Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Vila Gentil
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



Mostrando postagens com marcador Vila Gentil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Vila Gentil. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 13 de março de 2012

A Vila Gentil II


Igreja Nossa Senhora dos Remédios na época da
Vila Gentil.

A presença da Igreja dos Remédios, foi uma das recordações queridas para nós e penso que para contemporâneos. A dedicação dos padres Lazaristas holandeses para com os paroquianos foi memorável. Atendiam aos fieis a qualquer hora do dia ou da noite que necessitassem de seus préstimos religiosos. As missas dominicais, dos dias santos e diárias, eram lembradas aos fieis pelo dobrar dos sinos, o Ângelus sempre nos levava a reflexão. O relógio, doado pelo coronel Gentil, batia os quartos, meia hora e as horas; ecoando para bem longe, estava sempre lembrando a Igreja. As aulas de catecismo ministradas por zelosas catequistas supervisionadas pelos padres era um reforço à fé católica. Havia, também, nos fundos da Igreja, o Salão São Vicente de Paulo onde ocorriam reuniões de várias natureza e a realização de aulas de alfabetização para adultos, geralmente ministradas por confrades da Sociedade de São Vicente de Paulo, os vicentinos, como eram chamados.
Foi marcante a participação histórica dela na vida social do bairro, como polo centralizador de pessoas das mais diferentes classes socioeconômicas, que tinham ali um lugar em comum. Por ser uma grande Vila, constituída por casas de aluguel com qualificações e preços diferentes,
vivendo num mesmo ambiente, formou-se nela uma verdadeira comunidade, no sentido exato do termo. Habitaram ali: profissionais liberais, comerciantes, comerciários, bancários, militares, funcionários públicos. Muitos foram temporários, outros permaneceram até a extinção da Imobiliária José Gentil, quando puderam comprá-las a prestação.

Além das missas que agregavam os moradores, pondo em contato direto uns com os outros, havia as novenas, principalmente as do mês de maio, dedicadas a Nossa Senhora, que atraiam grande número de fiéis do Benfica e de outros locais. Não era apenas o zelo religioso, era também o divertimento, principalmente para os jovens que iam ali para flertar, paquerar, somente que isso era um ato mais sentimental e casto. Os valores morais e éticos eram outros. Inesquecíveis foram as quermesses e os leilões organizados para angariar dinheiro para a realização de obras beneficentes da paróquia.

Os leilões eram uma vez ou outra realizados no pátio da Igreja, com doações de pessoas mais generosas. E pasmem, iam para leilão um frango ou peru assado, às vezes acompanhado com uma garrafa de vinho; um bolo confeitado, meia dúzia de garrafas de cerveja ou outros objetos de mais valor. Os arrematadores pagavam preços muitas vezes mais altos do que o valor real das prendas, a título de ajudar a renda do leilão ou para mostrar destaque financeiro. As quermesses duravam uma semana ou mais e tinham a mesma finalidade dos leilões. Algumas delas foram realizadas na rua Padre Francisco Pinto, ao lado da Casa das Missões, e o Dispensário dos Pobres, entre a avenida Visconde de Cauipe e a rua Carapinima, fechada ao tráfego de veículos que por sinal era muito pequeno, por não ser passagem de ônibus.
Outro local, coberto de mangueiras, onde se realizaram quermesses foi um terreno grande que havia entre a casa do senhor Joahannes Maehlmann, alemão de nascimento, gerente das Casas Pernambucanas, localizada na esquina da rua Padre Francisco Pinto e aquele onde existiu a mansão do senhor João Gentil depois Escola Doméstica, Ginásio Americano e Ginásio Nossa Senhora das Graças. Aquele cidadão possuía dois filhos: o Joahannes (filho), conhecido também por Rany, e sua irmã Aída, considerada uma das moças mais bonitas da Gentilândia.
O Rany afirmou que seu pai pagava Cr$ 400,00 de aluguel.


Mansão do Senhor João Gentil, posteriormente: Escola Doméstica, Ginásio
Americano e Ginásio Nossa Senhora das Graças. Foto tirada do alto da Igreja Nossa Senhora dos Remédios (Arquivo Nirez).

Atualmente todo aquele local está ocupado pelos blocos administrativos da Universidade Federal do Ceará. Alias, naquela época existiam apenas esses imóveis na avenida Visconde de Cauipe, confrontando com a Igreja dos Remédios e a Casa das Missões. No quarteirão que lhe seguia existia o terreno da mansão do coronel Gentil e mais duas casas de luxo que ele mandou construir para os filhos. O tradicional bairro do Prado estava localizado onde se encontrava o citado hipódromo e campo de futebol, e arredores. Logo após a construção do Estádio Presidente Vargas, no começo da década de 1940, aquela área ficou dividida pela rua Paulino Nogueira; ficando uma parte ocupada por aquela praça de esportes, e a outra desocupada. Nela funcionou por pouco tempo, durante a Segunda Guerra Mundial, o Serviço Nacional de Trabalhadores para a Amazônia (SENTA) onde ficavam em rudes telheiros os chamados soldados da borracha, esperando embarque para o Amazonas onde deveriam extrair borracha dos seringais como esforço de guerra. É um assunto pouco conhecido de nossa história. Aqueles operários ficaram ao findar a guerra completamente abandonados pelo poder público, entregues a própria sorte.

Vista aérea, mais recente, onde se localizava o Hipódromo e campo do Prado.
(Arquivo Nirez).

Maquete do projeto de construção do estádio Presidente Vargas na gestão do
Prefeito Raimundo Alencar Araripe. (1936 - 1945). - Arquivo Pedro Alberto de Oliveira Silva

Detalhe do estádio Presidente Vargas. Arquibancada de cimento armado,
lugar especial, vendo-se ao alto à esquerda, cabine da imprensa. (Arquivo Nirez).

Nessa época, os bondes do Prado tinham seu final de linha na esquina da rua 13 de Maio com Marechal Deodoro. Em maio de 1947 o serviço de bondes elétricos foi desativado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Quando foi prefeito, (1936-1945), Raimundo de Alencar Araripe possuía um passe para andar gratuitamente nos bondes. Após a extinção do SENTA, abarracavam temporariamente naquele lugar os circos que vinham a Fortaleza apresentar seus espetáculos. Lembramos de dois deles o Nerino e o Garcia. O primeiro apresentava o trabalho de palhaços, demonstrava espetáculos de acrobacia e peças de teatro; dentre essas haviam duas de muito gosto dos espectadores: Sempre no meu coração. 
A cabana do pai Tomás. A participação do palhaço Piculino era muito apreciada. Um amigo nosso, residente na Travessa Sobral, foi apelidado com esse nome, o que muito lhe desagradava. O segundo, o Garcia, era muito maior e mais rico, pois apresentava além do peculiar, muitos animais selvagens domesticados, tais como leões, elefantes, zebras e outros. Posteriormente foram construídos naquele local estabelecimentos educacionais profissionalizantes do governo federal, sendo o último o Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET). O Prado praticamente havia desaparecido.

Passe Livre” para o prefeito municipal de Fortaleza usar os bondes da Light.
Arquivo Pedro Alberto de Oliveira Silva


Empresário empreendedor, como já foi dito, o coronel Gentil vislumbrou no mercado imobiliário (década de 1930) uma boa oportunidade de aplicar parte de sua fortuna. Fortaleza era uma cidade relativamente pequena, crescendo, porém pobre. O trabalho assalariado pequeno preponderava na maioria da população, constituída por funcionários públicos, comerciários, e outras atividades de pequena ou média renda. 
O poder aquisitivo de grande parte dela considerava a posse de uma casa própria como um desejo difícil de ser realizado. Não havia crédito fácil, apesar dos juros serem relativamente baixos. As pessoas consideradas ricas ou de posses possuíam suas residências e imobilizavam parte de seu capital em casas para alugar. 
A Imobiliária José Gentil S/A surgiu nessa conjuntura. Na Vila Gentil a maioria das residências era padronizada variando de tamanho e acabamento conforme o preço do aluguel, apresentando os seguintes tipos: as conjugadas, as livres de um dos lados, e aquelas fora do padrão das demais. As primeiras foram construídas a partir de 1931, exatamente na avenida Visconde de Cauipe na primeira metade do primeiro quarteirão, situadas entre as ruas Adolfo Herbster e Padre Francisco Pinto. Eram conjugadas com um recuo de bom tamanho onde foram plantados fícus-benjamim para fazer sombra, pois eram do lado do sol. Eram simples e não tinham forros, mas possuiam o teto muito alto, dentro dos padrões 
de outras mais antigas localizadas na mesma avenida próximo ao Grupo Escolar Rodolfo Teófilo, onde atualmente funciona a Faculdade de Economia da UFC. Numa delas morou nosso amigo José Silvio de Oliveira Freitas, colega no Ginásio 7 de Setembro, com seu irmão Pedro, filhos do Sr. Altino de Freitas, proprietário de uma bomba de gasolina localizada na Praça Clóvis Beviláqua, e na última, esquina com a rua Adolfo Herbster, residiu o advogado Lauro Vale. Na frente delas terminava a linha do bonde e ficava o ponto final dos ônibus do Benfica, pertencentes à Empresa São José, passando depois para a Empresa Severino



Ônibus da Empresa Severino que servia à Gentilândia -1945 (Arquivo Nirez).


As demais não eram uniformes e ficavam em frente ao Dispensário dos Pobres e o convento das Irmãs de Caridade. O Cine Benfica ficava no meio desse quarteirão.


Cine Benfica - 1926. Arquivo O Povo



A Vila Gentil I

Crédito: Revista do Instituto do Ceará - 2010 
A Gentilândia e o bairro do Benfica de 
Pedro Alberto de oliveira Silva 
(Sócio efetivo do Instituto do Ceará)

segunda-feira, 12 de março de 2012

A Vila Gentil


O presente artigo é um testemunho de quem nasceu e viveu a adolescência na Gentilândia, quando era Vila Gentil, em uma época que merece não ser esquecida. Há uma curiosidade muito natural das pessoas em conhecer o passado, pois o tempo está apagando tudo. Lembranças são acontecimentos e fatos que foram guardados em nossa memória.
Infelizmente ficam irremediavelmente perdidas se não tiverem sido relembradas por escrito. Geralmente as recordações carregam emoções.

Poderemos também dizer que há emoções que traduzidas em palavras, perdem grande parte de seu encanto.
Cada época e bairro de uma cidade têm uma história que lhe caracteriza e dá existência. O ambiente, as casas e, principalmente, as pessoas se inter-relacionando em uma teia socioeconômica característica. Aqueles que nela viveram são os únicos que sentiram o pulsar pleno de seu dia a dia.

É difícil descrever, objetivamente, o que foi a Vila Gentil conciliando os métodos narrativo, descritivo e interpretativo nos limites de um artigo, tal o número de informações que podem ser trabalhadas de forma coerente para o entendimento de quem está interessado. Lembramos que ela existiu há mais de setenta anos e seus contemporâneos remanescentes possuem mais de sessenta.

Fortaleza em 1930 possuía uma população estimada de 117.000 habitantes, em 1940, 180.000, em 1950, 270.000, em 1960 já contava 515.000. O cotidiano de seus moradores possuía um estado de espírito todo especial, calmo, tranquilo e pacífico, muito diferente da realidade existente na Fortaleza de hoje com mais de dois milhões (2.000.000) de habitantes, embrutecida pelo seu tamanho, pela quantidade e variedade de sua população, oriunda dos mais variados locais do Ceará, convivendo um contexto socioeconômico caótico. Reconstituir detalhes da história de um bairro, mesmo sendo de uma cidade relativamente pequena do meado do século XX como Fortaleza, em comparação a metrópole atual, não é tarefa fácil. No caso específico do Benfica e da Gentilândia, são poucos os testemunhos pessoais de seus contemporâneos, pois quase todos já morreram. A maioria das casas foi demolida ou descaracterizada e mudados alguns nomes de ruas tradicionais. Tudo concorreu para não ser preservada sua história. Com a extinção da Vila Gentil, consequência da liquidação do Imobiliário José Gentil S/A e do Banco Frota Gentil, a Gentilândia daquele tempo
desapareceu, atualmente essa designação é apenas uma tradição.

O bairro do Benfica é um dos mais antigos e tradicionais de Fortaleza e surgiu em um trecho da então chamada Estrada de Arronches, depois avenida Visconde de Cauipe e, atualmente, Avenida da Universidade; em um percurso pouco menor de dois quilômetros. Sobre o Visconde de Cauipe (Severiano Ribeiro da Cunha), o Barão de Studart escreveu no seu Dicionário biobibliográfico cearense, em 1915, que foi “o maior filantropo que o Ceará produziu. Seu nome batiza um dos mais lindos e opulentos boulevards da cidade”. No começo do século passado era um lugar onde existiam muitas casas, chácaras e árvores, o que lhe dava excelentes condições de morada. 


Avenida Visconde de Cauipe esquina com rua 13 de Maio, onde dobrava o bonde do prado, em frente a mansão do Sr. José Gentil.
No detalhe: homem sentado no jumento.

Mais exatamente, situava-se entre as ruas Antônio Pompeu (próximo a Faculdade de Direito da UFC e ao lado das Caixas d’Água) e a rua Padre Cícero, já no bairro do Jardim América. Para outros, seu limite seria a rua Adolpho Herbster, onde terminavam os trilhos do “bonde” da linha Benfica, e o calçamento de granito, em formato de paralelepípedos.

Nesse local existia a “mercearia de primeira ordem ”do senhor Rabelo. Atualmente localiza-se um “motel”. A partir dali, até Parangaba (antigamente Arronches), hoje um bairro, a estrada era de “concreto” com o nome de avenida João Pessoa. Pelo nascente, fazia limites com as ruas Senador Pompeu e avenida dos Expedicionários, e pelo poente, com as ruas Tristão Gonçalves e Carapinima. Essa localização já era estabelecida pela Prefeitura de Fortaleza.


 
Trecho da avenida Visconde de Cauipe pouco antes da Igreja dos Remédios, onde pode-se ver lampiões, vendedores ambulantes (boleiro, padeiro e outros. (Arquivo Nirez).

A Gentilândia, como parte dele, localizava-se entre a avenida da Universidade (antigamente avenida Visconde de Cauipe), ao norte, a rua Marechal Deodoro, ao sul; a rua 13 de Maio (depois avenida), ao nascente; e rua Adolfo Herbster, ao poente. Era formada em seu interior pelas ruas: Paulino Nogueira e Padre Francisco Pinto, ambas começando na avenida Visconde de Cauipe e terminando na Rua Marechal Deodoro, ao lado do Estádio Presidente Vargas. Paralela à Avenida Visconde de Cauipe existiam a rua São José do Tatuape (atualmente); Rodolfo Teófilo (atualmente rua Waldery Uchôa) entre a avenida Treze de Maio e Adolfo Herbster, e as ruas internas: Nossa Senhora dos Remédios, entre a avenida Treze de Maio e rua Padre Francisco Pinto; Nossa Senhora de Lourdes (atualmente rua Costa Sousa), Rua Santo Antônio, entre a avenida Treze do Maio e rua Paulino Nogueira; Travessa Sobral (atualmente rua Redenção) entre Padre Francisco Pinto e Adolfo Herbster; e as chamadas vilas sem saída, ditas particulares: Vila Santa Cecília, Vila Santa Rita, Vila Santa Luzia, todas começando na rua Paulino Nogueira, e finalmente a Vila Santana, começando na rua Padre Francisco Pinto; iniciando-se nesta, existia ainda, a rua Júlio César, indo até a rua Adolfo Herbster. Logo depois dessas ruas começava uma grande área coberta de capim onde se encontrava a Lagoa do Tauape, alimentada pelo riacho do mesmo nome procedente das bandas do bairro do Parangabuçu e outros menores que se formavam na época do inverno. As Vilas Santa Rita e Santa Luzia foram demolidas pela Universidade Federal do Ceará (UFC) e ocupados seus espaços pelo terreno da Reitoria e uma agência do Banco do Brasil

Final da avenida Visconde de Cauipe, m da linha dos bondes do benca e ponto dos ônibus do benfica. (Arquivo Nirez).

A Vila Gentil (Gentilândia) foi um lugar bem definido e privilegiado do Benfica. Basta dizer que as únicas grandes praças desse bairro, ainda existentes, estão localizadas ali. Talvez tenha sido o mais arborizado de Fortaleza. Árvores cobriam grande parte de sua área, principalmente com mangueiras. Poucas, quase centenárias, ainda sobrevivem. Esse lugar tão especial para quem lá morou, existiu nas décadas de 1930, 1940, desaparecendo no decênio seguinte, quando suas casas começaram a ser vendidas pela Imobiliária José Gentil S/A, preferencialmente aos seus moradores, e para a Universidade Federal do Ceará.



 
Mansão do coronel Gentil, atualmente Reitoria da Universidade Federal do Ceará. (Arquivo Nirez)

Seu fundador, José Gentil Alves de Carvalho, nasceu em Sobral, em 1866, e faleceu em Poços de Caldas, Minas Gerais, em 1941. Com a esposa D. Maria Amélia da Silva Frota (D. Melinha) teve quinze filhos: três homens, um dos quais, José da Frota Gentil era padre jesuíta, e doze mulheres; seis seguiram a vida religiosa e Francisca (D. Chiquita Gentil) ficou solteira. Os sete casados deram-lhe 69 netos. Seus descendentes tomaram GENTIL como sobrenome. Durante sua existência de 74 anos exerceu atividades como comerciante, empresário e banqueiro. 

O coronel Gentil foi um empresário empreendedor e em certos aspectos original. É certo que construiu casas para alugar, porém não se esqueceu de fazê-las da melhor maneira para fruição de seus moradores. Todas possuíam água encanada, esgoto e outros serviços básicos de qualidade funcionando. Para isso havia uma administração central chefiada pelo senhor José Vitorino de Menezes, na rua Padre Francisco Pinto, que dispunha de uma equipe de operários especializados para realizar os serviços relacionados com a manutenção e serventia das casas. Tudo gratuito e rápido.

Na praça principal da Gentilândia existia um pilar de alvenaria, pouco mais de dois metros, com um formato especial (a parte superior era oval) com os dizeres: PARQUE DA GENTILÂNDIA, em letras maiores, e PARA USO E GOZO DOS MORADORES, pintado de branco sobre fundo vermelho de uma placa de ágata. Já naquele tempo, suas letras serviam de alvo para alguns “vândalos” atirarem com “baladeiras”. Vale recordar que aquele local era sombreado com mangueiras.

Aquele empresário era um cidadão com forte convicção católica. A maioria das ruas tinha nomes de santos, e sete dos seus quinze filhos seguiram a vida religiosa. Destacamos que a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios foi elevada a paróquia, em 1934, e concluída em 1936, sendo que em grande parte, foi obra da família Gentil que tinha lugares cativos nos primeiros bancos do templo. Os beneficiários daquele privilégio pagavam uma mensalidade. Como já afirmamos a Vila Gentil era um pequeno bairro do Benfica, portanto inter-relacionado com ele. 

Eram pontos de referência: o Colégio Santa Cecília, só para moças, na esquina com a rua Treze de Maio (naquela época rua), a Igreja de Nossa Senhora dos Remédios com a Casa das Missões, vizinha a ela, morada dos padres Lazaristas holandeses que davam assistência religiosa a paróquia, o Dispensário dos Pobres dirigido pelas Irmãs de Caridade ou filhas de São Vicente de Paulo, todos localizados na avenida Visconde de Cauipe; o Prado, também chamado bairro, antes hipódromo e campo de futebol, localizado na rua Marechal Deodoro. Gozando desse status porque era o fim da linha do bonde do Prado. A Lagoa do Tauape, apesar de não estar vizinho a Gentilândia, era considerada uma parte dela porque as ruas transversais terminavam no capinzal que se estendia até a avenida João Pessoa. Era um belo postal do bairro, ou mesmo de Fortaleza, principalmente porque era emoldurada por um lindo bambuzal que a franqueava pelo lado do Marechal Deodoro. Foi aterrada por volta de 1955, sendo atualmente a chamada avenida do Canal. Dizia-se que as “muriçocas” que infestavam o local provinham dela.


Continua...


Crédito: Revista do Instituto do Ceará - 2010 
A Gentilândia e o bairro do Benfica de 
Pedro Alberto de oliveira Silva 
(Sócio efetivo do Instituto do Ceará)

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: