencontrar após a morte.

Cemitério São João Batista -Álbum Fortaleza 1931

Do tinhoso

É bem melhor nos consolarmos com o que temos e merecemos. Ao demônio não se engana facilmente, - dizem os que com ele têm afinidade e gozam dos seus afetos e benquerença. Proclamam os cães antes de pular das suas exuberantes e impetuosas labaredas em língua de fogo... e antes de pedir permissão ao Cérbero para recorrer os recantos das profundezas de seus territórios e crescem os demônios mais argutos na proporção dos nossos pecados até nos conduzir às suas trevas. Contudo, isso não passa das manifestações de lucubração que cada um tem e se desenvolvem em cada bestunto tornando ilusões passageiras de um reino invisível e animam o presente põe de lado o passado e aspiram com ansiedade um futuro cheio de ventura.

O nosso campo santo tem e teve histórias do "arco da velha" desde sua fundação do tempo da "peste bubônica" ou febre amarela, que não havia tempo para sepultar todos os mortos pela epidemia alastrante, porque embora se abrissem valas, tamanha era a urgência para enterrar os entes queridos que afetados não resistiam as intempéries que se alastravam.

Lendas e lendas

Nessa época era ainda o Cemitério Croatá, também conhecido como São Casimiro, na Praça Castro Carreira ou Estação Central, no quadrilátero pelas ruas Senador Castro e Silva, Rua General Sampaio, Rua Dr. João Moreira, no prolongamento da Av. Tristão Gonçalves, Av. Imperador e adjacências. Contam também que os cadáveres ficavam superficialmente enterrados, dada a exiguidade de tempo para inumá-los.

Com a chegada do verão o sol causticante sobre as valas deixavam expelir gases da decomposição de cadáveres, subindo labaredas incandescentes para o alto em forma de "língua de fogo", emanadas das gorduras dos corpos, conhecida como fogo-fátuo, que causava verdadeiras assombrações aos que assistiam aquele despropositado espetáculo, e logo desapareciam em contato com a atmosfera.

Aos mais ingênuos era a maldição que se aproximava dos incautos espectadores que corriam desesperadamente à procura de refúgio e abrigo mais seguros, ou suas casas que deveriam ser mais bem protegidas para livrarem-se o mal ou castigo que vinha do Céu.

*Cândido Maia serviu como administrador do Cemitério de São João Batista, desde 1887 até 1925, ano em que faleceu, sem nunca haver gozado férias e nem licença no emprego.




Fontes: Pesquisas na internet/Cafofo/Wikipédia/Diário do Nordeste

sábado, 17 de outubro de 2009

Santa Casa de Misericórdia



O Hospital da Caridade, mais tarde, Santa Casa da misericórdia. O 2° andar só foi construído em 1920

A construção foi iniciada em 1847 e concluída em 1857. Inicialmente, tinha um só andar e se chamava Hospital de Caridade. Em 1961 volta a ser inaugurada, agora com o nome de Santa Casa de Misericórdia. Em 1915 passa do controle do Estado para o do Arcebispo de Fortaleza. O edifício é reformado em 1920 ( Projeto do arquiteto italiano P. Fiorillo ), sendo-lhe agregado mais um andar, e fachadas com características neo-clássicas, as quais são mantidas até hoje.



Em 1846, o Presidente da Província, Inácio Correia de Vasconcelos, determinou a construção de um Hospital de Caridade para Fortaleza. Em 1847 teve início a construção em um terreno doado por D. Maria Guilhermina Gouveia, localizado em frente ao Paiol do Forte, onde hoje é o Passeio Público.
Em 1854, o Conselheiro Vicente Pires da Mota, Presidente da Província propôs a criação da Irmandade da Misericórdia. Em 1857 foi concluída a construção de um prédio térreo com capacidade de 80 leitos. Ainda em janeiro de 1857, o Presidente da Província, Paes Barreto, cede salas e enfermarias para o Liceu, que permanece ali até 1861, quando só então ocorreu a inauguração formal da Santa Casa.



Santa Casa e sua Superiora JR Becker - Álbum Fortaleza 1931

Fachada da Santa Casa de Misericórdia e Passeio Público em 1932

Em 12 de fevereiro de 1861, o Presidente da Província Antonio Marcelino Nunes Gonçalves oficializou a Irmandade da Misericórdia, nomeou seus dirigentes com a missão de administrar o Hospital de Caridade. Em 14 de março do mesmo ano alterou o nome para Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, tendo como mantenedora a Irmandade Beneficente da Santa Casa da misericórdia de Fortaleza.


Fotografia aérea da Santa Casa em 1950.

Em 1925, a Santa Casa firmou-se como um hospital de alta tecnologia, foi o pioneiro no estado na introdução do serviço de radiologia ao inaugurar no dia 29 de junho de 1925 o primeiro aparelho de Raios X. Pelo espaço de 4 anos funcionou na Santa Casa o primeiro serviço de urgência em Fortaleza, quando em setembro de 1937 foi inaugurado o Pronto Socorro Dr. José Ribeiro Frota.

Em março de 1971 foi inaugurado um moderno centro cirúrgico composto de oito salas. Em pouco tempo a Santa Casa tornou-se o hospital a realizar o maior número de cirurgias em todo o Ceará. Os anos 80 foram marcados pela integração do Hospital ao Sistema único de Saúde – SUS. Sendo um hospital filantrópico sofre todas as conseqüências das medidas determinadas pelo Ministério da Saúde.



Curiosidade: O Dr. Joaquim Antônio Ribeiro foi o primeiro médico nomeado para trabalhar na Santa Casa, em 12 março de 1861. Formado em medicina pela Universidade de Harvard, Cambridge,na Inglaterra em 1853, foi o autor do "Manual das Parteiras".


Lá vem história...

A instituição surgiu em Lisboa, no ano de 1498, por iniciativa de frei Miguel de Contreiras, confessor da rainha Leonor, esposa do rei Dom João II. Daí surgiu a Irmandade da Misericórdia, que passaria a cuidar de pessoas doentes e necessitadas.

Com a expansão do domínio português, a irmandade foi sendo implantada nas novas terras conquistadas. Foi trazida para o Brasil em 1540, com a Santa Casa da Misericórdia de Santos. Depois vieram a de Vitória-ES (1545), a de Porto seguro- BA e a de Olinda-PE (1560), a do Rio de Janeiro - RJ (1582).

A Irmandade da Misericórdia gozava de grande prestígio durante o império, seus membros participavam de vários privilégios, tinham poder político e opinavam em vários assuntos ligados a cidade. Eram identificados pelo uso de uma capa preta e a sua bandeira era olhada com grande respeito pela sociedade.


Enfermaria de Cirurgia dos Homens à cargo de Dr Marinho na Santa Casa.

Enquanto as Santas Casas se espalhavam pelo Brasil, a do Ceará só se instalou 300 anos depois da Santa Casa de Santos. Preocupado com as conseqüências da seca de 1845, que deixara grande número de pessoas doentes e sem tratamento, o presidente da província Cel. Inácio Correia de Vasconcelos, tomou a iniciativa de construir o que ele chamou de Hospital da Caridade.



Mas o presidente foi exonerado em julho de 1847 e as obras foram paralisadas, pois seu sucessor, Casimiro José Morais Sarmento, preferiu investir na construção de um cemitério no Morro do Croatá, que recebeu o nome de São Casimiro, em homenagem ao fundador. (O cemitério de São Casimiro ficava na atual Praça Castro Carreira, mais conhecida por Praça da Estação).

Somente em 1854 as obras foram retomadas. Na época, todo o estado do Ceará havia sido atingido por uma epidemia de cólera, que devastou a população. O então presidente Padre Vicente Pires da Mota, com o apoio de pessoas de posses, resolveu retomar as obras do Hospital da Caridade. Entregou a direção da construção ao Boticário Ferreira, que era intendente da cidade e realizara um excelente trabalho na urbanização
de Fortaleza.



Curiosidade: A Santa Casa esteve sempre ameaçada de ceder lugar ao Liceu a ser fundado, ora a Biblioteca Pública, que não tinha ainda uma sede. Porém no ano de 1851 ocorreu uma grande epidemia de febre amarela. Sendo precário o estado sanitário de Fortaleza, embora ainda não estivesse concluída a construção, foram abertas duas enfermarias da Santa Casa aos doentes mais carentes,que logo ficaram lotadas.

O prédio ficou pronto em 1857 no mesmo local onde funciona até hoje a Santa Casa, que tinha o nome de Largo da Pólvora, por causa da existência de um paiol; depois que o paiol foi retirado, passou a chamar-se Largo da Misericórdia, e por fim, Praça dos Mártires.
A construção foi concluída, mas não iniciou o funcionamento porque não havia pessoal treinado para trabalhar no hospital.


Curiosidade: A Santa Casa foi construída inicialmente com recursos públicos fornecidos á Província para resolver os problemas advindos da última epidemia de febre amarela. O funcionamento da Santa Casa não era prioritário, sendo o funcionamento da Biblioteca e do Liceu priorizados no momento, devido a uma pressão da intelectualidade e das famílias abastadas, que desejavam ver seus filhos estudando em Fortaleza e não mais se deslocando para outras regiões, principalmente Pernambuco e Bahia, como ocorria até então.

Em 07 de outubro de 1859, o presidente Antonio Marcelino Nunes Gonçalves decidiu organizar a Irmandade da Misericórdia em Fortaleza, processo que durou até 1861. A Partir daí, o Hospital da Caridade passou a denominar-se Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza, tendo como mantenedora a irmandade beneficente da Santa Casa da Misericórdia de Fortaleza.

A Santa Casa da Misericórdia funciona na Rua Barão do Rio Branco, n° 20, Centro de Fortaleza, e atende em torno de 13 mil pessoas por mês. O hospital também trabalha com atendimento a preços populares.


Edifício da Santa Casa da Misericórdia na rua Barão do Rio Branco, de frente para o passeio público.

Curiosidade: Em 1961, a Santa Casa de Fortaleza completou 100 anos e contava então com 300 leitos e tornando-se um hospital de grande porte. As injeções de morfina e as contenções ativas foram substituídas por anestesias locais e tronculares, seguidas, após, das primeiras anestesias gerais a base de clorofórmio e éter em máscara aberta ou com a célebre Máscara de Ombredane. Em compasso com esta "modernização" surgiu os primeiros autoclaves e máquinas de lavar industrial. Na década de 70 a Santa Casa passou por profundas modificações em seus estatutos quando foi desligado o Sr. Arcebispo e a Diocese de Fortaleza da gestão da Santa Casa. Em março de 1971 foi inaugurado um moderno centro cirúrgico que em pouco tempo fez com que a Santa Casa fosse o hospital a realizar o maior número de cirurgias em todo o Ceará.

Fotos históricas

Acervo O Povo

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Fonte: Ofipro/santacasace.org.br/Pesquisas pela internet

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