Foi presidente do Ceará pelo PRC (Partido Republicano Conservador)
Antônio Pinto Nogueira Accioly nasceu em Icó (Ce) no dia 11 de Outubro de 1840.
Durante a República Velha, foi um dos mais influentes político do Ceará. Foi também maçom pertencente a loja Fraternidade Cearense.
Nogueira Accioly nasceu em um sobrado na Rua Grande, em Icó, atual Av. Ilídio Sampaio nº 2131, onde hoje funciona o Paço Municipal, batizado de "Palácio da Alforria"
Filho do casal de primos José Pinto Nogueira, natural de Silvares (concelho de Lousada, Portugal) e Antônia Pinto (o sobrenome
Accioli
era de sua avó materna), era casado com Maria Teresa de Sousa Brasil, filha de Tomás Pompeu de Sousa Brasil, o Senador Pompeu, que era um sacerdote católico, e de sua common-law wife, esposa consuetudinária, Felismina Maria Filgueiras.
D. Felismina Filgueiras, matriarca da família Souza Brasil, e sogra de Nogueira Accioly.
Os pais, aparentados em Portugal, eram proprietários rurais em Icó (Ceará). O avô materno era português, José Pinto Coelho, natural de Silvares como o genro; fora o terceiro marido de Josefa Rosa Leonarda Accioly, batizada em Icó em 1758. Era Rosa Leonarda filha do cel. João Bento da Silva e Oliveira e de Jacinta Alexandrina de Moura Accioly, e por esta Jacinta, neta de Rosa Maria Pereira de Moura (filha de Filipe de Moura Achioli, alcaide-mor de Olinda e da prima D. Margarida Achioli) e de seu primo, o madeirense Jacinto de Freitas Achioli de Albuquerque.
Formou-se em direito pelo curso jurídico do Recife, em 1864, quando acrescentou o Accioly da avó materna a seu nome.
Nogueira Accioly - preferia escrever o nome com y - deveu ao sogro, o senador Pompeu, sua ascensão política. Sucede, ao fim do império, ao sogro na cadeira senatória, mas não chega a tomar posse devido à proclamação da república.
Sua grande oportunidade política se deu quando Bezerril Fontenelle assumiu o governo no quadriênio de 1892 a 1896, pois passou a ser vice-presidente do estado. Quando da sucessão de Bezerril Fontenele, este indicou Accioli para substituí-lo. Bezerril havia ganhado algum prestígio durante o seu governo, sendo Accioly eleito presidente do Ceará no quadriênio de 1896 a 1900.
Primeiro governo Accioly
Frustrando todas as expectativas do povo cearense, Accioly utiliza-se do poder para desenvolver a sua oligarquia. Tinha todo o apoio do governo federal e estadual, para os quais era considerado um homem honrado e íntegro. Assim manipulou a política de forma que favorecesse familiares e correligionários. Accioly não deu prioridade a setores responsáveis pelo desenvolvimento do estado. Preferiu voltar-se para a construção de obras onde pudesse tirar vantagem pessoal. Como exemplo podemos citar a construção de cinco pontes sobre o rio Pacotí, encomendadas à França através da Casa Boris Fréres. O dinheiro das pontes apareceu nas contas do Estado, mas as pontes nunca foram construídas. Não podemos esquecer de dizer que Boris era correligionário de Accioly.
Durante a seca que assolou o estado em 1898 e 1900 a oligarquia acciolina fez vistas grossas ao sofrimento sertanejo. Além da fome, ocorreu no estado uma epidemia de varíola. Rodolfo Teófilo, opositor de Accioli, fabricava vacina contra a varíola, saia conscientizando o povo e aplicando-a em quem permitisse. O grupo acciolino perseguiu a Teófilo, alegando que ele assim agia para desmoralizar o governo.
Terminando o seu quadriênio, Accioly foi substituído por Dr. Pedro Borges que a princípio quis voltar-se contra seu antecessor, mas acabou fazendo um acordo com ele. Acordo este que beneficiou a ambos. Borges governou o Ceará até 1904, com grande influência de Accioly. Durante o governo de Borges foi criada a Academia Livre de Direito do Ceará, feita com um único propósito: beneficiar os filhos de Accioly.
Segundo governo Accioly
A oposição e o povo de Fortaleza continuou a sua luta contra o domínio acciolino. Mas ainda não foi dessa vez. Em 1908 Accioly é eleito novamente presidente do Ceará, do ano de 1908 a 1912 quando foi deposto. Muitos movimento surgiram para derrubar Accioly do poder. O mais importante deles foi a Passeata das Crianças. Liderada por mulheres cearenses, cerca de seiscentas crianças, todas vestidas de branco, com laços verdes-amarelos e ostentando no pescoço um medalhão do coronel Marcos Franco Rabelo, desfilaram pelas ruas de Fortaleza, cantando e sendo olhadas por, mais ou menos, oito mil pessoas.
Postal de 24 de Janeiro de 1912, mostrando os estragos que derrubou Nogueira Acióli
O Babaquara, como era conhecido Accioly, enviou a polícia para combater o movimento. Esta agiu com rigor, tendo ocasionado a morte de várias pessoas. A reação de Accioly causou revolta no povo fortalezense que armou-se com o que pôde para tirar o Babaquara do poder. Accioly resolveu então renunciar. O responsável pelas negociações foi coronel José Faustino. A oposição aceitou a renúncia de Accioly desde que se cumprissem algumas condições, como:
- Accioly jamais seria candidato ao governo do Ceará
- Se comprometeria a não aceitar qualquer ajuda do Governo Federal para recolocá-lo no governo do estado
- Deixaria de imediato o Palácio da Luz e se abrigaria no Quartel da Inspetoria do Ceará aguardando o primeiro navio que o levasse junto com a família para o Sul
- Deixaria dois reféns : José Accioly e Glauco Cardoso, tutelados, mas com livre trânsito.
Barricadas contra Accioly - 1912
Exílio, morte do filho e morte de Nogueira Accioly
Deposto, é embarcado com a família, às pressas, para o Rio, num navio de cabotagem. Numa das escalas, bandidos (um de nome Clementino), pagos por grupos de seus opositores, invadem o navio, e matam seu filho Acciolito, Antônio Pinto Nogueira Accioly Filho. Ainda assim, Nogueira Accioly chega ao Rio, onde viveu até a morte, em 14 de abril de 1921 aos 80 anos de idade.
José Pompeu Pinto Accioly (Que ficou como refém), foi Senador da República pelo Ceará. Outro filho foi o embaixador Hildebrando Accioly. A esta dinastia familiar unia-se através de casamento o político udenista Juracy Magalhães, e, por sua primeira mulher a senadora Patrícia Saboya, o político cearense Ciro Gomes.
Embarque do presidente Antônio Pinto Nogueira Accioly (de cartola) quando de sua deposição.
A Revolta popular
Em Janeiro de 1912 as ruas e praças de Fortaleza se transformaram em campos de batalha. Na maior revolta urbana que o Ceará já conheceu, a população depõe o grupo político que dominou o Estado durante 20 anos, de 1892 a 1912. Comandado por Antonio Pinto Nogueira Accioly, o grupo teve como um dos principais representantes em Fortaleza o Intendente Guilherme Rocha, que ficou duas décadas no poder (de 12/07/1892 a 03/02/1912).
1912
Chefe político desde o final da monarquia, quando chegou a ser deputado, senador e vice-presidente da Província, Nogueira Accioly reorganizou seu grupo tão logo foi proclamada a República. Fundou o Partido Republicano Federal em 1890. A partir daí passou a comandar uma máquina política que ia da Assembléia, passava pela Câmara dos Deputados (onde elegeu toda bancada) até à maioria dos chefes políticos do interior, os chamados coronéis.
Essa situação favorecia práticas de nepotismo, fraudes, corrupção e atos de violência contra os adversários. A situação de violência extrema chegou ao ápice quando a oposição lançou Franco Rabelo para a disputa do governo do Estado. Diante da ampla aceitação do opositor na cidade, os partidários de Accioly passaram a usar da violência e intimidação.
1912 - Passeata em prol da candidatura de Franco Rabelo à presidência do Estado
O clima político, tenso, agravou-se com três passeatas pró-Rabelo reunindo milhares de pessoas. Nas duas primeiras a polícia interveio atirando, provocando correrias, atropelos e deixando pessoas feridas. Mas foi na terceira, uma passeata reunindo mais de 600 crianças, no dia 21 de janeiro de 1912, que o inesperado aconteceu: A cavalaria investiu sobre a marcha, atropelando e pisoteando quem encontrasse pela frente.
A partir desse fato começou o enfrentamento armado entre civis e policiais. A revolta teve início no dia 21 e só terminou no dia 24 com a deposição do oligarca.
Franco Rabelo, o candidato do povo!
Convocação de 06 de maio de 1912.
Durante a revolta popular, Fortaleza se transformou em palco de guerra, com tiroteios, emboscadas, trincheiras e barricadas. A população enfurecida ocupou vários pontos da cidade, inclusive o Palácio do Governo, onde estava Accioly; promoveu saques e depredações, destruiu postes de iluminação, saqueou lojas, virou bondes e destruiu a fábrica de tecidos de Tomás Pompeu. Entre os alvos da depredação, a Praça Marquês de Herval, atual Praça José de Alencar e a Avenida Nogueira Accioly, instalada no seu interior.
Praça Marquês de Herval - A Praça foi completamente destruída durante a revolta popular de 1912. Na Praça tinha o Jardim Nogueira Acióli, inaugurado em 1903, na administração do intendente Guilherme Rocha. No dia 24 de janeiro de 1912 houve uma revolta e a consequente derrubada do governo Acióli e o povo rebatizou o jardim como Franco Rabelo.
As eleições vieram logo após a revolta, com a vitória do candidato da oposição Franco Rabelo, que não governaria mais do que 2 anos. Em 1914, da região do Cariri veio um exército de sertanejos, comandados por partidários de Accioly e abençoados pelo Padre Cícero, para depor pela força das armas, o novo governo. Novamente a população se preparou para o enfrentamento que acabou não acontecendo, face a intervenção do Governo Federal que substituiu Rabelo pelo Interventor Setembrino de Carvalho.
Telegrama de Franco Rabelo em 1912
Cartão-postal comemorativo da chegada de Franco Rabelo
Fonte: Wikipédia, Revista Fortaleza de Sebastião Rogério Ponte,
Blog Icó Nacional, Biblioteca Nacional, Fco Antº Doria e Pesquisas na internet