Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Estoril
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O cordão das "Coca-colas"



O cordão das "coca-colas" foi criado logo após a guerra por um grupo de sargentos da Aeronáutica, como uma brincadeira em cima das moças que namoravam os soldados americanos. Fez sucesso pelos anos a seguir e chegou a ser um dos pontos de maior atração no Carnaval de rua de Fortaleza.

Nos idos de 45, terminada a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos retornavam ao seu país de origem e as "coca-colas" ficaram desativadas. Mas não estavam mortas, tanto assim  que continuavam a desfilar seu charme e sua elegância pelas streets da urbe, motivando as mais variadas reações: as velhas e respeitáveis matronas, guardiãs da sagrada moral cristã, resmungavam, olhavam de esguelha, condenavam as meninas ao fogo eterno do inferno e até benziam-se. "T'esconjuro, filhas do mal!" As muito feias (que me perdoem) e desprovidas dos bafejos da deusa da beleza davam muxoxos e olhares de desdém. Despeitadas! As crianças ficavam boquiabertas ante aqueles mulheraços, verdadeiras afrodites, desafiando os costumes e a chamada Moral vitoriana
_"Mãe, que moça linda!" e a mãe puxando o rebento pela orelha: _"Não olha! É uma 'coca-cola!'..." Quanto aos homens, bem, os homens olhavam em torno, conferindo a possibilidade de uma possível reprimenda e, quando a situação se mostrava favorável, tascavam o infalível fiu-fiu e mais alguns galanteios nem sempre aprendidos nas cartilhas das boas maneira. Alguns até apelavam para a grossura. Vôte!

Mas elas passavam incólumes, sem olhar para os lados, que mulher de classe só olha para frente. E do altos das suas elevadíssimas sandálias Gilda. Pois, como já dizia o poeta Zé de Sales, "os cães ladram, mas a caravana passa". E as "coca-colas" passavam...
E passavam. Pois hoje, elas, que representaram (ou foram) o fenômeno de uma época, são, agora, apenas vagas lembranças de pessoas mais velhas. Nada foi escrito, nenhum registro foi feito. Os preconceitos não o permitiram. Acredito que tenha passado pela cabeça de algum jornalista da época documentar o fato numa grande matéria. Mas os pudores falavam mais alto. Está claro que toda sociedade se levantaria contra a "imoralidade."


Década de 40 - As Coca-Colas com os militares

As "coca-colas" surgiram, simultaneamente, com a chegada dos soldados americanos que aqui instalaram uma base aérea, no alvorecer dos anos 40. Melhor dizendo, elas foram consequência da permanência daqueles militares ianques em nossa capital. O epíteto coca-cola surgiu do fato de elas terem o privilégio de tomar o famoso refrigerante americano que, àquela época, a gente só conseguia "saborear" através dos filmes made in Hollywood. Também, por ser a Coca-Cola um dos mais conhecidos símbolos americanos. Em suma, foi alguma mulher feia e despeitada ou algum machão desiludido quem apelidou as atrevidas moças de "coca-colas."


O cordão das "coca-colas" - Arquivo Nirez

Da mesma forma como faltou, até agora, quem resgatasse a memória das "coca-colas", não surgiu, ainda, um sociólogo ou mesmo um psicanalista para elaborar um profundo estudo sobre o fenômeno. Doce e nostálgico fenômeno do qual pouquíssima pessoas se apercebem. Pois elas representam, há mais de quarenta anos, os anseios das mulheres de hoje: o profundo desejo de liberdade, a emancipação, o assumir as suas próprias vidas.

O que mais causa estranheza e que torna o capítulo "coca-colas" um fenômeno sem explicações é o fato de que, sendo Fortaleza, naqueles idos, uma ingênua província de cerca de duzentos mil habitantes, apenas 10% da população atual, tenha surgido um punhado de moças para enfrentar todos os preconceitos da moral cristã da época, afrontar as próprias famílias e, o que é pior, as maledicências dos vizinhos, numa atitude que, até nos dias atuais, ainda chocaria muita gente.


Soldados americanos dançando no Estoril com as Coca-Colas, durante a Segunda Guerra. Acervo Will Nogueira

Sabe-se que as guerras geram tragédias de todas as espécies, sendo uma delas a prostituição de jovens como única maneira de mitigar a fome e obterem recursos para ajudar familiares. Mas não era esse o caso de Fortaleza, distante dos campos de batalha e sem outras consequências mais danosas, exceto a paralisação das importações, quando o Brasil dependia, em grande parte, dos produtos oriundos da Europa. Por outro lado, essas moças, regra geral, eram bem nascidas, provinham de famílias até tradicionais de nossa terra, viviam bem, moravam bem, não havendo, portanto, o fator carência financeira. Elas namoravam os soldados americanos, assim como um outro grupo namorava os cadetes, da mesma forma como, após elas, outras moças se interessavam pelos sargentos da nossa base aérea. "Ai, da base!..."


Em plena Praça do Ferreira, O Jangadeiro era outro front na batalha das "coca-colas" contra os preconceitos. Ali, elas tinham encontros vespertinos com os soldados do Tio Sam.

Estudando-se mais a fundo a questão, chega-se à conclusão de que se tratava de um punhado de mulheres de mentalidade evoluída, sendo obrigadas a viver numa pequena cidade sem maiores opções, além das monótonas sessões de cinema, do lanche no O Jangadeiro, o passeio de bonde, olhar as vitrinas das lojas mais aristocráticas, fazer o footing nas praças. Os soldados ianques trouxeram outras opções, ajudaram a tirar da rotina, a vida desmotivada da cidade modorrenta. E elas queriam ser diferentes, queriam sair da rotina, ver caras novas, não serem obrigadas a namorar os rapazes locais, conhecidos e manjados.

E como eram as "coca-colas", indagam as pessoas mais jovens, quando escutam falar no assunto. Era mulheres maravilhosas, lindas, elegantes, vistosas, educadas, imponentes. Eram estrelas cintilantes que brilhavam com luz própria, a luz da personalidade e do desafio. Estrelas de um firmamento sem estúdio nem palcos iluminados. Eram mulheres inteligentes, luminosas e iluminadas que souberam viver uma época, tirar proveito de um instante, de uma fase, de um flash da vida para fazer uma eternidade. Pois elas nunca serão esquecidas. Viverão sempre, no coração daqueles que as viram e admiraram, embora (e infelizmente), sem coragem de dizer. Pois, as "coca-colas" eram tabu. E hoje, quando quase todos os preconceitos já ruíram por terra, muita coisa já se apagou da memória.


Mas há de aparecer alguém que faça justiça a essas mulheres tão maravilhosas e incompreendidas na época. Alguém que as efetive na história de Fortaleza. Não como algo burlesco ou ridículo, ao contrário, como uma passagem bela e, por que não dizer, como um original capítulo da nossa cultura.


A Vila Morena, na Praia de Iracema, transformada em clube dos oficiais norte-americanos durante a Segunda Guerra, era reduto das atrevidas "coca-colas", as moças da sociedade local que tinham coragem de enfrentar as críticas e condenações e assumiam a soldadesca invasora.

Que apareça alguém para documentar aquele instante tão alegre da nossa província e as divinas personagens  que se escreva um livro  ou se monte um musical. Que seja um balé ou uma opereta. Uma novela para tevê, até um filme. Para tudo se presta a história das "coca-colas". O cenário seria o velho Estoril, de tantos fatos, de tantas histórias. Pois, foi ali, na bela Vila Morena, que os soldados americanos transformaram em base, que o cordão das nossas alegres "coca-colas" fazia a festa. Uma festa que parecia não ter fim, quando, nas madrugadas, de longe se viam as luzes e se escutavam os cantos e os risos de alegria esfuziantes de uma juventude que queria, antes de tudo, viver.



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Livro Royal Briar de Marciano Lopes

sábado, 19 de junho de 2010

O bonde (VI) - Praia de Iracema

A fotografia dos anos 30 nos mostra um bonde elétrico da Ceará Tramways, Light & Power em Fortaleza. Está perto da Praça do Ferreira, na rua Pedro Borges esquina com Floriano Peixoto, em Frente à Mercearia Leão do Sul

“Verdes mares bravios da minha terra natal, onde canta a jandaia nas frontes da carnaúba! Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do sol nascente, perlongando as alvas praias ensombradas de coqueiros! ... Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo do jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado.” José de Alencar - Iracema.

Com certeza foi Iracema, a Jandira do Jaguaré - Ubirajara, do romance de Alencar, a musa inspiradora da antiga Praia do Peixe, que veio dar nome à Praia de Iracema, tão decantada por poetas, artistas, músicos e compositores que tantas evocações fizeram e deram “adeus Praia de Iracema”.

A terra dos amores que o mar carregou, como bem sintetizou - o maestro e compositor Luís Assunção - Ah! Quantas ruas foram tragadas pelas impetuosas ondas do mar, que se enfureciam com embates como se a natureza estivesse a se degladiar no resgate do território que propunha a recuperar com as suas próprias forças. E assim ruas e mais ruas, casas e mais casas, foram de repente se transformando nesse mar imenso, belo e traiçoeiro... Como o tempo passa rápido hein! E inexorável com a nossa lembrança, fazendo nessa azáfama do cotidiano procura apagar em nós os momentos bem vividos na claridade das noites de luar, o passeio que se fazia à Praia de Iracema, para ver e ouvir as juras de amor ao luar, tendo o céu por testemunha e depois se dirigir ao restaurante do português Ramon - para saborear a deliciosa sopa de cabeça de peixe, de “cangulo”, que somente ele sabia preparar tão afamada sopa, sem se falar na “peixada do Ramon”. Ah! Tempo bom que não volta mais...

A bem da verdade, a extensão da linha do bonde da Praia de Iracema, era relativamente pequena e foi inaugurada no dia 12 de janeiro de 1914, denominada linha da Praia; mas era muito movimentada como meio de transporte por atender a diversas classes sociais, desde os comerciários que trabalhavam nos armazéns da praia e outros estabelecimentos, comerciantes, funcionários públicos da Secretaria da Fazenda, estudantes e famílias que ali residiam até os que moravam nas pequenas casinhas à beira-mar. Apesar de curta extensão, o bonde “Praia de Iracema” fazia o seguinte trajeto: saía da Travessa Morada Nova detrás da antiga Assembléia Legislativa e dobrava à direita na Rua Floriano Peixoto até atingir a esquina da Travessa Crato; entrando à esquerda em frente à Catedral (Sé) seguindo pela Av. Alberto Nepomuceno até alcançar a esquina da Av. Pessoa Anta, onde funcionou por longos anos o “Café Gato Preto”, que depois dos anos 50 passou a pertencer aos “Irmãos Abiatá”.

Bonde da Praia na Avenida Pessoa Anta

O bonde seguia pela Av. Pessoa Anta até chegar ao majestoso prédio de alvenaria de pedra lapidada, onde funcionou por longos anos a Alfândega do Ceará e hoje Caixa Econômica do Ceará, esquina com a Rua Almirante Tamandaré, onde entrava à esquerda até alcançar a Rua dos Tabajaras, quando dobrava à direita, chegando ao ponto final na Igreja de São Pedro (lado direito). Ali, estacionava fazendo a última parada.

Na esquina da Rua dos Tabajaras, lado direito, havia o Departamento de Portos, Rios e Canais, que mais tarde mudou para Departamento do Porto e Vias Navegáveis, chefiado pelo nosso muito querido e estimado primo Dr. José Euclydes Caracas, pai do Dr. Hélio e Heliana Mota Caracas e, do lado esquerdo de quem entra na Rua dos Tabajaras - o Departamento de Obras Contra Secas, chefiado pelo ilustre e respeitado Dr. Antero, pai do ilustre Presidente (atual) do Tribunal do Trabalho, Dr. Antônio Carlos Chaves Antero. Havia uma singularidade no terreno onde existiam as casas de dois chefes e, eram inusitadas edificações constantes de vários depósitos de alvenaria em forma de tubo (cone) que serviam para armazenar cimento que vinha do exterior e àquela época ninguém sabia qual a sua serventia.

No início da Rua dos Tabajaras, existiam as melhores casas, das famílias que costumavam veranear na Praia de Iracema ou, às vezes, alugavam-nas para “passar tempo” como se costumava dizer.

De volta, o percurso do bonde era quase o mesmo. Somente à altura da Secretaria da Fazenda fazia uma ligeira curva e seguia pela alameda em frente ao Quartel da 10a Região Militar e entrando à direita na Rua Crato e logo em seguida dobrava à esquerda na Rua General Bezerril defronte ao Departamento de Correios e Telégrafos, seguindo pela mesma rua até chegar na Travessa Morada Nova.

Merece ressaltar que no seu ponto inicial, ou seja, na mencionada Travessa Morada Nova, os passageiros do bonde “Praia de Iracema”, por muitas vezes, ouviam os acalorados discursos dos senhores deputados no plenário, no horário das sessões da Assembléia Legislativa, diferente das discussões que se desenrolavam no Instituto Histórico e Antropológico do Ceará, o qual ocupava a parte térrea (lado oeste) do mesmo prédio, cujos sócios apresentavam suas teses e trabalhos de cunho científico nas diferentes áreas de abrangência do saber humano.

Lá estiveram e ainda estão os expoentes máximos das letras e das ciências, que tão bem sabem representar a nossa cultura, projetando o Ceará no mais alto patamar do cenário cultural do País, como têm dado inequívoca prova de sapiência que dignifica nossa terra, tão bem representada por seus sócios.

O nosso passageiro ilustre do bonde que fazia a linha Praia de Iracema é o insigne desembargador Lauro Nogueira, professor catedrático de Direito Constitucional da Faculdade de Direito do Ceará, autor de excelente trabalho jurídico acerca do “O Parlamentarismo e o Presidencialismo”.

Era casado em segundas núpcias com a Dra. Maria (Menininha) Cavalcante, uma das primeiras médicas do Ceará, especialista em obstetrícia, mãe da Srta. Glorinha Maria Cavalcante Nogueira, residente num lindo “bangalô” de dois pavimentos na Rua dos Tabajaras, 460 que se constituía numa das mais bonitas casas daquele logradouro.

Bonde perto da Antiga Catedral da Sé, anos 30 - Foto restaurada por Adolpho Quixadá, outrora pertencente ao acervo de Nirez (Miguel Angelo de Azevedo), encontrada por Adolpho Quixadá na propriedade do engenheiro agrônomo Dr. José Vieira de Moura, também residente em Fortaleza. Antiga Sé (Catedral) de Fortaleza. Segundo Nirez, "no dia 11/09/1938 foi rezada a última missa na velha Catedral e em seguida ela foi demolida juntamente com seu cruzeiro cujos santos que o enfeitavam estão hoje no Museu São José do Ribamar, no Aquiraz." Agradecimentos a Nirez, Adolpho Quixadá e ao Dr. Moura.
Segundo Nirez, "existiam na época vários estabelecimentos fotográficos", sendo os de maior porte o Foto Salles e o Aba Film, "que vendiam postais, e este é um deles", mas "não é do Foto Sales porque os de lá trazem letras em branco com o nome do logradouro (geralmente com os 'enes' e 'esses' invertidos) e o nome 'Foto Salles'; os da Aba Film também traziam o nome; deve ser de um foto menor, como Foto Novo (do Josias Benício), Foto Nelson (do Nelson Moura), etc."
Época - Nirez esclarece que "a Sé foi demolida em 1938, logo a foto é anterior; a iluminação pública elétrica é a partir de 1935, logo a foto é anterior, pois vemos vários combustores de gás hydrogeno-carbonado" Prosseguindo, Nirez explica que, embora não possa garantir, "pelo tamanho das palmeiras, a foto deve datar de 1932 ou 1933."
Ponto de focalização - Ainda respondendo a Quixadá - "É prevesível que tenha sido tirada da Pensão Bitu?" - diz Nirez: "Tenho quase certeza de que a foto foi colhida da janela do andar superior da Pensão Bitu depois Hotel Bitu, de Bartolomeu de Oliveira."
Dados históricos da paisagem: Respondendo à pergunta de Adolpho Quixadá - "No pitoresco jardim foi onde existiu o Forum recentemente demolido?" -, Nirez explica: "O local onde foi demolido o Forum Clóvis Bevilaqua tinha antes um prédio térreo construído para a Secretaria da Fazenda e que com a construção em 1927 do novo prédio da Fazenda, passou a ser ocupado pelo Museu Antropológico e Instituto do Ceará. Foi demolido para construção do Forum que foi implodido."

A Praia de Iracema era o aprazível bairro preferido por famílias de várias camadas sociais, que alugavam casas para veranear; outras fixavam suas residências como o ilustre e festejado escritor de imorredouras saudades, Moreira Campos, e distinta família, pai da querida e imortal escritora Natércia Campos Sabóia, minha amiga que fez parte da Diretoria do Ideal Clube onde exerceu a diretoria de cultura e arte com muito brilhantismo. Outras famílias que ali residiam como a do dr. Híder Correia Lima, pai de Emília Vorreia Lima - Miss Brasil, Dr. Hugo Rocha, Dr. Abner Brígido (Bié); a família do Sr. Tancredo de Castro Bezerra, casado com C. Maria Júlia, amiga da minha avó Victória Dias da Rocha Silva, por quem tínhamos grande afeição, bem como a sua filha Ivonise e família; Antônio Figueiredo - Figueiredão - do famoso Tony’s Bar que funcionou ao lado do Ed. Praia Hotel Iracema; e o prédio na rua Tabajara que serviu de início como sede do Ideal Clube, o Praia Clube, hoje vizinhança, o Bar Mincharia, Vivenda Morena da família Porto, depois recanto dos boêmios, poetas e cantores - o tradicional “Estoril”, cuja estrutura, boa parte era de taipa. O mais requintado do bairro era o Hotel Pacajus, de frente para o mar, sem esquecer o restaurante do português Ramon, mais tarde surgiram novos restaurantes como Estoril e Lido, todos em suas épocas e muito afreguesados. Durante as décadas de 1950 até aproximadamente a de 1980, o restaurante Lido predominou na preferência da freguesia. O proprietário um casal francês - Charles, ganhou a predileção do grande público, que lotava aquela casa de pastos diariamente com pratos dos mais variados tipos de refeições, lagosta e camarão em todas as suas nuances atraindo turistas, e nós os donos da terra, os estrangeiros que por aqui passavam e vinham passear ou residir. O restaurante era um grande “galpão” cuja coberta no seu início era de palha de carnaúba que mais tarde foi substituída por grandes tesouras de madeira com cobertura de “telha-vã”, que dava excepcional aparência àquela construção, com meias-paredes, onde sobrepunham-se tapumes com vidraças colocadas que fechavam as três faces do galpão para dar a mais bela visão do mar. Quando enfurecido nos meses de janeiro e fevereiro, causava o mais belo espetáculo das ondas que se debatiam contra o arrimo de volumosas pedras que serviam de amparo e resguardo da estrutura do inesquecível local de tanta simpatia dos fortalezenses que para lá se dirigiam também, para apreciar os embates das ondas e sentir de perto o aroma da maresia que se espalhava por todo o recinto.
Os jovens se sentiam atraídos pelas marés, por ser o casamento de lua e sol, ao contemplar, dava mais disposição ao amor, no crepúsculo vespertino ou matutino quando o amor fala sempre mais alto...
Mas tudo isso é quando se é jovem... Oh juventude!
Jovem há mais tempo que é a forma mais suave de não se dizer que atingiu a terceira idade ou velhice. É como um filme que já foi visto e deixou “suplício de saudade”, reprisado volta à lembrança do amor, igual ao sabor do queijo ralado... Ah juventude ingrata! que rouba tudo de nós, deixando somente as marcas no rosto, riscado pelo cinzel do tempo, rugas que só servem para amparar as lágrimas do desgosto, embora outras “rolam no coração” como diz o poeta.
Mas deixemos de filosofar para chegar à realidade e dizer que nesse local hoje se ergue um belo “arranha-céu”, que a modernidade tudo move em nome do progresso, foi outrora território marítimo para banhistas.
Entretanto, perderam os moradores daquele paraíso terrestre, o privilégio de banhar os pés com as brancas espumas das ondas do mar, porque essas se tornaram artigo de raridade para quem está nas alturas, já nem se lembra mais que ali existiu o velho restaurante Lido, com afinado conjunto musical a entoar lindas canções na época em voga. Ali residiam as famílias Gentil, Rola, Paulo Egídio de Menezes, Maurício Sucupira com sua bela voz e seu vizinho Roderico Braga, ponto de encontro dos bons amigos, Albano Amora, Mamede e Dra Menininha Cavalcante. Ainda o sobrado existente do Sr. João Leopércio Soares, pai de numerosa família, dentre os filhos a ilustre educadora Wilma Maria de Vasconcelos Leopércio, proprietária do primeiro colégio da Praia de Iracema, o Colégio São Pedro, que durante muitos anos dedicou-se ao ensino das crianças que residiam na Praia de Iracema e adjacências, dando inequívoca prova de sua bondade e desprendimento das coisas materiais.

“Os bondes, que foram consagrados na música popular brasileira, também foram excepcional veículo de mensagens comerciais, com cartazes que se imortalizaram na história da propaganda. No Ceará, um contrato de 30 de dezembro de 1926, assegurava ao Dr. Victor Pacheco Leão, diretor da ‘Empreza Cearense de Annuncios’, a exclusividade para a colocação de ‘reclames’ nesses veículos, que poderiam ser afixados em partes internas predeterminadas e nas pranchas laterais externas. O contrato assegurava os direitos, anteriormente cedidos a Luís Severiano Ribeiro, de colocação de anúncios de filmes. A Ceará Tramway ressaltava seu direito de não afixar em carros os anúncios que, no seu entendimento, atentassem, por qualquer forma, contra a moralidade pública, como sejam os reclames de remédios para moléstias venéreas e outros”. - Ary Bezerra Leite - História da Energia no Ceará.

Podiam ser apreciados nos bondes os mais chistosos “reclames” de remédios que, à época, eram tidos como os mais eficazes e causavam verdadeiro prodígio; assim observemos:

“Veja ilustre passageiro O belo tipo faceiro Que o senhor tem a seu lado E, no entanto, acredite Quase morreu de bronquite Salvou-o o Rum Creosotado”
“Que calor, que dia quente! Rim doente? Tome Urodonal E viva contente! Rá, rá, rá, rá!...”
“Pílulas de vida do doutor Rossi Faz bem ao fígado de todos nós! Rá, rá, rá, rá!...”
“Eu vou formar, eu vou formar Um batalhão de garotas bonitas Sempre sorrindo, sempre cantando P-A-L-M-O-L-I-V-E!”

Ainda as procissões de São Pedro - protetor dos navegantes - carregando em vulto no andor para junto dos pescadores percorrer de jangada, comemorando o dia que lhe é consagrado - 29 de junho - fazendo a travessia pelo oceano Atlântico, cujas águas se multicoloriam de verde, azul e cinza porque já são lustrais, era um belo espetáculo digno de ser visto.
Assim a Praia de Iracema das encantadoras noites de luar, em que as famílias apanhavam o bonde e para lá se dirigiam para apreciar o luar que à luz da lua e, somente ela, era testemunha das confidências amorosas dos casais inspirados no luar deixavam entoar aos ouvidos da amada, como forma de oração, transbordando do peito numa exaltação ao amor que comprimido até aquele momento, deixava transpirar numa prova de eterna confissão à deusa perfeita, que, quando levado a sério, transformava-se em feliz enlace matrimonial.
Para muitos passantes, simples galanteios propiciados e emanados pelo entusiasmo da beleza da lua que lá do alto, se pudesse falar, talvez dissesse: - O mar bramia contemplando a prateada lua que, melancólica, esperava as carícias das borbulhantes e agitadas ondas, que cresciam para o alto e se esparramavam na areia branca da Praia do Peixe, formando saliência e reentrância na areia, tornando festiva a noite prateada pela luz da lua.
Até o aljôfar que saltava das ondas do mar, beijava em gotas a face dos pares que passeando na praia se recreavam dos festivos momentos como se estivesse a galantear os passeadores daquelas noites que testemunhavam o luar de agosto...
O céu, essa abóboda celeste de um azul turquesino, incrustado de estrelas, que lá de cima cintilavam num acender e faiscar de luzes, na plenitude da fosforescência espraiava luminosidade nas águas do mar, beijando com branca espuma a areia por onde pisava Iracema; cruzando com os casais de namorados que só se apercebiam de sua presença quando confundiam-na com os delírios de amor e seus lábios de mel. Volta! Vem novamente festejar novos luares! Ou, matar quem vive de saudades, oh! filha de Araquém!

Zenilo Almada Advogado 



  Crédito: Artigo publicado no Diário do Nordeste - Fortaleza. Ceará - Domingo, 19 de janeiro de 2003


quinta-feira, 13 de maio de 2010

Avenida Beira-mar



Gravura, 1859, de Joaquim Carvalho

Vista da orla - 1927


1931 - Arquivo Nirez

Foto de 1937


Volta da Jurema - Postal de 1939


 10 de janeiro de 1939 - Raimundo Araripe, prefeito de Fortaleza, baixa decreto adendo ao Plano Diretor da Cidade, de construções.
Proibindo as construções, reconstruções, modificações, reformas de prédios ou quaisquer obras na faixa litorânea de Fortaleza, nas faces norte e nas faixas compreendidas entre elas e o oceano, das ruas e trechos: Rua dos Tabajaras, compreendido o seu prolongamento, a partir do Poço da Draga; Avenida Getúlio Vargas (hoje Avenida Beira-Mar) até a povoação do Mucuripe, inclusive; trecho da faixa oceânica, partindo do Poço da Draga, em direção ocidental, seguindo pelo perfilamento do Arraial Moura Brasil, que faz frente para o mar.
Quantas construções prejudiciais à Fortaleza existem hoje nos locais citados.

 22 de dezembro de 1945 - Em virtude do avanço do mar na Praia de Iracema e o plano de construção da Avenida Beira-Mar, a Prefeitura Municipal de Fortaleza proíbe as novas construções na orla marítima bem como reformas de prédios no mesmo trecho.



Estoril (Vila Morena) -1943 Arquivo Nirez

A Primeira Edificação da orla de Fortaleza...

A história da Vila Morena, (Estoril), primeira construção da orla de Fortaleza, começou em 1920, quando o pernambucano José de Magalhães Porto desafiou os conselhos de amigos, que alertavam que a praia era perigosa e suas ondas eram muito fortes, instalando ali a sua moradia e dedicando o nome dela, como era usual na época, à sua amada esposa Francisca Frota Porto, de apelido Morena. Foi o próprio José de Magalhães que ajudou o antigo Porto das Jangadas, que depois se chamaria Praia dos Peixes, a se chamar Praia de Iracema, bem como influenciou para que as ruas próximas à Vila tivessem seus nomes inspirados em tribos indígenas do Ceará.
A edificação da Vila foi feita em taipa, sem ajuda de engenheiros, e ali foram empregados materiais nobre, importados da Europa, como as vidraças das portas que vieram da França, as duas escadas caracol de ferro, fabricadas na Inglaterra e os vasos sanitários e louças oriundos da Alemanha. Durante a Segunda Guerra Mundial a família Porto saiu da Vila Morena, deslocando-se para uma outra casa ao lado e cedendo aquele espaço para o “United State Office”, que usou o local como clube de veraneio para seus soldados.



Praia do Náutico. Ao fundo, o Iracema Plaza Hotel... 
As casas de jangadeiro eram comuns na Beira-Mar - 1952

 19 de julho de 1952 - Inauguram-se as novas instalações do Náutico Atlético Cearense, nas Avenida da Abolição nº 2427, Avenida Desembargador Moreira e Avenida Beira-Mar, na Praia do Meireles, prédio com planta do arquiteto Emílio Hinko.



1959 - Os carros da época circulando no Mucuripe
(praia do Iate) ainda não asfaltado...Enciclopédia do IBGE


A construção da Avenida Beira-Mar 

A construção da Avenida Beira-Mar, iniciou-se em 1960, sendo inaugurada em 1963
 Arquivo O Povo 


 11 de agosto de 1962 - São iniciadas as obras de construção da Avenida Beira-Mar na administração Manuel Cordeiro Neto.
A Beira-mar de Fortaleza foi rasgada só em 1963, porém, ela sempre existiu antes dessa data.
As famosas e lendárias praias de Iracema e Mucuripe já despertavam o interesse dos fortalezenses antes de 1963:

"Em 26 de maio de 1964, o Diário Oficial do Município - Diom nº 3.019 traz a Lei nº 2.599 do dia 21, resultado do projeto de lei do vereador Antônio Bastos Sampaio, que denomina de Avenida Presidente Kennedy a Avenida Beira-Mar, que se encontrava em construção, mas que já tinha o nome de Avenida Getúlio VargasFoi uma péssima substituição. Felizmente não "pegou" e hoje é Avenida Beira-Mar." Nirez

Por isso que vamos ver como era essa região, que é considerada "Um símbolo da cidade", certamente a avenida mais importante do ponto de vista turístico da Capital da Terra da Luz.

A praia de Iracema surge, nos anos 1920, como uma novidade no contexto de Fortaleza: um balneário que passa a congregar os grupos mais ricos da cidade, introduzindo uma inédita forma de lazer dentro da cultura local.


Antes o local se chamava "Praia do Peixe", a praia da venda do peixe.
Ficou conhecida com esse nome até 1925.


Imagem rara aérea do porto em construção. Notar a Praia do futuro, à esquerda, sem nada... Arquivo Nirez


Anos 60


Beira-mar, meados dos anos 60 - Mucuripe ao fundo - Especial Manchete 25 anos


Postal Inauguração da Estátua de Iracema, em 1965 - Acervo Gilberto Simon


Postal raríssimo, da Praia dos Diários. Meados dos anos 60


Postal final dos anos 60 e os carros estacionados no Mucuripe

Anos 70

 10 de outubro de 1972 - Criação da Praça da Independência, na administração de Vicente Fialho. A praça fica na Avenida Presidente Kennedy (Beira-Mar), entre a Rua Júlio Ibiapina e a Rua José Napoleão, no Mucuripe, próximo à Volta da Jurema.

 13 de maio de 1973 - Inaugurado o primeiro hotel turístico de Fortaleza, o Hotel Beira-Mar do Grupo Ary, na Avenida Presidente Kennedy (Avenida Beira Mar) nº 3130. São 12 apartamentos, sete suítes e uma suíte presidencial. O projeto do prédio é de autoria do engenheiro Cláudio Ary. A casa terá na gerência o Sr. Virgílio Cruz

 12 de janeiro de 1979 - O prefeito Luís Gonzaga Nogueira Marques (Luís Marques) inaugura o trecho da Avenida Beira-Mar que vai do Imperial Palace Hotel até a Volta da Jurema: 

Urbanização da Beira-Mar

"O projeto de urbanização da Beira-mar compreende uma extensão de 4.500 m (quatro mil e quinhentos metros) de comprimento, na faixa de praia mais tradicional da cidade, em uma zona intensamente usada pelos banhistas. A sua construção está sendo feita em etapas. A primeira etapa foi concluída em janeiro de 1979 e uma segunda parte está em execução, com conclusão prevista para o final de abril próximo. Para explicarmos nosso trabalho precisaremos nos deter em certos fatos de grande significado para o mesmo pois a Beira-mar foi, antes de mais nada, uma coisa essencialmente experimental e artesanal fugindo, portanto, das convenções normais de elaboração e execução de um projeto.



Saudades desse calçadão! 
Foto Gentil Barreira

Não tínhamos levantamentos precisos da topografia e da vegetação, a não ser a aerotopografia de cidade, que foi transportada de 1:2000 para 1:200, a escala do projeto. A prefeitura não dispunha, naquela época, de condições para conseguir melhores dados. Tivemos, então, que percorrer algumas vezes o terreno da obra, no caso, a faixa correspondente à primeira etapa, para nos familiarizarmos com todos os aspectos do meio. Depois de várias caminhadas nos sentimos à vontade para iniciar o trabalho. Elaboramos, então, um traçado que nos permitisse toda a mobilidade possível pois sabíamos que, no decorrer da obra, alguma coisa teria de mudar. Desenhamos os contornos dos passeios de uma forma ondulada, sem rigidez. Quando a construção começou, instalamos uma prancheta no canteiro das obras e ali, a cada obstáculo, refizemos o que foi necessário, sem nenhum transtorno.



Foto Gentil Barreira

No caso do piso escolhemos o mosaico, que foi um material de largo uso no passado, tanto nos melhores salões quanto nas calçadas. É um piso relativamente barato tem alternativa da cor, boa resistência, fácil reposição e antiderrapante, sendo, por isto, o mais indicado para pisos de parques e praças. Porém, desde o advento da cerâmica, ele só tem sido usado em pequenas quantidades e em poucos casos. Mesmo assim o especificamos e algumas fábricas se reuniram para atender a solicitação. Um pedido daquele porte, segundo os fabricantes, só havia sido feito a uns 15 anos atrás e, mesmo assim, em menor quantidade. Hoje já não nos preocupamos com volume de mosaico, pois a coisa mudou depois da primeira solicitação. O mosaico “pegou” de novo e a cidade voltou a usá-lo em quantidade, recriando o mercado, conforme temos visto.



Pista de Skate - Foto Gentil Barreira

Durante o desenrolar da obra observamos que teria um bom efeito, um desenho que arrematasse as bordas do calçadão, pelo lado da rua. A solução surgiu, inspirada em uma retícula gráfica ampliada, usada em um trabalho de programação visual da própria prefeitura. Esta retícula formava um bordado, que lembrava uma varanda de rede. Foi um espécie de acaso anexado ao projeto. Só que, para anexarmos aquele acaso ao mosaico precisávamos de nove formas diferentes e não temos aqui pessoal especializado neste tipo de coisa. Alguém, que não nos ocorre no momento, sugeriu uma solução de improviso. E um artesão local, torcendo o ferro de uma forma rude, fez as tais formas que resolveram bem a questão.



Foto Gentil Barreira

Dentro da obra, também projetamos as peças de concreto que sustentam as tabelas de basquete, as fôrmas usadas na na sua execução e descobrimos que o meio-fio de concreto, usado deitado, era um excelente arremate de acabamento para os contornos dos calçadões permanecendo, até hoje, como solução para parque, praças etc. Porém, uma das coisas mais importantes que aconteceram foi, com o mesmo orçamento, estender o comprimento da obra em mais 330 m, invertendo o sentido do caimento dos passeios para o lado das praias. Isto economizou aterro e fundação, que permitiu uma extensão final de 830 m sem acrescentar nem um centavo aos custos. Esta medida também foi adotada na segunda etapa, da seguinte forma: estipulamos que o volume de aterro deveria se resumir à metade do que havia sido calculado, compensando a falta com a própria areia do local. No final de tudo certo e, com a diferença, construímos um anfiteatro à beira do mar, com capacidade para 1.500 pessoas.



Foto Gentil Barreira

Era mais ou menos isto o que tínhamos a dizer. Acrescentamos, somente, que, na execução da primeira etapa, ocorreram muito mais coisas. Foi um projeto muito comentado na época, pois se tratava da primeira intervenção deste gênero, e deste porte, na cidade. Isto levantou muitas dúvidas e provocou, inclusive, uma polêmica quase que diária em um jornal da cidade, que foi minguando à medida que os resultados foram aparecendo.



Construção do Anfiteatro - Foto Gentil Barreira

Construção do Anfiteatro - Foto Gentil Barreira

Não podíamos falar do trabalho sem tocar nestas coisas. Justificá-lo, entretanto, coube à população quando o aceitou inteiramente. São 1.380 metros de passeios com bancos, bares, quadras de esportes, jardins, gramados, anfiteatro etc. Elementos que, por si só, estimulam a comunidade a sair de casa. Mas foi, sobretudo, gratificante a relação do arquiteto com a obra. Ali nós conseguimos experimentar, criar, recriar e, mais ainda, amadurecer um pouco, profissionalmente, da única forma que consideramos válida – dentro da obra."



Otacílio Teixeira Lima Neto, o Bisão.
Crédito: Blog Bisão Arquiteto

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Texto extraído do Panorama da Arquitetura Cearense, edição especial dos Cadernos Brasileiros de Arquitetura, em seu volume 9, de Abril de 1982.
Fotografias: Gentil Barreira.


Uma das imagens mais marcantes da Déc. de 1970/71: Beira-mar crescendo...
Dunas ao fundo. Um verde hoje ocupado por edifícios.


Vista do Mucuripe. Detalhe: o prédio azul foi um dos primeiros 
(senão o primeiro da Avenida após rasgada)


Postal início da década de 70. Construção do antigo Othon Palace Hotel, hoje Oásis Hotel.


Década de 70


Postal primeira metade da déc. de 70


Postal datado de 1974. Um opala azul na tranquila beira-mar...


Postal datado de 1976


Postal raro. Data: Segunda metade dos anos 70, talvez 1977, final da construção do Esplanada Praia na orla. Em primeiro plano, o Iracema Plaza Hotel, de 1951


Postal da segunda metade dos anos 70. Detalhe: o primeiro hotel cinco estrelas, Esplanada Praia Hotel, inaugurado em meados de 1978


Postal 1977-1978. O prédio mais alto é o Hotel Esplanada

Anos 80


Postal, metade da déc. de 80. Detalhe: construção do ed. Solar da Volta da Jurema


Postal segunda metade dos anos 80 - Acervo Gilberto Simon




Postal segunda metade dos anos 80


Vista da orla em 1982

 22 de abril de 1984 - Fecha as portas, definitivamente, o Restaurante Lido, bar e hotel, na Praia de Iracema, com endereço de Avenida Getúlio Vargas (Beira-Mar) nº 801.

 28 de janeiro de 1986 - O operário Francisco Pereira Ávila morreu quando as cordas que seguravam o andaime em que trabalhava, no 11º andar de um edifício em construção na Avenida Beira-Mar, romperam. Ele caiu e outros dois companheiros que estavam com ele ficaram pendurados por meia hora, sendo salvos por outros trabalhadores. 


Postal datado de 1986/1987 - Acervo Gilberto Simon

Anos 90
Vista do avião - Anos 90




Postal datado de 1991/1992. 
Construção do edifício mais alto de Fortaleza: Beira-mar Trade Center, 108 metros

 29 de junho de 1992 - Dia do pescador, inaugura-se, em terreno vizinho à Igreja de São Pedro, na Avenida Beira-Mar, no Mucuripe, o Monumento do Pescador, trabalho do escultor Kazane, iniciativa da Secretaria de Cultura e Desportos - Secult, na administração do governador Ciro Ferreira Gomes (Ciro Gomes) e do secretário de cultura Augusto Pontes.

Foto de 21 de março de 2007

 09 de agosto de 1992 - Inaugura-se, às 10h, no final da Avenida Beira-Mar, no largo em frente às bancas de venda de peixes e mariscos, o Monumento ao Jangadeiro, de 5m de altura, representando três velas de jangadas, vazadas, confeccionadas em aço especial anti-corrosivo, projetada pelo artista plástico Sérvulo Esmeraldo.
O monumento fora criado pela Lei nº 6.942, de 12/07/1991, de autoria do vereador Eliomar Braga.
Estiveram presentes à solenidade além do prefeito Juraci Vieira Magalhães (Juraci Magalhães), a primeira dama do Município, Zenaide Magalhães, o comandante Carlos Barbosa Faillace, da Capitania dos Portos, o presidente da Colônia dos Pescadores, José Maia e o artista autor do trabalho, Sérvulo Esmeraldo.



Postal circulado em 1993


Vista de Beira-mar 1995


Vista da beira-mar, um dos edifícios mais belos do país: Solar da Volta da Jurema


Postal datado de 1996


Beira-mar 1996

Foto de 1996 do livro Fortaleza 27 graus


Vista segunda metade dos anos 90 Crédito: Hotel Seara

 08 de janeiro de 1999 - Liminar expedida pelo juiz Francisco das Chagas Barreto Alves, garante a realização, mesmo fora da lei federal, do Código de Posturas (Lei nº 5.530) e da recente lei municipal (nº 8.219), o pré-carnaval na Avenida Beira-Mar

 28 de julho de 1999 - Inicia-se na Avenida Beira-Mar, mais uma vez, o Fortal.

 25 de outubro de 1999 - Fortaleza é atacada por fortes ressacas marinhas que causa sérios problemas urbanos como a invasão das avenidas litorâneas pela areia da praia, principalmente na Avenida Beira-Mar e Avenida Historiador Raimundo Girão e o desmoronamento de morros e desabamento de casas na Praia do Arpoador.

 30 de dezembro de 1999 - Morre, aos 30 minutos, com a idade de 83 anos, o desenhista-projetista José Ribamar Onofre vítima de insuficiência e infecção respiratórias. Foi o projetista da Avenida Beira-Mar, na administração Manuel Cordeiro Neto. Nascera em Princesa, PB, a 22/03/1916.


Anos 2000


Praia do Mucuripe - Alex Uchoa


Postal vista da Beira-mar tirada de um avião - anos 2000


Estátua de Iracema no Mucuripe



A única casa que existe na Avenida Beira-Mar de Fortaleza. Apareceu na novela: Meu Bem Querer, da Globo, era a casa do personagem de Murilo Benício 
(Foto: L.C. Moreira)

Calçadão da Av. Beira-mar



Fonte: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Nirez, Otacílio Teixeira Lima Neto, o Bisão e Fortal

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: