Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : bairro
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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sexta-feira, 8 de maio de 2015

Corta Bunda - Os Maníacos que aterrorizaram o José Walter


Conjunto José Walter, cenário dos ataques dos corta bundas.

Em meados dos anos 80, o conjunto habitacional Prefeito José Walter foi tomado pelo medo do ataque de um maníaco que cortava a bunda das mulheres.

Quando um homem armado com uma lâmina começou a invadir as casas do Zé Walter para traçar uma linha de sangue nas nádegas femininas, o resto da cidade não pôde mais ignorar aquele pedaço de Fortaleza. Entre 1985 e 1987 , os crimes do Corta-Bundas ocupavam espaço frequente nos jornais da Capital.

Conjunto José Walter
um dos bairros mais populares de Fortaleza, com suas ruas estreitas e numeradas, foi construído em 1970. A primeira etapa do conjunto habitacional foi inaugurada em 1969 e recebeu o nome do Prefeito de Fortaleza, José Walter.

Em 1985, um maniaco psicopata começou a atacar mulheres (adultas e crianças), ele não matava, não roubava e nem abusava sexualmente das suas vitimas, apenas fazia um corte profundo com navalha, estilete ou bisturi na região das nádegas. 


Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Ele colocou pânico e fez diversas vitimas durante dois anos, de 1985 a 1987. Foram mais de 70 mulheres atacadas, mas apenas três formalizaram a queixa e constaram no processo contra ele. 
O corta bundas deu muito trabalho para a policia que não conseguia pegá-lo e muito menos identificar o agressor.


Ocasião da prisão de Evandro em 06 de fevereiro de 1987

Apenas em 06 de fevereiro de 1987, a policia consegue capturar Francisco Evandro Oliveira da Silva de 26 anos.
Preso e reconhecido, Evandro confessou os crimes e acabou morto no Instituto Presídio Professor Olavo Oliveira (IPPOO) pelos próprios presos.

 Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Bom, mas antes de Evandro ser preso e identificado como o corta bundas que estava aterrorizando o José Walter e colocando toda a população em polvorosa, outros também foram presos e apontados como o maníaco.

Foto ao lado: Evandro tinha em seu poder instrumentos cortantes. Acervo Jansen Viana.

Em 12 de outubro de 1986, Aparecido dos Santos Reis, foi preso e identificado como o marginal que estava cortando as nádegas de mulheres e crianças.

Os Maniacos corta bundas que aterrorizaram o José Walter


Relato Minucioso de Aírton Lopes, então Comissário de Polícia, que fez parte da equipe responsável pelas prisões na época. Leia na íntegra AQUI

12 de outubro de 1986 - 10:00hs. 
Dia das Crianças e Momento de Campanha Eleitoral
Contada pelo Líder Comunitário Airton Lopes, na época Comissário de polícia, que trabalhava na Sétima Delegacia Distrital.
Prisão efetuada pelo comissário e pelos soldados Írio e Leonardo da PM/CE. Posto a disposição do Comissário pelo Tenente Gondim do Coe.

"No dia 12 de outubro de 1986, o comissário de polícia civil Airton Lopes, que trabalhava na época no 7º Distrito Policial, bairro Nossa Senhora das Graças, e os soldados da polícia militar: Írio e Leornardo, na época integrantes do COE, um morava no conjunto José Walter (Írio) e o outro morava no Conjunto Industrial (Leonardo). Eles prenderam o segundo corta bundas (o primeiro foi Mc Donald) do José Walter, Aparecido dos Santos Reis, vulgo “Topo Gigio”. Em sua casa, na hora da prisão, foram encontrados: uma peruca loira, um estilete e uma substância negra, tipo uma graxa (ele usava no corpo para ficar liso). Materiais usados na prática dos crimes. Dentre suas características físicas, ele tinha uma tatuagem de sereia no peito direito. Ele cortava as vitimas com um estilete e emendava o ânus com a vagina. 

O primeiro corta bundas que se tem notícia, foi Luiz Donald Uchôa Félix, vulgo “MC Donald, filho de um motorista policial da SSP. Mc Donald” cortou várias bundas, mas como ele nasceu no Conjunto José Walter, foi fácil para as vítimas o reconhecerem. Após investigações, o pai de uma das mulheres de Mc Donald encontrou uma carta nas coisas de sua filha e entregou ao comissário Aírton Lopes e este entregou ao Dr. Vicente Ferreira, delegado do 8º Distrito. O comissário descobriu que Mc Donald estava morando em Brasilia-DF, no bairro da Ceilândia, trabalhando numa oficina mecânica. A polícia daqui entrou em contato com a de Brasilia, que o prendeu e o transferiu para Fortaleza de avião. 
Enquanto ele estava foragido, apareceram outros corta bundas. O segundo, “Topo Gigio”, começou a praticar o mesmo crime, no intuito de inocentar o primeiro. Com a prisão do segundo (Aparecido dos Santos, o Topo Gigio), surgiu um terceiro, chamado Evandro
Eles negavam a autoria dos cortes. Apresentamos as vítimas do tarado “Topo Gigio” e as investigações só chegavam na mãe de "MC Donald" (Dona Mirtes, já falecida), como mandante. 
Presa por tráfico de drogas, D. Mirtes negou que houvesse contratado Topo Gigio e Evandro para cometerem os crimes e assim, forjar a inocência do filho. 

Prisão do corta bunda Evandro - Jornal O Povo
(Clique para ampliar)

 As vítimas de Evandro - Acervo O Povo

O terceiro corta bundas, Evandro, foi morto no Instituto Penal e o acusado de matá-lo foi o elemento conhecido por “fonfon” que estava preso no IPPOO, e era "de dentro" da casa de D. Mirtes, caracterizando uma queima de arquivo
Tanto um quanto o outro, sempre negaram que fossem o corta bundas ou que a mãe de Mc Donald os havia contratado. 
A verdade é que as vítimas estão por aí, para contar as suas tristes histórias... 

Observações: Os três tarados (maniacos) do José Walter, as vítimas e os policiais, moravam no conjunto e se conheciam, todo mundo conhece todo mundo, por isso foi fácil chegar até eles.
Nós, moradores do conjunto, não dormíamos, uns pastoravam os outros. A gente trocava a noite pelo dia, era um inferno!

Acervo Jansen Viana

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Quando "MC Donald" sentiu que tinha sido descoberto, ele fugiu. O problema, é que mesmo estando foragido, os cortes continuavam, foi aí que os policiais chegaram no segundo tarado, o “Topo Gigio”.  Preso o Donald e o Topo Gigio, os ataques continuaram. Foi então que chegamos no Evandro, que foi reconhecido por Dona Berenice, que aliás, não sofreu o ataque, ele apenas entrou, passou uns 10 minutos no interior de sua casa, bebeu água e foi embora. Na casa estavam dona Berenice e sua filha menor. 

Na época da prisão, os três policias conversaram com a mãe de Evandro, e esta estava preocupada, porque Evandro andava estranho e endinheirado. 

Foto ao lado: Corta bunda Evandro

Certa vez ele disse para mãe: -Mãe eu estou fazendo uma coisa errada, mas, deixa para lá. 
"Evandro não era sadio da mente. Houve uma noite em que Berenice estava sentada no portão de casa, quando de repente, Evandro vinha pilotando uma bicicleta sentado no guidom da mesma, foi quando ela me procurou na casa de minha sogra, que era a uns 2 quarteirões e esta mandou que Berenice ligasse para o oitava Distrito Policia (Delegacia do Conjunto) o que foi feito e Evandro foi preso no “pedim”, um trailer antigo na segunda etapa."

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Topo Gigio, deu trabalho para ser preso, pois foram meses de investigações, chegamos a conversar com a mãe do Mc Donald, D. Mirtes, pedindo que ela nos entregasse o seu filho que nós o levaríamos para um hospital mental.

Mc Donald e Topo Gigio, continuam morando no conjunto, bem como as vítimas: Sulamita da Silva e Carla Cândido Cavalcante, Tereza Maria Alves (Terezinha) e Maria das Graças Pereira. O acusado foi reconhecido por quatro vítimas. Duas testemunhas no 8º Distrito Policial e uma testemunha, que eu não posso revelar seu nome, e que morava no Barracão, reconheceu Topo Gigio, pois ele tentou entrar na sua casa.
A manchete do Jornal O Povo do dia 14 de outubro de 1986, trazia:
''Preso um dos tarados do conjunto Zé Walter”

Como ocorreu a prisão:
Às 10 horas do dia 12 de outubro de 1986 para prender o tarado, fingimos estar fazendo campanha, pois era época de Campanhas Eleitoral
O comissário saiu num carro com duas vítimas de Topo Gigio com a finalidade de reconhecer o tarado. Num outro carro, estavam os soldados e uma senhora que iria entregar ao Topo Gigio uma carteira de identidade civil, que ela havia tirado e que havia prometido um emprego e que os dois soldados seriam os patrões. Quando Topo Gigio saísse para falar com os soldados, as vitimas o reconheceria, deixariam cair os papeis no chão, e essa era a confirmação de que era o tarado. Isso foi feito, foi dado voz de prisão e ele foi conduzido para uma Companhia de Policia Militar na Maraponga, evitando assim um linchamento."

Airton Lopes (Líder Comunitário e Ex-Inspetor de Policia)
São Gonçalo do Amarante, 28 de setembro de 2010


Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Acervo Jansen Viana (Clique para ampliar)

Como vimos, há quem diga que Evandro (o mais "famoso" e que pagou com a vida pelos crimes que cometeu) não era o 'verdadeiro' Corta-bundas. Ou pelo menos, não o único. O mito prossegue no imaginário do bairro...




Fontes: Livro "Corta bunda - O Maníaco do Zé Walter" de Jansen Viana, Blog Jairton Lopes e diversas pesquisas




sexta-feira, 14 de março de 2014

Fortaleza dos bailes e dos Clubes


No final dos anos 70 a cidade de Fortaleza fervilhava aos sons de inúmeras novidades oriundas da produção da chamada indústria cultural e das culturas de massa. Alguns vindos literalmente ‘de fora’ e outros considerados ‘locais’ e ainda não inseridos no contexto maior de comercialização internacional.

Era o caso, por exemplo, do rock, que aportava com força pela musicalidade de Led Zeppelin, Black Sabbath, Ramones e Sex Pistols, entre outros. Já o predomínio do local se matizava nas inúmeras gravações de forró, bem representados em grupos como Trio Nordestino, Três do Nordeste, Luís Gonzaga, Jackson do Pandeiro e tantos outros.

Estudos sobre o rock em Fortaleza dão conta de uma trajetória iniciada ainda na década de 1950 e um predomínio hegemônico do forró, motivo pelo qual se apontaria, até meados dos anos 90, a dificuldade de ‘explosão’ dessa manifestação em Fortaleza, bem como do surgimento e consolidação de bandas e espaços destinados a essas manifestações.


Acervo Portal Messejana

Entretanto, o rock praticado em Fortaleza era ‘regionalizado’, com bandas (ou grupos de bailes) como Os Faraós, Os Belgas, Os Diferentes ou, um pouco depois, O Peso, que seguiam linhas melódicas mais leves e pouco ligadas às perspectivas mais ‘transgressivas’:





Na década de 50, o rock era tocado por grupos de baile — o mais conhecido era Ivanildo e seu conjunto — que animavam as festas de clubes sociais como o Náutico, Líbano e Maguary ... Na década de 60, com a explosão do rock em todo o mundo, esses grupos tocavam os sucessos do momento, além de músicas brasileiras, mambo, bolero e rumba. O grande destaque era Os Faraós, banda de Luizinho (foto do blog do cantor) que ainda hoje toca em festas... 

Outro destaque era Os Belgas, cujo guitarrista Júlio Sena era o maior sucesso. Tanto um como o outro tinha em seu repertório, basicamente sucessos dos Beatles e as versões de Renato e seus Blue Caps. Também vale lembrar d’os Diferentes, que a exemplo dos demais tocava música dos outros, mas a diferença estava no fato de cantarem músicas próprias e fazerem arranjos diferentes para músicas dos outros ... Nos anos 70, destacou-se Luís Carlos Porto, vocalista da banda O Peso, que talvez seja a única banda cearense de rock a ter tido projeção nacional ... No final da década surgiu a banda Posh, fazendo um rock mais para o pop.


Assim, a manifestação nos anos 70 se encontrava na encruzilhada dessas diferentes formas de apreciar e curtir o rock, parecendo ter havido uma apropriação dupla da manifestação:

A primeira, do ponto de vista estético-político, com o surgimento de bandas ‘mais radicais’, com mensagens politizadas e fazendo parte de um ‘movimento’ que atentava contra os pressupostos anteriores do próprio rock e da cultura de massas,— o punk. A segunda, do ponto de vista dessas manifestações na própria cidade de Fortaleza, e de setores de sua sociedade antes relegados ao ‘silêncio’.

Trata-se de uma complexa articulação de manifestações, intenções, padrões estéticos, éticos e práticas de incorporação musical, que dão origem a uma forma inusitada de vivência da cidade e da própria música, que sai dos clubes de elite como o Náutico, Líbano e ou Maguary e passa aos pequenos clubes de periferia, tais como o Apache Clube, o Mênfis Clube do Antônio Bezerra, o Keops Clube, o Detroit, ou ainda o Grêmio recreativo do Conjunto José Walter, entre tantos outros.

É claro que a essa ‘transposição geo-estética’ (ou ‘deslocamento geo-estético’) correspondia uma apropriação de outros setores sociais presentes na cidade de Fortaleza, e, além disso, marcava de forma definitiva a emergência de novos atores sócio-históricos: os jovens pobres.

Situados nas periferias da então pequena cidade de Fortaleza, eles passam a se manifestar de forma muito mais presente e frequente, e, além disso, essa manifestação se dá em um campo particular, próprio, singular e inovador: o campo da arte e do lazer.

Assim, os inúmeros bailes que surgem na cidade são mais do que simples diversão e assumem a conotação de manifestação juvenil, que dentro de uma trajetória própria, em pouco tempo, guardando a sua característica histórica de transmutação, assumiria uma outra e mais radical forma de se manifestar, como veremos adiante.

Os inúmeros bailes geram práticas de sociabilidade, de compreensão estética, ética e musical que são instauradoras de ‘territórios existenciais’ e possuem suas sutilezas e perspectivas próprias. Vejamos como Flor, à época ainda menina, passa a experimentar o que ocorria:

Eu não sei quando é que a coisa virou movimento punk, porque isso vem de um outro movimento. Eu tinha 12 ou 13 anos, conheci essa menina, a Guacira, ela curtia rock e tinha uns festivais de rock que aconteciam no Apache, no Mênfis Clube do Antônio Bezerra, no Keops Clube, lá no Detroit, várias casas de subúrbio, shows de rock com playback. Era Led Zeppelin, Black Sabbath, Pink Floyd, Kiss, heavy metal. E aí começou uma reunião aqui na Praça do Ferreira. Eu estudava no Anchieta e gazeava aula, ficava no meio dessa galera porque eu gostava de banda e curtia essas coisas. E aí a gente começou a se reunir pra ouvir esses sons, e tinha concursos de dança...

Como se pode perceber na lembrança de Flor, iniciava-se na cidade a produção de pequenas festas nos clubes de subúrbio. Nessas festas, uma das estratégias para envolver os grupos eram competições de rock ao som dos conjuntos por eles preferidos:

Sempre nos finais de semana uma leva de fãs gravitava pelos clubes suburbanos atrás de diversão. ‘Competições’ eram travadas entre as diversas turmas. A Turma do Baby do Bairro do Monte Castelo, do Conjunto José Walter, do Parque Araxá entre outras, disputava quem agitava mais parecido com seus ídolos (Robert Plant, Ramones), com direitos a guitarras artesanais, feitas de madeira ou papelão e até troféus para as turmas vencedoras.

Além disso, outro aspecto que se deve considerar é a apropriação da cidade de forma itinerante, não fixa, feita de forma ‘errante’, em deslocamentos pela diversidade de cada bairro ou clube, ou ainda das diversas ‘turmas’ envolvidas:

Essa coisa do rock não era fixa não, o cara fazia um evento e divulgava, uma semana num bairro, outra semana em outro totalmente diferente ou distante. Acho que era isso que perpetuava a adrenalina. De repente o cara já tem a adrenalina lá em cima, aí faz um evento hoje aqui, no outro final de semana não é mais aqui, é lá...

A novidade dessa experiência juvenil que tomava o lazer em suas mãos, articulava os diversos bairros da cidade, se grupalizava a partir de afinidades, identificava grupos distantes e/ou rivais, estabelecia uma rede de relações, de espaços, constituía sua vivência com base em desejos e prazeres dos quais não se dissociava, e, que em breve se tornariam a referência de suas próprias vidas de forma completa.


Os bailes nos quais as diversas sonoridades eram experimentadas em partes específicas para cada estilo musical eram uma prática comum na Fortaleza do final dos anos 70 e dos anos 80. Assim, os amantes de cada tipo de música tinham uma parte específica das festas para se deleitarem, e a elas recorriam nos mais diversos cantos da cidade.

Não há ‘oferta’ de bailes específicos, ou seja, de festas com a predominância de uma única manifestação musical, que só aparece, ou se torna forte, predominante, em meados dos anos 90. Talvez isso indique o pequeno número de frequentadores dos estilos que depois comporiam o underground em Fortaleza, juntando-os numa estratégia de produção, venda e consumo que atendia naquele momento suas expectativas e possibilidades; ou talvez fosse reflexo de uma outra compreensão de diversão. O certo é que essa junção contribuía na formação dos grupos pelo convívio com a diferença, no nascedouro de muitas dessas manifestações como é o caso do rock,do punk, do próprio hip-hop e até do forró, que durante algum tempo frequentam os mesmos pequenos clubes nesses ‘bailes mistos’.

Essa mistura inicial nos pequenos clubes da periferia da cidade criou em Fortaleza uma proximidade entre os diversos grupos que posteriormente se identificam com este ou aquele estilo musical, e, ao mesmo tempo, nesse relacional se identificavam entre si como iguais–diferentes, essencialmente compondo um mesmo campo: o de oposição à sociedade excludente, aspecto que posteriormente será incorporado às suas letras, manifestos, músicas e práticas.



Nesses bailes, nos pequenos clubes dos muitos (e à época distantes) bairros da cidade, integrantes dos diversos grupos se encontravam e aprendiam a se identificar e respeitar:

Inter Dance, no Monte Castelo, era um point dos punks, e em 85, 86, 87 o break estava em ascensão, era de certa forma uma novidade. Lá, o pessoal tinha a festa de rock, punk, e tinha o pessoal que dançava o break, se congregava lá. Aí, alguns deles migraram para o Conjunto Ceará.


Texto de Francisco José Gomes Damasceno 
(As cidades da juventude em Fortaleza)


Aproveito o ensejo para falar do Conjunto Musical Big Brasa.


O Conjunto nasceu em Messejana, em 1967. Foi um marco para a música dos Anos 60 em Fortaleza. Participou de programas de televisão, acompanhou artistas do Ceará, de renome nacional, como Ednardo, Belchior e muitos outros. Foi considerada uma das melhores bandas musicais da época em Fortaleza.
Os integrantes fundadores foram: Lucius, Severino, João Ribeiro, Adalberto, Edson e Luís Antônio Alencar.


Crédito do vídeo: Portal Messejana

"O embrião do conjunto musical Big Brasa foi em nossa casa, na Rua José Hipólito, 698, em Messejana. Durante toda a existência do grupo e de minha vida musical a sede sempre foi a mesma. O local onde foi realizado o primeiro ensaio do grupo foi por algum tempo meu quarto, que dividia com o Carló. Tinha as paredes todas pintadas, com desenhos coloridos, feitos com tinta a óleo. Nele desenhávamos de tudo. Guitarras, pistas de corrida e até mesmo o famoso personagem “Amigo da Onça”, este feito pelo Carló. Até um dia desses, em uma das reformas que fiz em nossa casa, vimos as marcas das pinturas que ainda estão lá, agora encobertas por um tipo de revestimento. Aquele ambiente era nosso mundo. O violão sempre ficava disponível, em cima de uma cama ou cadeira, para facilitar o seu rápido acesso. Tudo o que era de equipamento nós montávamos empilhados, de modo a formar uma “parede de som”. Sem intenção, nós projetávamos o que iria acontecer em um futuro breve.



É importante dizer que nos anos 60 as diversões da vida noturna de Fortaleza se caracterizavam por bailes em clubes, diferentemente do que ocorre hoje em dia, com os mega-shows em casa de espetáculos de grande porte. Quem viveu os “Anos Dourados” certamente tem saudades das festas desse período.



Quem não se lembra dos preparativos que fazíamos para ir a alguma festa e de como os conjuntos musicais eram mais valorizados? E dos festivais, sempre muito frequentados, as paqueras, a dança colada? Para nós músicos não era muito fácil, pois na maioria das vezes estávamos trabalhando nos finais de semana. Em nosso caso, quando o Big Brasa tinha folga nos contratos, saíamos de Messejana para nos divertir um pouco em algum clube. Entretanto, antes de nossa turma completar dezoito anos e poder dirigir, tínhamos que chamar um carro de praça, normalmente uma rural, para que nos conduzisse até o clube e voltasse na madrugada para nos trazer de volta para Messejana.

Para se ter uma ideia do que rolava nas noites de Fortaleza, segue uma relação dos clubes que existiam na época, em ordem alfabética, nos quais o Big Brasa atuou, por várias vezes.




O Balneário Clube de Messejana, a Sociedade Bairro de Fátima, o Clube de Regatas Barra do Ceará. Mais adiante o Iracema, o Líbano, o Iate Clube de Fortaleza, o Ideal Clube, o Náutico Atlético Cearense, o América Futebol Clube, o CRA - Clube Recreativo da Aerolândia, a COFEBA (Colônia de Férias dos Funcionários do Bento Alves), o Recreio dos Funcionários, o Clube General Sampaio, o Vila União, o Massapeense, a Associação Atlética do Banco do Brasil (AABB), o Clube dos Diários, o Clube do Jornal O POVO (Messejana), o Clube da Caixa Econômica, o Maguari e o Memphis Clube, de Antônio Bezerra.

João Ribeiro da Silva Neto

Do livro "O Big Brasa e minha vida musical" (1999)






quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Bairro Bom Jardim - Território da Paz



Hoje falarei sobre o bairro Bom Jardim. Situado ao sudoeste de Fortaleza, ele faz divisa com o bairro do Conjunto Ceará, Siqueira, Bom Sucesso e com o município de Caucaia. Conforme o Censo do IBGE de 2010, no bairro moram 204.281 mil habitantes, sendo considerado o mais populoso de Fortaleza.

O Grande Bom Jardim é formado pelos cinco bairros vizinhos: Siqueira, Canindezinho, Granja Lisboa, Granja Portugal e Bom Jardim.


O Bom Jardim foi escolhido em 2009, pelo Ministério da Justiça, para se tornar um "TERRITÓRIO DA PAZ" através do Pronasci (Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania). Muitas são as instituições que exercem trabalho dentro da comunidade dentre eles podem ser citadas: Movimento de Saúde Mental Comunitária do Bom Jardim, o Centro Cultural do Bom Jardim, ABC, CRAS Bom JardimIGUC-Instituto de Grupos Unidos do Ceará e muitas outras.


Segundo os moradores mais antigos, foi no ano de 1961 que surgiram as primeiras famílias residentes no bairro. Até então o bairro era uma grande fazenda, na qual foi loteada pelo empresário João Gentil. A oferta tentadora de terrenos a preços baixos fez com que diversas famílias de bairros diferentes adquirissem lotes. A rua Oscar Araripe foi a primeira via aberta e hoje é o principal corredor do bairro.


No final da década de 70, o bairro começou a crescer de maneira desproporcional. Os terrenos ainda eram baratos, em relação aos demais bairros da capital. Com o crescimento desordenado, surgiram as primeiras favelas. Já no final dos anos 80, o bairro começava a sentir falta das ações do poder público. Poucas escolas, nenhum hospital, falta de saneamento e segurança precária fizeram com que a onda de violência tomasse conta de toda a área.


A partir do final dos anos 90, o bairro já figura nas páginas dos jornais como um dos mais violentos da capital, infelizmente! 

Ações governamentais são prometidas mas nenhum resultado concreto faz com que os índices de mortalidade de jovens diminua.


No Grande Bom Jardim, alguns projetos foram criados para ajudar a população a mudar essa triste realidade. Até dezembro de 2010, foram realizados os seguintes projetos: 

Mulheres da PazProtejo,Trilhos Urbanos,Dança para Vida,Música Tocando a Vida,Cultura Tradicional Popular (Maracatu Estrela Bela),Teatro Vivo,Capacidade de Jovens Mulheres...


Curiosidade:

Conforme os moradores mais antigos, o nome do bairro surgiu devido a um antigo bordel existente na Avenida Oscar Araripe.
As mulheres que lá "trabalhavam", eram tratadas pelos clientes como flores ou rosas. Lá, sem dúvida, aos olhos desses homens, era um bom jardim! rsrs O referido bordel se foi, mas o nome prevaleceu e ganhou força. 
Verdade ou Mito?

Fatos Históricos do Bairro:

*17/dezembro/1966 - Por iniciativa da Escola de Aprendizes Marinheiros do Ceará foi inaugurada a Escola Almirante Tamandaré, no bairro de Bom Jardim, com a presença do comandante da Escola de Aprendizes Marinheiros - EAM e do Secretário de Educação do Município.

*05/março/1971 - Publicado no Diário Oficial do Município nº 4.618, o Decreto nº 3.654, de 25/02/1971, que cria a Escola de 1º Grau Sebastião de Abreu, tendo como primeira diretora a professora Liles Benevides, funcionando na Avenida Geraldo Barbosa nº 1065, no Bom Jardim.


*30/junho/1993 - Inaugura-se o Centro Integrado de Educação e Saúde Dom Antônio de Almeida Lustosa, na Rua A s/nº, no Conjunto Residencial Dom Lustosa.

*1994 - Criado o Centro de Defesa da Vida Herbert de Souza - CDVHS, primeira organização de controle social das políticas governamentais. 

*10/abril/2001 - Cai sobre Fortaleza, à noite, só terminando no dia seguinte, forte chuva acompanhada de ventos, acusando 124,2mm nos pluviômetros e na Zona Metropolitana da Grande Fortaleza, chegou a 103mm em Maranguape e 150mm em Pacajus.
O Açude Gavião sangrou com uma lâmina de 20cm, o que é considerado normal.
Em consequência, o saldo foi de quatro mortos, nove desaparecidos, avenidas e ruas interditadas, postes caídos, desmoronamentos, árvores caídas, linha férrea da zona sul interrompida por dez horas.
O Cemitério do Bom Jardim ficou inundado.



*12/agosto/2004 - O trapezista Railson de Castro Silva, de apenas 15 anos de idade, morre no momento em que fazia uma apresentação no Circo Garjany, no bairro Bom Jardim.
O garoto caiu na frente de uma platéia de cerca de 300 pessoas.
O local não tinha alvará de funcionamento, que é dado pela Prefeitura de Fortaleza, nem relatório de vistoria do Corpo de Bombeiros, que interditou o circo após a tragédia.
Créditos: Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel 
Ângelo de Azevedo, Wikipédia e Tribuna do Ceará.



terça-feira, 30 de abril de 2013

Parquelândia - Antigo Coqueirinho



Secretaria Regional III

No final dos anos 1940, o bairro Coqueirinho começou a se extinguir com a remoção de famílias sem documentos das terras. A Empresa Incorporadora LTDA, do paraibano Lauro Ferreira de Andrade, iniciava a implantação da Parquelândia, que incluem a Av. Jovita Feitosa. Foto Gazeta de Notícias, 1956. Acervo Lucas

Parquelândia é um bairro da zona oeste de Fortaleza. Tem como referencia no bairro a praça da Igreja de Santo Afonso mais conhecida como Igreja Redonda. O nome Parquelândia vem da época em que o lugar ainda era um grande loteamento. Ninguém sabe ao certo como o nome surgiu, o que se sabe é que ele caiu no gosto popular. Sobrou o canteiro central da avenida para lembrar que existia um terreno de mata virgem. Ficou o nome, Parquelândia, para identificar o lugar. Bairro povoado e bem estruturado. Ruas e calçadas adequadas ao código de obras e posturas do município. Orgulho para quem mora na região. Como a livreira Socorro Carneiro, dona de uma banca de livros antigos. 
A Igreja de Santo Afonso, ou Igreja Redonda, é o marco de construção do bairro. O bairro surgiu entre as décadas de 40 e 50. Era conhecido por ser um local de diversão, onde existiam muitos bares e casas de show. A Parquelândia de hoje tinha um outro nome no passado: Coqueirinho, em referência à área verde, predominante na época. A escola também faz parte da história da Parquelândia. Construída por padres redentoristas, ela serviu para a realização de missas, enquanto a igreja era construída. Pouca gente sabe, mas a Parquelândia é conhecida por suas formas geométricas.

Foto Gazeta de Notícias, 1956. Acervo Lucas

Rua professor Morais Correia na Parquelândia dos anos 70. Arquivo pessoal: Kariza Viana

Praça da Igreja Redonda

Uma banda da lua

"Sou carteiro e me conhecem por Xavante, apelido de menino. Residente na Parquelândia desde os tempos de Coqueirinho (bairro violento da Fortaleza Descalça), conheço cada rua e beco, cada gente, cada história e estória daqui. Andarilho observador, gentil por ofício, sou o que tanta notícia leva-e-traz ao povo, o que lutou com cachorro doido, levou carreira, peitou cara feia.



Rua General Bernardo de Figueiredo


Inicio a narrativa dizendo que o bairro que adotei desde os anos 50, como poucos da capital (Aldeota e Fátima), tem a capacidade de se imiscuir no território contíguo, tomando-lhe a designação primitiva. Exemplo é a Vila dos Industriários da minha infância, dos bodegueiros Barnabé e Toinho e de dona Laisinha (das roupas e miudezas em geral), hoje Parquelândia até a alma.

Quadrante da cidade que cresceu vertiginosamente, valorizou-se, acolheu ilustre e ganhou notoriedade. Longos trechos do Rodolfo Teófilo, Parque Araxá e até o Parreão foram lambidos pelo que tem na avenida Jovita Feitosa uma grande referências espacial. Uma alegria abrigar aqui o bar Besouro Verde, de seu Hélio, pai do jornalista Eliomar de Lima. “Ei, Xavante, o Besouro é no Amadeu Furtado!”


Besouro Verde - Esquina da rua Dom Manuel de Medeiros com Rua Amadeu Furtado

Wellington Martins e Rosânia. Ou melhor, Nena e dona Rosa, que estão à frente do tradicional Bar Besouro Verde - Que comemora em 2013, 60 anos. Blog Eliomar de Lima

- Negatofe! É na Parquelândia; lá comi (pedido Nº 15 do cardápio) Sarapatel com Macaxeira à Parquelândia. Deixei correspondência em apartamento do Alagadiço (confluência do grande Antônio Bezerra), tendo por destinatário a Parquelândia do seu Eurides das bicicletas e do filho Waldonys, sanfoneiro aeronauta (casarão entre as ruas Pedro de Queiroz e Bernardo Figueiredo). São Gerardo negocia melhor o imóvel se estiver em terreno da Parquelândia, que deu telhado à família do cantor Belchior (rua Padre Guerra).


Belíssima casa do sanfoneiro Waldonys


Talvez por maldade (desdita de quem não é do pedaço), alcunharam-no ‘bairro geométrico’: “A igreja é redonda (Igreja de Santo Afonso); o motel é triangular (Motel Triângulo, beijando o Campus da UFC – Avenida Humberto Monte) e o povo é quadrado”. Qual nada! São vizinhos nossos intelectuais e jornalistas de escol (Airton Monte, Cid Carvalho), além de artistas (Falcão, Tarcísio Sardinha, Gladson Carvalho), profissionais liberais, demais figuras do bem, tão célebres quanto.

Motel Triangulo

Resiste ao tempo a feira-livre da Dom Manuel de Medeiros, entre a Pedro de Queiroz e a Lino da Encarnação, sob o olhar público da Agência Parquelândia do INSS. Freguesia de toda vizinhança. Não mais o “agrupamento de barracas de mercadores de hortaliças, frutas e outros gêneros” das sextas-feiras d’outrora, mas ainda o traço do bucolismo interiorano, com seus chapeados e galinhas caipiras no ‘garajau’.


Rua Dom Manuel de Medeiros

Até o começo da década de 70, o campo do João Maia, da lagoa barrenta isolada que lhe abeirava, era “CT” (Centro de Treinamento) de pobre, para onde a moçada corria diária pra bater bola. Modernamente, é chão que alicerça de veios d’água visíveis o casario nobre do local. Bufês chiques, Hospital São José, Secretaria Executiva Regional III, churrascarias. Plaga onde surgiu o jogador de futebol Artur (o Arturzão). Quem quiser reclamar que reclame, mas o IPC (Instituto de Psiquiatria do Ceará) é nosso. Como o foi Granja, homossexual conhecidíssimo.



Hospital São José 

(O Hospital São José de Doenças Infecciosas, foi criado pela Lei N.º 9.387 de 31 de julho de 1970, tendo começado a funcionar já em 31 de março do mesmo ano. É um órgão com personalidade jurídica de Direito Público, pertencente ao Estado, vinculado à Secretaria da Saúde do Estado do Ceará.)

Figuras lendárias (os tais ‘doidinhos’) povoaram nossos quarteirões, metendo medo ou sendo motivo de fazimento de pouco pela galera. Pepita (irmã de Maria Barroada), Maria Popopô, Chaparral, Peixe Podre, Scania (Ligeirinho), Marconi das Galinhas. E um certo ‘rabo de burro’ que laçava as meninas com o intuito de ‘pinar’ nelas; fazia ponto entre o Colégio Júlia Jorge, ícone morto, e a então garagem da CTC. Atacava sempre depois das tertúlias, que deu projeção ao bairro nos anos 70. E por aí vai – pela rua Rotary; e por aí vem – pela Azevedo Bolão. E por aqui fico – na General Piragibe.


Arquivo Fotolog Júlia Jorge

Arquivo Fotolog Júlia Jorge

O fim do Colégio Júlia Jorge

É o que tinha a dizer do meu amor parquelandino, gritando e chamando o nome do querido bairro com uma ruma de missivas na mão. Do seu criado, Xavante."


Tarcísio Matos
(É vizinho da dona Rita, que é irmã do Dionísio – o pai do Bodinho. O filho da Terezinha formou-se em Jornalismo. Casado com a amada Derlange, tem dois filhos, quatro filhas, mil irmãos.)

Parquelândia: Uma fonte de riqueza artística e cultural

A Parquelândia é apontada atualmente como um dos bairros mais prósperos de Fortaleza. Segundo dados do IBGE, possui 14.786 habitantes e é delimitada ao norte com a avenida Bezerra de Menezes, ao leste com as ruas Escritor Pedro Ferreira de Assis e Professor Anacleto, ao sul com Azevedo Bolão e Jovita Feitosa, e ao oeste com a Governador Parsifal Barroso. Mas, na opinião dos moradores mais antigos, a população chega a 40 mil e a extensão do bairro é muito maior, indo da Vila dos Industriários até a avenida Humberto Monte.

Até 1952 o bairro chamava-se Coqueirinho, devido á existência de uma floresta repleta de coqueiros ás margens de inúmeros lagos. Nessa época, quase todas as terras pertenciam á família Bezerra de Menezes. O nome surgiu quando os terrenos começaram a ser vendidos, sob inspiração de um parque arborizado, localizado nas imediações. As primeiras casas construídas não eram muito agradáveis, mas, com o tempo, as coisas foram mudando e, de um bairro distante e pouco povoado, a Parquelândia foi se tornando atraente e próximo do centro da cidade.

Na década de 40, o local atraía a atenção do povo de Fortaleza pela existência de várias casas de forró, dentro as quais as mais destacadas eram os “forrobodós” do João Nascimento e Chico Galinheiro, palcos de memoráveis noitadas para os jovens da época. Talvez venha daí o fato de a Parquelândia ser apontada até hoje como um reduto de exímios dançarinos, sendo preferida também por poetas, músicos, políticos e jornalistas como Eliomar de Lima, Cid Carvalho, Glaydson Carvalho, Falcão, Belchior, Waldonys, Clarencio, Tarcísio Sardinha e Patrícia Lima, dentro outros.

Um fato que pode ser apontado como um marco para o seu futuro foi a construção da Igreja de Santo Afonso, em 1969. Conhecida até hoje em toda a cidade como Igreja Redonda, por conta de sua arquitetura, no mínimo diferente das outras igrejas de Fortaleza, a construção chama a atenção de todos. Não é por ocaso que a pracinha da Igreja Redonda é considerada “coração” da Parquelândia.
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Texto de Juraci Mendonça, publicado no JPA - Jornal Informativo Parque Araxá - Ano V, N.º 51, de novembro de 2001.

Paróquia de Santo Afonso


Igreja Redonda em 1994 - Acervo O Povo

A Paróquia de Santo Afonso começou com os Padres Redentoristas que curavam a Paróquia de Porangabussu. O antigo Coqueirinho, hoje Parquelândia era uma capela. Para início de desenvolvimento do bairro, em parceria com a Prefeitura Municipal de Fortaleza, cujo prefeito na época era o Cel. Murilo Borges, foi lançada a Pedra Fundamental da atual Escola Santo Afonso.

Afonso de Ligório - Wikipédia

Após a construção da escola o pensamento voltou-se para a ereção de uma capela para o culto dominical. Cuidou, inicialmente da capela o Pe. Guilherme Condon. Houve um acidente. A construção desabou. Não houve desânimo. Recomeçou-se a construção com novo projeto. A igreja agora, fugia à arquitetura tradicional. Seria circular. Por causa de sua arquitetura ficou conhecida como Igreja Redonda, a primeira desse tipo em Fortaleza.


Escola Santo Afonso

A criação da Paróquia deu-se no dia 5 de junho de 1978, no governo arquidiocesano do Exmo. Sr. Arcebispo de Fortaleza Dom Aloísio Cardeal Lorscheider. O padroeiro não podia ser outro: Santo Afonso, fundador da Congregação Redentorista.

O território paroquial foi desmembrado das paróquias limítrofes: São Raimundo, São Gerardo e Nossa Senhora da Salete.


Igreja em 2011 - Acervo O Povo

Fatos Históricos do bairro

26/Fevereiro/1941 - A policia consegue capturar o indivíduo Francisco Rodrigues que, à noite do dia 11 e nas matas do Coqueirinho, perto de Porangaba, assassinara sua amante, com oito facadas.

15/maio/1941 - Inaugurada a Praça dos Tamborins, no bairro do Coqueirinho, depois Amadeu Furtado, hoje, Parquelândia.
Era uma homenagem a uma família cujos membros eram militares e lutaram na Guerra do Paraguai.
Fica entre a Rua Érico Mota, Rua Professor Lino Encarnação, Rua General Bernardo Figueiredo e Avenida Jovita Feitosa.
É conhecida hoje como Praça da Igreja Redonda.


16/abril/1952 - Circula o Diário Oficial do Município - Diom nº 5.399, com a Lei nº 439, de 03/04/1952, que traz a proposição do vereador Francisco Edward Pires que denomina de Amadeu Furtado o bairro do Coqueirinho, que hoje é denominado Parquelândia.


19/outubro/1952 - Aposição da placa que muda a denominação do bairro do Coqueirinho para Amadeu Furtado, localizado após São Gerardo, como homenagem de reconhecimento da população de nossa capital ao humanitário clínico há bem pouco falecido.
Por ocasião da solenidade, usaram da palavra o prefeito Paulo Cabral de Araújo, o médico Quixadá Felício, o acadêmico Francisco de Assis Silva Furtado, representando os alunos da Faculdade de Farmácia e Odontologia, e o acadêmico Aprigio Quixadá Furtado, que agradece em nome da Família Amadeu Furtado.
Posteriormente o nome do bairro foi mudado para Parquelândia e colocado seu nome em uma rua, prosseguimento da Rua Olavo Bilac.

Créditos: Site da Paróquia de Santo Afonso, Site Fortaleza Brazil, Jornal O Povo, Site Liga Park e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo


NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: