Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

sábado, 25 de setembro de 2010

Retratos do passado II


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 Centro Literário - Segunda sede

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 Colégio Imaculada Conceição e Igreja do Pequeno Grande
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 Instalações da Brasil Oiticica S.A.
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 Jangadas na Praia do Mucuripe
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 Jangadeiros na bela Praia do Mucuripe

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 Liceu do Ceará, em fotografia do final do século XIX ainda
na Praça dos Voluntários  ( Esse prédio foi demolido,  hoje no local, encontra-se o prédio da Polícia Civil.) 

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 Aquele prédio branquinho lá da ponta, é o Lord Hotel. Detalhe para os carros de época
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Olha que tranquilidade a praia do Mucuripe...

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 As dunas do Mucuripe, que hoje não existe mais, não com essa beleza de outrora...¬¬
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 Navio Cargueiro no porto do Mucuripe
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 No séc XX o quartel da policia funcionava neste prédio que foi demolido em 1973 e hoje é ocupado pelo jardim do Teatro José de Alencar
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 Otávio Bonfim - Igreja N.Senhora das Dores ao lado o Posto Carneiro & Gentil
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Padaria Americana - De propriedade de Josué Teixeira de Abreu, que se situava na Rua Joaquim Magalhães, 2293. A foto mostra também os benjamins na calçada e duas de suas caminhonetas General Motors Company (GMC). Fonte: “O Benfica de Ontem e de Hoje” de Francisco de Andrade Barroso/ Foto - Arquivo Nirez) - Colaboração – Marcos Almeida
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Essa foto me faz relaxar, aliás, amo ficar horas vendo como era o Mucuripe de antigamente... Moro pertinho dessa praia, então tenho um carinho todo especial por ela!
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Pescadores na Praia do Clube Náutico
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 Essa é uma rara e antiga foto do Porto antigo de Fortaleza, vendo-se o velho farol do Mucuripe.
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Antiga Praça Fernandes Vieira - Hoje Praça Gustavo Barroso também conhecida como Praça do Liceu - Jacarecanga
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Prédio onde funcionavam as Faculdade de Farmácia e Odontologia, situado na rua Barão do Rio Branco. Foto do blog Literatura Real
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 Residência da família Leite Barbosa (Casa do Barão de Camocim) ao lado da Faculdade de Direito
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Rua senador Alencar, esquina com Barão do Rio Branco. Ano 1920. Aí funcionava a firma T. de Castro. Publicado na Almanaque do Ceará, de 1920. Foto do blog Literatura Real
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 Igreja da Sé em construção
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 Unifor em 1971-Ano da sua fundação
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 Vista da praia do Meireles e as casas de jangadeiros que existiam
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Vista da Beira-mar 1950- Dunas do mucuripe (hoje é o Serviluz) e a orla do Meireles sem prédios
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A linda Praça do Ferreira - Coração de Fortaleza




Crédito: IBGE e pesquisas diversas

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Dragão do Mar - Um verdadeiro herói



Num país com muitos heróis de araque, o cearense Francisco José do Nascimento, o Chico da Matilde, é exemplo de homem simples que fez sua vida valer a pena, deixando um legado de força e coragem que merece ser lembrado e seguido.


Todo mundo já ouviu falar na “seca do 15”. Há até quem use a expressão para caracterizar o estado físico de uma pessoa esguia, mirrada, seca mesmo. A falta de chuva que castigou o Ceará nesse ano (1915) foi de fato muito “braba”, como se diz por aqui. Tanto que serviu de pano de fundo para o romance mais conhecido da escritora cearense Raquel de Queiroz: O Quinze. No entanto, o torrão cearense se deve a outros períodos de escassez tão drásticos como o de “15”.

Refiro-me à seca de 1877 a 1879. Na época, mais de um em cada quatro cearenses morreram vitimados pela sede, fome, varíola e cólera. Não havia casa sem luto. Alguns registros dão conta de que no ano de 1878 foram sepultadas nos cemitérios
São João Batista e Lagoa Funda mais de 56.000 pessoas, isso numa população de 124.000 habitantes. Um verdadeiro holocausto.

Alguns poucos e sérios livros de História contam que durante a tragédia cearense foi organizada uma campanha de socorro às vítimas, destacando-se nomes importantes, entre eles
João Cordeiro, então comissário-geral dos Socorros Públicos. Mas naqueles tempos sobressaiu-se um outro personagem. E é sobre ele que este texto vai se reportar: um filho da cidade de Aracati nascido em 1839 na localidade de Canoa Quebrada e que respondia pela alcunha de Chico da Matilde. De batismo, era Francisco José do Nascimento, herdeiro do pescador Manoel do Nascimento, que resolveu tentar a vida na Amazônia e faleceu nos seringais, e da rendeira Matilde Maria da Conceição.

Com a morte do pai, aos oito anos, Chico da Matilde teve que assumir a casa, envolvendo-se no cotidiano do litoral. Como outros milhares de sua época, cresceu analfabeto, fenômeno que, infelizmente, ainda se repete até hoje, exatos 170 anos depois. Só aos 20 aprendeu a ler. Homem do mar por ofício, começou a vida como menino de recados à bordo do navio Tubarão, para depois tornar-se chefe dos catraieiros, os condutores de jangadas e botes do litoral da capital cearense. Em 1859, trabalhou nas obras do
porto de Fortaleza. Depois, empregou-se como marinheiro em um navio que fazia a linha Maranhão-Ceará e, em 1874, foi nomeado prático da Capitania dos Portos
.

Postal raríssimo de 1881 - Jangada de Dragão do Mar

Em Março de 1884, Chico da Matilde vira um herói nacional. Vai do Ceará à Corte, no Rio de Janeiro, levando na bagagem sua velha jangada de guerra. Torna-se um dos primeiros a desfilar pelas ruas, ouve o hino nacional em sua homenagem, recebe chuvas de flores da multidão e finalmente ganha o nome místico que o imortalizaria, também da lavra de Patrocínio: Dragão do Mar. Há relatos de que mais de 10.000 pessoas o saudaram, inclusive com direito a uma comissão de frente composta de 24 musculosos negros que conduziam nos ombros sua embarcação à vela onde estava escrito: Liberdade.

A única lembrança triste deste episódio é que o ícone da libertação dos escravos no
Brasil, a jangada de paus roliços e vela branca, doada ao Museu Nacional, desapareceu alguns anos depois. O jornalista catarinense Raimundo Caruso, no livro "Aventuras dos Jangadeiros do Nordeste", descreve o que pode ter acontecido: “A jangada Liberdade, de Francisco José do Nascimento, era a clássica, de troncos. Símbolo de uma resistência popular vitoriosa no Ceará, foi levada à Capital do Império a bordo de um navio mercante e, mesmo viajando no porão, inaugura a rota das futuras aventuras dos jangadeiros nordestinos em direção ao Sul. A embarcação foi exibida nas ruas do Rio de Janeiro, sob os aplausos da multidão, e pouco depois é doada ao Museu Nacional, onde foi recebida como valiosa peça etnográfica (...). Em seguida a jangada foi transferida para o Museu da Marinha (...), de onde, queimada, feita em pedaços ou desmontada, desapareceu”.



De volta a
Fortaleza, em 1889, ele foi reconduzido, por ordem do Imperador D. Pedro II, ao cargo de prático da Capitania dos Portos. No ano seguinte, com o advento da República, João Cordeiro assume brevemente a presidência do estado e entrega a Dragão do Mar a patente de Major-Ajudante de Ordens do Secretário-Geral do Comando Superior da Guarda Nacional do Estado do Ceará, em reconhecimento à sua bravura.



No ano de 1902, casou-se, pela segunda vez, com Ernesta Brígida, sobrinha de João Brígido. Em 1904, aos 65 anos, o Dragão do Mar volta a participar de causas populares. Desta vez lidera a Revolta dos Catraieiros, movimento de pescadores e chefes de família em reação ao fato de haverem sido sorteados para o serviço militar, tendo que seguir para o sul do país a bordo do navio Maranhão. O Historiador Cale Alencar explica que a revolta se formou porque “o edital de convocação havia sido publicado com apenas 72 horas de antecedência do embarque, tomando a todos de surpresa, muitos deles com oito, dez filhos e alguns já avós. Por toda a Praia do Peixe, a antiga Praia de Iracema, ouviu-se a ordem do Dragão do Mar: ninguém embarca!”
Contudo, à força, o governo embarca os amotinados, não antes de deixar 90 homens feridos e um morto em confronto com os soldados da província. Nessa ocasião, Dragão do Mar lidera uma marcha até o
Palácio da Luz, sede do governo de Pedro Borges, cobrando justiça. O presidente, temendo o pior, recolhe suas tropas. Até seus últimos dia de vida, o herói cearense agiu em defesa das classes menos favorecidas, vindo a falecer no dia 6 de março de 1914, em razão de ataques dos jagunços do Padre Cícero, que lutavam para derrubar o presidente Franco Rabelo.

Em 1999, o símbolo da resistência popular cearense contra a escravidão foi finalmente homenageado pelo
governo do Ceará dando seu nome ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Em comemoração aos dez anos de fundação, uma série de atividadesfoi promovida, entre exposições, concurso de redação, reedição do livro "Dragão do Mar – O Jangadeiro da Abolição", de Edmar Morel, de 1949, além da confecção da estátua de Chico da Matilde.


Apesar de esquecido pelos livros, Francisco José do Nascimento entrou para história como um verdadeiro herói. Em um país acostumado a venerar em carro público vencedores de reality-shows tão fajutos quantos seus destaques, Chico da Matilde é, e sempre será, exemplo para esta e futuras gerações. Que o Brasil tenha outros jangadeiros como Francisco, homens que fazem da sua vida e do seu trabalho um instrumento para transformar o mundo em um lugar mais justo e igual para todos.


GEVAN OLIVEIRA

Esse texto é simplesmente maravilhoso, me deleitei lendo e relendo várias vezes. Espero que vocês também estejam dispostos a mergulhar nessa fasciante história. Aproveitem!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Liberdade já!


Foi em Fortaleza que começou o movimento de libertação dos escravos. Um grupo de entusiastas formado por João Cordeiro, José do Amaral, Isaac Amaral, Frederico Borges, D. Maria Thomasia e outros, deu o primeiro grito de alarme, em sessão secreta, na qual ficou deliberado que, na semana seguinte, desapareceriam os escravos de A ou B. Com efeito. Cada membro daquele humanitário grupo, procurava entender-se pessoalmente com os cativos e incutia-lhes a idéia de liberdade. "Tome este bilhete e vá apresentar-se ao meu amigo fulano de tal, você não é mais escravo. É tão livre como eu. Somos iguais em tudo". E despedia com carinhoso abraço e forte aperto de mão o seu novo amigo.

João Cordeiro

http://www.arazao.net/images/maria-thomazia.jpg
D. Maria Thomasia

Aos nomes já citados dos libertadores juntaram-se mais os senhores João Lopes Ferreira, Juntiano de Serpa, Antonio Bezerra, D. Elvira Pinho, etc. Deliberaram a criação de um jornal de propaganda, cujo nome foi "O Libertador". Nele expandiam largamente a idéia nova, que em breve invadiria toda a população cearense.


Antônio Bezerra

Já era intensa a corrente libertadora contra os donos de escravos, os quais prevendo perder sua "mercadoria humana", a sua propriedade, procuravam, a todo custo, desfazer-se dela, tentando embarcar seus escravos para as senzalas do sul, empenhando nisto tosa segurança, mas no ponto de embarque, estava preparada fortissima barreira. Era Francisco do Nascimento, conhecido como Chico da Matilde ou Dragão do Mar. Exercia ele a função de Prático-Mor da Barra. A sua jangada não se rebaixaria, transportando aquela "Mercadoria humana"! Ele opunha-se fortemente ao transporte dos escravos para bordo de qualquer navio.

Libertador - 25 de Março de 1884

Houve luta, e luta renida das autoridades negreiras contra os libertadores. Para tanto, os escravocratas conseguiram a demissão de Frederico Borges do cargo de Promotor público da capital e de Dragão do Mar, por serem libertadores. Mesmo assim, nada conseguiram, porque o povo, em massa, opunha-se contra aquele tráfego humano. Os libertadores cada vez mais, empenhavam maior esforço. A casa das suas sessões era conhecida por "Furna na Rocha Negra" e outra "Furna da Rocha Branca". Ali, lavravam as cartas de liberdade. Em seguida despachavam um portador com a quantia arrecadada, dizendo ser a importância total pela alforria de seu escravo fulano, hoje cidadão brasileiro. O tal negreiro tinha que se conformar porque seu ex-escravo não aparecia mais.

Dragão do Mar

Os conflitos reproduziam-se a cada dia, montavam guarda na praia dia e noite, de modo a não ser possível o embarque de um único escravo sequer. A qualquer hora invadiam o ponto de embarque, viravam jangadas e qualquer outra embarcação que se atrevesse a tentar algum serviço favorável aos negreiros.

Um dia, decidiram libertar todos os escravos em um município próximo. Tomaram o trem e saltaram na Vila do Acarape e uma vez ali, entre grande número de pessoas de todas as classes, depois de eloquentes discursos, declararam livres todos os escravos do município e que para comemorar essa data gloriosa, ficava também mudado o nome do município de vila do Acarape para Redenção. Esse nome de ocasião pegou, e mais tarde, tendo sido elevada a categoria de cidade, foi com o nome de Redenção que perpetuou assim, esse extraordináriop feito.

Em 25 de março de 1884, fizeram eles o mesmo com relação ao municipio da capital, e por fim, com todo o território da então Provincia do Ceará. Os escravos das Provincias vizinhas: Piaui, Pernambuco, Paraiba e Rio Grande do Norte, sabendo não haver mais escravos no Ceará, vinham aqui se refugiar, na certeza de não serem perseguidos.

Na noite de 25 de março fazia gosto ver-se o entusiasmo popular em favor da libertação dos escravos. A capital enchia-se de gente, convidados pelo jornal "O Libertador". A decoração e a iluminação tomaram contas das ruas e residências. Na casa mais pobre, das areias, nos suburbios, via-se, ao menos, uma vela de carnaúba com lanterna de papel de cor, fincada na areia, junto a porta. O municipio do Ceará não tinha mais escravos. Estava livre desta MANCHA.

Fonte: Coisa de cearense e pesquisa de internet
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