Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Tv Ceará
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sábado, 18 de agosto de 2012

A Era das Estrelas do Rádio


Auditório da Ceará Rádio Clube localizada no Ed. Pajeú - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes

Na década de 1950, quando Fortaleza era uma pequena e recatada urbe, dez vezes menor do que é hoje, a façanha de se conseguir um ingresso para programas de auditório na Ceará Rádio Clube (PRE-9) ou Rádio Iracema (ZYR-7), as duas únicas emissoras de rádio então existentes na cidade, tornava-se algo tão disputado quanto é hoje garantir um lugar na plateia do cinema que exibe 3D.

Geralmente realizados nos finais de semana, já às quartas-feiras todos os ingressos estavam vendidos a uma plateia essencialmente democrática, que abrangia desde empregadas domésticas até respeitáveis matriarcas de importantes famílias locais.

Cantora Maria José de Deus (Celina Maria), da ZYR-7, Rádio Iracema - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes


Entre os programas de maior popularidade na PRE-9, em seu simpático e sempre superlotado auditório do edifício Pajeú, estavam "Divertimentos em Sequência", comandado em sua fase áurea por João Ramos, um dos mais talentosos profissionais da comunicação cearense em todos os tempos, e o "Noturno Pajeú", tendo à frente Augusto Borges e, numa fase mais recente, Paulo Limaverde.



Para as crianças, havia a atração irresistível do "Clube Papai Noel", na manhã dos domingos, inicialmente apresentado por um jovem que viria a se tornar prefeito de Fortaleza aos 28 anos, em legítima eleição popular: Paulo Cabral de Araújo. Na Rádio Iracema, fazia sucesso o "Fim de Semana na Taba", onde Armando Vasconcelos reinava absoluto às noites dos domingos.

Além de apresentarem atrações nacionais e internacionais, as duas emissoras fortalezenses contavam com um trunfo imbatível para sua magnífica receptividade junto ao público: eram as estrelas da própria terra alencarina, como se dizia nos anos 50 e 60, com seus aguerridos clubes de fãs, tão queridas e aplaudidas na época quanto hoje o são famosos artistas da televisão.


Ayla Maria foi descoberta a partir dos pastoris que se apresentavam na praça José de Alencar. Ela acabou sendo ‘A voz orgulho do Ceará’ - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes e Arquivo Nirez

Os homens também tinham vez e voz, é claro, mas as mulheres alcançavam maior destaque na seara artística local. Cada artista possuía um estilo próprio com o qual conquistava seus admiradores.

Havia o romantismo de Maria Guilhermina e Zuíla Aquiles; o charme adolescente de Fátima Sampaio e Lúcia Sampaio; as vozes harmônicas e de longo registro das Irmãs Vocalistas (Cleide e Adamir Moura); a rivalidade encenada pelos tietes das estrelas Ayla Maria¹ e Ivanilde Rodrigues, ambas ainda a cumprir marcante desempenho no teatro.


Entre o público masculino, criava intensa empolgação o gingado irresistível de Keyla Vidigal, uma espécie de precursora de Wanderléia e Clara Nunes no completo domínio de palco.

Keyla Vidigal - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes

Sem esquecer o carinho concedido pelos fãs de Telma Regina, Vera Lúcia, Marilena Romero, Ísis Martins e tantos outros talentos dignos do painel de honra das grandes intérpretes brasileiras. Dessa forma, conquistaram espaço no cenário artístico, na cultura e na história do rádio cearense.

Assim como Keyla, Thelma Regina encantava o público com o talento vocal e estilo sofisticadoLivro Os Dourados Anos de Marciano Lopes

Isis Martins - Coisas que o Tempo Levou - A Era do Rádio no Ceará de Marciano Lopes

Curiosidades

Zuila aquiles - artista da Ceará Rádio Clube, fazia o gênero cantora de câmara, apresentava-se semanalmente, à noite, e não costumava cantar em auditório.

Maria guilhermina - foi aclamada como estrela da canção portenha. O tango era o principal gênero do seu repertório.

Lúcia Elizabeth - era jovem e simpática. Sobrinha de Vera Lúcia, também pertencia à casta da Rádio Iracema.

Cleide Moura e adamir moura - eram as irmãs vocalistas da Ceará Rádio Clube. Muito talentosas, arrancavam aplausos entusiásticos da platéia.

Marilena Romero - Livro Os Dourados Anos de Marciano Lopes


Marilena Romero - teve grande atuação fora dos palcos da rádio. Especialista no gênero musical "buate" fazia muito sucesso cantando na noite.

Thelma Regina - chamava a atenção do público pela elegância. Apresentava-se em trajes de gala que destacavam ainda mais sua beleza.

Fátima Sampaio - iniciou a carreira como cantora ainda menina, no programa infantil das manhãs de domingo da Ceará Rádio Clube.

Ísis Martins - começou cantando com duas irmãs. As três ficaram conhecidas como as "pastoras" do cantor Paulo Cirino. Depois, Ísis se lança na carreira solo.





¹AYLA MARIA (Foto ao lado, com o ex marido Armando Vasconcelos) - Nome artístico de Maria Ayla da Silva Vasconcelos. Natural de Monsenhor Tabosa. Veio criança para Fortaleza e logo foi admitida no programa Clube do Papai Noel, da Ceará Rádio Clube; passou-se depois para a Rádio Iracema. Representou o Ceará no Festival de Música Brasileira (1958, Maracanãzinho, Rio de Janeiro), alcançando imenso sucesso com sua interpretação de Babalu. Como cantora, apresentou-se também em outras cidades do Brasil, principalmente as do Nordeste. Integrou a lista de melhores da Revista do Rádio (1965). Destaque da TV Ceará. Disco de Ouro da Associação Cearense de Rádio. Jornalista: “Gazeta de Notícias”. Foi a Mitz da opereta Valsa Proibida, de Paurilo Barroso, na montagem de 1965; participou da remontagem das principais burletas de Carlos Câmara, bem como de espetáculos da Comédia Cearense. Pelo seu espírito filantrópico, apresentou-se em entidades assistenciais, recebeu Bênção Especial do Santo Padre Papa Paulo VI.





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Créditos: Diário do Nordeste de 14/02/2010, 
Os Dourados Anos de Marciano Lopes, AOUVIR e Arquivo Nirez

terça-feira, 19 de junho de 2012

Chatô, a Televisão e Rayito Del Sol em Fortaleza



De como, no mundo dos fatos, pessoas e acontecimentos interagem produzindo história e estória.

Aos caros ledores, de início, as apresentações dos personagens e suas façanhas, para o vivificar dos antigos e a perplexidade dos moços.

Um platicéfalo umbuzeirense, saído dos cafundós da Paraíba, deu-se, de corpo e alma, a uma peleja que ninguém se atreveu, nem aqui, nem na América Latina. Entrou nas casas e instalou-se desde 1950. Espantou a uns e alegrou a outros. Mudou e criou modos e costumes dantes desconhecidos. Mostrou-se um cruzado dos tempos modernos.

Um aparelho eletroeletrônico, com a voz do rádio e as imagens do cinema, em dimensões menores, trouxe às residências divertimento, informação e cultura dos vários recantos do País e da Terra. Até hoje, indispensável ao público. 



Novas formas e padrões artísticos, apresentados ao vivo e exigindo excepcionais técnicas cênicas e interpretativas de atores, atrizes, apresentadores, noticiaristas e uma gama de pessoal de apoio.

Em meio a isso, o surgimento, quase inusitado, de linda cantante e dançadeira caribenha. Causa de furor nas mentes e corações masculinos. Encantamento pela maviosidade da voz, dos saracoteados sensuais de rumbeira, a exuberância perfeita de dotes físicos e as audaciosas mostras do que um milimétrico biquíni era incapaz de esconder. 

Imagem meramente ilustrativa

Carolas maledicentes e ocupadas com a vida alheia, em magote, buscantes de pecados nos variados lugares alcançados por suas vistas. Tormentosas no infernizar a vida do prelado local e no atanazar um Chatô fleumático.

Um bispo, o empresário maior da comunicação no Brasil, maridos e filhos amantes do belo na tentativa de safarem-se do ódio das megeras.
 

Parte do imbróglio deste causo chega a nossa Capital, fervilha por ambientes vicejantes noturnos, sem deixar de futricar nas fantasias juvenis, algumas ainda pueris.

E, de tudo, um final capaz de agradar a gregos, troianos, hebraicos e medo-persas, no dizer do causoeiro nonagenário da Serra do Estevão, meu xará Geraldo Bezerra dos Santos.

DE CHATEUABRIAND A CHATÔ

Caatinga nordestina. Alto sertão paraibano. Tropeiros, nas horas causticantes do dia, descansavam, juntamente com suas tropas, à sombra de um frondoso Umbuzeiro. Aos poucos, a localidade formou-se vila, povoado e, em 1890, constitui-se município, desmembrado de Ingá.
 
Dois anos após, em 5 para uns e 4 de outubro para outros, esta última data consagrada a São Francisco de Assis, nasceu naquele rincão uma criança que recebeu o nome do santo. Francisco de Assis. Seu pai, admirador do poeta e pensador francês François-René de Chateaubriand, acrescentou Chateaubriand ao nome do recém-nascido, complementando-o com Bandeira de Melo, sobrenome familiar. Assim, Francisco de Assis Chateaubriand Bandeira de Melo constou do registro de nascimento do menino. Tempos depois, para íntimos, Chatô simbolizou tratamento carinhoso.



Da Paraíba partiu para Pernambuco, graduando-se Bacharel em Direito pela Faculdade de Direito de Recife e, em seguida, viajou para o Rio de Janeiro, onde se radicou.

Advogado, professor, jornalista, proprietário de jornais, rádios e revistas, fundador e dirigente do mais forte grupo de mídia da América Latina - os Diários Associados -, senador da República e embaixador no Reino Unido influenciou, significativamente, decisões republicanas da História do País.

Empreendedor eficiente construiu o mais expressivo conglomerado de informativos sul-americanos, contando número superior a cem jornais, estações de rádio e de televisão, publicações e agência telegráfica.

Fundou o Museu de Arte de São Paulo e, como literato, ocupou a Cadeira 37 da Academia Brasileira de Letras.

PIONEIRA TELEVISÃO LATINO-AMERICANA

18 de setembro de 1950. Chateaubriand, entre eufórico e ansioso, aguardava o momento para tornar-se o pioneiro da implantação da televisão na América Latina. Sonho de uma década, finalmente desperto para a realidade, tendo vencido as incontáveis adversidades. 



Enfrentou enormes obstáculos administrativos, aduaneiros e técnicos para a consecução do ideal obstinadamente perseguido.

Nada abatia seu intenso labor. Certa feita, sobre a dificuldade de profissionais para o trabalho, firmou: “O que acontece é que Deus anda cansado de carregar tantos malandros de tão pouca vergonha. Por isso, decidiu agora ajudar os chineses porque esses hereges sabem fazer uma coisa de que já nos esquecemos: trabalhar.”.

Fizeram-se completadas as aquisições da aparelhagem televisiva de captação, editoração e transmissão de imagens e sons. Igualmente, concluídas as edificações, instaladas as aparelhagens e equipamentos, como geradores, transmissores, retransmissores, antenas e estúdios.

O velho projeto concretizara-se no rápido prazo do biênio final daquele decênio de lutas.

Superados estavam os difíceis problemas comerciais e organizacionais surgidos e enfrentados, incansavelmente, no decorrer da execução do empreendimento. 




Chegara, enfim, a majestosa noite. Momento da inauguração da PRF3 TV Tupi de São Paulo. Primeira transmissão a partir do parque de produção localizado no Alto do Sumaré.

AO VIVO OU EM FILME 16 mm

Sem o recurso do videoteipe, somente chegado em 1960, quase toda a programação, obrigatoriamente, dava-se ao vivo.

A produção de clipes, em películas cinematográficas de 16 mm, além de exigir montagens complexas, era elaborada de maneira trabalhosa e demorada. 



 
Equipamento Telecine 16mm - Lealevalerosa

Até a exibição de filmes destinados às salas dos cinemas, para transmissão na TV, impunha difíceis adaptações e arranjos. Nem sempre, exitosos.

Impossível, devido à inexistência de aparelhagem da época, a realização de transmissões externas, impedindo levar ao ar ocorrências relevantes locais e nacionais.


GAFES, IMPROVISAÇÕES E HUMOR

As gafes, improvisações e paralisações, no ar, de propagandas comerciais e noticiários faziam-se constantes. Os telespectadores aceitavam, compreensivelmente, tais dificuldades, ante a novidade.

O aparecer, no cinescópio, de imagens em preto e branco, sem brilho, com o efeito “chuvisco” e as costumeiras interrupções de sinal faziam-se suportadas pelo telespectador e “televizinho”. Afinal, não se conheciam melhores condições tecnológicas.

Quem deveras sofria eram os protagonistas. De quando em quando, esqueciam, parcial ou totalmente, o texto decorado. Pronunciavam, erroneamente, palavras e chegavam a risos incontidos. Por seus equívocos ou os dos colegas copartícipes.

Alguns intérpretes chegavam ao total mutismo durante uma apresentação.

INAUGURAÇÃO: TV TUPI E SEU FUNCIONAMENTO

Finalizada a benção das instalações, proferidas as falas das autoridades presentes à solenidade, foram exibidas as cenas das filmagens realizadas, em um programa especial dedicado aos atos inaugurais. 



Hgproduções

Focalizou logradouros, pontos turísticos e históricos da capital paulista, representando um passeio que se completou com visita ao complexo de emissoras de Chateaubriand em sua Cidade do Rádio.

A conclusão enfocou, em amostragem objetiva e compreensível, o funcionamento total do sistema de televisão, iniciando na portaria do prédio e percorrendo todos os setores.



SHOW INAUGURAL DA TV TUPI

A segunda etapa da festividade inaugural constou de um musical participado por conhecidos intérpretes do cancioneiro nacional, apresentado pela atriz Yara Lins e encerrado com o famoso balé de Lia Marques.
 
Como apoteose, duas famosas atrações internacionais especialmente trazidas ao País.

Recital do ator contratado pela Century FOX, destaque em dez filmes e inúmeros discos fonográficos, o frei-cantor mexicano de tangos e boleros Jose Mojica, de grandiosa querência pública. Mojica fascinou a plateia ao entoar “A Canção da TV”, magistralmente composta para a ocasião. Para encerrar o espetáculo, aguardado com ansiosa expectativa, as duas únicas câmeras revezavam-se no focar da esfuziante e linda cantora-rumbeira Rayito Del Sol, ao som do instrumento de seu irrequieto bongozeiro Dom Pedrito e do afinado conjunto musical acompanhante da estrela. Empolgação desmedida e surpreendente.

ESCÂNDALO RAYITO DEL SOL

A cantora caribenha cativou grandemente a maioria dos telespectadores da pauliceia. Em contraste, viu-se apupada por uma minoria de longevas senhoras. Carolas integrantes de uma confraria religiosa, segundo os jovens defendentes do modernismo

Para eles, tornou-se sucesso absoluto o cântico, a dança, os requebros, a sensual beleza, a microrroupagem e outros quês e porquês da análise de cada fã. Era a própria estrela em grandeza e não um simples pequeno raio, indicativo de seu nome artístico.

Para elas, escândalo horripilante provocado pela desinibição no trajar e no rebolear. “Horripilante pecaminosidade desvairada e chocante. O desvario obsceno. Reprodução orgíaca de Sodoma e Gomorra.” – asseveravam as matronas.

O show tornou a rumba e sua representante paixões populares, a partir daquele momento, graças às divulgações de jornais e rádios. Deu-lhe inesperada e extraordinária fama na TV Tupi e nas casas de diversões noturnas.

A também cognominada La Venus de Cuba, na estréia, afora seu mavioso vocalismo, vestiu um quase imperceptível maiô de duas peças, exibiu passes extasiantes, tidos acintosos pelas senhoras ditas tradicionais quatrocentonas.

Representante da conhecida família Whitaker formalizou manifestação de repúdio. O alvoroço ativou-se em reunião da Confederação das Famílias Cristãs e, em protesto, foi levado a Assis Chateaubriand, com o fito impedir que “a pecadora continuasse a invadir e desrespeitar a moralidade dos lares.”. 

O bispo de então, Dom Paulo Rolim, por igual, viu-se instado a reprovar as exibições e, se o caso, até excomungar a, para elas, terrível pecaminosa.

Em resposta, alegou “não ser este assunto da Igreja e que a emissora devia arcar sozinha pelas consequências.”. Daí em diante, fugiu da temática como satanás o faz da cruz.

CHATÔ, O BISPO E RAYITO

A encantadora vedete e dançante conquistou São Paulo, tornou-se a principal artista requisitada da noite paulista, com invulgar popularidade.

Chatô, a exemplo do bispo e inteligentemente, esquivou-se de comentar os fatos, deixando o assunto para exame da direção artística da TV.

Maridos e filhos das damas, atendendo aconselhamentos e aos próprios olhos, recomendaram as santas prudência e tolerância. Ah! e como adoraram sugerir as práticas naquelas circunstâncias... inclusive, enaltecendo o perdão.

Enquanto isso, a Tupi criava o semanal programa Maracás e Bongôs, exclusivamente para a saracoteadora rumbeira. Durante meses, sucesso primeiro e atração recorde de audiência.

E o ritmo cubano, irreverente e ousado, balançou os volumosos e trepidantes quadris pátrios.

EM SÃO PAULO, OUTRAS CAPITAIS E FORTALEZA

Tanto lá, quanto cá, a dançarina recebia homenagens mil.

Empreendeu turnê pelas capitais, realizando temporadas com exibições teatrais, shows especiais e participações em festas de clubes sociais.

O historiador paraense Carlos Rocque, irmão de Felix Rocque – proprietário dos Teatro Poeira e Teatro de Variedades – dedicou citações a Rayito e a “sambista Hebe Camargo” por suas participações na Festa de Nazaré. Belém homenageou, em grandioso estilo, as duas personalidades, de acordo com artigos da imprensa.

 

Patrocinada por empresas e programa radiofônico de auditório, Rayito atendeu a convites e cumpriu estada em Fortaleza.

Causou tumultos devido às multidões que atraia, quase provocando quebra-quebra na portaria do Theatro José de Alencar, em face das superlotações e consequentes esgotamentos na venda de ingressos. 


Teatro José de Alencar - Acervo Pedro Leite


Igual situação ocorreu na entrada do Edifício Pajeú, onde funcionava a PRE9 – Ceará Rádio Clube, quando a cubana chegou para abrilhantar o Programa Noturno Pajeú, comandado pelo comunicador, apresentador e radioator João Ramos.
Também em clube social a estrela de Rayito foi verdadeiramente Del Sol. Não se mostrou um "raiozinho" como sugeria no nome. Duvidasse, por ela o astro maior seria novamente vaiado na Praça do Ferreira


Estúdio da Ceará Rádio Clube 


Seus deslocamentos movimentava forte aparado policial, pois os admiradores não se continham nos desejos e tentativas de alcançar a ninfa.

Durante sua permanência entre nós, hospedada no Excelsior Hotel, diuturnamente, uma legião de admiradores postava-se na rua Guilherme Rocha na esperança de vê-la e conseguir autógrafo.

AS FOTOS E O JEJUM ESTUDANTIL

Curiosos e risíveis episódios marcaram a estada da rebolativa beldade na terra alencarina.

Os jornais Correio do Ceará, O Povo, Unitário e Gazeta de Notícias estampavam fotografias artísticas, com aberturas diafragmáticas precisas. Sobressaiam os sumários biquínis, pouco escondendo os predicados anatômicos da rebolante. Hoje, aquelas peças, segundo os estilistas já ultrapassadas e com volumoso desperdício de tecido, ofereceriam matéria prima para confecção de vários maiôs do tipo fio dental.

O impressionante residia na procura, pela estudantada, de exemplares daqueles noticiosos matutinos e vespertinos. Deles, as fotografias eram recortadas, colocadas entre as páginas dos livros escolares que, em classe e em plenas aulas, circulavam, passando de mão em mão.

Disputadas nas bancas de jornal foram, também, as edições da Revista do Rádio, onde se encontravam fotos, notícias e entrevistas com a intérprete do rebolativo estilo de música do Caribe

Acervo Amara Rocha 

Alunos do Colégio Lourenço Filho deixavam de merendar e o dinheiro da mesada destinava-se as aquisições de fotografias.

Até a Revista Saúde e Beleza, divulgadora de espécimes modelares humanas, foi esquecida.

 SONHAR COM RAYITO E ACORDAR COM APOLINÁRIO 

 À época, o desembargador Faustino de Albuquerque e Sousa governava o Estado, enquanto o inspetor João Apolinário da Silva, da Guarda Civil de Fortaleza, integrava o corpo de seguranças governamental. 
Afrodescendente, o vigilante, ao que divulgavam, possuía mais de 1,90 m de altura para um físico superior a 110 quilogramas.  
Certa feita, segundo consta, murro desferido pelo guarda na cabeça de um touro, teria derrubado o animal.

Fiel servidor do então governador e temido por sua conhecida valentia, não admitia a mínima crítica ao ocupante do Palácio da Abolição.

Opositores políticos e galhofeiros aproveitaram-se da imagem da bela para cutucar a fera.

Indagavam “Qual a diferença entre o céu e o inferno?”



Aos que não sabiam a resposta ou davam outra, retrucavam: “Sonhar com Rayito Del Sol e acordar com o Apolinário ao pé da rede.”

RAYITO CHEGOU E APOLINÁRIO PARTIU

27 de setembro de 1950. 22 horas. Igual horário ao da inauguração da TV Tupi, dias antes, em São Paulo.

Em bar das proximidades da Praça Presidente Roosevelt*, bairro Jardim América, registrou-se desentendimento entre frequentadores do estabelecimento. Travou-se renhida luta corporal, seguida de tiroteio.

Ao fim da contenda, sem vida, o corpo do inspetor Apolinário restou estendido na calçada.

A data marcou a chegada de Rayito e a partida de Apolinário


Geraldo Duarte




*Atual Praça Frei Galvão, como passou a ser chamado oficialmente o lugar.



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Agradeço ao querido amigo Geraldo Duarte 
(Advogado, administrador e dicionarista) pelo belíssimo artigo!

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Novela vivida




Ultrapassava a paixão. Era o viver a novela. Incluir-se em cada cena. Sofrer, alegrar-se, rir, chorar. De viva voz, buscar interagir com o televisor, exigir-lhe respostas. Aplauso, protesto ou manifestação de contentamento mostrava-se de quando em vez.
Dona Luzia transformava-se de telespectadora em participe. Não raro, levantava-se da cadeira e encaminhava-se para junto do receptor. Parecia querer entrar naquele mundo de ficção. Para ela, insofismável realidade.
- Conta à verdade toda! A hora é esta! Deixa de querer ser boazinha! Pronto! Agora está sem jeito, sua tola! Ah, vai chorar, né? Bestalhona! A outra vai te passar para trás! 


Na foto, montagem com cena da TV Ceará. Em primeiro plano João Ramos eKarla Peixoto


E mais um capítulo chegava ao fim com os aconselhamentos, protestos, exclamações e, até, interrogações da aficionada fã.
O calendário marcava um dos anos sessenta. Dois ou três depois de inaugurado o primeiro canal televisivo na Capital. Longe da chegada do videoteipe, os dramalhões apresentavam-se ao vivo. Atores locais, também intérpretes de novelas radiofônicas, formavam o elenco das oito da noite nas telinhas convexas, de cantos arredondados, com imagens de pouco brilho, em preto e branco, além das interferências conhecidas popularmente como “chuvisco”.

Raras casas possuíam o novo entretenimento. Daí nasceu à figura do televizinho, o sem-TV que infernizava a vida dos proprietários do novo aparelho.

Nossa personagem integrava aquele grupo. Todas as noites fazia-se penetra em uma das únicas duas casas dos providos da rua. As salas ficavam cheias. Os que não mais ali cabiam, postavam-se na calçada. Espremiam-se nas janelas e portas das residências para assistir aos programas. 



A privacidade das famílias findava-se. O sossego também. As intervenções inesperadas da idosa senhora chegavam a assustar uns, merecer críticas de alguns e os “psius” da maioria. Ela chegava ao extremo da descompostura aos reclamantes, exigindo suas retiradas do recinto. Enquanto isso, os donos da casa evitavam incompatibilidade com os moradores conhecidos e sofriam resignados e silentes.
Novidades tecnologias sempre têm preços e sacrifícios altos.








Artigo do amigo e colaborador Geraldo Duarte

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

A TV Ceará em fotos



O cantor Antônio Borba, que e em 1963 se apresentou na TV Ceará no Programa Domingo  Musical comandado por João Baiano.


Toinho Mendes fazendo propaganda ao vivo da Alencar Tecidos na Tv Ceará - Arquivo Raimundo Enéas.


Agora do alumínio Ironte - Arquivo Raimundo Enéas.


"Não percam a promoção do circulador de ar":) - O Carnaval de ofertas - Arquivo Raimundo Enéas.


"Extra, extra, vitrola e Conjunto para terraço em ofertas imperdíveis!" 
Arquivo Raimundo Enéas.


O jovem ator Emiliano Queiroz - Arquivo Raimundo Enéas


O Renato Aragão já aprontava todas na TV Ceará - Arquivo Raimundo Enéas


A Eletro Alencar cheia de ofertas, da enceradeira luxo ao liquidificador Campeão 70 :) - Arquivo Raimundo Enéas.


Novela na TV Ceará - Arquivo Raimundo Enéas. 


Novela na TV Ceará -Em primeiro plano, João Ramos e Karla Peixoto. Este que está com o violão é Raimundo Silva "Mundinho", violonista do Trio Jangadeiro (os outros integrantes estão atrás). Arquivo Nirez


Programa 7 dias em destaque. Na foto, João Ramos fazendo a entrega da Jangadinha ao veterano locutor José Limaverde Sobrinho. Arquivo Nirez


Da esquerda pra direita: Antonio Mendes (Toinho), Wilson Aguiar (Cheiroso), Wilson Machado, Augusto Borges, Emiliano Queiroz, Marcus Miranda e Maria José. Arquivo Nirez


Neide Maia fazendo a entrega do prêmio a um freguês que foi sorteado - Arquivo Nirez



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