Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Casa Johnson - Avenida Beira-Mar



Foto rara da Casa JOHNSON, a única casa projetada por Oscar Niemeyer no Ceará. Foto de 1976 - Edgar Gadelha. Créditos M Williams 


Casa Johnson, Fortaleza, Ceará
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1942.

Um dos excelentes produtos do Brasil tão rico, é a fina cera de carnaúba, originária principalmente do Ceará, a cinco graus abaixo do Equador. Um industrial norte-americano especialista em produtos de cera, Herbert Johnson, construiu esta interessante casa para residência quando de suas visitas periódicas ao Brasil. A casa aproveita todas as vantagens da brisa marinha que tempera o sol quente de Fortaleza. As salas de estar abrem-se para uma grande varanda, protegida por venezianas.


Planta da casa. Acervo Brazil Builds

Planta da casa. Acervo Brazil Builds

Acervo do amigo Sérgio Roberto 

Herbert Johnson escolhia seus arquitetos admiravelmente. A casa dele em Racine, no Estado de Wisconsin, Estados Unidos, foi projetada pelo famosos arquiteto Frank Lloyd Wright.

Foto de 1976. Créditos M Williams 

A belíssima Casa Johnson na Avenida Beira-Mar em 1976. Créditos M Williams 

NIEMEYER NA BEIRA MAR


Crédito: Maurício Cals


O Clube dos Diários e a AABB, foram demolidos e a casa Johnson, apesar de bem modificada, encontra-se parcialmente preservada, ainda bem!  Foto de 1976

O imóvel que depois foi ocupado pelo Hotel Mareiro, na Beira Mar, já foi um dia a residência da Família Johnson, dona da Johnson Wax Works*. A companhia explorava carnaúba para a extração da cera. Aqui se instalaram na Fazenda Raposa, em Maracanaú. Não deu certo, passaram a fazenda à UFC.

Anos 70

Fotos da Casa Johnson em 1976 - Créditos M Williams 
















Mas e a casa? Poucos sabem, mas foi uma criação de Oscar Niemeyer. O arquiteto Romeu Duarte (UFC) comenta: “Era uma casa típica da primeira fase do Niemeyer: prismática, levantada sobre pilotis e com uma rampa interna que interligava todos os três níveis. Havia também uma piscina no térreo, estreita e extensa. Implantada sobre uma elevação do terreno, postava-se sobranceira sobre o mar”.

O tempo passou, intervenções houve e, a exemplo de outros projetos originais, se perdeu.
A casa não foi totalmente demolida, foi descaracterizada depois de sucessivas reformas.

O imóvel ocupado pelo Hotel Mareiro

O Hotel Mareiro


*Grupo Johnson


Herbert Johnson, de Wisconsin, EUA, presidente da empresa S.C. Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba. A cera produzida à partir dessa palmeira nativa era o principal item para os produtos fabricados pela S.C. Johnson, e Herbert Johnson quis conhecer o potencial de cultivo da carnaubeira a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis. 
Depois de conhecer de perto o cultivo da árvore, a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis, o empresário decidiu instalar uma unidade no Ceará. Graças à carnaúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em mais de 20 países e fatura bilhões de dólares anualmente. Falecido em 1978, o empresário foi sucedido pelo filho Samuel Johnson, hoje à frente da organização.

Logo após Herbert Johnson ter herdado o negócio da família, bateu à porta a Grande Depressão de 1929. Querendo garantir o fornecimento de cera de palmeira de carnaúba, crucial para os negócios da firma SC Johnson, Herbert decide visitar o país da sua origem, no Brasil. Confrontado com a duração da viagem usando os meios tradicionais da época (cerca de um ano), depressa encontrou no avião a alternativa, e o Sikorsky S-38 foi o escolhido. O anfíbio bimotor foi o primeiro sucesso comercial de Sikorsky, um verdadeiro iate aéreo, de excelente autonomia, conforto e fiabilidade, que tinha uma qualidade importante relativamente à concorrência: mantinha a altitude voando com apenas um motor. Capaz de levantar e aterrar em quase todo o lado era a ferramenta ideal para o trabalho. Johnson sai dos EUA em Setembro de 1935 com mais 5 homens, numa verdadeira expedição comercial e científica de dois meses pelo Brasil. O avião original foi mais tarde vendido à Shell, perdendo-se ao largo da Indonésia.
Foram precisos três anos e meio para a Born Again Restorations construir a réplica do Spirit of Carnaúba. Buzz conseguiu localizar dois suportes de fuselagem traseiros e a parte central da asa superior num armazém em Burbank. Vários planos foram também obtidos dos arquivos da Sikorsky e de outras proveniências, culminando numa das mais belas ressurreições no mundo da aviação antiga. Vestido de negro, vermelho e amarelo, com os seus dois motores Pratt & Whitney de 450 cavalos a rodarem em sincronia, um S-38 voou outra vez dos EUA ao Brasil, transformando novamente a vida da família Johnson.

Spirit of Carnaúba exposto no Hall Fortaleza - D' Neto

Hoje o Spirit of Carnaúba está exposto no Hall Fortaleza, na sede da empresa S.C. Johnson no Wisconsin.

Ricardo Reis

Créditos: Brazil Builds, Jornal O Povo e Ricardo Reis

Herbert Johnson - Um homem de coragem e iniciativa



Herbert Johnson, de Wisconsin, EUA, presidente da empresa S.C. Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba. A cera produzida a partir dessa palmeira nativa era o principal item para os produtos fabricados pela S.C. Johnson, e Herbert Johnson quis conhecer o potencial de cultivo da carnaubeira a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis.

Herbert Johnson Jr. ganha Medalha do Mérito Industrial da FIEC

Herbert Johnson foi presidente da S.C. Johnson, fabricante mundial de produtos de higiene e limpeza, fundada em 1886, que veio ao Ceará pesquisar sobre a carnaúba. Herbert Johnson, homenageado in memoriam, foi representado pelo bisneto, Connor Leipold, e pelo vice-presidente da SC Johnson na América Latina, Jose Latugaye, que afirmou estar contente com a honraria, destacando que a empresa possui "uma relação muito profunda com o Ceará". 

Então presidente da SC Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, o industrial americano Herbert Johnson veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba - principal insumo para os produtos fabricados pela empresa. Depois de conhecer de perto o cultivo da árvore, a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis, o empresário decidiu instalar uma unidade no Ceará. Graças à carnaúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em mais de 20 países e fatura bilhões de dólares anualmente. Falecido em 1978, o empresário foi sucedido pelo filho Samuel Johnson, hoje à frente da organização.


A Federação das Indústrias do Estado do Ceará – FIEC entregou no dia 26 de julho a Medalha do Mérito Industrial a Herbert Fisk Johnson Jr. (in memorian), empresário norte-americano precursor do Grupo Johnson no Ceará. A medalha foi recebida por Connor Leipold, bisneto de Herbert Johnson Jr., que também trabalha no Grupo Johnson. A solenidade foi uma realização da Confederação Nacional da Indústria – CNI e FIEC em celebração ao Dia da Indústria.

Um homem com coragem e iniciativa



Em sua visita ao Brasil, Herbert Johnson Jr. também fundou a Fazenda Raposa que, em 1937, tornou-se o maior centro científico e de coleção de palmeiras ceríferas do mundo. 

Na década de 40, construiu a Vila Johnson, na beira mar – um projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer – e a fábrica da empresa na Rua Dragão do Mar, responsável pelo grande avanço no refino e industrialização da cera de carnaúba. Já na década de 60, criou a Escola Johnson, que funciona até hoje e atende mais de 1.500 alunos por ano. 

Em sua visita ao Brasil, Connor Leipold também conheceu o escritório da Associação Caatinga em Fortaleza. Na ocasião, foi apresentado à equipe de trabalho e recebeu, entre os materiais institucionais e didáticos, um exemplar do livro “Caatinga um Novo Olhar”.

Herbert Johnson Jr. sensibilizou toda a sua família para a preservação da Caatinga. Seu filho Samuel Johnson, com o intuito de ajudar na preservação deste bioma, institui o Fundo Samuel Johnson, gerido pela The Nature Conservancy (TNC). O objetivo do fundo era adquirir uma relevante área de Caatinga no Ceará, para transformá-la em uma unidade de conservação, bem como fundar uma instituição local que pudesse gerir esta área e fomentar a preservação da Caatinga. Com esse propósito surge a Associação Caatinga e a Reserva Natural Serra das Almas, que atua há 14 anos para a preservação e conservação dessa floresta exclusivamente brasileira.


Fazenda Raposa, em Maracanaú (Foto: Stênio Saraiva)

Expedição pioneira gerou multinacional

Fisk Johnson

Samuel Johnson

Quando cruzou o céu de Fortaleza no dia 17 de novembro passado, o avião Sikorsky – modelo da década de 30, mas reluzindo de tão novo – chamou atenção. Do lado de fora, via-se o nome Carnaúba na fuselagem. Dentro, o empresário Samuel Johnson, dono da empresa S.C.Johnson, mais conhecida por Ceras Johnson, estava no comando.


Frank Lloyd Wright e Herbert Johnson

A aeronave era uma réplica perfeita do hidroavião usado por Herbert Johnson, pai de Samuel, em 1935. Herbert partiu da cidade americana de Racine e, após uma viagem de três meses, pousou na água, em frente a Avenida Beira-Mar, pois Fortaleza nem possuía aeroporto. Tinha um objetivo: conhecer a carnaúba tête-à-tête. A empresa de Johnson já usava a cera nos seus produtos para polimento de assoalhos e ele queria ter certeza de que havia palmeiras para produzir matéria-prima em quantidade suficiente.
O grupo dispunha em Fortaleza de uma parafernália mandada por navio. Toneladas de equipamentos de caça, pesca e acampamento. Só facas, vieram 144. Veio também um pequeno laboratório que viabilizou o cruzamento de sementes das palmeiras que produziam cera mais pura. O melhoramento criou exemplares vigorosos. Graças à carnaúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em vinte países e faturou 5 bilhões de dólares em 1998.


Cera Johnson's Prepared Wax

Sede da S.C. Johnson

O herdeiro Samuel organizou essa segunda viagem de 1998 para prestar uma homenagem ao pai e à planta que mudou os rumos de sua empresa. Hoje ela fabrica dezenas de produtos que usam a cera como matéria-prima e os vende para mais de 100 países. “Meu pai me pediu, antes de morrer, em 1978, que refizesse a sua expedição”, contou Sam à revista SUPER INTERESSANTE. “Afinal, foi graças a ela que a carnaúba passou a fazer parte dos nossos negócios.”


Reserva natural Serra das Almas é um dos pontos turísticos da cidade de Crateús

Sam Johnson, filho de Herbert, aproveitou a vinda ao Ceará e fez algumas doações a entidades do Estado: a Fazenda Raposa (plantação de carnaubeiras , situada em Maracanaú, foi doada à Universidade Federal do Ceará (UFC); a Reserva Serra das Almas, localizada em Crateús, transformada em Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN), foi doada à Associação Caatinga; a Escola Johnson, no bairro Luciano Cavalcante, em Fortaleza, hoje pertencente à rede de ensino da Secretaria da Educação do Estado.

Jornal O Povo de 16 out. 2004, p.11 - “Empresário percorre caminhos do avô”. 

Leia também:

Escola Johnson - 50 Anos
A Casa Johnson na Beira-Mar


Jornal O Estado, Site A Caatinga.org, Revista Super Interessante -Árvore com brilho próprio e Forbes

Escola Johnson - 50 Anos



Inauguração da Escola Johnson

A Escola Johnson , foi fundada no dia 06 de fevereiro de 1963, pela S.C Johnson & Son, Inc.* inicialmente destinada a atender aos filhos de funcionários que trabalhavam na Fábrica de Cera de Carnaúba, localizada na Rua Dragão do Mar, sendo ali sua primeira sede. A fundação da nossa escola parte da própria história da Companhia Johnson.




Devido ao espirito de aventura e empreendedor do seu Presidente Herbert Johnson, em outubro de 1935, ele realizou uma expedição saindo de Racine, E.U.A, para pesquisar as potencialidades da carnaúba, nativa da região Nordeste e símbolo do nosso Ceará e matéria prima da empresa.

Fruto humanitário desta companhia e sob os auspícios do Dr. Galba Araújo e colaboradores, a Escola Johnson foi pioneira na educação especial em Fortaleza, tendo como sua primeira diretora, a professora Suzana Bonfim.



Mais tarde, com o regresso da família Johnson aos Estados Unidos, a escola passou para o quadro da Secretaria de Educação do estado do Ceará, em novas instalações no Bairro Engenheiro Luciano Cavalcante e hoje é denominada Escola de Ensino Fundamental e Médio Johnson.

A parceria com a Ceras Jonhson Ltda é mantida até os dias de hoje através das doações dos Laboratórios de ciências e informática, gabinete dentário, quadra de esporte, construção de salas de educação especial, ampliação de biblioteca e outras benfeitorias, bem como, contratação de profissionais para atendimentos educacionais e odontológicos.

No ano de 2004, seu filho Fisk Johnson (foto ao lado), atual presidente da companhia após o falecimento de seu pai, retorna a Escola Johnson em visita excepcional, onde foi recepcionado calorosamente pela comunidade, numa escola recuperada e ampliada, contribuição da parceria e demonstração de afeto na continuidade da obra da família.


Atualmente, a escola atende 1.300 alunos dirigida pela professora Ana Maria Bizerril e o núcleo Gestor, mantendo e ampliando novas parcerias com: Ibeu, Senac, Federação Tênis de Mesa e a TIM que recentemente presenteou a escola com um acervo de 1.000 livros na inauguração da Salsa de Leitura Ruy Câmara.


Sala de Informática - Blog da escola


Após 50 anos no dever de educar, a Escola Johnson reconhece e agradece a todos que deixaram sua contribuição na construção de uma sociedade mais igualitária, justa e fraterna.

Parcerias:

CERA JOHNSON
TIM
IBEU
FEDERAÇÃO DE TÊNIS
FACULDADE CHRISTUS
UECE

Escola Johnson hoje funciona nos três turnos e atende a um universo de 1300 alunos distribuídos em: Ensino Fundamental (6° ao 9°ano), Ensino Médio, Educação especial e Atendimento de Educação Especial.

O atendimento aos alunos com necessidades especiais é feito por profissionais das áreas de:
Terapia ocupacional, FonoaudiologiaAssistência SocialPsicologiaPsicopedagogia.
Além dos alunos da Escola, o núcleo atende a comunidade e a outras escolas da região.


Banda Fanfarra em frente a escola - Arquivo Jangadeiro

Fatos Históricos

30/Dezembro/1945 - Noticia-se que o Sr. Herbert Johnson, sócio da Companhia Johnson, estabelecida no Ceará, doou duzentos mil cruzeiros a estabelecimentos de beneficência da nossa terra.

12/Julho/1959 - Mrs. Irene Johnson, esposa do Mr. Herbert Johnson, chefe da Companhia Johnson, doa, atendendo a um pedido de Aluísio Riquet Nogueira, presidente da Sociedade de Assistência aos Cegos do Ceará, uma máquina de escrever Braille aos alunos do Instituto dos Cegos.

04/Fevereiro/1963 - Chega a Fortaleza uma comitiva dá Johnson &Johnson, presidida pelo Dr. Howard M. Packard, para inaugurar, no dia 6 de fevereiro, a Escola que aquela companhia manterá em Fortaleza com frequência gratuita para 400 alunos, que terão alimentação adequada, fornecida por ‘Alimentos para a Paz’.

23/Outubro/1972 - Falece, em Fortaleza, no Hospital Geral do INPS, vitimado por uma perturbação vascular-cerebral, o ex-deputado e líder estudantil Francisco Vasconcelos de Arruda. Era tesoureiro da Escola Johnson.


Sam Curtis Johnson

*A S. C. Johnson & Son é uma indústria química que fabrica produtos de higiene e limpeza. A empresa iniciou suas atividades fundada por Sam Curtis Johnson em 1886 na cidade americana de Racine, Wisconsin. No Brasil é conhecida como Ceras Johnson e está presente no mercado brasileiro desde 1937. No mundo possui 70 subsidiárias e trabalha com produtos vendidos em mais de 110 países.

Leia também:

Quem foi Herbert Johnson
A Casa Johnson na Beira-Mar




Crédito: Blog da Escola Johnson, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Wikipédia e Forbes

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Fortaleza e o Mar - 2ª Parte


A Praia do Futuro no contexto de Fortaleza


Praia do Futuro anos 60 - Da esquerda p/ direita: Waldir Diogo, Governador Faustino de Albuquerque, Dr. Olavo Rodrigues, Paulo Cabral, Murilo Mota e Adahil Barreto. Arquivo Nirez

Segundo divisão administrativa da Prefeitura de Fortaleza, a área de estudo divide-se em Praia do Futuro I e II



Outro registro de intelectuais na tranquila Praia do Futuro dos anos 60: Da esq p/ dir: Waldir Diogo, Olavo Rodrigues, Faustino de Albuquerque, Paulo Cabral, Adahil Barreto, Murilo Mota - Arquivo Nirez

Em meados de 1955, com o inicio da urbanização da Avenida Beira-Mare antes disso, com a construção do Porto do Mucuripe, desencadeou-se um processo de desapropriação, pela Prefeitura, das famílias de pescadores que residiam nesta região. Grande parte destas famílias mudou-se para as terras próximas à Lagoa do Coração, de propriedade da família Diogo, na atual praia do Futuro, e outra parte estabeleceu-se ao redor do porto, nos atuais bairros do Serviluz e Farol


Construção da Avenida Beira- Mar - Jornal O Povo 18/12/1963

As famílias assentadas ao redor da  Lagoa do Coração tiravam dela sua subsistência e a pesca era a fonte de  alimentação para a comunidade local. A ocupação desta região ocorreu de forma desorganizada, sem preocupação com o saneamento básico, o que diminuiu cada vez mais a qualidade de vida das famílias.  


Personalidades e intelectuais que visitaram a praia do Futuro nos anos 60. Arquivo Nirez.
Da esquerda p/ direita: Waldir Diogo, Murilo Mota, Faustino de Albuquerque, Olavo Rodrigues, Adahil Barreto e Paulo Cabral. Em 1949 o jornal Correio do Ceará publicou uma grande reportagem de autoria de Luciano Carneiro, intitulada "A Praia do Futuro ainda não tem nome, os aviadores que a amam, chamam-na de praia por trás do farol do Mucuripe"

Em entrevista no dia 27/12/04, os lideres comunitários do Conselho Comunitário da Lagoa do Coração assim falaram: “A maioria da população veio de outros bairros, tipo Castelo Encantado e depois para a Lagoa, e já vinham do interior”

Por volta de 1972, com o crescimento do mercado imobiliário, construtoras interessadas na região da praia do Futuro iniciaram a desapropriação das famílias da área, o que culminou com o aterramento da lagoa do Coração, alegando-se na época a contaminação desse aquífero.  A maioria dos moradores resistiu e, em agosto de  1979, fundaram o Conselho Comunitário da Lagoa do Coração, cujo presidente era o Sr. Luiz Bezerra da Silva, líder do movimento, que culminou com a permanência das famílias na região, até os dias atuais.

Em 1977, a área do Luxou, assim denominada pelo fato de ter existido ali o clube com esse nome, a primeira unidade social a instalar-se na praia do Futuro (atualmente denominado Mar Azul), o  local foi invadido por quatro famílias provenientes de Canindé (FONTE: SER II).  

O terreno pertencia às famílias de  Pedro Lazar e ao Moinho M. Dias Branco. A área do Luxou tornou-se historicamente um área de invasão e, por volta de 1985, a ocupação tomou proporções desgovernadas. Chegavam famílias de vários municípios do Estado - Chorozinho, Acaraú, Eusébio, Mossoró do Estado do Rio Grande do Norte, do Piauí e Maranhão, uma família por dia (FONTE: SER II). 


A praia do Futuro, no início dos anos 70. postal Edicard.

Essa ocupação atualmente já chega a 800 edificações aproximadamente, segundo moradores do local. Em entrevista com uma atual moradora da comunidade do Luxou, em 15/07/04, mostra como é o comércio de “barracos” nas comunidades da praia do Futuro, especificamente na comunidade do Luxou: 

"Sr.Tomás quando vendeu já era da irmã dele, de outra pessoa que passou para a irmã dele e depois pra mim. Preço dos barracos, troca por eletrodoméstico, minha irmã deu o som dela, televisão e uma bicicleta e mais uma pequena quantia em dinheiro e conseguiu um terreno grande, onde a casa dela está construída hoje em dia." 



A praia do Futuro, no contexto de Fortaleza, estende-se territorialmente por 6 km aproximadamente, segundo o atual PDDU do Município, que estabelece a divisão: trecho IX da faixa de praia  marítima leste, sendo também área de preservação ambiental (dunas). Administrativamente, ela está dividida em praia do Futuro I e II e Vicente Pinzón. Esta definição administrativa da Prefeitura Muncipal de Fortaleza tem como objetivos definir as equipes de atendimento do Programa de Saúde da Família


Poucas construções na Praia do Futuro dos anos 80


A Prefeitura criou, assim, as “UBASF” (Unidade Básica de Atendimento de Saúde da Família), no sentido de administrar, no aspecto de saúde da família, a área da praia do Futuro. Sendo assim, a UBASF Aída Santos e Silva compreende os bairros Vicente Pinzón e Praia do Futuro I. Esses bairros foram divididos em quatro áreas de realidades distintas: área do Morro Antônio Carneiro, Lagoa do CoraçãoConjunto São Pedro, Luxou e Morro do Sandras. Nesta UBASF, em 2000, foram cadastradas 4634 famílias (FONTE: SER II). 


Vista do antigo restaurante Sandra´s nos anos 90. Foto Fortal

Esta região urbana, determinada pelo PSF (Programa de Saúde da Família), tem como limites: ao leste, Oceano Atlântico; ao oeste, as ruas Dolor Barreira e Trajano de Medeiros; ao norte, as ruas Ismael Pordéus e Álvaro Costaao leste, a rua Paulo Mendes. Possui cerca de 5,4 km² de área territorial correspondente na parte leste; é área da  praia com frente para a Avenida Zezé Diogo e a porção oeste formada por dunas e morros, que foi habitada de maneira desordenada, onde não existe saneamento básico (FONTE: SERII). 

Á área da praia situada ao noroeste da área de abrangência caracteriza-se por apresentar as melhores condições de urbanização e saneamento e nível socioeconômico de toda a área de abrangência. A área do morro corresponde à subida e ao ápice de uma grande duna. É, juntamente com o Luxou, a porção mais carente e problemática, pelas precárias condições de saneamento, habitação, higiene, nutrição e baixo nível social, econômico e educacional.


O chamado Conjunto São Pedro tem seu território limitado ao oeste pela rua Princesa Isabel; ao leste pela rua Trajano de Medeiros; ao Norte pela rua Álvaro Costa e ao Sul, pela rua Josias Paulo de Souza. Trata-se de uma região onde há invasão, não há  saneamento básico. Esta foi denominada área do Conjunto, por abrigar o conjunto habitacional São Pedro, construído em regime de mutirão, para onde foram relocados os moradores da Favela das Placas (FONTE: SER II). 


Conjunto São Pedro, Praia do Futuro I em 21/08/2004 -  Pedro Itamar de Abreu Júnior

O denominado Morro do Sandras, onde hoje funciona o Restaurante La Maison, é delimitada ao leste pela rua Trajano de Medeiros; ao oeste, com avenida Dolor Barreira; ao norte, com Avenida Clóvis de Matos e ao sul, pela rua Visconde de Taunuay. Esta é a localidade que abriga a população mais carente de toda abrangência. Pode ser dividida em duas partes, com características distintas: a parte da cota da rua para baixo, com boas condições de urbanização, ruas pavimentadas, água e um conjunto habitacional, e a parte acima da rua da cota, que consiste na subida íngreme de uma grande duna de areia, sem nenhum saneamento, habitações precárias e população extremamente carente (FONTE: SER II). É uma área de invasão recente, em franca expansão. A única fonte de água encanada é uma torneira coletiva, instalada na frente da casa de um líder comunitário.  Exceto uma associação de moradores, praticamente inexistem equipamentos sociais. É área de muitas mães abandonadas pelos maridos e de muito alcoolismo, consumo de drogas, adolescentes grávidas, adultos analfabetos e crianças fora da escola. 

Leia a Parte I

Crédito: Praia do Futuro - Formas de Apropriação do Espaço Urbano - Pedro Itamar de Abreu Júnior

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