Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : E o trem nunca mais voltou...
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terça-feira, 27 de setembro de 2016

E o trem nunca mais voltou...


Posto Clipper - Arquivo Assis Lima

Mercadinho ao lado da via férrea e o budegueiro Ozanan

Não sabemos se o Sr. Ozanan havia sido na década dos anos 50, morador das Vilas São Pedro ou São José. O que sei é que o mesmo estrategicamente procurou aquele ponto para negociar. Seu comércio ficava na esquina setentrional das ruas D. Maroquinha e Adolfo Campelo, vizinho a Dona Amália, mãe da Vela Branca, sua filha que nunca soubemos o nome, mas sua pele era antagônica ao sol. A residência do seu Ozanan era na rua Tereza Cristina, defronte ao Templo Central da Assembleia de Deus, no Centro.
Acredita-se que ele foi um dos pioneiros naquele pedaço, no ramo de comércio varejista, e foi concorrido pelo Abelardo sapateiro na Vila São Pedro, na beira da linha olhando para o portão principal da fábrica “Casa Machado”. Abelardo era um viúvo, e mantinha um caso com a também viúva D. Ana, casal engraçado, que nem banguelo comendo farofa. Não saía nada...

"Cruzamento da Av. Fco Sá com o lado da praia (atrás do fotógrafo) rua Jacinto de Matos e a esquerda da foto, Início da Av. J. Bastos. No local do "paredão" à direita hoje existe a Av. Jatahy e os trilhos existem somente até esse ponto pois era a antiga linha sul, hoje parcialmente desativada." Alex Mendes
Foto do acervo Assis Lima

O comércio do sapateiro entrou em decadência. Quando meninote fui lá pela primeira vez, consertar uma sandália de meu pai. As prateleiras empoeiradas com o correr dos anos, mas restando garrafas de refrigerantes vazias, tais como as do Crush, Grapette, Blimp, Guarasuco, Taí, Wilson e Kciki. Ainda posso me lembrar das também de cachaça: Bagageiro, Douradinha, Ypioca e Pitú.

Relembrando o Kciki e o Crush em fotos do Brazilian Beatles em Fortaleza nos anos 60. Acervo Aderbal Nogueira


Entre o Seu Ozanan e o Abelardo, existia o Mercadinho que ia da rua Adolfo Campelo até a Avenida Francisco Sá. Tinha três partes, sendo uma ao ar livre e duas em galpões.
Na parte ao ar livre se vendia animais vivos, galinhas, caprinos e porcos. No recanto noroeste do ar livre tinha o carvoeiro, ou seja, venda de carvão. O despachante era seu Manoel cara preta kkkk não me pergunte por que rí. O muro divisor do mercadinho com a vila São Pedro na beira da linha, era baixo e aí se via o quintal das casas.
O segundo pavimento, tinha uma forma de cruz com quatro comércios. O primeiro era o Sr. Arteiro, o homem do “Hoje Não”, isso porque muitos iam lhe falar fiado. Do mesmo lado tinha o restaurante da mãe do Cristóvão, meu colega de Grupo Escolar Sales Campos (ah! Depois falo do Grupo). Os outros comércios deste segundo pavimento, confesso não lembro. No primeiro pavimento ficavam as carnes verdes, peixes, sarrabulho, panelada e no canto a bodega do pai do Pimpão.


Pelo lado de fora, já pela Avenida Francisco Sá, tinha o mercadinho dois portões de ferro tubular de cor vermelha. Existiam três bares/restaurantes. Um era do Chico Lima, o do meio era o Esquisito Caladinho e o da esquina já beirando os trilhos, o famoso Caldo do Françoá, pai do Hélio queixo de tábua. Esse era o movimento comercial, na entrada principal da Vila São José, onde tinha na Avenida Francisco Sá, uma das principais paradas de ônibus no sentido Oeste das linhas que não eram do Jacarecanga.
As linhas eram Santa Maria via Vila Ellery, Gomes Passos = Nossa Senhor das Graças; Coelho Fonseca = Vila Santo Antônio; Floresta = Álvaro Weyne, Jardim Petrópolis = Goiabeiras/Regatas, Tyrol via 7 de Setembro, Brasil Oiticica Indo ao Carlito Pamplona, Jardim Iracema e Barra do Ceará indo aos 7 prédios.



Agora lamento: Seu Abelardo e seu Ozanan já nos deixaram. O mercadinho, já promíscuo passou por reformas na Administração Vicente Fialho, mas os permissionários não acharam mais interessante. Neste hiato da reforma, surgiram na Vila São José vários comércios.
Atendendo reclames, a Prefeitura vendeu este patrimônio por via legal, e as residências do Pedro Philomeno não suportaram a especulação imobiliária. Foi tudo ao chão.
Só restou daquele pedaço o Posto de Gasolina Clipper que, depois mudou de nome. A Firma Machado desapareceu, e ficou por pouco tempo uma parte mutilada da José Pinto do Carmo.
Até o trem vendo essa lamentável destruição, sentiu tristeza e foi embora e nunca mais voltou, nem eu também."

Assis Lima


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Colaborador: Assis Lima

Ex-Ferroviário, Assis Lima é radialista e jornalista.
Idealizou e mantêm o Blog Tempos do rádio




6 comentários:

  1. Sensacional, adorei, revi minha infância, minha mãe tinha um cardeneta de fiado no Sr. Ozanam, kkkk e comprei muita carne no mercadinho, meu vizinho tinha uma oficina que ajeitava carros, o Sr. Geraldo com o Socorro (Môco) ajudando ele,meus pais chegaram na vila em 1955 e nasci em 56 na antiga rua Maria Stela/hoje Adriano Martins, ainda hoje minha mãe mora lá com meu irmão, tinha o Sr. Teles, Sr. João Lima, Sr. Manoel da bodega nova a bodega do Zé tomate, Sr. Antonio Bombeiro que vendia verduras em casa, quantas lembranças, hoje mudou tudo. Obrigado pela postagen.

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  2. Assis, meu abraço. Um autodidata; no assunto. Como sempre fiz, o faço agora; absorvendo o seu compromisso com nossa história e quase sempre Assis, permeada pela minha e sua amada ferrovia cearense. Você; enciclopédia de nossa ferrovia! Recordo de nossos encontros no Chalé da RFFSA, com o Dr Hamilton, e sem deixar de lembrar o belo presente que ofertou_me (imagens da reforma ocorrida em Sobral, acho em 1974). Você sumiu, seu filho falou-me em certa oportunidade; vivia na Paraíba, acho!?!?. Pois saiba, fiquei feliz em vê-lo aqui outra vez. Grato. Ney Robinson. Facebook: Ney Robinson Rios Frota.

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  3. CONHEÇO UM POUCO DESSA HISTORIA, DESD DE 60 ATÉ 74,MOREI PROXIMO ,

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  4. Mt interessante essa história que lembra minha infância e adolescência e juventud, vivido dedes os anos 60até74 morei no B NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS. NA DITA RUA , passava muito na localidade citada.

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  5. GOMES PASSOS RUA NAS PROXIMIDADES DE C PAMPLONA , RUA QUE DEU NOME DE UMA LINHA DE ÔNIBUS QUE TRAB DE TROCADOR EM 62, FIM DA LINHA FICAVA NA RUA NOSSA SENHORA DAS GRAÇAS COM AV PASTEUR, FAZIA PARA JOSÉ ALENCAR,

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