Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Vila Gentil
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domingo, 6 de dezembro de 2020

Solar da família Gentil - Atual Reitoria da UFC

 


José Gentil Alves de Carvalho nasceu em Sobral em 11 de setembro de 1867. Foi o maior empresário do Ceará. Em 1909, já residindo em Fortaleza, adquiriu a chácara de Henrique Alfredo Garcia, na Av. Visconde de Cauipe (atual Avenida da Universidade), no Benfica.

A casa que existia no local foi demolida em 1918. No terreno, José Gentil ergueu, no mesmo ano, um belíssimo palacete para ser a sua residência. O projeto foi do Dr. João Sabóia Barbosa. Em torno do palacete, José Gentil construiu vilas e ruas com residências de vários tamanhos e estilos, praças e áreas verdes.

Lugar que ficou conhecido como Gentilândia.

Família do Coronel José Gentil no palacete que hoje é a Reitoria da UFC. 
Foto de 1953.

Em 1956, a propriedade foi comprada pelo primeiro reitor da UFC, Prof. Antônio Martins Filho, da Imobiliária José Gentil S/A pertencente aos herdeiros de José Gentil.

Ampliação do Solar da família Gentil
(já adquirida pelo reitor) em 1964.

De acordo com o site oficial*, um ano após a compra, o Reitor Martins Filho resolveu demolir o casarão, construído em 1918, mandando projetar, pelo Departamento de Obras da UFC, a atual sede da Reitoria. Conforme sugestão do Reitor, o projeto elaborado pelo departamento de obras mantinha as mesmas linhas arquitetônicas da casa construída segundo o plano do Dr. João Sabóia Barbosa. O palacete projetado consta de duas alas laterais unidas por um corpo central conservando a torreta que já existia no projeto de João Sabóia.


Casa de José Gentil - Reitoria UFC - Nirez


O interior do palacete foi enriquecido pelo Reitor com duas escadarias de bronze e latão. Móveis de estilo foram adquiridos, assim como lustres de cristal, alguns comprados na Bahia, para ornamentação de vários salões.

Reitoria em 1965

No terreno onde se encontra a atual Reitoria da UFC, ergueiram-se duas casas, posteriormente demolidas para dar espaço às atuais proporções do parque em torno do edifício e possibilitar a construção da Concha Acústica.

*



segunda-feira, 26 de março de 2012

A Vila Gentil IV



Família Gentil em 1953 na Vila Gentil. In. Gentil (1967).

Das três vilas sem saída da rua Paulino Nogueira, A Vila Santa Rita era a mais larga e tinha uma mangueira frondosa no centro da rua. Possuía 10 casas conjugadas, cinco de cada lado, com um recuo de um metro, murado. O local não dava acesso a automóveis. Dos moradores daquela época conhecemos D. Briolândia Carapeba de Carvalho (Dona Sinhazinha) e seus filhos Nilo, Aurélio, Guiomar, Iracema e D. Maria Alfa de Carvalho (D. Mocinha), vivente com 97 anos, casada com o Sr José Mario Machado, mãe do José Mário Machado e do Luciano Machado, moradora na rua Padre Francisco Pinto. Luiz Vieira, casado com D. Zeneida Aguiar Vieira, pais de Maria do Socorro Aguiar Vieira, professora, Tereza Aguiar Vieira e José Haroldo Aguiar Vieira. Virgílio Alves Barata, casado com D. Olívia Rangel Barata. Meu amigo Virgílio Alves Barata Neto morava com eles. José Osório de Castro (Zé Careca), funcionário dos Correios e contador, morador na última casa do lado do sol com seus irmãos: José Humberto, representante comercial, Pedro, comerciário, Vicente, bancário, Lourdes e a Nice, conhecida pintora, casou-se com o pintor, muito conhecido no meio artístico de Fortaleza, Estrigas. A mãe deles, viúva, exímia boleira, fazia bolos que eram vendidos por dois vendedores ambulantes, figuras típicas daquela época. 

Vista aérea da Reitoria da Universidade Federal do Ceará em 03 de outubro de 1959, quando da inauguração da Concha acústica. Nesta foto é percebida a primeira reforma de ampliação do palacete e a existência das duas vilas, Santa Rita e Santa Luzia, que foram demolidas para a construção da sede do Banco do Brasil. Arquivo Nirez

A pequena Vila Santa Luzia era constituída por cinco casas com as mesmas características daquelas da Vila Santa Rita. Moradores: “Seu” Carneiro, casado com D. Filó e seu filho Manuelito; o José Batista Campos Paiva, funcionário dos Correios e comerciante, casado com a professora Consuelo, uma das filhas do Dr. José Freire, já citado. O último que me vem a lembrança era meu amigo Renato Abreu de Sales, que morava com sua mãe, por algum tempo fotógrafo do Foto Esdras e depois representante comercial.
A Vila Santa Cecília era constituída por dez casas, porém não tinham a mesma aparência das duas citadas vilas, entretanto, possuíam em sua frente um espaço de uns dez metros, que podia ser aproveitado para os mais diversos fins. Dentre outros moradores que ali viveram,
lembro-me do Sr. Maurício, casado com D. Bela e tinha um filho chamado Leopoldo, eram poloneses. O verdadeiro nome de Seu Maurício era Moisés; por ser judeu, quando chegou ao Brasil, no final de década de 1930, mudou de nome pensando que aqui havia prevenção contra israelitas. Foi meu primeiro contato com a Vila Santa Cecília, pois minha tia, Joana D’Arc de Alencar Benevides, casada com Pedro Jaime Benevides, então funcionário do IFOCS, era vizinha de D. Bela. Eles moraram, anteriormente, por pouco tempo, na rua São José do Tauape. Vizinho a eles D. Maria Frota, viúva, mãe do Sr. Atenor Frota Wanderley, que por sua vez era pai do Eurico, do Maurício, meu colega no Ginásio 7 de Setembro, e do Lavanery Wanderlei, casado com D. Maria de Lourdes, neta do coronel Gentil; é, atualmente, proprietário da casa de ferragens Normatel. Em seguida o Sr. Marino Bezerra de Albuquerque e D. Alice Rangel de Albuquerque e os filhos: Nilo e Ary Jaime Albuquerque, que morou antes na rua Nossa Senhora dos Remédios. Atualmente é empresário proprietário da Indústria Brasileira de Artefatos Plásticos (IBAP), localizada no distrito industrial de Maracanaú. Residiu também ali o Sr. José Leitão, um dos gerentes da Aba Film, o mais credenciado estabelecimento de material fotográfico, e revelação de filmes de Fortaleza. O Sr. Zezito Pereira, funcionário graduado do Banco Frota Gentil e conhecido comerciante de uísque, artigo bem valorizado naquela época, pai do Alexandre. Outros moradores: D. Ruth Rangel Barata, vinda da Rua Nossa Senhora dos Remédios, e um senhor idoso de nacionalidade portuguesa “Seu Caneta” na primeira casa da vila, cujo nome esqueci, relacionado com a família do Sr. Raul Memória, da rua Paulino Nogueira.
Outra rua importante da Gentilândia era a rua Padre Francisco Pinto. Começando na Avenida Visconde de Cauipe, na esquina, existia a Farmácia Artur de Carvalho (fundada pelo farmacêutico Joaquim Arthur de Carvalho) junto a qual residia o farmacêutico do mesmo nome e seus filhos José Artur de Carvalho, casado com D. Carmem Gurgel de Carvalho, que morava na rua São José do Tauape, e seu irmão Francisco Humberto de Carvalho (Betinho), ambos farmacêuticos. Lembro-me que eles manipulavam, nos fundos da residência, as famosas Gotas Arthur de Carvalho tradicional remédio para problemas digestivos. Na outra esquina, confrontando com a farmácia, o Sr. Johnanes Maehlmann, já
referido, e depois dele o Sr. Heitor Fiúza, este morou antes na Rua Nossa Senhora dos Remédios, essa casa era fundos correspondente com aquela nº. 382 da rua Padre Francisco Pinto, esquina com a Vila Santana, onde o autor dessas linhas morou até a década de 1950. Nos fundos da casa da farmácia existia outra, simples, onde morava uma senhora muito idosa
chamada D. Filina. Dizia-se que era protegida ou parenta do coronel Gentil. Pegado a casa dela havia um terreno estreito, já referido quando descrevemos casas da avenida Visconde de Cauipe, seguindo-se a ele, continuavam as outras casas desse primeiro quarteirão. Na primeira morava a D. Silvia e suas duas filhas, uma carinhosamente chamávamos Vivi e a outra Leonor, eram mãe e irmãs do General João Valdetaro Amorim Melo, Ministro da Viação e Obras Públicas do governo do general Dutra. Vizinho residia o Sr. Guilherme casado com a D. Rosamélia, funcionários dos Correios e Telégrafos, e seus filhos Alfredo César e Bete.  Em seguida, esquina com a Travessa Sobral, o Sr. Lauro Parente Jucá, casado com D. Nilza e filhos, dois dos quais o Launil, meu ex-colega do Liceu do Ceará, funcionário do Banco da Bahia, em Salvador, e o Luiz Carlos (o Pelado), funcionário do Banco do Brasil. Os pais de D.Nilza moravam na Travessa Sobral a um quarteirão dela. Também lá residiu
uma filha do Sr. José Oswaldo de Araújo, nosso confrade no Instituto do Ceará, se não me falha a memória, chamada Mimosa, que tinha uma filha chamada Estrelinha, depois funcionária da UFC, e o Professor Torquato do Liceu do Ceará. Em frente a esse quarteirão ficava a Vila Santana, constituída por cinco casas conjugadas que findava no terreno onde se localizava a mansão do Sr. João Gentil, já descrito. Em frente a elas havia um recuo, como
o da Vila Santa Cecília, para uso dos moradores. A casa da esquina tinha frente para rua Padre Francisco Pinto (nº. 382), com três portas grandes e altas na frente, e duas janelas na citada vila; era forrado, assoalhado, três quartos, dois banheiros, onde morava o sargento Antônio Alberto da Silva (1º. tenente na reserva) casado com D. Rita de Alencar Oliveira e seus filhos: Pedro Alberto, Professor da UFC, casou-se com D. Ângela Maria
Monteiro Gurgel
; Simone, casou-se com Amato Pietro, comerciante italiano, Ruth, professora de letras e funcionária da Secretaria de Educação do Ceará, Daniel Alberto, funcionário administrativo da Teleceará, casou-se com Maria do Socorro Feitosa Lima, professora e funcionária da Secretaria da Educação do Ceará, Valéria, médica. Na primeira casa dessa vila, morava naquela época, da qual estamos nos reportando, o Sr. Cornélio Diógenes, recém casado, servia então no exército já no fim da guerra, irmão do médico pediatra Fernando Diógenes, casado com D. Leda Alcântara Diógenes, era estenógrafa, e seus filhos: Aníbal, Katia e Mônica; na segunda, D. Luizinha Timbó, viúva, e suas filhas, Livramento e Guiomar, esta casou-se com o Dr. José Bastos, agrônomo do DNOCS; na terceira, D. Naninha Albuquerque, irmã do desembargador Faustino Albuquerque, Governador do Estado, e suas filhas Maria Rita e Maria Lúcia; na quarta, que era um pouco recuada, o Sr. Geraldo, casado com D. Lirisse Mota, irmã do capitão Kerenski Tulio Mota que serviu na Escola Preparatória de Fortaleza e seus filhos; na quinta e última, residia, com outros membros da família, o Murilo, comerciante, excelente pintor, e
sua irmã Nilde. Na outra esquina da Vila morava o Seu Lulu, era caminhoneiro, casado com D. Menininha e tinham dois filhos: o Luizinho e outro servindo na Marinha. Vizinho a eles existia um pequeno ponto comercial no qual eram vendidas frutas e depois foi um posto de vendas
de leite; seguido pelo açougue do Napoleão e seus filhos. De cinco para seis horas da manhã eles começavam a cortar a carne fazendo barulho para a vizinhança. Os quartos de bois chegavam do matadouro no começo da noite anterior. Pegado ao açougue havia um terreno de muro alto onde eram encontrados três cacimbões com a respectiva caixa que forneciam
água para aquele setor da Gentilândia. Em seguida, havia outro terreno que dava entrada para a Vila Santa Cecília, local onde moravam D. Alzira, lavadeira, e seus filhos. Um deles
era o João, rapaz calmo e educado. Uma sua irmã era casada com o Juju, conhecido goleiro do Fortaleza, e secretário do Ginásio 7 de Setembro.  As seis casas que lhe seguiam eram recuadas, soltas, e possuíam bom acabamento: forradas, assoalhadas, dois banheiros e eram cobertas de telhas de Marselha. Lembro-me que nelas moraram: o Sr. Moreira, pequeno comerciante de joias no Mercado Central, com a esposa e seus filhos Hebe, Ilo, Valdeglace e o Dedé que tinha a síndrome de Down mas gostava de assistir novelas no rádio; em outra, D. Idelzuíte Pinto e seus filhos: Roberto e Tereza; em seguida, uma senhora idosa, holandesa,
que criava pombos; nessa mesma casa morou D. Nenen Braga Araes, e seus filhos; depois o Sr José Domingos Sousa e esposa D. Nelda (filha de ingleses) pais do José Domingos, Thereza, professora, e Tusnelda, casou-se com o José Mário Carvalho Machado, cujos pais moravam na mesma rua; Pedro Nobrega, gerente da sapataria Clark, casado com D.
Anunciada, e seus filhos Nelson (Nelsinho), Nanci e Pedro. O Sr. Pedro Nóbrega posteriormente foi morar na Rua Nossa Senhora dos Remédios; foi proprietário da fábrica e lojas de móveis Delta. O Nelson (Nelsinho) e a Nanci protagonizaram uma bonita história de amor. Casaram-se muito jovens, quase adolescentes, com alguma restrição do pai; Nelson casou com a Noélia, também muito jovem, moradora na Rua Nossa Senhora dos Remédios; a Nancy casou com o Francisco (Chico) Borges, mais adulto, morador na rua Rodolfo Teófilo. Logo depois, na esquina da rua Nossa Senhora dos Remédios, morava o Sr. Odar Viana, radioamador,representante comercial, casado com D. Júlia Gomes e seus filhos; Odália, Francisco (Chico), o “Gomezinho”, e outros mais novos. As “irmãs Viana”, filhas do Odar Viana, são proprietárias de conhecido “bufê” de Fortaleza. Fundos correspondente, separado por uma garagem, esquina com a rua Rodolfo Teófilo, o Sr. Sylos Montezuma de Carvalho, também radioamador, contador do Banco Frota Gentil, casado com D. Alice Gentil de Aguiar, neta do coronel Gentil e seus filhos: Newton, Norma e Sylos, conhecido médico em Fortaleza. “Seu” Montezuma foi inesquecível para os moradores mais próximos, pelos filmes americanos que exibia na rua, em frente ao Parque da Gentilândia. O movimento de veículos era mínimo ali. É importante lembrar que, antes dele, habitou na mesma casa, um casal de alemães, muito reservado, o Sr. Holfmann e sua esposa D. Carlota. Eles sofreram
vexames, logo quando o Brasil entrou na 2ª. Guerra e os alemães aqui residentes foram hostilizados por alguns exaltados.
Após o Parque da Gentilândia, pelo lado nascente, ficava a bodega do “Seu” Jóca, por sinal uma mercearia bem sortida. Junto a ela morava em uma casa pequenina, o Sr. Peixoto com uma filha chamada Lindalva, parece que era viúvo. Possuía uma referência muito destacada naquela época: não era católico, e era maçom. Vizinho a ele D. Suzana, viúva do tenente Roma, da Aeronáutica, falecido em um desastre de avião, e dois filhos. Era uma casa bem destacada das demais. Foi construída em terreno elevado, solta dos dois lados, e possuía um quintal muito longo. Em seguida morava a família do “Seu” Jóca (João Furtado) com seus filhos José Furtado, Carmecita (farmacêutica), Terezinha, Lúcia e Cleide. Morou também ali
o Amarílio Furtado, meu colega da Faculdade Católica dos Maristas. No mesmo quarteirão o Sr. Odilon Lima Menezes e seus filhos: Fabiano, Odilon e Eraldo; o Sr. João Batista Evangelista, casado com D. Neuza Pessoa de Carvalho e filhos: Tita, Maria de Lourdes, e dois rapazes, um foi aviador e morreu muito moço. Finalmente, na casa esquina com a Rua Marechal Deodoro, residia o Padre Lauro França (Padre Rosa) com uma irmã solteira que cantava no coro da Igreja dos Remédios. Na outra esquina existia uma
casa de recursos” onde morava D. Lina, com o filho Messias. Voltando a Travessa Sobral, na esquina com Padre Francisco Pinto, morava D. Nana, com os filhos Dario Soares, agrônomo,Professor do Liceu do Ceará, e da Faculdade (escola) de Agronomia da UFC, Dayse, funcionária do DNOCS e professora, Doraci, funcionária pública, e o Olidon Soares, parente de D. Nãna, que morava com eles. O Professor Dario casou-se com D. Albaniza, filha do Sr. José Albuquerque Monteiro “Seu Pepino”, e veio morar vizinho a sua mãe. Antes dele residiu Dr. José Pinto Cavalcante, ex- diretor dos Correios e Telégrafos, onde fez funcionar uma Agência dos Correios e foi também residência do Sr. Edgard Sá que morou depois na rua 13 de Maio. Entre essa casa e a seguinte, existia um pequeno quartinho onde trabalhou o Gordinho, sapateiro, e depois o Pipiu, afamado jogador de futebol. Logo após localizava-se a Administração da Gentilândia, residência do Sr. José Vitorino de Menezes e junto a ela o ponto de apoio dos serviços de conservação da Vila Gentil. Nas casas que lhe seguiam, lembro-me a do Sr. Pery da Rocha Moreira, funcionário da Prefeitura Municipal de Fortaleza, casado com D. Eugênia, pai do Péricles, foi para o Sul, do Babi, comerciante, da
Eunice (Moreninha) e um irmão mais novo: o Periguari; também naquele quarteirão, morava o Sr. Vitor Barros e D. Maria José, funcionária do Banco Frota Gentil, pais do conhecido jornalista e amigo da Gentilândia, Tom Barros. Logo após residiu o Dr. Pinheiro (Dr. Magnésia), médico do DNOCS, e sua esposa: não tiveram filhos. Na esquina com a rua
Rodolfo Teófilo residiram três netos de Rodolfo Teófilo; o de nome João (o coronel) dizia-se que se excedia com mulheres, segundo afirma o historiador Francisco Andrade Barroso.
Logo depois, em frente ao Parque da Gentilândia, existiam quatro casas, residiram nelas: na esquina, Seu Maneco pai do Isauro, que trabalhou muitos anos na Casa Parente; em outra, o Dr. Rui Simões de Menezes, chefe do Serviço de Piscicultura do IFOCS, logo depois que
se casou; nas demais, membros da família do Sr. Valdísio Gurgel da Silva Rossas. Trabalhou com seu irmão, Obsmar, na tradicional Livraria Gurgel, de livros usados (sebo), e depois abriu outra, de sua propriedade vizinho a Prefeitura. Na esquina com a rua São José do Tauape, Valdísio morou, quando se casou com D. Diva Laranjeira, postalista dos Correios
e depois advogada; nessa mesma casa, também, seu primo Plácido Gurgel Nogueira, Inspetor do Departamento dos Correios e Telégrafos (DCT), quando se casou com uma filha do Sr. Públio Lopes Correia Pinto (alfaiate) e de sua esposa D. Mary Socorro Correia Pinto, em casa na rua seguinte, Nossa Senhora de Lourdes. Seu Públio era pessoa muito
querida no bairro e pai do médico e professor Públio Lopes Filho, que faleceu muito moço.
Na esquina transversal havia a bodega do “Seu Pergentino”, casado com D. Mimosa, e o Bastor, seu filho. Essa bodega era inferior à mercearia do “Seu Jóca”, vendia cachaça e fazia “Jogo do Bicho”; logo depois estava o Bar do Luiz, ajudado por sua esposa, sempre bem 

frequentado pelos rapazes da redondeza. Logo após esse bar morava o Sr. José Eduardo Oliveira, casado com D. Maria José (Zefinha) Pessoa de Araújo e seus filhos: Tarcísio, professor, Júlia, Elvira, Helena e Maria de Fátima Pessoa de Oliveira, atualmente, Professora Doutora do Curso de Ciências da Informação da UFC. Em seguida, o Sr. João Alencar Melo, casado com D. Carmélia Eduardo de Oliveira, já na esquina com a rua Júlio César. Do lado oposto o Sr Edgar Reis, casado com D. Noeme Alencar e os filhos: Marineide, Sergio, Elder e Elber, e mais adiante os irmãos Tobias Rotávio Feitosa, secretário da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará (UFC), o Jeremias e uma irmã. Na rua Marechal Deodoro as casas não pertenciam a Imobiliária Frota Gentil mas eram consideradas no bairro da Gentilândia. Vizinho ao “Padre Rosa”, citado, o subtenente Neves, não me lembro o nome de sua esposa, mas estudamos algum tempo com dois de seus filhos: o Horário e a Marfisa na Escola Padre Anchieta da professora Maria Stela Viana. No quarteirão entre as ruas Padre Francisco Pinto e Adolfo Herbster foram construídas algumas casas mais simples e existia um terreno com algumas árvores. Em grande parte da rua São José do Tauape só existiam casas no lado sol (sul) e possuía três grandes quarteirões. Eram conjugadas, padronizadas,e muito bem construídas, como a maioria da Gentilândia. No primeiro quarteirão, correspondente a rua Santo Antônio, inclusive, as edificações eram também padronizadas, em número de vinte e uma de cada lado, com uma área de 6,30m de frente com 15,30m de fundos. Eram forradas, assoalhadas nos dois quartos e com mosaicos nas demais dependências. Possuíam um recuo de um metro na frente, que servia como um pequeno jardim. As duas casas localizadas na rua 13 de Maio, que eram maiores, foram demolidas para o alargamento dessa via, que mudou a denominação para avenida. Esses quarteirões ficavam em frente às duas grandes praças que atualmente ainda existem.


Casa da Rua São José do Tauape - Arquivo Pedro Alberto de Oliveira Silva


Nesse primeiro quarteirão da rua São José do Tauape, esquina com a rua 13 de Maio, residiu meu confrade no Instituto do Ceará, Professor da Universidade Estadual do Ceará, Raimundo Elmo de Paula Vasconcelos, com sua mãe, avó e sua irmã Luzia. Seguiam-se a residência dos irmãos Célio Alan Cunha Moreira de Menezes, nosso ex-colega do CPOR, funcionário público; Alan Ladd, seu irmão, era dedicado aluno de violino, e Amélia, não me lembro do nome dos pais deles, eram educados sem muito contato com os colegas de quarteirão. Outros moradores foram o Sr. Alberto, casado com D. Zilce, funcionária dos Correios e Telégrafos (DCT); o Sr. José Gondim, casado com D. Cristina Sales e os filhos: 
Glícia, casou-se com um sargento da Aeronáutica chamado Heródoto que era professor de História, Gelsa, casou-se com o Rany (Johannes Maehlmann), exportador, Nelma, Lúcia, casou-se com um sueco, e Telmo; anteriormente eles moraram na mesma rua, esquina com a rua Paulino Nogueira; vizinho morava o casal Dr. Lauro Rodrigues, advogado, casado com a Dra. Olivia Xavier Sampaio Rodrigues, funcionários dos Correios e Telégrafos, eram pais adotivos do Dr. Dorian Sampaio, dentista, conhecido jornalista e político cearense; vizinho a eles o Sr. Edgar de Almeida Barros, sargento da marinha, (capitão na reserva), casado com D. Angelina Bayo de Barros e seus filhos: José Elislande Bayo de Barros, Brigadeiro da Aeronáutica, comandou a Base Aérea de Jatos, em Anápoles, Edgar Manoel Elisilande Bayo de Barros, afastou-se como capitão do Exército, e como engenheiro eletricista ingressou na 
CHESF, Erilande Bayo de Barros, oficial médico do Exército e Elisanda Bayo de Barros, professora; casou-se com o professor Vicente Gomes de Oliveira; em seguida o Sr. João Batista de Morais Madruga e filhos. Não conseguimos mais informações sobre o Sr. Faguara, Garibalde, e Leonor Chaves que alí residiam. No primeiro, dos dois grandes quarteirões seguintes, no meio da rua, na esquina, havia uma frondosa mangueira jasmim. Até a rua Adolfo Herbster, as casas não possuíam recuo, eram conjugadas e o acabamento 
era muito simples, como os da Travessa Sobral, porém maiores. A estrutura de alvenaria original das casas da vila Gentil, ainda em 2010, estavam sólida. No primeiro, na casa da esquina, moravam o Sr. José Gondim e D. Cristina, como já foi dito, vizinho, morava o Sr. Joaquim Leão de Oliveira, “alfaiate e poeta” como registrou Francisco de Andrade Barroso em seu livro citado, posteriormente comerciário, trabalhando com um filho, casado com D. Maria Madalena de Alencar Araripe e seus filhos: José Leão de Alencar Oliveira, contador e representante comercial, casou-se com D. Valdívia Silva Monte; Maria de Lourdes de Alencar Oliveira, casada com Fleury Linhares, funcionário da Prefeitura de Fortaleza, ainda hoje mora na rua Santo Antônio, lúcida, com noventa e seis anos; Rita Alencar Oliveira, casada com Antônio Alberto da Silvasargento do exército (1º. tenente na reserva), Maria do Carmo Alencar Oliveira (Carmelita), casada com Humberto Pinheiro Fontes, funcionário do Departamento de Economia Agrícola, posteriormente funcionário de Ministério da Agricultura; Antônia de Alencar Oliveira (professora diplomada), casada com Francisco Hindenburg Carneiro Vasconceloscomerciante, Joana D’Arc, professora diplomada, casada com Pedro Jaime Benevides, funcionário do IFOCS, posteriormente, foi Gerente da Sidnei Ross, em Fortaleza, depois da Pfizer, no Recife, e finalmente comerciante de produtos agropecuários, nessa cidade. Todos moraram na rua São José do Tauape, pouco tempo, com exceção da Carmelita” que ainda hoje mora ali com noventa e três anos (93), e Maria de Lourdes Oliveira Linhares, com 96, moradora na rua Santo Antônio. Seguiam-se o Sr. Celestino Firmo, funcionário do DNOCS, casado com D. Edite e seus filhos José Maurício, Marineide, José Firmo, Maria de Fátima e o Wilson.Vizinho o Sr. José Rodrigues Loureiro (Seu Zuza) e filhos: Maria Lili Loureiro, trabalhava no comércio, Francisca Loureiro, comerciária, Anita sua sobrinha, Ceomar, casou-se com Francisco de Assis Muratori, em seguida D. Luízinha Sá, e seu filho Francisco (Chico) Sá, bancário; na mesma casa morou por pouco tempo Pedro Jaime Benevides que depois foi para Vila Santa Cecília; depois dessa D. Francisquinha Castelo Branco (viúva) e filhos: Péricles Castelo Branco, Ivan, Manuelito, Maria Alice, Iolanda, Lígia; vizinho, Maria Nogueira Freire (Maroquinha), Maria Nogueira, Luiz Nogueira e Osvaldo Nogueira, funcionários da Prefeitura e Osmundo, cobrador de uma ótica; em seguida morou José Leão de Alencar Oliveira, pouco tempo, depois Humberto Pinheiro Fontes
funcionário do Departamento de Economia Agrícola do Ceará, depois funcionário do Ministério da Agricultura e contador, casado com D. Maria do Carmo (Carmelita) de Alencar Oliveira, e filhos: Eduardo Fontes, funcionário do Tribunal de Contas do Ceará, casado com D. Marineide de Alencar Reis, funcionária da Previdência Social, aposentado, foi para o Tribunal de Contas do Município; Ângela Maria, professora e advogada no Piauí, casada com Francisco Leôncio Sales, médico, Roberto Fontes (falecido), Expedita Fontes, (falecida), Ernesto Fontes, funcionário da Previdência Social, Maria Helena Fontes, psicóloga e assistente social da Previdência Social casada com Jaime Cunto Machado, comerciante; Euclides Rezende de Melo, funcionário da ótica Sansão, casado com D. Bembem e seus filhos: Maria Marne, funcionária da Secretaria de Educação do Estado do Ceará, Helio, agrônomo do DNOCS, Fernando, veterinário, José Tarcísio, engenheiro, Fátima, funcionária da Secretaria de Educação do Ceará; Seu Jorge, carteiro do DCT, casado com D. Luiza, tinham uma filha, Maria, paraplégica; Seu Alfredo, funcionário de uma serraria, casado com D. Elita, sem filhos; João Batista Carneiro, carteiro do DCT, casado com D. Cirila, filhos: Wagner Carneiro, coronel 
dentista do Exército, Zélia, professora e Antônio Carlos, falecido; depois D. Lélia e seu irmão Sebastião; em seguida Francisco Hindenburg Carneiro Vasconcelos, comerciante, casado com D. Antônia de Alencar Oliveira, professora, filhos: Elba, psicóloga, Diva, Hugo, comerciante, 
Nilo, construtor, Ciro, comerciante, Elmo, comerciante; Iara, Iêda. Antes do Hindenburg moraram no mesmo local três inquilinos; vizinho morava D. Nenen Braga Arrais (viúva do coletor estadual Políbio Arrais), e seus filhos: Artemilton Braga Arrais, Artemísia, farmacêutica, Azemita, professora e Amaí, médica; posteriormente foram morar na rua Padre 
Francisco Pinto; logo após, o Sr. Raimundo Gurgel Nogueira, casado com D. Hermila, filhos: José Carlos, funcionário do Banco do Brasil, e Carmem casada com farmacêutico José Arthur de Carvalho; vizinho morava Seu Benone, comerciante, casado com Dona “Dijeso”, filhos: 
Bosco, Zélia e outros; Seu Benone era muito conhecido no bairro porque todos os anos queimava um “judas” muito grande e bem feito no sábado da Aleluia, em frente a sua casa, no Parque da Gentilândia. Na última casa do quarteirão morava D. Leonília (viúva) com seu filho Plácido Gurgel Nogueira, inspetor do DCT.


Casa padrão das ruas Nossa Senhora dos Remédios e algumas da
Rodolfo Teófilo - Arquivo Pedro Alberto de Oliveira Silva

A rua Nossa Senhora de Lourdes foi uma das primeiras a ser construídas na Gentilândia e não tinha calçamento, mas era bem arborizada. A maioria das casas era simples. Pelo lado norte existia um quarteirão muito grande onde se concentrava a maioria delas. No quarteirão oposto havia uma pequena travessa, sem nome (atualmente é Padre Guilherme Waessen), onde existia um pequeno terreno como um recuo e em um lado dele havia três casas muito pequenas: em uma delas moraram dois conhecidos o Jeová e o Josias e seus pais. Nas outras duas residiam operários da Vila Gentil, dentre elas a que morava o Seu Nicolau; chefe deles. Mais na frente, havia mais um terreno recuado com três casas, melhores
que as anteriores, em uma delas morava o Sr. Ferreirinha, casado com D. Aline, já referido quando tratamos da rua Rodolfo Teófilo. No lado norte, dentre outros, moraram: o Sr. José Vitorino Bandeira de Abreu, funcionário do IAPC, casado com D. Maria do Carmo e seus filhos: Célio, funcionário do IAPI, José, funcionário do DETRAN, Carlos (Boneco), funcionário do IAPI, Francisco, agricultor e Tarcísio, professor municipal; Manuel Rodrigues, empregado da Imobiliária José Gentil; o Sr. Genésio Meireles, comerciário, casado com D. Amélia, pais do José Armando Meireles, bancário; Planicka (Zezinho), treinador e juiz de futebol; José Mundola, casado com D. Nenen, foi motorista da família Gentil, logo depois Seu Públio já referido, e as famílias do Sr João Batista de Almeida, funcionário dos Correios e telégrafos, casado com D. Amélia e seus filhos: Gildo (Pizoldo) e uma irmã, Gema; depois
o Sr. Quariguazi da Frota, que possuiu um mercearia na esquina. A Vila Santo Antônio tinha fundos correspondente com aquelas casas da Rua São José do Tauape com as mesmas características. Em número de vinte e uma, naquela época, fi cava em frente da atual Praça da Feira da Gentilândia. Houve muita rotatividade de seus moradores. Dentre outras, lembramos a família do Tenente Lisboa, maestro da banda de música da Escola de Aprendizes Marinheiros, professor de Canto Orfeônico no Ginásio 7 de Setembro e outros ginásios. Era pai do conhecido radialista e cantor José Lisboa. Atualmente é nome de rua. Familiares do comerciante Galba Borges; o Sr. José de Athayde, antes residente na
rua Nossa Senhora dos Remédios, o Sr. Fleury Linhares, funcionário da Prefeitura de Fortaleza e outros.


Casa padrão da Vila Santo Antônio, nas ruas São José do Taupe e Santo
Antônio - Arquivo Pedro Alberto de Oliveira Silva

A rua Adolfo Herbster limite da Gentilândia pelo lado sul, possuía cinco quarteirões. O primeiro começando pela avenida Visconde de Cauipe, tinha vinte e duas casas, do mesmo padrão daquelas da Travessa Sobral. Existia no meio dele um pequeno bar de propriedade do Seu Clovis, morador na Travessa Sobral. As casas localizadas no último quarteirão, começando pela rua Marechal Deodoro, talvez não pertencessem a Imobiliária José Gentil. Mas estava a ela ligado historicamente. Na esquina dessa rua existiu a tradicional bodega do Seu Rabelo, onde se procurava o artigo que não era encontrado nas outras do bairro. Assim como a do outro Rabelo localizada no fim da linha do bonde do Benfica
Ainda nesse quarteirão moraram os irmãos René Gouveia de Miranda e Ronaldo Gouveia de Miranda, com relações de amizade no bairro, mas dele se desligaram quando partiram para seguir a carreira militar. O Ronaldo foi coronel do Exército e o Renê, como capitão, desligou-se do Exército e foi professor da UFC. Foram muitos os moradores da rua Adolfo Herbster; destacamos alguns: José Gomes de Figueiredo, dono de um bar em frente a casa dele, Porta Larga”. O Sr. Pedro Ciarline, engenheiro, casado, quando viúvo de D. Dina Mota Ciarline e pela terceira vez com D. Rosalva do Rego Monteiro. Dentre seus mais de vinte filhos registramos: Clovis, Moacir, Orlando, Rui, Mozart, Júlia, casada com o médico Quintílio de Alencar Teixeira, Carmem, Ernani, Norma, Max, Iolanda e outros; morou por último na Praça das Caixas d’Água, no começo da Avenida Visconde de Cauipe. Pedro Eugênio de Souza, pai do Carlos e do Pedrinho,conhecidos craques de futebol , Luciano e uma irmã, Terezinha. Raul Araújo, advogado, casado com D. Iracema. Jurandi Machado, o "Caranã”, funcionário dos Correios e Telégrafos. O Seu Pedro de Souza da Silva, o Pedrinho, 
o mais antigo barbeiro da Gentilândia, mudou-se depois para a Travessa Sobral, casou-se com uma moça que morava na Rua Adolfo Herbster. Tradicional dirigente do time Fortaleza, foi o Sargento (Tenente Coronel na reserva) Mozart Cavalcante Gomes, casado com D. Alzira, e seus filhos Moésio, professor, Mozart, funcionário dos Correios, ambos grandes “craques da bola”, Mozira e Marcos. Outros membros família do coronel Mozart Gomes residiram em vários locais da Gentilândia. Seu irmão mais velho Manuel, pai do Noésio, morou no primeiro quarteirão da rua Rodolfo Teófilo. Tentamos relembrar acontecimentos e nomes de pessoas e famílias que viveram na Vila Gentil, para que elas não desaparecessem da história do Benfica. Fizemos uma disquisição do bairro, com o material mais difícil de ser refeito: lembranças daqueles que foram testemunhas daquela época. A essência das coisas muitas vezes está nos detalhes. A quantidade de casas de toda Gentilândia era semelhante àquela que encontramos concentrada em poucos blocos de apartamentos de hoje, construídas em espaço bem menor. Entretanto, seus moradores pouco se conhecem. Os muros existiam mais para definir espaços do que para proteger. Os usos e costumes eram morigerados. Havia sanção social para quem fugia à regra. A civilidade não era um termo obsoleto. Uma mulher não viajava em pé em um ônibus quando estivesse um homem sentado: ele oferecia o lugar. Tínhamos uma aula de civilidade, uma vez por semana, na Escola Padre Anchieta. As pessoas geralmente tinham consciência da importância e interdependência com as demais na comunidade. A educação familiar era rígida. Quase todos se conheciam no bairro, principalmente aqueles da vizinhança. O comércio fechava na hora do almoço para as pessoas irem almoçar em casa. Depois que o serviço de bondes elétricos foi desativado, em 1947, os ônibus fizeram o transporte com eficiência. Às nove horas da noite as famílias costumavam se recolher em suas residências e acordavam cedo. Não havia grande dependência da eletricidade. O eletrodoméstico praticamente não existia, e não eram muitos os que podiam comprá-los. A renda familiar dos assalariados era pequena, como e também o supérfluo. Consequentemente não podia haver o consumismo. Materialmente, o que não existe ou não vemos não  desejamos. Portanto o pouco que existia contentava. Não era acomodação, mas sim uma realidade. Se eram felizes as pessoas que viveram naquela época somente elas poderiam dizer. Educação. As crianças e os mais jovens estudavam na Escola Padre Anchieta, ou um pouco mais longe, no Grupo Escolar Rodolfo Teófilo, localizado na avenida Visconde de Cauipe, em pequenas escolas municipais de primeiras letras existentes na redondeza, no Ginásio Americano, Ginásio Nossa Senhora das Graças, Ginásio Santa Cecília

Grupo Escolar do Benfica Séc. XX- O prédio atualmente abriga o FEAAC da UFC – Livro Terra Cearense 1925

Naquela época o ensino público e privado tinham a mesma qualidade. A tradição, os bons costumes e a civilidade eram adquiridos nos lares. As escolas e grupos escolares apresentavam-se como instrumentos importantes na complementação do que se aprendia no meio familiar. A maioria das mães era doméstica. O pai era o provedor, “chefe de família”.
Segurança. Apesar de a iluminação pública ser deficiente não era perigoso andar na rua tarde da noite. Mesmo assim, existia a Guarda Civil de Fortaleza, eficiente. Nos locais mais distantes havia a Cavalaria Militar fazendo ronda. Os arrombadores de casas residenciais e comerciais eram considerados muito perigosos, os batedores de carteiras, quando presos, eram notícia na página policial dos jornais. Indesejados eram os ladrões de galinha das casas que tinham quintal e criavam penosas. Outro furto costumeiro era o de latas de lixo que eram colocadas nas calçadas para o carro do lixo recolher. Essas latas que eram receptáculos 
para guardar querosene para venda, produto de grande consumo naquele tempo, tinham serventia para os ladrões fazer fogareiros especiais para as pessoas mais pobres. Quem não quisesse ser roubado, fazia vários furos antes de usá-las. Saúde. A medicina era muito limitada. A maioria dos medicamentos conhecidos atualmente não existia. Dentre eles os antibióticos. As mezinhas tradicionais feitas com produtos naturais eram muito usadas. 
Alguns mais avançados conheciam os remédios homeopáticos. Não foram muitos os médicos que moraram na Vila Gentil (Dr. Pinheiro, Dr. Mário de Assis, Dr. Luiz Gualter de Alencar Araripe, Dr. Leiria de Andrade, Dr. Pamplona, Dr. Honório Correia Pinto, oftalmologista). Esse dois últimos, residiam no rua 13 de Maio. O atendimento domiciliar era costumeiro. 
As mulheres davam à luz assistidas por “parteiras diplomadas”, por sinal muito competentes. O parto era considerado um procedimento perigoso. A mulher, quando podia, passava uma semana na cama e um mês de resguardo, comendo galinha. O comércio dessas aves é um caso a parte.  Aconselhava-se que ela comesse muito doce, para criar leite. A Farmácia Arthur de Carvalho era a única existente no bairro. Concentravam-se mais no centro da cidade. Entretanto, não demorava muito para chegarmos lá. O trânsito era livre. A Santa Casa de Misericórdia dedicava-se ao atendimento de pessoas carentes. A Assistência Municipal de Fortaleza era eficiente nos atendimentos de emergência, como o Centro de Saúde, localizado na rua General Facundo, esquina com a Praça José de Alencarno atendimento médico em geral à população de Fortaleza. Não existiam shoppings ou supermercados. Como em toda a cidade, as numerosas mercearias e bodegas, localizadas em esquinas, vendiam para as residências o essencial dos mantimentos necessários. O leite era comercializado in natura nas residências por leiteiros montados em burros e depois em um entreposto de venda de leite, localizado na rua Padre Francisco Pinto. Tradicional no bairro foi “Seu” Oscar que vendia o dele, trazido de uma vacaria localizada nos fundos onde atualmente existe o Centro de Cultura Francesa da UFC, na Avenida da Universidade. O pão era vendido por padeiros diretamente nas casas, ou nas bodegas. Quem trabalhava no centro da cidade podia trazer esse alimento para casa. Por não ser generalizado o uso de geladeiras, a carne verde, já pesada, em porções de meio, ou quilo era vendida por carniceiros ambulantes que vinham em burros portando depósitos especiais onde eram guardadas, ou em alguns açougues do bairro. Os figueiros, do mesmo jeito vendiam fígado e miúdos de bois. O Matadouro Modelo de Fortaleza ficava próximo da Gentilândia, logo depois da Lagoa do Tauape, o que facilitava esse comércio. A comida era cozinhada em fogões de lenha ou de carvão e posteriormente em fogões a querosene. Algumas bodegas vendiam lenha. A água potável era transportada em quatro barriquinhas, de madeira ou de zinco, no lombo de jumentos por aguadeiros trazida de um poço profundo localizado na rua Marechal Deodoro, pertencente ao negociante Zuca Accioly. Essa água não era tratada, sendo guardada em potes de barro, do qual era passada depois para quartinhas ou filtros. Comprava-se verduras diariamente aos verdureiros e não havia variedade delas. Os ovos de galinha eram também vendidos pelo vendedor de ovos, e não era um produto disponível facilmente. 

Fotografia de antigos moradores da Vila Gentil. Sentados: Fátima Gondim, Elisanda, Joceleida, José Maria, José Elislande; em pé: Jacques, José Mário, Abiano, Vicente,
Luciano, Elmo, Edgard, Rany, Luis Carlos, e Pedro Alberto (Pierre) - Arquivo Pedro Alberto de Oliveira Silva

Era comum nas casas que possuíam quintais haver galinheiros. Os pedintes de esmolas, que não eram numerosos, geralmente portavam três sacos de pano de tamanhos diferentes, um dentro do outro, onde colocavam as doações; farinha, arroz, feijão, banana, bolachas e pão sêco. Em um pequenino, guardavam as moedas recebidas geralmente de 100 réis (um tostão), 200 réis, 400 réis (um cruzado), ainda em uso naquela época, correspondendo a 10, 20 e 40 centavos de cruzeiro. Essa foi uma pequena memória histórica da Vila Gentil.


A Vila Gentil I
A Vila Gentil I
A Vila Gentil III  


Crédito: Revista do Instituto do Ceará - 2010 
A Gentilândia e o bairro do Benfica de 
Pedro Alberto de oliveira Silva 
(Sócio efetivo do Instituto do Ceará)

quinta-feira, 15 de março de 2012

A Vila Gentil III


Descrever a localização das casas com os nomes dos moradores é uma tarefa muito difícil, ou quase impossível. Foram dezenas de famílias que por ali passaram em um quarto de século. Uns mudaram de local na mesma vila, outros demoraram pouco, sendo ocupadas durante certo tempo por vários inquilinos. Vamos tentar dar informações gerais sobre esse fato sem descaracterizar o todo. As omissões ficam justificadas.


Ônibus da Empresa Santo Antônio que fazia a linha Maracanaú, estacionado em frente a sua primeira sede na Travessa Sobral, 91. Em 1962 – Arquivo Cepimar


Rua Redenção antiga Travessa Sobral. Conhecida, inicialmente, como Vila Gentil por ter sido a primeira vila construída, no ano de 1931.

Arquivo Elmo Júnior.

Aquelas construídas na Travessa Sobral, localizadas no outro lado dessa quadra eram, também, casas simples, menores que as citadas. Entre os dois conjuntos existia um terreno estreito, arborizado, onde existiam longas fossas para serventia delas. Lembro-me que morava ali a família de um cidadão que trabalhava de vigia e complementava seu salário vendendo carvão para a vizinhança. Moramos em frente a esse terreno na rua Padre Francisco Pinto, nº. 382, esquina com a Vila Santana, que falaremos mais adiante. O sistema de esgotos da Gentilândia nunca deu problemas ao longo de décadas, e se distribuía em vários locais da vila.


Vila Santana com entrada pela Rua Padre Francisco Pinto, 2006.

Arquivo Elmo Júnior

Na citada Travessa existiam casas mais simples no lado do poente, confrontando com estas, no outro lado da rua, as casas estavam fora dos padrões destas; possuíam um pequeno recuo, eram um pouco maiores e mais bem acabadas. Lembro-me que moraram ali, no lado do poente, um colega da Escola Padre Anchieta, chamado José Barrocas; outro o “Quim”, devia se chamar Joaquim, seguiu a carreira militar, na Aeronáutica, seu irmão Luiz, foi Agente Fiscal do Imposto de Consumo, seu pai era pequeno negociante no Mercado Central. No outro lado da rua o Sr. Aneuso Gurgel da Silva Rossas, sócio da Livraria Gurgel, e seus filhos Neuisa, Luciano, Hamilton, Neide, Rutênio e outras moças, que não me vem a lembrança; ele era irmão do Sr. Zenith Gurgel da Silva Rossas, casado com D. Betina, neta do coronel Gentil, que morava na Rua Nossa Senhora dos Remédios. O Fausto Pontes, irmão do Augusto Pontes, ex-Secretário da Cultura do Estado do Ceará. Muitos ali residiram de passagem; dentre outros o Sr. Marcelo Benevides.

Escola Industrial (atual Centro de Educação Tecnológica do Ceará – CEFET), instalada em sede própria na av. 13 de maio, onde existia o Campo do Prado. Arquivo MIS

Na rua 13 de Maio (depois avenida) correspondente a Vila Gentil existiam apenas três quarteirões pertencentes a Imobiliária. No primeiro, ocupando meia quadra, existia a mansão da família Gentil, no segundo quarteirão, apenas uma, localizada na esquina da rua Nossa Senhora dos Remédios, onde morava o subtenente Tobias, pai do Mauricio, que seguiu a carreira militar chegando a coronel do exército, e mais duas irmãs. O terreno que lhe seguia era todo murado, correspondendo a um quarto da respectiva quadra, não possuía construções, apenas muitas mangueiras onde foram guardadas capotas dos bondes desativados. Vem-me a memória uma frondosa mangueira de mangas coité, assim chamadas por serem muito grandes, existente naquele terreno, localizado na esquina da rua Rodolfo Teófilo. Alguns meninos da Gentilândia brincavam de pega-pega sobre elas. Esse lugar era vigiado por uma família humilde, recém- chegada do interior. Na quadra seguinte, existia um mangueiral, onde atualmente é o Parquinho da Gentilândia, ou Praça José Gentil,
onde jogávamos futebol.



Portão principal do palacete do Cel. José Gentil, localizado na esquina das avenidas 13 de maio e Universidade, antiga Visconde de Cauípe, durante algum tempo permaneceu como entrada principal da Sede da Reitoria da Universidade Federal do Ceará. Arquivo Nirez, 1959.

Naquela época o Antônio Gumercindo, famoso torcedor do time do Fortaleza, era um dos poucos “dono da bola” pois não era um objeto comum. A dele era grande e de borracha, aquelas de couro eram luxo.
As “bolas de meia” eram as mais comuns para se jogar “gol a gol”. As duas casas seguintes, no outro quarteirão, foram demolidas com o alargamento da rua 13 de Maio e faziam parte da Vila Santo Antônio. Habitaram nelas, por algum tempo, o Raimundo Elmo de Paula Vasconcelos, meu confrade no Instituto do Ceará e professor da Universidade Estadual do Ceará, e o Renan Montenegro, atualmente conceituado médico endocrinologista, nosso contemporâneo no Ginásio Sete de Setembro. Seguia-se o bar Ponto Chic, muito famoso naquela época, onde findava a linha do bonde do Prado.
O lado fronteiro a esse que descrevi não pertencia a Vila Gentil, mas era historicamente uma parte dela porque seus moradores se interrelacionavam. Na esquina da rua 13 de Maio com a avenida Visconde de Cauipe, encontrava-se a mansão do Sr. Francisco Queiroz, em estilo europeu, atualmente é o Centro de Cultura Germânica da UFC, em seguida vinha um sobrado onde residia o comerciante Francisco de Oliveira, casado com D. Maria Mendonça de Oliveira e filhos. A Marta de Oliveira Sampaio, sua filha, era casada com o Fernando Sales Sampaio (Fernandão), assim chamado pelos amigos devido sua estatura elevada. O Fernando teve morte prematura em um acidente, e quando solteiro,
morava na rua Rodolfo Teófilo. No sobrado que lhe seguia morava o médico oftalmologista Honório Correia Pinto. Após um terreno grande, murado, encontrávamos a sobrado de residência de outro médico, o professor Joaquim Alencar, e logo após, encontrava-se uma sequência de casas conjugadas duas a duas que iam até a esquina da Rua Rodolfo Teófilo. Na primeira delas morou meu colega de Escola Padre Anchieta e amigo, Luís Carlos Riquet Nogueira Aragão com sua mãe D. Corina (viúva) e três irmãs. Duas delas foram morar nos Estados Unidos. Seguiam-se outras onde residiam diversos membros da família Albuquerque de Souza, dentre as quais me lembro a de D. Souzinha, mãe do Deim, irmã
de D. Naninha, residente com suas filhas na Vila Santana, eram irmãs do desembargador Faustino de Albuquerque de Souza, ex-governador do Estado do Ceará; Wildson Monte Silva, contador, cunhado do Chico Periquito, assim chamado pelos amigos por falar muito; e D. Dodô, casada com o Sr Filipe, italiano. O Haroldo, filho deles, deu muito trabalho aos pais com diabruras, foi servir na Marinha. Seguia-se um terreno, depois ocupado pelas casas do advogado e professor do curso de jornalismo da UFC Luiz Queiroz Campos e aquela que pertenceu ao Artemilton Braga Arraes; antes moradores na Rua São José do Tauape, esse último residiu depois na rua Padre Francisco Pinto; seguindo-se residências já existentes, do Dr. Raimundo Araújo França, dentista, aquela do médico Dr. Pamplona, e mais outras.


Casa, 276 na rua Padre Francisco Pinto, onde residiu o Dr. Dorian Sampaio, 2006. Arquivo Elmo Júnior

A rua Paulino Nogueira não possuía muitas casas, mas confluíam para ela três vilas interiores, ditas particulares, denominadas Vila Santa Rita, Vila Santa Cecília e Vila Santa Luzia. No lado correspondente, onde atualmente encontram-se os blocos administrativos da UFC, existiam quatro frondosas mangueiras, junto ao meio fio, que eram usadas pelos namorados mais afoitos. Vizinho morava o Sr. Adolfo Gonçalves Siqueira, já idoso, casado com D. Amélia, foi ex-presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, ex-prefeito interino de Fortaleza e presidente da Fênix Caixeiral por muitos anos; instituição essa considerada a de mais utilidade pública em Fortaleza. Essa casa fazia esquina com a entrada da Vila Santa Cecília. Na outra que lhe ficava fronteira, definindo a entrada dessa vila, morava o Dr. José Freire, agrônomo, que foi Inspetor Chefe da Defesa Sanitária Vegetal, no Ceará, casado com D. Consuelo Carvalho Freire, tinham oito filhos: José Geraldo, fiscal da Secretaria da Fazenda, Teodósio Mauro, comerciante, Maria Celina, funcionária pública, Maria Consuelo, professora do Parque das Crianças, casou-se com José Batista de Campos Paiva, funcionário dos correios, Maurício, funcionário da Defesa Animal, Maria Nilda (Anita) Freire Gomes, casou-se com o Gen. Valdir Gomes, Armado Máximo, comerciante, casado com Evangelina Barata Freire, Maria Helena Freire Arruda, casou-se com Eliano Arruda, advogado. Na casa vizinha, esquina com a rua Nossa Senhora dos Remédios, com frente para essa rua, morava o engenheiro da Prefeitura Nelson Machado, casado com D. Gabriela Fiúza Machado e seus filhos: Isnélio, Wanda, Nelson (Nelsinho), casou-se com a professora da UFC Maria Cecília Chaves, Helena, casou-se com o coronel do exercito Ney Borba.

Residência de Amélia Gentil de Aguiar na rua Paulino Nogueira, 1956.

Arquivo Elmo Júnior.


O quarteirão seguinte não possuía casas, apenas os muros laterais de residências de esquina que tinham frente para as ruas Nossa Senhora dos Remédios e Rodolfo Teófilo, respectivamente. Logo em seguida existia uma quadra, muito arborizada com mangueiras. Em sua primeira metade, funcionava o Serviço de Piscicultura da Inspetoria Federal de Obras contra as Secas (IFOCS) posteriormente chamadas DNOCS, depois de 1945. A segunda metade era ocupada pelo PARQUE DA GENTILÂNDIA já referido, um dos locais mais característicos da Gentilândia, com alamedas calçadas com piso de cerâmica vermelha, localizado entre as ruas Rodolfo Teófilo, Padre Francisco Pinto e São José do Tauape

Parque da Gentilândia, vendo-se ao fundo casas da rua São José do
Tauape. Na foto (1961) estão da esquerda para a direita: Ruth, Ângela, Valéria,
Maria de Lourdes, Simone. Maria de Lourdes ainda viva, lúcida, com 96 anos,
morando na Vila Santo Antônio. Arquivo de Pedro Alberto de Oliveira Silva

Na área da Piscicultura anteriormente encontrava-se um prédio muito bonito, onde funcionou o Gentilândia Club, logo após a criação da Vila Gentil, havendo ali festas muito concorridas, reunindo pessoas vindas de outros locais. Afirmava-se que ali havia jogo de baralho; o clube deixou de funcionar quando foi ocupado como sede do serviço de piscicultura.

 
Gentilândia Club, posteriormente sede da Piscicultura do IFOCS (Inspetoria

Federal de Obras Contra as Secas) e depois, DNOCS. (Arquivo Nirez).

Existiam, naquele local, muitos tanques de alvenaria cheios de água onde eram criados alevinos e peixes para estudos e distribuição para açudes. Existiam dois poços profundos, com respectivas caixas d’água, para uso da piscicultura e das casas que lhe ficavam adjacente na rua São José do Tauape, sendo uma delas localizada num pequeno local do lado de fora. Todo dia vinha um servidor da Gentilândia ligar um motor para encher a caixa. Esta quadra encontra-se totalmente ocupada por casas de aspecto variado e um prédio pertencente à UFC, funcionando como residência universitária.

No último, localizavam-se cinco casas. Na esquina com a São José do Tauape, residia o Sr José Gondim, pelo que me lembro, era viajante comercial, casado com D. Cristina Sales e seus filhos: Glice, casou-se com o professor Heródoto, Gelsa, casada com Joahannes Maehlmann (Rani), exportador. Posteriormente mudaram-se para a rua São José do Tauape no primeiro quarteirão. A casa que lhe seguia, fora dos padrões de outras da Vila, habitou o médico Hyder Correia Lima, casado com D. Sara, e seus filhos Iaci, Mário, médico destacado no Rio de Janeiro e a Emília Correia Lima (foi Miss Brasil), casou-se com um oficial da Aeronáutica. Depois foram morar na rua Carapinima, por trás da Igreja dos Remédios. Nesta mesma casa, morou um filho de um advogado chamado Renato, que me vem à memória, pois era o “dono da bola” de couro com a qual jogávamos futebol. Posteriormente o desembargador Zacarias Amaral Vieira, casado com D. Elza Amaral Vieira. Conhecemos dois de seus filhos: Francisco José Amaral Vieira, professor da UFC e o Roberto Amaral Vieira que foi Ministro da Ciência e Tecnologia, por algum tempo. A casa seguinte pertencia ao Dr. Roberto Bezerra de Menezes, casado com D. Eduarlinda. Vizinho encontrava-se três garagens que eram alugadas. Logo em seguida foi construído um sobrado por D. Amélia Gentil de Aguiar Figueiredoneta do Sr. José Gentil, casada com o Sr. Alceu Figueiredo. Dona Amélia negociava com jóias de Juazeiro, e depois que se mudou da Gentilândia abriu uma joalheria na rua Barão do Rio Branco. Eram filhos do casal: o Edson, o Dirceu, Alceu Carlos, chamado por nós, carinhosamente, de Brocoió, e a Alcélia (Nena). 
Finalmente encontramos no final desse quarteirão a casa do Sr. Renato Batista Carneiro casado com D. Maria Luiza Carneiro e tiveram onze filhos: João Batista, Eduardo, Osmar, Aldemar, José, Renato Filho, Maria Luiza, Maria de Lourdes, Mercedes, Iolanda e Fernando. Seu Renato era muito conhecido na Gentilândia, foi o primeiro motorista do coronel Gentil e depois, como funcionário da Imobiliária, era o cobrador dos alugueis das casas. Era mais um serviço especial para os moradores que não precisavam se deslocar para o Banco. Sua casa era bem ampla, alta e antiga, com um quintal bem grande. Ficava na esquina, bem em frente ao portão de entrada de carros para o Estádio Presidente Vargas. Nos quarteirões em frente a estes, na mesma rua, começando na avenida Visconde de Cauipe, havia o muro lateral da segunda casa daquela avenida construída por José Gentil para seus filhos. Nela morou seu neto Nestor Gentil, depois o Sr. José Albuquerque Monteiro, “Seu Pepino”, como era conhecido, que posteriormente mudou-se para a Rua Marechal Deodoro. Entre essa casa, de luxo, e a que lhe seguia, na esquina com a Vila Santa Rita, morava D. Francisca da Frota Gentil (Dona Chiquita) a filha solteira do Coronel Gentil. Sua casa era ampla, em um terreno de profundidade, mas sem luxo. Era uma pessoa muito simples, caridosa, e ajudava muito a Igreja dos Remédios. Presenteava, também, os padres com petiscos. Na referida esquina da Vila Santa Rita o Sr. Amélio João Terceiro Fiório, caminhoneiro e depois funcionário da Prefeitura Municipal de Fortaleza, casado com D. Luzanira Cabral de Araújo Fiório, irmã do conhecido radialista e ex-prefeito de Fortaleza Paulo Cabral de Araújo. No outro lado residia o Sr. Raul Memória, telegrafista dos Correios e Telégrafos (DCT), casado com D. Ester Maravalho e três filhos: Raimundo, postalista do DCT, José Afrânio Memória, médico oftalmologista, nosso colega do Liceu do Ceará, e um seu irmão, bem mais novo. Vizinho morava o Sr. José Domingos; o José Domingos (filho), casou-se com a teatróloga Glice Sales, e sua irmã Mirsa casou-se com um membro da família Mesquita. Essa casa fazia esquina com a Vila Santa Luzia. Fronteiro a ela, esquina com a rua Nossa Senhora dos Remédios, morava o advogado Francisco Vale. Filho do citado Lauro Vale. No quarteirão seguinte havia as laterais de duas casas. Após elas estava o atual Parque da Gentilândia (Praça José Gentil); era uma quadra sombreada com muitas mangueiras, onde a meninada e adolescentes do bairro jogavam futebol. Na esquina do parque, com a rua São José do Tauape, morou um cidadão da família Teles Campos, por algum tempo, e depois o Dr. Agamenon Frota Leitão; vizinho a essa casa residiu o Sr. Virgílio Alves Barata, depois residente na Vila Santa Rita. Era avô da Evangelina Barata Freire, e do Virgílio Alves Barata Neto, nosso grande amigo de adolescência. Seguia-se o outro parque arborizado, atualmente conhecido como Parque da Feira da Gentilândia, mas seu nome oficial é Isaac Amaral conforme a Lei 1422/05/10/1959, publicada na gestão do Prefeito Manuel Cordeiro Neto. Secretário Raimundo Girão.



Continua...

A Vila Gentil I
A Vila Gentil II

Crédito: Revista do Instituto do Ceará - 2010 
A Gentilândia e o bairro do Benfica de 
Pedro Alberto de oliveira Silva 
(Sócio efetivo do Instituto do Ceará)


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