Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : estação
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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sábado, 24 de novembro de 2012

Bairro Couto Fernandes - Muitas histórias na linha do trem


Viaduto na Avenida José Bastos. "Esse viaduto não existe mais... Tem um novo no lugar ainda sem uso... É quase a divisa entra Rua Carapinima e Av. José Bastos. Sobre esse viaduto passava o trem. Mais a frente hoje tem o shopping Benfica e ao lado direito, temos o Hospital Myra e Lopez. A foto data de 1977, ano da inauguração do viaduto, mas deve ter sido alguns meses depois, pois já está poluído visualmente." Nirez 


Em 1º de agosto de 1940, inaugura-se a Estação Ferroviária do Km 8, a 7.166 metros da Estação Central.
Posteriormente denominou-se Estação Ferroviária Couto Fernandes, homenagem ao engenheiro Henrique Eduardo Couto Fernandes.

Antes, o trem. Hoje, o Metrô de Fortaleza. Aqueles que moram no bairro Couto Fernandes, nas proximidades da Rua Ceará com a Tamoios, nem tentam esconder a íntima relação com o transporte ferroviário. Afinal, durante anos, desde 1940, quando foi inaugurada, a 2009, ao ser demolida para o metrô passar, a Estação Couto Fernandes esteve presente no dia-a-dia dos cearenses, que acompanharam inclusive mudanças na sua estrutura original, em 1980.


Usina de tratamento de dormentes, hoje desativada, da RFFSA em funcionamento nos anos 1970 junto à estação de Couto Fernandes (Acervo Estações Ferroviárias).

A relação com os trilhos é tamanha que o bairro, como lembram os moradores, era conhecido por "Quilômetro 8", por conta de ser essa a distância da Couto Fernandes à Estação João Felipe, no Centro. Isso, diga-se de passagem, sendo o nome oficial dele uma referência ao engenheiro maranhense Henrique Eduardo Couto Fernandes, que foi inspetor de estradas de ferro e administrador da Rede de Viação Cearense (RVC), entre os anos de 1915 e 1922.

Fotógrafo Francisco Edson Gurgel de Aguiar na entrada, assim q se atravessa a Avenida José Bastos, vindo do Pan Americano. Ao longe vemos o ônibus Couto Fernandes. Década de 50/60

Em 03 de agosto de 1955, a estação ferroviária do Quilômetro Oito passa a denominar-se Couto Fernandes, em homenagem ao engenheiro Henrique Eduardo Couto Fernandes.

Mesmo após tantos anos, as lembranças de "um tempo bom" de surf no trem, idas e vindas ao Interior, festas próximas à estação e até namoros estão na memória de moradores como o carpinteiro Josimar Alexandre, o "Paraibano", de 66 anos. Segundo ele, que há 34 anos veio da Paraíba para o bairro, a rotina de tempos atrás era de vendas de churrasquinho e laranjas no Clube dos Ferroviários e de dança no clubes Romeu Martim e Cotó Edifício. "Ia para os clubes ganhar dinheiro. Fazia um sucesso enorme o churrasco com a laranja descascada", recorda.

Antigo trem suburbano da RFFSA passa com os "surfistas ferroviários" próximo à estação de Couto Fernandes, por volta de 1984 (Acervo MIS - Museu da Imagem e do Som do Ceará). 

Por sinal, ressalta, o seu casamento, que perdura há 42 anos, foi possível graças à estação. Sua esposa, na época, era agente de transporte da Couto Fernandes. "Conheci a mulher nas idas ao local. Gostava da estação, mas gostava mesmo era dela", lembra. Assim como ele, a comerciante Maria do Carmo Barros da Silva, 61 anos, refere-se a andar de trem como um tempo "divertido". Moradora do bairro desde os 17 anos, Maria não esquece das possibilidades de deslocamento.

Como explica, bastava chegar à estação para que idas a outros bairros e a cidades do Interior fossem possíveis de forma agradável e rápida. "Gostava demais de andar de trem. Hoje, quase não saio daqui porque não consigo andar de ônibus. Tomo remédio para nervos e pressão e não consigo ficar em ônibus porque são muito lotados. Espero que, com o metrô, volte a andar nos trilhos", compartilha.

Demolida em 2009, para a construção do metrô de Fortaleza, a estação com o nome do bairro deixou lembranças.  Foto de José Leomar

É o que também espera o autônomo Antônio Jerônimo Soares, 65 anos, que há 34 mora na casa 5.280, nas margens do que era o trilho. Na sua opinião, a convivência com o trem foi boa. Porém, nada de ter saudades. Agora, defende, a ideia é aproveitar o que o presente oferece. "O trem esteve aí para quem quis. Facilitava o transporte. Faz falta enquanto o metrô não começa a funcionar. No entanto, não tenho saudade, porque agora é a vez do metrô".

Hoje, o espaço por onde passavam os trilhos abriga a sustentação do metrô de Fortaleza. Para os moradores, o tempo de viagens e festas deixou saudades em um dos menores bairros da Capital. Foto de José Leomar

Por possuir apenas 35,60 hectares, o bairro é considerado pequeno diante de tantos outros de Fortaleza. Por isso mesmo, muitos vizinhos e moradores se conhecem há anos. O que torna, para muitos, um lugar tranquilo para se viver e formar famílias. Como boa parte dos moradores é bastante antigo no bairro, a amizade entre os vizinhos é uma característica forte, assim como a lembrança dos bons tempos.

Foto de José Leomar

Apesar de ser considerado um bairro calmo, o lugar oferece vários problemas de infraestrutura. Não há espaço apropriado para o lazer, seja de crianças ou adultos. Além disso, é possível sentir o mau cheiro, ao andar pelas ruas, pois, em vários trechos, há esgoto no meio das vias. Por outro lado, no trecho onde ficavam os trilhos, não há asfalto ou calçamento, gerando poeira nas casas e alergias.

Na Praça dos Idosos, já na Av. José Bastos, o acúmulo de lixo toma conta do espaço público, que ainda tem bancos quebrados. Como não há área de lazer apropriada, as crianças brincam em meio à poeira, lixo e carros, no local por onde passavam os trens. Foto de José Leomar

Infraestrutura - População reclama de serviços

Embora muitos ressaltem as boas lembranças do bairro, há deficiências visíveis na infraestrutura do Couto Fernandes que desagradam boa parte dos moradores. Até porque, basta dar uma volta para sentir o mau cheiro de esgoto em algumas ruas; perceber o acúmulo de lixo em vias e praças; a ausência de área de lazer apropriada para crianças e adultos; e a poeira que toma conta das casas em frente ao local onde existiam os trilhos, por não haver o espaço asfaltado ou de calçamento.

Rua Ceará no Couto Fernandes

"Não gosto da estrutura daqui. É um mau cheiro muito grande, muito lixo jogado no chão, as pessoas não valorizam o bairro. Não tem área de lazer. As praças estão quebradas, ninguém frequenta. Gosto das pessoas que moram aqui há bastante tempo, mas falta muita coisa importante", reclama a costureira Maria da Paixão Silva, 37 anos. Além disso, para o autônomo Everaldo Pereira da Silva, 40 anos, era necessário que houvesse mais ação do poder público e educação da população.

Além das praças estarem sujas, para ele, incomoda o fato de ter lixo espalhado, deixado pela própria população local. "Não acho bom para se morar porque não tem nada direito", critica.

Rua Ceará no Couto Fernandes

Em resposta à reclamação de falta de saneamento, a Companhia de água e Esgoto do Ceará (Cagece) informou, por meio da assessoria de imprensa, que "a maior parte do bairro é atendida por rede de esgoto. Obras da Cagece também estão sendo executadas para beneficiar locais ainda não atendidos". No que se refere aos demais problemas, a assessoria de imprensa da Secretaria Executiva Regional IV adiantou que há três praças: das Costureiras, dos Idosos e a matriz Couto Fernandes.

A estação original, nos anos 1970 (Acervo Estações Ferroviárias).

Saiba Mais

A estação de Couto Fernandes foi inaugurada em 1940 pela Rede de Viação Cearense. Leva o nome de um engenheiro maranhense, Henrique Eduardo Couto Fernandes, inspetor de estradas de ferro e administrador da RVC entre 1915 e 1922. O prédio original da estação foi demolido em 1980, e a atual estação do trem suburbano está 300 m adiante dessa primitiva estação em alvenaria, sentido Estação Central João Felipe. A estação "nova" foi, no entanto, desativada em 11 de maio de 2009 para que começassem as obras do metrô de Fortaleza naquele trecho, e começou a ser desmontada no final de semana seguinte.

A Estação Couto Fernandes (Acervo Estações Ferroviárias).

Trem da Metrofor em 2009 chegando à estação. Foto Robinson Rios Frota (Acervo Estações Ferroviárias).

O trem da Metrofor passa por uma plataforma que jamais foi utilizada (ao fundo) e vai passar pelo local da antiga estação de alvenaria, em 2009. Foto Robinson Rios Frota (Acervo Estações Ferroviárias).

A estação de Couto Fernandes em 2009. Foto Robinson Rios Frota (Acervo Estações Ferroviárias).

No dia 23 de julho de 1956, o Diário Oficial do Município - Diom nº 969 publica entre outras a Lei municipal nº 1.066 do dia 19 que denomina de Couto Fernandes o bairro conhecido por Quilômetro Oito em virtude a Estação Ferroviária que fica no local, há 8km da Estação Central.



Créditos: Diário do Nordeste, http://estacoesferroviarias.com.br e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo

sábado, 3 de setembro de 2011

Estação Ferroviária do Mucuripe


As dunas do Mucuripe e o trilho do trem - Arquivo IBGE

O ramal do Mucuripe foi aberto em 1891, a partir da estação de Parangaba, no tronco da Estrada de Ferro de Baturité. O ramal funciona até hoje, atendendo à CFN. Trens de passageiros acabaram já há muitos anos.

Foto provavelmente da década de 30

Foto de 1989 - Detalhe para o trem passando e por não existir ainda nenhum prédio na frente da mira do fotógrafo Chico Albuquerque

A estação do Mucuripe foi inaugurada como ponta do ramal do Mucuripe, trecho de apenas 15 km, em 1891. Já o que Rios Frota diz é que o ramal foi inaugurado em 28/01/1941, e sua extensão é de 24.869 m. Ali nunca houve operação de trem de passageiros no ramal, salvo algumas composições em caráter especial, para receptivo de autoridades, etc.

Uma locomotiva GE U5B como trem de lastro da RFFSA com 11 containers em Mucuripe, em 1982 (Acervo RFFSA).

Em 1982, foi inaugurado um novo e mais amplo pátio ferroviário, com instalação da balança para vagões, bem como a iluminação em todo seu pátio operacional. Daí saem os trilhos para o porto do Mucuripe. A CFN (hoje Transnordestina Logística) opera normalmente no ramal.

A estação de Mucuripe em 2005. Foto Carlos Alberto Martins da Matta

O velho porto do Mucuripe encontra-se hoje espremido em meio ao crescimento urbano (como em todo o Brasil), mas será dragado para que aporte embarcações maiores, bem como também existe um projeto para fazer circular no ramal um trem específico para passageiros, usando a malha já existente.

Pátio de Mucuripe em maio de 2009. Foto Ney Robinson R. Frota

Inauguração: 07.09.1891 com trilhos
Uso atual: estação da CFN


Foto de Luíz Maron

Foto de R. Nascimento Rocha

Google Earth



(Fontes: Ney R. R. Frota, 2009; Carlos Alberto Martins da Matta, 2005; RFFSA; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960) e http://www.estacoesferroviarias.com.br

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Estação Central - João Felippe Pereira


Construída em estilo dórico-romano, a estação Central é o ponto de convergência das
 Linhas Troco Norte e Sul, integrando, assim, a malha ferroviária. 


A edificação da Estação de Fortaleza da Estrada de Ferro de Baturité, é projetada e construída com planta do engenheiro Henrique Foglare, no local do antigo cemitério de São Casimiro, praticamente com mão-de-obra dos retirantes da seca de 1877, em terreno que pertencia à sesmaria de Jacarecanga, de procedência da família Torres que fez doação a uma sociedade de oficiais do exército para o exercício de soldados. A Confraria de São José declarou-se dona da região e mais tarde a aforou à via férrea de Baturité. A obra, teve sua pedra fundamental lançada em 30 de novembro de 1873, mas somente foram iniciadas as obras em 1879, sendo, assim, inaugurada em 9 de junho de 1880, em frente ao antigo "Campo da Amélia", mantém-se praticamente inalterada até os dias de hoje.

Foto de 1905

O edifício desenvolvendo-se em um único pavimento, e domina completamente o espaço urbano da praça.
A fachada do bloco central possui colunas sobre pedestal encimado por frontão triangular, e escadaria demarcando o acesso ao interior do edifício. As fachadas contíguas possuem fenestração com aberturas em arco pleno, arrematadas superiormente por cornijas e platibandas.



Quem foi João Felipe

JOÃO FELIPPE PEREIRA


Nascimento: Inhamuns (Tauá)-CE, 1861

Falecimento: Rio de Janeiro (DF)-RJ, 1950

Período no Ministério das Relações Exteriores: 30.06.1893 a 07.10.1893

Arquivo do Itamaraty

Em 1946, quando era Presidente da República o Dr. José Linhares, cearense de Baturité, a Estação Central da RVC passou a ser chamada com o nome de Professor João Felipe, em homenagem ao ilustre engenheiro ferroviário cearense, nascido em Tauá, em 23 de março de 1861. João Felipe Pereira foi Ministro das Relações Exteriores, da Agricultura e Viação e Obras Públicas do Governo do Marechal Floriano Peixoto. Professor da Politécnica do Rio de Janeiro, João Felipe foi também diretor dos Correios e Telégrafos, Inspetor de Obras Públicas do Rio de Janeiro, Presidente do Clube de Engenharia e Prefeito do antigo Distrito Federal


Foto do final do século XIX

Embora especializado em sistemas de águas e esgotos, tendo contratado com o Governo do Estado do Ceará o projeto de construção do sistema de águas e esgotos da Cidade de Fortaleza, o que não chegou a concluir, quando Ministro das Relações Exteriores, o engenheiro João Felipe muito contribuiu para o desenvolvimento das ferrovias no Brasil.


Foto de 1926 - Acervo Sahra Gadelha

RFFSA - Estrada de Ferro de Baturité - Administração


Em 1908 a firma Boris Frères presenteou Fortaleza com dois álbuns impressos na França, mais precisamente em Nice, com dezenas de fotografias de Fortaleza e algumas do interior do Estado. O álbum grande tinha dezesseis páginas com dez fotos cada uma, num total de 160 fotos e o pequeno era exatamente a metade. Entre as fotos, acha-se esta, do prédio da administração da Estrada de Ferro de Baturité, depois Rede de Viação Cearense (RVC), Rede Ferroviária S/A (RFFSA), Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU) e hoje Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), construído no antigo local do Cemitério de São Casimiro.

A fotografia antiga que deve datar de 1905 mostra um prédio com a pintura muito usada antigamente, com listras horizontais de cores contrastantes alternadas. A parte do segundo pavimento era menor que a do primeiro. Em 1922 houve algumas reformas para a comemoração do Centenário da Independência e este bloco foi um dos que sofreram reforma, sendo aumentado o pavimento superior, modificada a entrada, sendo aproveitado do velho prédio as partes básicas.

Naquela época as linhas de trens saíam da Estação João Felipe e dobravam na atual avenida Tristão Gonçalves e por ela seguiam até encontrar-se com os atuais trilhos na altura da Rua Padre Cícero, na época a "parada do Amaral".


Daí a passagem de trilhos na foto antiga. Outra linha saía por trás da Estação e descia até a praia, passando pela Secretaria da Fazenda e Alfândega, indo até a Ponte Metálica. Em 1917 os trilhos começaram a ser colocados no Jacarecanga e depois foram retirados da chamada "Trilho de Ferro", atual Tristão Gonçalves, indo por onde ainda hoje vão, para desafogar o centro da cidade. Ironicamente, o Metrofor vai restabelecer o antigo caminho, só que subterraneamente.

Ainda hoje o prédio é ocupado pela administração da RFFSA - o que resta - e o pátio em frente e ao lado serve de estacionamento para funcionários e visitantes.


Crédito: Ofipro/Portal do Ceará/Nirez

sábado, 24 de julho de 2010

Praça Castro Carreira, a Praça da Estação



Foto 1909

Ao andar no Centro de Fortaleza, é difícil encontrar alguém que informe onde fica a Praça Castro Carreira. Isto se dá porque na preferência popular, ela é conhecida como Praça da Estação. Com 11.517,00 m², é limitada pelas ruas General Sampaio, 24 de Maio, Dr. João Moreira e Castro e Silva. A maioria das pessoas que sobe e desce dos ônibus diariamente no terminal, que fica no meio da praça, não imagina o valor histórico contido naquele prédio, tão próximo. Do ponto de vista da história, a Estação Ferroviária Engenheiro João Felipe foi construída entre os anos 1879 e 1880, em estilo neoclássico.
O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico do Ceará.
Em 1871 tem início a história deste lugar, com a construção da estação central, do chalé para os escritórios e das oficinas da Companhia Cearense da Vila Férrea de Baturité. O primeiro trecho entre Fortaleza e Arronches, hoje Parangaba, foi concluído em 1873. A Estrada de Ferro de Sobral foi iniciada em 1878 e, em 1910, tanto a Estrada de Ferro de Baturité, quanto a Estrada de Ferro de Sobral são arrendadas à South American Rallway. Anos depois, em 1915, com o contrato rompido, passa a ser chamada Rede de Viação Cearense e volta a ser dirigida pelo governo da União. Em 30 de novembro de 1873 nasce oficialmente a primeira Estação de Fortaleza, a Estrada de Ferro de Baturité.

A Praça em 24/05/1900

É curioso, mas poucos sabem que a segunda e definitiva estação foi construída no local do antigo Cemitério de São Casimiro, com mão-de-obra dos retirantes da seca de 1877. Foi inaugurada em 9 de julho de 1880, no Reinado de Dom Pedro II. Ainda hoje, quem entra no hall do prédio da estação, logo após a escadaria, do lado direito, e olha para cima, verá em letras antigas os dizeres: “Reinado de Dom Pedro II¨.
O sapateiro Daniel Pinheiro Bezerra, que aparenta ter 75 anos, lembra, saudoso, da praça que costumava frequentar desde que tinha 6 anos, quando vendia maxixe na feira livre. Sim, a Praça da Estação já foi uma enorme feira livre, onde se comercializava de tudo, de frutas e verduras a utensílios domésticos, e até animais. “Como a feira dos pássaros, sabe?”, relembra Lôro.
É assim que Daniel é chamado, carinhosamente, Lôro. Seus olhos azuis contrastam com a pele queimada pelo sol, com rugas profundas que marcam seus anos de luta, sofrimento, de pura sobrevivência. Há 25 anos Lôro trabalha como sapateiro, no mesmo lugar, com a mesma cadeira de ferro antiga. As cadeiras, aliás, são registradas na Regional da Secretaria de Serviço Urbano, onde o proprietário recebe uma carteirinha. “Tá vendo aquela outra cadeira ali? Eu comprei para o meu filho. O dono dela morreu e a família vendeu para mim. Os mais antigos, como eu, já morreram. O último era dono daquela outra cadeira abandonada. A família não está nem aí, e ninguém mais trabalhou nela.
Lôro compara, e diz que nunca mais a clientela foi a mesma. Lembra que a Praça da Estação já foi bem frequentada; as pessoas eram muito bem vestidas; todos os homens usavam calça comprida e sapato social. “Hoje a praça é cheia de malandro. Antigamente não tinha essas coisas de andar de bermuda e chinelo”, reclama. Próximo de onde Lôro estava, passa Luís Ribeiro, aposentado da Rede Ferroviária. Ele faz questão de parar para cumprimentar o Lôro. Pouco tempo antes estive com Ribeiro, na Associação dos Ferroviários Aposentados do Ceará localizada na esquina da praça. Ali eles se reúnem todos os dias para jogar conversa fora, tomar um cafezinho e se divertir jogando. Também é possível mergulhar no passado e sentir como era a atmosfera daquela praça anos atrás.
Agente da Estação, Luís Ribeiro, 64 anos, trabalhou em todos os setores, de telegrafista a agente comercial, cargo de que se orgulha muito. Isso porque, segundo ele, ao deixar de beber, começou a estudar, conseguiu melhor formação e subiu de cargo, tornando-se agente comercial.
Trabalhou 36 anos na Estação. Viu toda a evolução da praça, de feira livre a parque de diversões e por último e, até hoje, terminal de ônibus.
No meio da conversa chega Antonio Serafim, companheiro de trabalho de Luís. Vestindo camisa e calça social, assim como todos os outros aposentados, Antonio, 71 anos, fumava um cigarro atrás do outro. Não falou muito, mas concordava e sorria com as histórias que Luís contava.
Ele trabalhou como foguista e maquinista. Viajava para São Luís, Crato, Teresina e Recife”, recorda Luís, empolgado.



Orgulhoso, Antônio ainda completou: “por 31 anos trabalhei; todos os meus cinco irmãos também trabalharam na mesma função, mas só sobrou um irmão”. Segundo Luís, a da Estação era uma das praças mais importantes e bem frequentadas da cidade. Todas as empresas de ônibus interestaduais nos anos 1960 ficavam ali, ao redor da praça. “Dava gosto de ver as pessoas bem arrumadas que circulavam pela praça, que desciam na Estação e frequentavam o centro da cidade. O maior crime foi extinguir as estradas de ferro. A estrada levou progresso, cultura para o interior”, lembra, com saudosismo, o aposentado que fez parte deste crescimento.
Em frente à Associação dos Aposentados fica o Centro de Turismo do Estado, conhecido como Emcetur.
Na edificação foi inaugurada uma prisão imperial, em 1866, que funcionou até 1970. “Foi toda construída de areia de rio, com óleo de baleia e as portas de ferro fundido vieram todas da Escócia”, conta um simpático aposentado, conhecedor profundo do local. Por ironia ou não, nas portas principais há flechas no topo que apontam para cinco corações. O sapateiro Lôro disse
que na época em que a prisão funcionava, bem na esquina da praça, havia janelinhas com grades, de onde os presos jogavam latinhas para a calçada por meio de um fio. As pessoas que passavam colocavam dinheiro, cigarros. Hoje a antiga Cadeia Pública abriga lojinhas de artesanato, renda e confecção, além do Museu de Minerais do Ceará e o Museu de Arte e Cultura Populares.

A Praça em 1963 - Lucas Jr

Há rumores entre os comerciantes de que no local há estranhas passagens secretas escondidas sob o piso da histórica edificação.
Ao longo do tempo, o cenário mudou bastante. Hoje a praça é tomada por ambulantes que vendem de tudo: frutas, verduras, raspadinhas, jogo do bicho, vale-transporte.
Figura curiosa, o dono da barraquinha de churrasquinhos, Ricardo, é o típico conversador. Por temer a fiscalização, prefere não se identificar. Há quatro anos vende espetinhos na Praça da Estação, e todo santo dia começa a montar seu carrinho às quatro horas da tarde.
Além dele, outras quatro pessoas vendem espetinho, mas o do Ricardo tem um diferencial: acompanha baião de dois e custa um Real. “O movimento começa às cinco da tarde e vai até por volta das oito horas. Acabou o trem, já era; só dá ladrão”, avisa. Depois de muita insistência,
contou como batizou seu carrinho, “Churrasquinho do Maluco”. Não queria dizer, também por medo da fiscalização, que proibiu a venda de bebida alcoólica. O nome foi dado pelos frequentadores que tomam cachaça. “Não há como não vender pinga. Perco a clientela. A maioria quer uma pinguinha para acompanhar o churrasco. Há sexta-feira em que vendo 19 litros de pinga e chego a vender 200 espetinhos”, revela Ricardo. A noite vai chegando e o movimento de pessoas e ônibus aos poucos vai diminuindo. A Praça da Estação, ou melhor, a Praça Castro Carreira vai seguindo seu destino, guardando antigas lembranças do passado e revelando novas realidades do presente.



Saiba mais


Nomes anteriores e resumo histórico:

Campo D´Amélia (1830) em homenagem a imperatriz D´Amália de Lenchtmeberg. Se chamou também do Senador Carreira , 1822, da Via Férrea 1890 e Castro Carreira a partir de 1932.
Era um campo onde as tropas coloniais e depois as imperiais treinavam as sua milicias, e também donde fazia seus esportes de cavalhadas e torneios hípicos da argolinha. Do lado poente estava o cemitério de São Casimiro e no lado leste o dos protestantes ingleses.
Desde 1971 com a construção da estrada de ferro de Baturité recebeu o nome popular de “Praça da Estação”. Havia no centro da mesma uma estátua do General Sampaio em fundida de bronze, sobre pedestal esculpido em Fortaleza, em granito Cearense. Foi inaugurada em 1900 na data do nascimento do Patrono da Infantaria (hoje a estátua esta localizada em frente ao Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção )

Cronologia:

1870 – Construção da Estada de Ferro de Baturité
1871 – Primeira locomotiva chamada Fortaleza.
1873 – Inauguração da Estação Central.
1880 – O “Chalet” da diretoria e oficina.


Crédito: Patricia Nielsen e pesquisas na internet.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Patrimônios Tombados


Teatro José de Alencar - Tombado em 1964


Sobrado Dr. José Lourenço - Tombado em 2004

Praça General Tibúrcio - Tombada em 1991 (Foto do século XX)


Solar Carvalho Mota (Foto de 1918) - Tombado em 1983

(Postal raro de 1910) Mercado da Aerolândia - Tombado em 2005



Escola Normal (Postal por volta de 1900, Escola Normal; o teatro J. de Alencar ainda nao existia) - Tombada em 1995


Igreja do Rosário (Postal Igreja do Rosário, antiguíssima) - Tombada em 1983

Em 1892, na revolta contra o governo, uma bala de canhão de 11 kilos utilizada no bombardeio do Palácio da Luz foi arremessada contra a porta principal e arrebentou o púlpito, 2 balaustres da mesa de comunhão e a parede que dar para o corredor esquerdo, depois destruiu o altar de Nossa Senhora das Dores, outra bala dessas desmontou o General Tibúrcio de seu pedestal.



Estação Central (Postal de 1926 - Estação Ferroviária João Felipe) - Tombada em 1983



Parque da Liberdade (Cidade da Criança) - Postal de 1905 - Tombada em 1991



Passeio Público, postal da Belle Epoque - Tombado em 1965


Palácio do Bispo - Tombado em 2005



Palacete Ceará - Tombado em 1983



Mercado dos Pinhões - Tombado em 2005



Lord Hotel - Tombado em 2005


Escola Jesus Maria José - Tombada em 2005


Cinema São Luiz - Tombado em 1991


Casa do Português - Vila Santo Antônio de José Maria Cardoso - Tombado em 2005



Casa José de Alencar - Tombada em 1964


Banco Frota & Gentil, (postal de 1925) - Tombado em 1995



Assembléia Provincial (Atual Museu do Ceará), postal de 1930 - Tombado em 1973

Lista de prédios tombados em Fortaleza :

Antiga Escola Normal- Tombamento- 1995
Localização: Rua Liberato Barroso, nº 525, Centro
Depois de várias tentativas para a instalação no Ceará de uma Escola Normal que cuidasse do preparo dos professores, foi lançada a pedra fundamental do edifício em 2 de outubro de 1881. A escola foi inaugurada em 1884. O edifício sediou a Escola Normal até 1923, quando foi ocupada pelo Grupo Escolar Norte da Cidade. O aspecto da edificação foi provavelmente "modernizado" nessa época, quando teve sua coberta modificada, implantando-se uma platibanda no lugar da antiga coberta à vista. Em 1947 e 1954, o prédio serviu de sede para o Instituto Médico do Ceará e depois para a Faculdade de Odontologia da UFC. Desde 1987, sedia a 4ª Superintendência do Iphan.

Antiga Cadeia Pública- Tombamento- 1982
Localização: Rua General Sampaio, s/n - Centro
A antiga cadeia pública, hoje Centro de Turismo, foi projetada e construída a partir de 1850 pelo engenheiro Manuel Caetano Gouveia, levando cerca de 16 anos para ter suas obras definitivamente concluídas (1866). Em arquitetura neoclássica a edificação caracteriza-se pela clareza construtiva e simplicidade de suas formas.

Assembléia Provincial do Ceará- Tombamento- 1973
Endereço: Rua São Paulo, s/n, entre a Praça dos Leões e a Rua Floriano Peixoto - Centro
Atualmente sede do Museu do Ceará, de propriedade do Governo do Estado, o prédio da antiga Assembléia Provincial foi tombado por iniciativa do arquiteto Liberal de Castro, que solicitou o tombamento junto à antiga Sfhan, atual Iphan. É Liberal que aponta o provável autor do projeto do prédio, em estilo neoclássico: o arquiteto e engenheiro Adolfo Hebster. Paralisada por muitos anos, a obra do prédio foi concluída em 1871. Além da Assembléia, o prédio já abrigou a Faculdade de Direito, a Biblioteca Pública, o Tribunal Regional Eleitoral, o Instituto do Ceará e a Academia Cearense de Letras.

Banco Frota e Gentil- Tombamento-1995
Localização: R. Floriano Peixoto, nº 326, Centro
O edifício foi construído em 1925. Abrigou, inicialmente, a firma Frota & Gentil. Em 1931, transformou-se em Banco Frota & Gentil, funcionando até a década de 60. Posteriormente sediou uma filial do Banco Mercantil de São Paulo, o Comind. Insere-se no contexto do ecletismo arquitetônico.

Bar do Avião- Tombamento- 2005
Localização: Rua 15 de novembro, n° 9, Parangaba
Localizado nas proximidades do acesso ao antigo campo de pouso do Pici e o acesso a Base Aérea de Fortaleza, foi inaugurado em 1949 por Antonio de Paula Lemos. Atualmente funciona uma borracharia.

Capela de Santa Teresinha - Tombamento-1986
Localização: Av. Leste-Oeste
A edificação está situada no bairro popular do Arraial Moura Brasil, assim chamado antes da abertura da Avenida Leste-Oeste. A igreja foi preservada da demolição e posteriormente tombada após um intenso movimento popular local. Teve sua construção iniciada em 1926 pela iniciativa dos pescadores e moradores. Foi inaugurada em 1928. Tem características arquitetônicas singelas e bastante despojadas. Sua importância entretanto, deriva da marcante conotação popular.

Casa da Câmara da Villa de Arroches - Tombamento- Desconheço

Casa natal de José de Alencar- Tombamento- 1964
Endereço: Av Washington Soares, s/n, Alagadiço Novo
A casa onde nasceu o romancista José de Alencar está situada no sítio Alagadiço Novo, nos arredores da antiga vila - hoje bairro - de Messejana. A pequena casa em tijolos ficava junto à Casa Grande, hoje inexistente, e à casa de engenho, cujas ruínas ainda persistem.

Casa Rachel de Queiroz - Tombamento-2005
Localização: Rua Antônio Ivo, n° 290 - Jóquei Clube
O imóvel tem importância simbólica por ter sido a casa em que Rachel de Queiroz e família viveu por algum tempo, em Fortaleza. O prédio, apesar de degradado, exibe ainda suas feições primitivas, expressas na colunata que demarca varanda lateral, na coberta inclinada em telhas de cerâmica, do tipo marselha e nos vão decorados por ombreiras e bandeiras. À frente do lote, um conjunto de velhos benjamins.

Cine Messejana- Tombamento-2006

Cinema São Luiz- Tombamento-1991
Localização - Rua Major Facundo, n° 500 (Praça do Ferreira) - Centro
A construção teve início em 1939 e conclusão em 1958. O hall para a platéia e para o balcão com suas escadarias tem o piso e o revestimento em mármore de Carrara e três grandes lustres de cristal da Tchecoslováquia na parte inferior e cinco menores, na sala que leva ao balcão. Apresenta elementos "Art Decó" tardios, bem como elementos neoclássicos. A sessão inaugural, muito concorrida, aconteceu às 21 horas do dia 26 de março de 1958. Último dos cinemas a persistir funcionando no Centro, entrou no século XXI com ameaças de fechar as portas por insuficiência de público. Em 2005 foi transformado no Centro Cultural Sesc / Luiz Severiano Ribeiro)

Coleção arqueológica do Museu da Escola Normal Justiniano de Serpa-Tombamento-1941

Colégio Dorotéias - Tombamento-2005
Localização: Av. Visconde do Rio Branco, n° 2078 - Joaquim Távora
Localizado no antigo Boulevard, hoje Avenida Visconde do Rio Branco, foi construído no período de 1924 a 1929, no qual se instalou o Colégio Sagrado Coração, das irmãs dorotéias. A Capela foi inaugurada em 1940.

Sede do Departamento Nacional de combate à Seca (Palacete Carvalho Mota)- Tombamento-1983
Endereço: Rua Pedro Pereira, 683, esquina com rua General Sampaio - Centro
Construída provavelmente no início do século XX, a edificação foi residência do vice-presidente do Estado, coronel Antônio Frederico Carvalho Mota. Em 1915 foi adquirida pela Inspetoria de Obras Contra Seca (Ifocs), posteriormente Dnocs. A construção mantém a variedade estilística do ecletismo arquitetônico. Atualmente está em restauro pelo Iphan.

Edifício São Pedro- Tombamento- 2005
Localização: rua Ararius, n° 9 - Praia de Iracema
Ali funcionou o Hotel Iracema Plaza com a entrada no lado norte, dando para a praia e no lado oeste, entrada para os apartamentos. Foi inaugurado na década de 1950, e ficou inacabado (o último andar) durante algum tempo.

Escola de Música Luís Assunção- Tombamento- 2005
Localização: rua Solon Pinheiro, n° 60 - Centro
Construção da primeira metade do século XX. Edificação de pavimento único geminado na quadra. Há, atualmente, um projeto de restauração em análise pela Prefeitura de Fortaleza.

Escola Jesus Maria José - Tombamento- 2005
Localização: Av. Santos Dummont, s/n - Centro
Em 1902 foi lançada a pedra inicial para a construção da escola destinada aos meninos pobres, sendo inaugurada em 1905 e dirigida por irmãs de caridades. Depois funcionou no prédio o Cine Paroquial e a Rádio Assumpção. Encontra-se em péssimo estado de conservação, com risco iminente de desabamento. Está em processo de estudos para desapropriação pelo Município.

Estação João Felipe- Tombamento- 1983
Localização: Rua Dr. João Moreira - Centro
Edificação de fins do século XIX (1872 - 1880), com características neoclássicas bem definidas. Construída em grande parte com mão-de-obra dos trabalhadores da seca que afetou o Ceará no período de 1877-1879. Foi aberta ao público em 1880. Sua construção fez parte de um conjunto de medidas no sentido de incorporar esta região do nordeste brasileiro ao mercado capitalista mundial, possibilitando o escoamento de mercadoria do interior para exportação pelo porto da capital.

Estação Ferroviária da Parangaba- Tombamento- Desconheço

Estoril- Tombamento- 1986
Localização: Praia de Iracema
Construído de 1915 a 1920, pelo coronel Guimarães Porto para sua família, recebeu o nome de Vila Morena em homenagem a sua esposa. Em 1945 foi sede de um cassino para soldados americanos da Segunda Guerra Mundial. Depois passou a ser um bar freqüentado pela boemia e intelectuais cearenses.

Farol do Mucuripe- Tombamento- 1983
Localização: Av. Vicente de Castro, s/n, Mucuripe.
O velho Farol do Mucuripe teve sua planta aproada em 1829 e foi edificado no período de 1840/1846. Foi vitimado por um incêndio em 1846, passa por reformas em 1872, e em 1957 foi desativado por ter se tornado obsoleto. Foi recuperado em 1981/82, com projeto da Divisão do Patrimônio Histórico e Artístico da Secretaria de Cultura e Desporto do Estado.

Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção - Tombamento- 2008

Galpões da RFFSA- Tombamento- 2004
Localização: Extensão do Conjunto da Estação João Felipe, na rua Dr. João Moreira, Centro
Localizados ao lado da Estação João Felipe, os galpões foram construídos em estilo Neoclássico, em 1924, para receber e armazenar as mercadorias vindas do interior pela estrada de ferro, que ligava a capital a Pacatuba. O terreno onde estes edifícios foram erguidos é o mesmo onde situavam-se os antigos cemitérios de São Casimiro e dos Ingleses, que encontravam-se em processo de desativação desde 1872.

Ideal Club - Tombamento- 2005
Localização: av. Monsenhor Tabosa, n° 1331 - Meireles
A atual sede, inicialmente "filial " da sede principal localizada nas Damas, foi construída no período de 1940 a 1946. Assim como o Náutico, além da função de sociabilidade e lazer, tem sido espaço para a realização de eventos culturais como exposições de arte, eventos literários, etc. A arquitetura da sede do clube possui característica do "Estilo Missões", uma vertente da arquitetura Neocolonial.

Igreja Nossa Senhora do Rosário- Tombamento- 1983
Localização: Praça General Tibúrcio - Centro
Prédio mais antigo em pé na cidade. Construída inicialmente em taipa e palha no segundo quartel do século XVIII, teve a capela-mor construída em pedra e cal em 1755, seguindo-se então os trabalhos até sua conclusão. Foi a Matriz de Fortaleza de 1821 a 1854. Sofreu reparos para sua conservação em 1855 e 1872, tendo dessa forma alguns elementos descaracterizados.

Igreja do Senhor do Bom Jesus dos Aflitos- Tombamento- 2006

Intendência Municipal da Villa de Porangaba- Tombamento- Desconheço

Lord Hotel- Tombamento- 2005
Localização: Rua Liberato Barroso, n° 555 - Centro
A edificação foi construída em 1956 com arquitetura avançada para a sua época. Recebeu importantes artistas e personalidades, e teve seu auge na década de 60 e 70. O proprietário original do edifício foi Pedro Philomeno Gomes, que o arrendou a um casal de suíços até 1959 e em 1992 foi fechado e transformado em residência-hotel. Um dos mais representativos edifícios da arquitetura moderna cearense.

Mercado da Aerolândia- Tombamento- 2005
Localização: BR-116, n° 5431, Aerolândia
Trata-se de um módulo do antigo Mercado da Carne. A idéia da construção do Mercado Público para Fortaleza foi iniciada em 1873, com uma tecnologia nova, a construção em ferro. O Mercado da Carne foi inaugurado em 1897, na gestão de Guilherme Rocha. Foi transferido em 38 do Centro da cidade para o local onde hoje está o Mercado São Sebastião, onde permaneceu até 1968, sendo transferido nessa ocasião para o atual local.

Mercado dos Pinhões- Tombamento- 2005
Localização: Praça Marquês de Pelotas - Aldeota
Corresponde a mais um módulo do antigo Mercado da Carne (ver tópico anterior). Foi restaurado com restaurado com recursos provenientes de um convênio entre a Empresa Brasileira de Turismo - Embratur, a Prefeitura Municipal de Fortaleza sob a responsabilidade da secretaria Regional II com as obras concluídas em dezembro de 1998.

Náutico Atlético Cearense- Tombamento- 2005
Localização: av. Abolição, n° 2727 - Meireles
O clube foi criado em 1929, e funcionou primeiro como uma guarita na Praia Formosa. Somente no início da década de 1950, com projeto de Emílio Hinko, é que foi construído o atual imóvel, considerado como a maior referência na Beira-mar. Exerceu múltiplas funções como clube - eventos sociais, restaurante, centro de convenções, cinema, pólo esportivo, galeria de exposições, palco de espetáculos, eventos políticos, etc.

Palacete Ceará- Tombamento- 1983
Localização: Rua Guilherme Rocha, n° 48 - Centro
Uma das obras mais representativas das primeiras décadas do século XX (1920), período em que ocorre grande transformação na aparência arquitetônica da cidade. A edificação era de propriedade do Sr. José Gentil Alves de Carvalho.Constava originalmente de amplos salões corridos, contíguos à escada de acesso, nos quais funcionavam, no térreo, um restaurante, e nos andares superiores, o Clube Iracema, núcleo de encontro do mundo elegante da cidade de então. Depois de várias funções, foi adquirido pela Caixa Econômica Federal em 1945. Vitimado por incêndio em 1982, teve seu interior totalmente destruído, conservando, no entanto, as fachadas em bom estado, justificando dessa forma sua recuperação.

Palácio da Luz- Tombamento-1983
Localização: Rua Sena Madureira - Centro
Edificação do século XIX. Funcionou ali o antigo Palácio do Governo. Em 1847, o presidente Ignácio Correia de Vasconcellos fez uma muralha de 384 palmos de extensão para sustentar o aterro do largo do palácio. Com essa medida, a capital teve um lugar que foi, por muito tempo, uma espécie de passeio público e que hoje é a Praça General Tibúrcio. Passou por reformas em 1856 e 1892, mandando-se substituir os beirais do telhado pelas platibandas que ainda hoje permanecem. O antigo Palácio da Luz, depois de vários usos, foi transformado em Casa de Cultura de Raimundo Cela a 1º de março de 1975.

Palácio do Bispo - Tombamento- 2005
Localização: Centro.
Pertenceu inicialmente a Antônio Francisco da Silva (sargento-mor), descendente da família Albano, depois foi adquirida pela Família Mendes Guimarães, que a transformou em chácara passando em 1892 para o Bispado do Ceará. Em 1973, a Prefeitura de Fortaleza adquire o imóvel e nele instala sua sede. Hoje funcionam alguns setores da Prefeitura.

Parque da Liberdade (Cidade da Criança)- Tombamento- 1991
Localização: Quadrilátero limitado pelas Ruas, General Bizerril, Pedro I, Pedro Pereira e Avenida Visconde do Rio Branco.
Logradouro construído em 1890, cujo nome faz alusão à abolição da escravatura. Na segunda administração do intendente Ildefonso Albano (1923-1924), o parque passou por remodelação e a antiga Lagoa do Garrote, que no século XIX servia de repasto e descanso para os comboios de animais vindos do interior em direção à capital, ganhou discreta amurada, assumindo as feições de um pequeno lago artificial. Em 1936, uma escola passou a funcionar no parque e seu nome mudou para Cidade da Criança.

Passeio Público (Praça dos Mártires)- Tombamento- 1964
Endereço: Rua Dr. João Moreira, s/n, Centro
Antiga Praça dos Mártires, pois lá foram fuzilados alguns líderes da Confederação do Equador em 1824, tornou-se Passeio Público a partir de uma reforma datada de 1877. Dos três planos interligados por escadarias, restou apenas um, que aloja um coreto e estátuas de figuras mitológicas compradas em 1881. Foi oficialmente inaugurado em 5 de junho de 1880.

Ponte dos Ingleses- Tombamento- 1986
Localização: Praia de Iracema
A construção foi iniciada em 1923, pela empresa inglesa Nestor Grifts, para ser o Porto de Fortaleza, substituindo a antiga Ponte Metálica, entretanto nunca funcionou como Porto; hoje funciona como um dos principais pontos turísticos da capital.

Praça General Tibúrcio- Tombamento- 1991
Localização: Rua General Bezerril, Rua São Paulo, Rua Sena Madureira - Centro.
A praça apresenta desenho de geometria regular, característica do período neoclássico, sendo sua construção datada de 1887. A pavimentação é em cimentado com coloração natural e coloração avermelhada nos quadros centrais da praça, circundada com um gradil de ferro ao longo da rua General Bezerril e dos prédios da Igreja do Rosário e Palácio da Luz. Pelos lados das ruas Sena Madureira e São Paulo, existe guarda-corpo em concreto aparente, assente em pequenos pilares. No centro da praça, ergue-se o monumento do General Tibúrcio, de 1888, e na confluência das ruas São Paulo e Sena Madureira, monumentos com leões. Era conhecida originalmente como Pátio do Palácio.

Prédio do IMPARH- Tombamento- 2005
Localização: av. João Pessoa, n° 5.609 - Damas
Foi residência do Dr. Manuel Sátiro, Deputado Constituinte Estadual. Foi adquirida em 1973 pela Prefeitura Municipal de Fortaleza. Funcionou a Funefor (Fundação Educacional de Fortaleza), posteriormente a Fundesp (Fundação Desenvolvimento Pessoal), e hoje o Imparh (Instituto Municipal de Pesquisa Administração e Recursos Humanos).

Prédio do Português- Tombamento- 2005
Localização: av. João Pessoa, n° 5094 - Damas
Foi batizado pelo Antonio Cardoso, que o construiu em 1950, como vivenda Santo Antônio, mas sempre foi chamado, pelos nomes de Prédio do Português ou Prédio do Cardoso. Depois da morte do proprietário, nele funcionou a ANCAR, posteriormente a Emater/CE, órgãos do governo de apoio técnico a agricultura, e também uma boate. Atualmente está abandonado, em litígio (espólio).

Santa Casa de Misericórdia- Tombamento- 2005
Localização: Rua Barão do Rio Branco, n° 20 - Centro
A construção foi iniciada em 1847 e concluída em 1857. Inicialmente foi projetada para ter apenas um pavimento e era chamada de Hospital de Caridade. Em 1961, volta a ser inaugurada, agora como Santa Casa de Misericórdia. Já no século passado (1915), passa do controle do Estado para o arcebispo de Fortaleza. O edifício é reformado nos primeiros anos do séc. XX, sendo-lhe agregado mais um andar e as fachadas com características neoclássicas. Em 2000, suas fachadas foram restauradas pelo Governo do Estado. O projeto recuperou as cores originais do edifício antigo.

Secretaria da Fazenda- Tombamento- 1982
Av. Alberto Nepomuceno, Centro
Construído pela necessidade do governo em se equipar com seus próprios prédios administrativos, teve sua pedra fundamental lançada aos 8 de julho de 1924 e foi inaugurado aos 27 de novembro de 1927. É um exemplar da arquitetura eclética.

Sobrado do Doutor José Lourenço- Tombamento- 2004
Localização: Rua Major Facundo - Centro
De propriedade do médico e deputado José Lourenço de Castro e Silva, nascido no Aracati em 1805, o sobrado foi construído em meados do século XIX, no lado par do quarteirão da rua da Palma (Major Facundo), entre as atuais ruas Castro e Silva e Senador Alencar. Após a morte do médico em 1874, a família alugou o sobrado ao Tribunal de Relação de Fortaleza. Também funcionou no sobrado a Fênix Caixeiral (Raimundo Girão) e a Prefeitura Municipal de Fortaleza. O edifício apresenta linguagem neoclássica e trata-se de um dos sobrados mais altos da cidade antiga, composto de três pavimentos.

Sociedade União Cearense- Tombamento- 1995
Localização: Rua Dr. João Moreira, nº 143, Centro.
A edificação foi construída no final do século XIX e inicialmente funcionou como o Hotel do Norte, sediando depois Sociedade União Cearense. Entre 1895 e 1935, serviu de sede para a Repartição dos Correios. Posteriormente foi adquirido pela "The Ceará Tramway Light & Power Co. Ltda", companhia inglesa que explorou a energia elétrica e o serviço de bonde da cidade. Propriedade da Coelce até o início do século XXI, o prédio foi adquirido pela Fiec e, por meio da Lei Rouanet, está sendo reformado para abrigar a sede do IAB-CE, da Orquestra Sinfônica e o Museu da Indústria.

Solar Fernandes Vieira- Tombamento- 1995
Localização: Rua Senador Pompeu, nº 648, Centro
Foi construído no 3º quartel do século XIX para a residência do deputado Miguel Fernandes Vieira (1819-1879). Adquirido em 1883 pelo Governo Imperial para sediar a Tesouraria da Fazenda, o edifício passou por diversas reformas e ampliações quando sediou instituições públicas, dentre as quais a Receita Federal. Patrimônio da União, cedido pelo Contrato de Sessão e Uso do Governo Estadual, atualmente o edifício é ocupado pelo Arquivo Público.

Teatro José de Alencar- Tombamento- 1987
Endereço: Praça José de Alencar, s/n, Centro
As obras do teatro começaram em 1908 a inauguração se deu em 1910. O bloco de entrada tem características da arquitetura eclética,. O projeto da platéia e erguido em estrutura metálica trazida da Escócia. Foi considerado Monumento Nacional em 1964. Passou por diversos processos de restauração de pequena ou grande amplitude. Nas palavras do arquiteto Liberal de Castro, "o Teatro José de Alencar não apenas se constitui o mais importante conjunto arquitetônico da capital mas um dos mais notáveis do país".

Teatro São José- Tombamento- 1988
Localização: Rua Rufino de Alencar, 323
Foi criado em 1914 como alternativa de lazer cultural para trabalhadores que não tinham acesso fácil ao luxuoso Theatro José de Alencar. Num terreno baldio ao lado da Igreja da Prainha, o padre alemão Guilherme Wassen, identificado com o movimento dos trabalhadores cristãos, deu início à obra com a ajuda voluntária de operários. Em 1915 o Teatro São José passou a funcionar onde está até hoje. Na última intervenção sofrida no teatro em 1994, as cadeiras de madeira da platéia foram substituídas por assentos de plástico.




O que é um Tombamento ?
Tombamento é o reconhecimento de um bem material , de valor histórico, cultural, arquitetônico, ambiental e/ou simbólico para uma comunidade , protegendo-o de descaracterização ou de destruição através da aplicação de legislação específica. Finalizado o processo de Tombamento, o bem é inscrito no Livro de Tombo .
O que é um Livro de Tombo ?
É um livro onde se registram os bens que foram distinguidos como de valor excepcional para o Estado do Ceará, quer por seu valor histórico , artístico , paisagístico ou simbólico . No Livro de Tombo devem constar informações a respeito do bem, como um pequeno histórico, assim como sua descrição e propriedade .
Quem pode solicitar?
Qualquer cidadão pode solicitar que um bem seja reconhecido como de valor excepcional , através da abertura de um processo de Tombamento.
A quem se dirigir para abertura de um processo de tombamento?
A Secretaria da Cultura do Estado do Ceará , através de sua Coordenadoria de Patrimônio Cultural é responsável por receber e encaminhar ao COEPA- Conselho Estadual de Preservação Cultural do Estado do Ceará as solicitações de tombamento de bens situados no Estado do Ceará . Se o bem for julgado de interesse vinculado ao município , deverá ser contatada a Prefeitura Municipal onde se localiza o bem, e no caso de interesse Federal , deverá ser contatado o IPHAN - Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional .
Quando se pode solicitar um tombamento?
Quando o bem em questão for julgado de relevante interesse cultural para o Estado do Ceará , e especialmente quando por algum motivo se julgar que o bem sofre qualquer tipo de ameaça .
Como se procede um tombamento?
Um processo de tombamento é aberto através de uma solicitação formal encaminhada à SECULT por pessoa jurídica ou pessoa física , e identificada por um número de protocolo .
O processo deverá atender aos itens exigidos para abertura de processo. Após a abertura do processo , ele tramita inicialmente para a COPAHC - Coordenadoria de Patrimônio Cultural , para avaliar sua procedência e atendimento aos requisitos exigidos. O proprietário é convidado a se pronunciar a respeito da solicitação, podendo ou não discordar do pedido. Após esta análise, é encaminhado ao COEPA - Conselho Estadual de Preservação Cultural do Estado do Ceará para avaliação e parecer deliberativo. O parecer então é encaminhado para a Secretário de Cultura, para que possa ser enviado para avaliação pelo governador, que então homologa ou questiona o Tombamento. Ao longo de todo o processo poderá haver questionamento por qualquer das partes. Se homologado pelo Governador, o proprietário é então informado de que o bem constará no Livro do Tombo e enviado para publicação no
Diário Oficia.
Quais os itens exigidos para abertura de um processo de tombamento ?
Eis a relação mínima de dados requeridos para abertura de um processo de solicitação de inscrição de bens culturais materiais nos Livros de Tombo da SECULT.
Os dados, transcritos na ficha respectiva, devem constituir um estudo conciso mas circunstanciado do bem cultural material em exame, contendo informações sobre:
Histórico do bem cultural material (origem, forma original e eventuais alterações).
Implantação física do bem cultural material (urbana, rural, relação de vizinhança).
Estudo tipológico do bem cultural material (obra isolada ou formando conjunto), com descrição da arquitetura do imóvel, acompanhada de dados essenciais – características formais, espaços, usos, funções, sistemas construtivos, materiais de edificação, estado de conservação.
Relação eventual de bens móveis pertinentes ao bem cultural material ou outros bens nele integrados.
Documentação gráfica (mapas, levantamentos, desenhos técnicos).
Documentação iconográfica (desenhos, fotografias, filmes).
Referências testemunhais (escritas, fotografadas, filmadas, verbais gravadas).
Referências bibliográficas.
Justificativa do tombamento solicitado.
Recomendações e diretrizes específicas.
Por que Tombar ?
Porque alguns bens detém um inestimável valor, e devem por isso ser distinguidos por sua inscrição no chamado Livro do Tombo, o que visa. protegê-los de eventuais destruições ou descaracterização, uma vez que a Lei de tombamento aplica medidas punitivas para quem desrespeitá-la .
A partir de quando um bem é protegido pela lei do Tombamento ?
A partir do momento em que é aberto o processo de tombamento, segundo a lei, o bem passa a ser considerado Tombado provisoriamente até que se complete todo o processo, que confirma ou não o tombamento. Durante todo este tempo o bem está protegido pela lei e sujeito às sanções ou penalidades pelo seu descumprimento
Qual a lei estadual que instituiu a figura do Tombamento ?
A lei que criou o Tombamento estadual foi a lei nº 9 109 de 30 de julho de 1968 . Atualmente esta lei foi revista e complementada, agora figurando sob o nº . 13 465 de 05 de maio de 2004 .
Um imóvel tombado pode mudar de uso?
Sim, desde que o novo uso não agrida de forma violenta o imóvel tombado, o mesmo poderá mudar de uso . Mas é aconselhável que seja feita anteriormente uma consulta ao órgão responsável, no caso estadual a SECULT, para as orientações de praxe .
Um imóvel tombado pode ser reformado?
Sim, desde que a proposta de reforma seja avaliada e aprovada pela SECULT, não descaracterizando nem mutilando o bem tombado.
Um bem tombado pode ser alugado ou vendido?
Sim, desde que isto não signifique destruição ou modificação no bem. Ele deverá continuar sendo preservado.
O que é “ entorno” de bem tombado?
É a vizinhança imediata ou definida por poligonal específica em volta ao bem tombado. Esta área visa preservar a ambiência do bem e impedir que novos elementos obstruam ou impeçam sua visibilidade.

Fonte: Secult e pesquisas pela internet

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