Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Ônibus
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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sábado, 10 de maio de 2014

Praça José de Alencar - Destino aos bairros da capital


Anos 60

Apesar do belo Teatro José de Alencar situado ali, o local não recebia uma conservação e limpeza ideal, talvez pelo intenso tráfego de veículos e pessoas vindas dos quatro cantos da cidade. Estrategicamente localizada, a Praça se transformou já na década de 1960, num dos pontos mais congestionados da cidade.


Durante muitos anos, a Praça José de Alencar, foi o principal ponto de partida de várias linhas de ônibus que tinham como destino os bairros da capital. Como a maioria das linhas tinham como trajeto o centro, várias delas foram sendo posicionadas na Praça, transformando-a num dos primeiros grandes terminais de ônibus de Fortaleza.

Com o difícil transito nos arredores, começava a transferência de paradas para outros locais do centro, como a Praça da Estação , por exemplo. Na segunda metade da década de 1960, já se falava em planos para a retirada dos ônibus da Praça José de Alencar

Em 1971, o então prefeito José Walter Cavalcante entregou a reforma da Praça Castro Carreira, conhecida como Praça da Estação, sendo adaptada para servir como terminal de transportes coletivos. Para lá, foram transferidas 14 linhas da Praça José de Alencar, juntando-se aos ônibus de linhas intermunicipais.


Na gestão do prefeito Evandro Ayres de Moura, em 1975, decidiu-se por uma reforma radical na Praça José de Alencar, com isto, deixaria de funcionar como terminal de ônibus. Os coletivos passariam a ser do tipo circular, com paradas rápidas de dois em dois quarteirões no perímetro central. Os terminais de ônibus sairiam da Praça José de Alencar para as avenidas Tristão Gonçalves e Imperador, entretanto, não foi isso que aconteceu a curto prazo.


Ainda em 1975, uma pesquisa realizada pelo Departamento Estadual de Trânsito, revelou que mais de 300 ônibus penetravam por hora na Praça José de Alencar, trazendo a necessidade de modificações de trafego no local, como a possibilidade de inverter mão em algumas ruas. A Praça José de Alencar tornou-se o maior terminal de passageiros urbanos da capital cearense, porém, em péssimas condições, pois os abrigos encontravam-se caindo aos pedaços, colocando em risco os passageiros que ali aguardavam seus ônibus. A sujeira também era outro agravante que fazia da Praça um feio cartão de visita para a cidade.

Um plano de transformação para desafogar o trânsito de veículos no centro começou com a reforma da Praça da Estação em 1978. Para lá, seriam transferidas todas as linhas do chamado Canal 2, aqueles coletivos que circulavam sobre a Bezerra de Menezes com destino ao centro, assim como as linhas do Canal 1, compreendendo os ônibus que demandavam da Barra do Ceará e da Avenida Francisco Sá. Totalmente reformada e adaptada para terminal de ônibus, a Praça da Estação foi entregue em 1979, organizando melhor o trânsito de coletivos na Praça José de Alencar.



Como ficou a distribuição das linhas

Com a entrega da Praça da Estação, foram transferidas da Praça José de Alencar as seguintes linhas: Bezerra de Menezes, Conrado Cabral, João Arruda, Jardim Iracema, Vila Santo Antonio, Nossa Senhora das Graças, Jacarecanga, Francisco Sá, Álvaro Weyne, Beira Rio, Cristo Redentor, Colônia, Monte Castelo, Santa Maria, Retorno, Bairro Ellery, Antônio Bezerra, Autran Nunes, Parque Araxá, Amadeu Furtado, Presidente Kennedy, Barra do Ceará (221), Jardim Guanabara, Conjunto Polar, Quintino Cunha, Padre Andrade, Barra do Ceará (222) e Conjunto Nova Assunção.

Agora seria a vez da tão esperada reforma da Praça José de Alencar. Com o início das obras, os ônibus foram transferidos provisoriamente para a Av. Tristão Gonçalves e Praça do Carmo. Com as modificações, somente os ônibus passariam a circular no perímetro da Praça através de um novo sistema de circulação do terminal. 

A praça após a reforma de 1979

Os novos abrigos de estrutura metálica instalados para abrigar cerca de 50 linhas de ônibus ficaram posicionados apenas nos lados das ruas 24 de maio e Guilherme Rocha.

A reforma do terminal da Praça José de Alencar foi concluída em dezembro de 1979, agora recebendo um total de 54 linhas: 

  •  Aguanambi 01 e 02
  •  Av. 13 de Maio
  • Castelão - via Parangaba
  • Santa Tereza
  • Parque Dois Irmãos – Expedicionários;
  • Montese
  • Vila Sarita;
  • Av. Expedicionários – Perimetral;
  • Prefeito José Walter – Expedicionários;
  • Prefeito José Walter – Castelão;
  • Prefeito José Walter – DNER;
  • Prefeito José Walter – J;
  • Prefeito José Walter – L;
  • Mondubim – Siqueira;
  • Mondubim – Maraponga;
  • Messejana – Itaperi;
  • Jardim Cearense;
  • Itaoca – Expedicionários;
  • Itaoca;
  • Couto Fernandes;
  • Av. Gen. Osório de Paiva;
  • Vila Manuel Sátiro;
  • Parque São José;
  • Parque Santa rosa;
  • Av. Expedicionários – Perimetral;
  • Bela Vista;
  • São Raimundo;
  • Rodolfo Teófilo - José Bastos;
  • Rodolfo Teófilo - B. Menezes;
  • Parangaba;
  • Av. José Bastos;
  • São Francisco;
  • Bairro João XXIII;
  • Lineu Machado;
  • Henrique Jorge;
  • Cel. Francisco Nunes;
  • Demócrito Rocha;
  • Pan Americano;
  • Jardim América - via Prado;
  • Prado - via Jardim América;
  • Vila União;
  • Aeroporto - via Benfica;
  • Jovita Feitosa;
  • Parque São Vicente;
  • Canindezinho – Jatobá;
  • Clube de Regatas - V. Betânia;
  • Bom Jardim;
  • Parque Santa Cecília;
  • Parque Santo Amaro;
  • Granja Portugal;
  • Bom Sucesso;
  • Conj. Ceará - 1ª  Etapa;
  • Conj. Ceará - 2ª  Etapa;
  • Conj. Ceará - 3ª Etapa.

A Praça em 1981

Com as modificações, a sensação foi que a Praça José de Alencar ficou ilhada, não para os ônibus que tinham ali como ponto de retorno, mas para os automóveis particulares, pois perdiam mais uma via de acesso para acessar a região central da cidade. Assim permaneceu até 1987, quando foi decidido pela extinção daquele terminal.

A desmontagem iniciou em novembro daquele ano, as 52 linhas de ônibus que paravam ali, seriam agora distribuídas por pontos estratégicos ao longo do centro. O intuito do projeto era o reaproveitamento da Praça José de Alencar para ser um espaço tipicamente cultural e de lazer para a cidade. Com os trabalhos de recuperação, foram abertos trechos das ruas General Sampaio, São Paulo e 24 de Maio, proporcionando condições adequadas para o trânsito dos veículos na área.


Último ano de funcionamento do terminal de ônibus na Praça José de Alencar

Relação das linhas após a extinção do terminal 

Com a extinção do terminal, os trabalhos se dirigiram para a recuperação de uma das praças mais antigas de Fortaleza, sob administração da prefeita Maria Luíza Fontenele. Foram plantadas mudas de árvores no lugar dos pontos onde anteriormente se mantinham as paradas de ônibus, além de obras de limpeza e desobstrução da canalização de esgotos nas ruas adjacentes, diminuindo a proliferação de lama e dejetos na área que, durante alguns anos, acumulavam-se naquele trecho.

Um reordenamento definitivo entrou em vigor apenas em 1988, quando o Detran e a Prefeitura demoraram a encontrar um acordo comum para a elaboração de uma proposta técnica para circulação e parada de ônibus urbanos na área central. As mudanças não resolveram os problemas de mobilidade no centro de Fortaleza, mas improvisou as ruas comerciais do centro com paradas distribuídas nas próprias calçadas.


Sistema de paradas do centro criado em 1988 (Arte: Fortalbus)

Com a criação do Sistema Integrado em 1992, a concentração das linhas no Centro que era em torno de 95%, passaram a ser distribuídas por outras regiões da cidade, diminuindo o número de linhas que seguiam para a região central.
Como bem conhecemos hoje, essas linhas, chamadas alimentadoras, deixam o passageiro no terminal integrado que de lá seguem ao centro sem a necessidade de pagar uma outra tarifa, sistema que se aplica para todas as regiões da cidade. Atualmente, essa integração se expande para fora dos limites físicos dos terminais, através do bilhete único que permite múltiplos embarques no período de 2 horas.

Av. da Universidade, um dos principais corredores de acesso ao centro - Década de 1990

Sete terminais integrados foram criados por vários bairros de Fortaleza, equipamentos com estrutura planejada e bem diferente daquele primeiro grande terminal da cidade localizado nos arredores da Praça José de Alencar, um ponto que serviu durante décadas como o principal local de embarque e desembarque dos fortalezenses que tinham como destino a principal região comercial da capital cearense.



Crédito: Fortalbus


segunda-feira, 15 de abril de 2013

Oscar Pedreira - O homem que implantou a primeira linha de ônibus em Fortaleza



Na foto, vemos Sr. Oscar Pedreira, a esposa e as sobrinhas. O bairro Jacarecanga concentrava o maior número de palacetes e mansões de Fortaleza. Com 3 pisos, o casarão do empresário Oscar Pedreira era uma das mais bonitas residências da área. 
Arquivo Marciano Lopes

Oscar Jataí Pedreira, filho de tradicional família cearense, foi o pioneiro do transporte de massa em Fortaleza. Dirigiu a sua empresa de ônibus durante 30 anos, até o final da década de 50. Filho de Luis da Silva Pedreira e de Francisca Jataí Pedreira nasceu em Fortaleza a 18 de julho de 1896, contando portanto, mais de 81 anos de idade. Casado com Dona Francisquinha Holanda Pedreira. Não houve filhos na união que, no entanto, foi das mais felizes. Dos 7 irmãos, apenas um, Artur*, o mais novo está vivo. Os demais também faleceram: Alzira, Amélia, Afonso, Alice, Luiz e Angélica. Esteve sempre presente à educação de seus inúmeros sobrinhos, caracterizando-se não apenas como correto e honesto empresário, mas ainda como chefe de família exemplar. 

Casa de Oscar Pedreira hoje

Uma das construções mais imponentes do Jacarecanga, o Bangalô de Oscar Pedreira, aguarda proteção urgente - Arquivo Diário do Nordeste

O Bangalô é uma das mais imponentes construções do bairro Jacarecanga. Está entre os espaços que possuem processo de tombo em aberto. Localizado na Avenida Filomeno Gomes, ainda abriga uma família. Marcado pela má conservação, o lugar vai se mantendo como pode. Mesmo com as paredes descascadas e janelas quebradas, o bangalô é um dos símbolos de que a história de Fortaleza está ali, ao lado do ponto de ônibus e do carrinho que vende sanduíches na calçada do casarão.


Morreu Oscar Pedreira: Foi ele o pioneiro do nosso transporte de massa

Matéria publicada no Jornal O Povo pág. 03 de 14 de dezembro de 1977


"Faleceu Oscar Pedreira (Oscar Jataí Pedreira), aos 81 anos de idade. Várias gerações, principalmente de estudantes do velho Liceu do Ceará, conheceram aquele que implantou a primeira linha de ônibus em Fortaleza, ao tempo em que a cidade contava apenas com os bondinhos da Ceará Light. Inicialmente, Pedreira, como era mais conhecido, organizou a Linha de Jacarecanga, ampliando em seguida a sua empresa coma criação de uma segunda, a do bairro de Carlito Pamplona. Começando a vida como motorista, Oscar Pedreira jamais deixou que a sua empresa servisse mal aos passageiros. Dinâmico e irrequieto, assumia ele mesmo o posto de chofer, quando um profissional faltava. O que não admitia era que a população de Jacarecanga e Carlito Pamplona ficasse prejudicada.

A Empresa Pedreira Ltda, primava pelo asseio e organização enquanto seu proprietário se popularizou pela presença constante na Praça do Ferreira, paradas intermediárias e finais de linhas, para a fiscalização do serviço que estava prestando a ponderável parcela do povo fortalezense.

Parada de ônibus próximo a Praça do Ferreira - Arquivo Nirez

Praça do Ferreira nos anos 40 com circulação de bonde, ônibus e táxis

Sepultamento 


O sepultamento de Oscar Pedreira será às 8 horas de hoje no Cemitério de São João Batista, saindo o féretro de sua residência, à avenida Francisco Sá, 1849.



Essa bela casa ficava na Avenida Francisco Sá, não sei a numeração. Seria essa, a última residência em que morou, Oscar Pedreira?

Com o seu falecimento coloca-se um ponto final, também, num dos capítulos da história."

Em 18 de julho de 1979, inaugura-se, em Fortaleza, a Rua Oscar Pedreira, no Jacarecanga, antiga Travessa Quixeramobim, projeto do vereador Luís Ângelo, homenagem a Oscar Jataí Pedreira (Oscar Pedreira), um dos pioneiros no transporte coletivo em ônibus em nossa terra.



Rua Oscar Pedreira. Encravada na Avenida Francisco Sá, entre a Av. Filomeno Gomes e a rua Antônio Bandeira. Foto de 2011

Oscar Pedreira era fortalezense, nascido em 1896.

Morreu aos 81 anos de idade, em sua casa, na Avenida Francisco Sá nº 1849 em 13 de dezembro de 1977, sendo sepultado no dia seguinte no Cemitério São João Batista.


Empresa Ribeiro & Pedreira




Ônibus com carroceria de madeira da década de 30/40

A empresa iniciou suas atividade em 1927, mas só foi registrada na Junta Comercial em
22/05/1928. Os ônibus tinham carroceria de madeira construídos sobre chassi de caminhão.
Os doze ônibus que pertenceram a Empresa Ribeiro & Pedreira, dez eram da marca
"Chevrolet" e dois eram da marca "Dodge". Esta empresa foi a primeira a operar uma linha
de ônibus em Fortaleza, ao tempo em que a cidade contava apenas com os bondes da Ceará
Light
. Após a firma ser extinta Oscar Pedreira ficou com os doze ônibus sob seu  poder,
registrando outra Empresa - Pedreira & Cia.

Funcionou de 1927 a 1929

Proprietários / Sócios
Humberto Ribeiro

Oscar Pedreira

Linhas Urbanas:

Escola Aprendizes Marinheiros (Fortaleza)
Outeiro, atual Aldeota / Centro (Fortaleza)
Parangaba
Via Férrea (Fortaleza)


Metropolitanas:
Fortaleza / Maranguape
Frota

1927 - 02 ônibus
1929 - 12 ônibus




Empresa Pedreira 

Primeira Empresa a adquirir chassis para ônibus (1941) e empregar moças como cobradora (1946). Em 2002, Oscar Jataí Pedreira foi homenageado com a medalha CEPIMAR de Transporte de Passageiros, na Categoria “Post Mortem”, outorgada pela Federação das Empresas de Transportes Rodoviários dos Estados do Ceará, Piauí e Maranhão 

A empresa começou a funcionar em 1929 e deixou de funcionar no final da década de 70.

Proprietários / Sócios
João de Carvalho Góes
Oscar Pedreira
Linhas Urbanas:
 
Brasil Oiticica / Centro (Fortaleza)
Carlito Pamplona / Centro (Fortaleza)
Jacarecanga / Centro (Fortaleza)
Vila São José / Centro (Fortaleza)


Frota

auto-ônibus


Foto da década de 50. Abrigo Central na Praça do Ferreira

Fatos Históricos



  • 1928 - Surgem os ônibus de propriedade de Oscar Pedreira, que apesar de bem recebidos pela população, são mal recebidos pela Light que abre processo acusando a nova empresa de usar seus trilhos.


  • 13/dezembro/1977 - Morre, aos 81 anos de idade, em sua casa, na Avenida Francisco Sá nº 1849, em Fortaleza, Oscar Jataí Pedreira (Oscar Pedreira), um dos pioneiros no transporte coletivo em ônibus em nossa terra. Era fortalezense nascido em 18/07/1896. Foi sepultado no dia seguinte no Cemitério São João Batista. Hoje existe uma rua no Jacarecanga com seu nome.


  • 18/julho/1979 - Inaugura-se, em Fortaleza, a Rua Oscar Pedreira, no Jacarecanga, antiga Travessa Quixeramobim, projeto do vereador Luís Ângelo, homenagem ao pioneiro dos empresários de ônibus.


Primeira residência de Oscar Pedreira no cruzamento da Avenida Filomeno Gomes com Monsenhor Dantas, ainda existe, mas se encontra em péssimo estado de conservação:







* Isso em 1977, data da reportagem do Jornal O Povo

Leia também a Parte II


Fontes: Cepimar, Diário do Nordeste, 
Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: