Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Praça dos Leões
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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domingo, 22 de agosto de 2010

Da glória ao esquecimento



A importância do rei dos animais contrasta com a modestia dos
frequentadores da praça Gentil Tibúrcio.

Em posição majestosa estão os leões da Praça General Tibúrcio. Trazidos de Paris, os reis dos animais, ainda que só da floresta, enaltecem a riqueza arquitetônica de um dos recantos mais tradicionais do centro de Fortaleza. Ostentando glória que um dia residiu na praça, os leões dão identidade ao espaço que é mais conhecido como a praça deles. Deles, os leões.
A área ocupada pela praça, hoje, ganhou relevância, inicialmente, por estar de frente para o que, na metade do século XIX, era a sede do governo cearense.
Recebendo assim três denominações: “Largo do Palácio”, “Pátio do Palácio” e Praça do Palácio”.
Em 1877, por decisão da Câmara Municipal, o espaço passou a denominar–se “Praça General Tibúrcio”, em homenagem ao cearense Antônio Tibúrcio Ferreira de Souza, que lutou na Guerra do Paraguai.
Um ano depois, imortalizou-se no centro da praça, um monumento em honra ao General, com a primeira estátua erguida no Estado do Ceará. Como na época as pessoas mais importantes eram enterradas dentro de uma igreja, Tibúrcio, por toda a sua coragem, ganhou importância e um monumento próprio, onde foram colocados seus restos mortais, localizado debaixo da sua estátua.
A praça está localizada no centro de Fortaleza, entre as ruas Sena Madureira, General Bizerril, São Paulo e Guilherme Rocha. Ela hoje forma um importante conjunto arquitetônico com a Igreja Nossa Senhora do Rosário, a Academia Cearense de Letras (Antigo Palácio da Luz) e o Museu do Ceará (Antiga Assembléia Municipal).

José Pereira, 50 anos de praça: muitas histórias.

Antes de fazer parte do conjunto arquitetônico, o local já foi cenário para a passagem de mais importantes figuras políticas. Conta José Pereira, de lúcidos 92 anos de vida, que no púlpito, que subiram desde parlamentares a mendigos a urinar, foi palanque até para discurso do ex - presidente Getúlio Vargas.
Pereira, como é conhecido na praça onde trabalha há mais de 50 anos, recorda saudosamente do seu primeiro abrigo, logo quando chegou a Fortaleza. Vindo da sua cidade natal, Jaguaruana, depois de quatro dias de viagem, encontrou repouso embaixo das frondosas copas das árvores da praça.
Chegou à capital “sem lenço, sem documento”, com a vontade inabalável de vencer na vida. A praça foi palco de todas as suas tristezas, alegrias, superações. Seu primeiro emprego foi no Sombreiro Bar (atual Restaurante Lions), local onde já funcionou o mais importante restaurante de Fortaleza. No prédio também funcionava o Hotel Brasil, o mais renomado da cidade. Ele abrigava todas as ilustres figuras que pela cidade passavam.
Hoje, Pereira trabalha em uma banca do Paratodos, uma ilegalidade nordestina, que a polícia finge não ver. Exerce essa atividade com o prazer de retornar todos os dias para o seu primeiro porto.
A Praça General Tibúrcio já foi área nobre de Fortaleza.
Hoje, com a expansão da cidade, o centro se tornou um espaço mais comercial, que funciona de 8h da manhã às 18h da noite. Com isso, a praça perdeu sua vitalidade.
Pereira conta que há quarenta anos, os ricos e boêmios freqüentadores da praça, podiam chegar bêbados, portando bens de valor e se darem ao luxo de adormecer nos bancos. Ao acordarem percebiam que nada lhes faltava. Com a desvalorização do centro como área nobre, a praça passou a abrigar almas marginalizadas e prostituídas.
Muito dos comércios que hoje existem nas proximidades, antes eram motéis. Esta realidade contribuiu para que a praça deixasse de ser bem freqüentada e que seu espaço não fosse utilizado devidamente. De acordo com o cambista Emanuel Mendes, que trabalha na praça há
mais de 30 anos, chegou uma época que não se podia andar na General Tibúrcio em plena luz do dia, sem ser assaltado.Emanuel freqüenta a praça desde criança. Visitava todos os dias, quando ia deixar o almoço dos pais e tios, que lá trabalhavam como cambistas.

A estátua de Rachel de Queroz: agrega valor à praça apesar da ação de vandalos.

Ele vivenciou uma época quando ainda havia um estacionamento na Rua General Bizerril, que acabou quando construíram um calçadão que interliga a praça ao comércio de papelarias. Emanuel lembra que, depois da construção do calçadão, passou a funcionar o comércio, que
hoje é conhecido como beco da poeira. Depois de muito tempo o comércio foi retirado da General Tibúrcio, por conta da sujeira deixada.
Outra presença ilustre está sentada em um banco de madeira ao lado de uma árvore peculiar da praça, Ficus – Bejamim: uma estátua da Rachel de Queiroz, no auge de sua elegância. Ela foi colocada no começo de 2005, e presencia o atual cotidiano do logradouro, que flutua desde a comercialização do corpo até o exercício da solidariedade.
Fernando Moreira, porteiro da Academia Cearense de Letras, Conta que Rachel gostava muito da praça. Por conta dos vândalos, havia a intenção de colocar a estátua dentro da Academia Cearense. familiares da escritora porém fizeram questão de que ela fosse colocada no local que mais gostava. A vida da praça começa com a chegada dos comerciantes. O comércio abre, o sol esquenta, mas ela continua com sua sombra e ar fresco. Propício para receber quem está enfadigado dentro das lojas, quem espera alguém ou até mesmo quem passou a noite catando latas na cidade. Paulatinamente começa a se formar um grupo de amigos, batizados legalmente como: Associação amigos do Dominó. São aposentados, advogados, comerciantes, policiais fora do horário de serviço, que brincam” por distração, para passar o tempo, a labuta.
Os amigos do dominó formam uma associação muito organizada, que se instalou na praça há mais de 15 anos. Para participar tem que cumprir a regras, para que não vire bagunça, nem prejudique ninguém. Só pode jogar quem for associado e apresentar a carteira de associado.
As regras consistem em: Não pode... Fumar quando estiver jogando; Estar embriagado;
Jogar com pessoas estranhas; Eles começam a jogatina logo cedo e se tiver componente
vão até anoitecer. O aposentado Francisco Ribeiro da Silva, 72, vai todos os dias, de ônibus, do bairro Benfica, para a praça, só para jogar. “É meu divertimento”, diz ele. A associação é sem fins lucrativos. O presidente da associação pede apenas para que os conveniados contribuam com um presente infantil, para animar as festas organizadas pelos amigos do dominó no dia das
crianças e no Natal. Essa festa é feita anualmente, para crianças carentes que vivem perto da praça.
A Praça dos Leões é espaço para muitas manifestações de caridade. No logradouro, também acontece de terça a quinta-feiras um sopão, ofertado pela Catedral de Fortaleza, que alimenta pessoas carentes que rodeiam a praça. São distribuídos cerca de duzentos copos. A sopa é feita com os donativos doados na Igreja do Rosário e na Catedral.
A praça que ainda preserva a passagem do antigo bondinho, que funcionava antes do automóvel dar o ar da sua graça, recebe visitantes de todos os tipos. Seja para visitar a Igreja; seja para visitar a Rachel, que tem melhorado a freqüência dos visitantes da praça; seja só de passagem, quem desceu ou quem vai pegar o ônibus; seja para fazer o comércio do café, de livros ou até do próprio corpo; seja para engraxar os sapatos; seja para fazer uma aposta no jogo do bicho. E no passar do dia, pode – se observar a quantidade de vidas, de objetivos, de realizações, de esperanças, de um momento de cada um que passa por ali.
Independente do sexo, idade, cor, raça ou religião. Todos que contribuem direto ou indiretamente para a história da praça, que há muito morre e revive.


Crédito: Isabella Purcaru

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Largo do Palácio - Praça General Tibúrcio - A Praça dos Leões


Praça do Palácio em 1908

Construída em 1877, a praça homenageia o General cearense Tibúrcio, que participou da Guerra do Paraguai. Toda área da Praça abriga construções antigas e esculturas de leões e leoas de bronze, trazidas de Paris no começo do século.
Localizada no Centro, entre as ruas Sena Madureira, General Bezerril, São Paulo e Guilherme Rocha.


Praça ou Largo do Palácio em 1908 

A origem da praça remonta aos tempos da construção da Igrejinha de Nossa Senhora do Rosário em 1730. Em 1831 o "Largo do Palácio" foi planejado e então a praça começa a ser urbanizada sendo inaugurada em 1856. Depois da morte do general Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa, herói da Guerra do Paraguai, em 1885, uma estátua foi erguida em sua homenagem na praça em 1888 sendo a primeira estátua pública da cidade.
No entorno da praça ficam o Museu do Ceará e a Academia Cearense de Letras. Existem várias outras estátuas na praça destacando-se as três estátuas de leões e a estátua em tamanho natural da escritora Rachel de Queiroz sentada em um banco da praça.


Antiga praça do Largo do Palácio por volta do ano de 1856. 
Possivelmente uma das fotos mais antigas da cidade.
 
Em 1888 foi contemplada com a estátua do General Tibúrcio, herói da Guerra do Paraguai, sendo a partir de então designada com o nome deste general.
Em 1890 foi rebatizada como praça 16 de novembro e, logo em seguida, voltando a ter o antigo nome.




Antigamente o trecho que fica na Rua São Paulo era completamente diferente do que retrata as duas fotos. Era um campo aberto, de areia, conhecido por Largo do Palácio, por ficar em frente ao Palácio da Luz, que era a sede do governo estadual. Mas tal largo era bem menor que a atual praça. Existiam casas no local onde hoje fica a Rua São Paulo e entravam cerca de 30 metros no terreno hoje ocupado pela praça. No lado da Rua General Bezerril também havia um avanço das casas que eram irregulares.
Em 1847 fortes chuvas causaram erosão no Largo do Palácio, foi quando o presidente da Província, Inácio de Vasconcelos mandou construir a muralha de proteção rodeando a praça com escadaria para a Rua de Baixo. Ali se instalavam no século IX circos e parques de diversões.

Em 1887 resolução da Câmara dá ao largo o nome de Praça General Tibúrcio. Em 1888 foi ali inaugurada a estátua do general Antônio Tibúrcio de Sousa, que foi a primeira da Cidade. Em 1891 foi iniciado, por sugestão do vereador José Albano, o alinhamento da praça. No ano seguinte houve uma revolta do Colégio Militar que terminou por depor o presidente do Estado José Clarindo de Queirós. Houve muitos tiros que atingiram a praça, o palácio e um deles pegou na estátua do general Tibúrcio que caiu de pé e em 1892 foi recolocada no seu lugar.


Em 1912, quando da deposição do presidente do Estado Antônio Pinto Nogueira Acióli, assumiu como intendente de Fortaleza o filho de José Albano, Ildefonso Albano, que continuou o trabalho de seu pai, desapropriando as casas dos dois lados e fazendo novas fachadas, abrindo a rua, além da urbanização da própria praça, obra terminada e inaugurada em 1914, como ainda tem uma placa de mármore na coluna em frente ao Museu do Ceará.
A foto mais antiga, que deve datar da década de 30, pois vemos nela o Palacete Brasil (1914), a Assembléia Legislativa (1871), além de um carro de modelo da década de 20.
A segunda foto mostra o mesmo trecho visto do mesmo ângulo, com as árvores da praça em maior número e bem maiores, os mesmos prédios da foto anterior e por trás deles novos prédios, como o Edifício Sul América, o Edifício Jereissati (do Hotel Savanah) e os prédios da Rua São Paulo. Além disso, a Rua São Paulo hoje tem mão única descendo a ladeira, o asfalto substitui o paralelepípedo e alguns postes e fios e a sinalização fazem a diferença.


ortaleza de Ontem e de Hoje - Descricão de Praças
A praça antes era um largo areal em frente ao Palácio do Governo e à Igreja do Rosário, local onde em fevereiro de 1872 foi armado o Circo Olímpico, de Augusto R. Duarte, que no anúncio publicado nos jornais traz a frase: "Roga-se às famílias trazerem as cadeiras".
Em 1847 o inverno rigoroso causou grandes fendas devido a diferença de nível entre o largo e a Rua de Baixo e foi mandado fazer, pelo presidente Inácio Corrêa de Vasconcelos, uma muralha para sustentar o aterro, dotando a Capital de um local aprazível, de passeio público, pois foram levantados pilares e gradarias de ferro e foram feitas escadarias para descida à Rua de Baixo.
Em fevereiro de 1887 resolução da Câmara dá ao largo o nome de Praça General Tibúrcio e em 8 de abril de 1888 foi ali inaugurada a primeira estátua erigida em Fortaleza, a do general Antônio Tibúrcio Ferreira de Sousa, fundida nas oficinas de Thiebaut Fréres, e o pedestal de mármore foi esculpido, em Fortaleza, pelo artista Frederico Skinner.

Depois houve o alargamento das ruas e o alinhamento das calçadas, obra realizada em 1914, na administração do Intendente Ildefonso Albano, que também reforma totalmente a praça, refazendo todas as fachadas das casas da Rua General Bezerril, que foram recuadas. Foi nessa época que surgiu o Palacete Brasil, construído pela firma Rodolfo F. Silva & Filho, especialmente para abrigar a sede estadual do Banco do Brasil. Foi também nesta época que foram colocadas as estátuas dos animais e o coreto para apresentações de bandas de música. Foi aberta a Rua da Assembléia (Rua São Paulo) que tinha casas que avançavam até quase o meio da praça.

Na velha foto, colhida na década de 1920, vemos além da estátua, do coreto e do leão em primeiro plano, a arborização da época e, ao longe, o chamado "sobrado mole" e a velha Catedral ou que foi demolida em 1938. A foto foi publicada na revista "Ilustração Brasileira" em 1922.
Na foto de Osmar Onofre, a mesma praça com a mesma estátua, porém com outro coreto, pois o antigo foi demolido. No lugar do "sobrado mole" levanta-se o Edifício General Tibúrcio e já não se vê a Catedral que está encoberta pela vegetação que cobre quase tudo.



Praça General Tibúrcio (Praça dos Leões) em 1967. Acervo pessoal de Ana Teresa Mello Fiúza


FOTOS RECENTES


Estátua de General TibúrcioLeão com o edifício General Tibúrcio no fundo, do outro lado da Rua São Paulo. 
Todos esses leões são de bronze trazidos de Paris


Estátua em tamanho natural da escritora Rachel de Queiroz


Fontes: Revista do Instituto do Ceará pág 148/Fortaleza de ontem e de hoje/Álbum Vistas do Ceará de 1908/pesquisas da internet/As fotos recentes (maravilhosas por sinal) são de Marcos Almeida

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