Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



domingo, 17 de março de 2013

Igreja Nossa Senhora da Saúde (Av. Abolição) - Oito décadas de existência



Igreja Nossa Senhora da Saúde, que após a construção da atual matriz, recebeu o nome de Igreja de São Pedro dos Pescadores. Foto da década de 30 - Acervo Carlos Juaçaba 


A Igreja Nossa Senhora da Saúde foi fundada pela própria comunidade de pescadores do Mucuripe. O padre José Nilson marcou a história do bairro por causa da relação próxima com a comunidade e da luta pelas melhorias do local.


"No século XVIII os moradores do local sofreram com a peste bubônica. Uma senhora do Rio de Janeiro trouxe a imagem de uma santa e eles rezaram pela cura. Passado o surto, foi creditado o fim do mal à santa e construíram uma capela em devoção a ela”, conta Rita Cosmo dos Santos, secretária da Paróquia de Nossa Senhora da Saúde há 27 anos.


Igreja Nossa Senhora da Saúde, que após a construção da atual matriz, recebeu o nome de Igreja de São Pedro dos Pescadores - Cena do filme Quatro Homens e uma jangada de 1942

A primeira capela da Paróquia, erguida no Morro do Teixeira, foi soterrada pelas dunas. Em 1852, os moradores se mobilizaram e construíram um novo templo, agora, às margens da praia (Hoje é a Igreja de São Pedro). Mas, em 1932, por problemas estruturais, o prédio foi interditado.


As novenas da Igreja Nossa Senhora da Saúde

Alunos do Instituto de Humanidades visitam a capela de Nossa Senhora da Saúde no Mucuripe em 1913. Acervo - Nilson Cruz

Por conta disso, a comunidade erigiu nova igreja que permanece como matriz na Avenida da Abolição. Raimunda dos Santos, a Mundinha, 88 anos, participou da obra: “As mulheres e crianças recolhiam pedras próximas ao antigo farol e levavam para a construção. Ajudei a carregar as pedras para o alicerce”, conta.

Igreja Nossa Senhora da Saúde, que após a construção da atual matriz, recebeu o nome de Igreja de São Pedro dos Pescadores - Imagem de 1942

Em 1937, a então Igreja de Nossa Senhora da Saúde (Igreja de São Pedro) reabriu e, no último mês de dezembro, a igrejinha foi tombada como Patrimônio Material do Município.


O sempre querido Pe José Nilson - Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima

Conforme Pe Alderi, “A igreja foi feita pela comunidade em mutirão. As mulheres traziam muitas carradas de areia”.
Durante cerca de 50 anos, quem esteve à frente da comunidade foi o Padre José Nilson de Oliveira Lima, falecido há dois anos.


Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima

Esquecimento

Conforme conta o padre Alderi, antes da chegada do antigo pároco, a comunidade do Mucuripe era esquecida e nenhum religioso ficava mais de dois anos no comando da paróquia. Em maio de 1950, padre Zé Nilson foi enviado ao Mucuripe por Dom Antônio de Almeida Lustosa, com a previsão de ficar somente dois anos, como seus antecessores. No entanto, o religioso acabou ficando por 50 anos na defesa da comunidade. “Ele estava sempre junto aos pescadores. Pescava com eles e escutava suas histórias”, revela o padre Alderi.


O querido Pe José Nilson-Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima

Um símbolo da interação entre pároco e comunidade era uma das histórias sempre contadas por Pe José Nilson. De acordo com padre Alderi, certa vez, José Nilson recebeu um presente inusitado de uma das paroquianas: um tijolo. Conforme a história, o padre estaria preocupado em ampliar a igreja, mas não sabia como. Então, ao entregar o presente, a senhora teria dito que aquele seria o primeiro tijolo para a reforma. “Aquilo foi um estímulo para a vida dele”, revela Alderi.

Cruzes no Morro do Teixeira - Cena do filme Quatro Homens e uma jangada de 1942

Senta que lá vem história...


Cortejo indo em direção ao Morro do Teixeira -Cena do filme Quatro Homens e uma jangada de 1942

A devoção a nossa senhora da saúde no Mucuripe é, sem dúvida um ato de fé. Conta a história que corre de boca em boca, pelos antigos moradores, que no século XVIII Fortaleza sofria os horrores da peste bubônica e no Mucuripe a doença fez tantas vítimas que não dando tempo de enterrá-las no Cemitério São João Batista, devido à distância, passaram a sepultá-las nos morros, principalmente no do Teixeira. A dor dos habitantes, pela perda dos entes queridos, não podia mais ser avaliada, quando chegou ao bairro uma senhora vinda do Rio de Janeiro com uma pequena imagem de Nossa Senhora (não identificada pelos depoimentos dos moradores)

Enterro no Morro do Teixeira - Cena do filme Quatro Homens e uma jangada de 1942

Diante do desespero das famílias e do quadro desolador que via à frente, ela implorou a Nossa Senhora da Saúde a cura do mal. Em troca prometeu construir uma capela para que todos pudessem agradecer a graça concedida. A peste foi em pouco tempo debelada e assim foi erguida a primeira capela de Nossa Senhora da Saúde, no Morro do Teixeira. Iniciando assim o novenário sendo celebrado com grande festa, nos dias 29 de agosto até o dia 08 de setembro. Com o tempo, a capela foi soterrada pela areia e os moradores construíram outra capela em homenagem a Nossa Senhora da Saúde, que teve sua Pedra fundamental lançada no 1º de agosto de 1852. (hoje é capela de São Pedro, na Avenida Beira mar). 


Com a quantidade dos fieis aumentando, não se sabe ao certo, mas surgiu um desentendimento entre a comunidade e as autoridades eclesiásticas, provavelmente devido à administração dos rendimentos e da dedicação quase fanática à pequenina imagem que ali era venerada. Com efeito, o arcebispo Dom Manuel anunciou a interdição da igreja (a capela foi interditada em 11 de dezembro de 1930). Quando foram pegar a imagem para levá-la a Catedral de São José (Igreja da Sé) esta havia desaparecido sem se conhecer seu paradeiro por um longo tempo. 

Com a interdição da capela, as missas passaram a ser celebradas em frente à casa do senhor Pedro Rufino, pai de dona Nicota. Nesse período surgiu a necessidade de uma igreja maior, pois quanto mais surgiam dificuldades mais o povo demonstrava sua fé e esperança. 


Igreja Nossa Senhora da Saúde anos 50 - Acervo Nara Gabrielle


Foto da década 60/70 - Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima

No dia 29 de junho de 1931, foi lançada a pedra fundamental da atual Igreja de Nossa Senhora da Saúdecerimônia oficiada pelo monsenhor Otávio de Castro. Seu primeiro vigário foi o padre Luís Braga Rocha, que só assumiria em 8 de setembro. 


O primeiro vigário da igreja, foi o padre Luís Braga Rocha - Arquivo Revista Central

Iniciaram assim em regime de mutirão a construção da Igreja-Matriz, onde os moradores chegaram a carregar pedras na cabeça para auxiliar a construção. A obra levou quatro anos para ficar pronta inclusive com a Casa Paroquial, hoje secretaria paroquial, de frente para o mar, com sua frente virada para a Avenida Abolição, sendo abençoada uma nova e maior imagem da virgem a 06 de setembro do mesmo ano, imagem que continua na igreja até hoje. A pequenina imagem, a original, que ficou desaparecida por anos, foi devolvida, restaurada e colocada aos pés da imagem de Jesus ressuscitado no altar mor da Igreja.




Parquinho que todo ano fica instalado na Praça da Igreja

Fatos Históricos

11/Dezembro/1930 - Por decreto desta data, o Arcebispo D. Manuel da Silva Gomes declara interditada a capela do Mucuripe e excomungados os indivíduos que arrombaram a porta do referido templo e dele retiraram a imagem de Nossa Senhora da Saúde.

29/junho/1931 - Lançada a pedra fundamental da Capela de Nossa Senhora da Saúde, na Volta da Jurema, cerimônia oficiada pelo monsenhor Otávio de Castro.

29/agosto/1931 - Criada a Paróquia de Nossa Senhora da Saúde do Mucuripe, cujo primeiro vigário foi o padre Luís Braga Rocha, que só assumiria em 8 de setembro.

01/Agosto/1957 - Reaparece, tão misteriosamente como havia desaparecido há 30 anos, da Igreja do Mucuripe, a imagem de Nossa Senhora da Saúde.




29/setembro/1972 - Tem novo nome a antiga Praça Nossa Senhora da Saúde, depois Praça Adolfo Silveira Lima, e Praça da Saúde, que pela Lei nº 4.056, publicada no Diário Oficial do Município, passa a denominar-se Praça da Confiança na gestão do prefeito, engenheiro Vicente Cavalcante Fialho (Vicente Fialho).
A praça fica no bairro do Mucuripe, rodeada pela Avenida da Abolição, Rua Manuel Jesuíno, Rua Nossa Senhora da Saúde e uma travessa sem nome.
É a praça que tem no centro a Igreja de Nossa Senhora da Saúde.
O novo nome é uma homenagem ao Governo Estadual, que tem à frente o engenheiro César Cals de Oliveira Filho.


Ex-presidente Bill Clinton, esteve em Fortaleza em agosto de 2012, comprou artesanato na Praça da Confiança (antiga Praça Nossa Senhora da Saúde) no Mucuripe

Feira de artesanato na Praça da Confiança (antiga Praça Nossa Senhora da Saúde) no Mucuripe

11/março/2000 - O padre José Nilson de Oliveira Lima, da Comunidade do Mucuripe, recebe o título de Cidadão de Fortaleza, em solenidade realizada na Igreja de Nossa Senhora da Saúde.


Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima


15/04/2010 - O padre José Nilson faleceu aos 88 anos, vítima de falência múltiplas dos órgãos. Era vigário da Igreja Nossa Senhora da Saúde desde 1950.


Foto Joserley Carlos

Igreja Nossa Senhora da Saúde

Av. da Abolição, 3929
Mucuripe, Fortaleza – CE
CEP: 60165-082
(85) 3263-1538



 Fontes: Blog da Igreja, Revista do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) de 1955 e o de 1991, Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo, Jornal Diário do Nordeste, Site da Arquidiocese de Fortaleza e jornal O Povo


segunda-feira, 11 de março de 2013

Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos - O "Grafite"



"Grafite", cujo verdadeiro nome é Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, industrial, de 25 anos, morreu de maneira violenta, ontem de madrugada, quando de "pega" de motos na Avenida Presidente Kennedy. Eram 3h30min quando se deu o acidente. Sua moto, de 1000 cilindradas, quase arrancou um poste de iluminação pública. Ele ficou completamente mutilado.

A denominada "Volta da Jurema*", era o palco de "Grafite". Ali, quase todas a madrugadas, o jovem dava um verdadeiro show, usando a alta velocidade e pondo sua vida em risco a todo instante, não somente em automóveis, como em sua possante moto. Ontem, foi seu último "pega" com o amigo Aristides*. Os veículos colidiram.

O considerado melhor motoqueiro e piloto daquela área da cidade, foi infeliz. Viajando a mais de 150 quilômetros por hora, a Honda super veloz tocou de leve na de Aristides (750 cilindradas). Grafite e sua moto voaram. Ele foi de encontro ao meio fio e bateu com a cabeça num dos dois postes que sustentavam um transformador. O rapaz teve o crânio esfacelado e, ainda, sofreu mutilações pelo corpo.

Chamado para a morte

Há quase um mês, Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos andava numa moto e um oficial do Exército, sentindo-se incomodado, abriu fogo. Grafite foi atingido na região glútea. Sua mãe propôs a compra do automóvel, para evitar que andasse naquele veículo perigoso (moto). Anteontem, às 19 horas, recebeu a visita de Aristides, também conhecido como "Az" da Volta da Jurema, o qual alegou que ali havia muitos turistas exibindo suas máquinas.

Grafite, destemido como sempre, preparou sua possante 1000 cilindradas. Os jovens que ali se encontravam, pararam para assistir ao espetáculo que jamais tinham visto: Motos trafegando a mais de 150 quilômetros por hora. Muitos diziam que ele estava brincando com a vida. Nos dez primeiros "pegas", Grafite deu uma demonstração de sua coragem e perícia. Ninguém conseguiu vencê-lo.

O ronco ensurdecedor das máquinas chamavam a atenção dos curiosos que ficavam pasmados com o que qualificaram de loucura. Às 2h40min convidou um amigo para jantar. Os espectadores continuavam na Volta à espera de mais audácia. Arístides ainda insistiu para o "último pega". "Como é nego, vamos decidir agora quem é o melhor", falou Arístides ao amigo. A expectativa era grande. A rapaziada ficou apreensiva.

As duas máquinas roncavam e foi dada a partida. Tarcísio usou toda a velocidade que tinha direito. Numa curva, as motos se tocaram levemente e em seguida, se separaram desgovernadas, jogando seus ocupantes à distância. Arístides sofreu apenas ferimentos e contusões considerados regulares. "Grafite" voou e espatifou-se contra o meio-fio e postes. Ali mesmo morreu, sob os olhares perplexo de dezenas de curiosos.


Foi uma morte violenta. Alguns amigos afirmam que Grafite "morreu no palco e como queria, pois a velocidade não o intimidava". Arístides Cavalcante Freitas, continua hospitalizado, mas seu estado de saúde não inspira cuidados. Indagado sobre o pavoroso desastre, afirmou apenas: "O Grafite dançou". Entretanto, diz estar inocente. O perito Stênio, do Instituto de Polícia Técnica, esteve no local para os exames iniciais.

As motos BZ-212 e XH-707, usadas no "pega", continuam recolhidas à Delegacia de Acidentes de Veículos. Tarcísio Antônio Rodrigues Ramos, era filho de Sebastião Tarcísio e de Maria Antônia Rodrigues Ramos**, residentes na rua Henriqueta Galeno, 391. Seu sepultamento ocorreu ontem às 17 horas no Cemitério Parque da Paz.


Reportagem do Diário do Nordeste de 25 de junho de 1983 
(Arquivo de Alexandre Montenegro)

Grafite - Apenas um jovem rebelde e sem freio ou um marginal?

O menino Grafite - Arquivo Totonho Laprovitera

Tarcísio Antônio Rodrigues Ramosnasceu em 1958. Para os amigos, era apenas mais um jovem incompreendido e inconsequente, como qualquer outro. Mas para muitos que de alguma forma cruzaram seu caminho, as lembranças que ficaram, não foram boas!
Para elaborar essa postagem, conversei com várias pessoas, tanto da turma do Grafite, como aquelas que não suportaram nem ouvir sua alcunha. Para ser justa e imparcial, colocarei comentários de ambos os lados!

  • Alguns nomes foram trocados para preservar a identidade.

Ele muito jovem, corajoso, gostava de impressionar... Faltou-lhe um pouco de freio. Não era gente ruim.  Luiz G.

Fui amigo do Grafite por muitos anos e era um menino bom, de bom coração e a maioria das estórias contadas com ele foram inventadas!!! Na realidade o que faltou foi freio!!!!!
Digo porque por muitos anos andamos juntos, para praia, para as festas e também nas viagens!!! Na realidade, nem de briga ele era, confiava nos amigos, agora dizer que pra mulher ele tinha um papo bacana e levava na conversa, isso é verdade e os pais das mesmas ficavam indignados quando sabiam que a filha estava saindo com o GRAFITE!!!!! Muitas coisas são lendas urbanas!!!  Ricardo P.


Crédito: Renato Feitosa

Vivi a época e conheço tudo de perto... Sei que alguns o faziam de cobaia pois era burro e sem instrução ou fineza . Lembro dos rachas irresponsáveis que acho que chegaram a matar gente... A lista de crimes dele não era lenda. Dele e de um bando de donos da cidade...
Nada de passar a mão, Grafite era um cara de uma boçalidade e arrogância sem limites, um marginal que muitos idiotas queriam imitar na época, o conheci de perto. A maioria das maldades e atrocidades dele são verdadeiras   Ricardo M.

Será que o que contam sobre o Grafite é realmente tudo lenda? Que nunca ouve mortes e confusões bem acaloradas onde o mesmo estava envolvido? E a confusão com um tal coronel, foi verdade?!?!

Nunca matou ninguém em racha, inclusive um que morreu na Avenida Santos Dumont e ele foi acusado, eu e mais 03 amigos assistimos, estávamos no CENTER UM quando ocorreu o atropelamento e vimos tudo!!! A história do tiro do coronel foi verdade, mas a verdade é que os militares ainda se achavam donos do BRASIL e o GRAFITE estava saindo com a filha do coronel, que não queria de forma alguma e o mesmo no seu descontrole característicos dos militares de patente, meteu bala no rapaz!!!!! Quem naquela época, jovem que tinha um carro não gostava de um racha, eu mesmo dava o maior valor!!! Esse episódio do tiro foi na Avenida Desembargador Moreira, naquela vila de militares ao lado do Hospital Militar.  Ricardo P.


Crédito: Renato Feitosa

Bem... O tiro do coronel foi dado por causa de abusos cometidos pelo Grafite na rua dele. Se fosse na nossa ele tinha partido mais cedo. Quanto aos rachas era uma forma irresponsável dos pais agradarem seus filhos. Por isso não nos misturávamos a certos tipos... E olhe meu pai era Secretário de estado e tínhamos todo o governo ao nossos pés... Nunca dirigimos sem carteira, ou participamos de rachas... Quando me prontifiquei a correr fui para o autódromo...  Ricardo M.

Muita coisa de ruim que acontecia naquela época, era depositada na conta do Grafite pela fama que tinha. E o pior é que ele gostava da "fama" que era atribuída a ele. O quadro não era tão feio quanto pintavam!  Mário G.


Como falei... Ele foi cobaia, era cúmplice e gostava. Agora tinha os que o endeusavam... Vi isso de perto estando muitas vezes em mesas próximas a ele... Nada de exageros... Afirmo o que vi... Na Pantera, nas saídas do Náutico, e em alguns locais da época...  Ricardo M.


Grafite sempre envolvido numa confusão...

Ele só brigava se estivesse com os amigos!!! Um dia fomos para um aniversário na casa de Vanda Palhano, mãe do Ricardo da Pretinha e da Soraya, e nesse aniversário tinha um americano, fato que naquela época já não gostávamos de gringo em nossa terra, passei e mandei o GRAFITE meter a mão no pé do ouvido do gringo, e assim ele fez. Resultado, o gringo deu umas porradas no GRAFITE, quando então chega eu e o Neo Pineo e mete o cacete no gringo que no sufoco pula o muro e tem que voltar pois na outra casa tinha um Pastor Alemão que botou o gringo pra correr e o mesmo ao voltar, entrou no pau novamente até aparecer um cristão que o levou de lá!!!  Ricardo P.

Ele não brigava, ele começava as confusões. Quem brigava era o Aristides Feitosa.  João A.

O grafite apanhou muito também, pois era atrevido mesmo e não era de briga, só tinha coragem quando estava acompanhado, agora a dizer que ele matava as pessoas de propósito, porque queria, é muita maldade com quem não tem como se defender!!! Ele era tão atrevido, que foi fazer graça com o Cisninho, Américo, Jode e Antônio Elísio, que eram aproximadamente uns 10 a 15 anos mais velhos do que ele!!! Marcos C.

Grafite? Passou por cima de uma garçonete do WELLS, só porque resolveu mesmo... Na Bezerra matou atropelada uma família. Ele era filho adotivo de uma família rica. 
O Aristides, casado com Joelma, dono de empresa de ônibus à época, é quem vinha de parelha com ele. Hoje ainda tem um poste, onde se fixou massa encefálica durante alguns dias do Grafite, por ocasião do impacto!
O Aristides era amigo do meu marido, que era do ramo de empresa de ônibus. Meu marido morreu com 30 anos. Não sei o que a família do Grafite fazia além de sofrer desde o dia em que acolheu em sua casa esse garoto, que tinha uma índole da pior qualidade, segundo os que conviveram mais de perto com ele. Tem muita história! O Aristides apenas tinha moto também e tomou esse pega com ele! A Imagem do GRAFITE era sempre associada a perversidade e  maldade!
 O Grafite tinha duas revoltas, por fatores que, na época lhe distinguia dos demais. Era de cor escura e adotivo. Não justifica, porém, as perversidades praticadas! Excesso de mordomias também!
Tem uma versão da morte, à época ventilada, que não fosse o risco de estar cometendo leviandade e até um crime de calúnia, eu contaria...  Maria C.

A Volta da Jurema foi palco do trágico acidente - Foto de 1981

Quanto ao Grafite ser adotado, é uma inverdade?!?!?

São os delírios das lendas urbanas criadas com o mesmo!!! O Grafite nunca foi filho de criação, os irmãos dele, podem muito bem esclarecer essa invencionice. Falar impropérios de quem não pode se defender é covardia!!!  Ricardo P.

Tem gente que sente falta dessas figuras... Algumas coisas são lendas, mais eu vi brigas de grande porte que colocavam em risco a vida de terceiros... Mal caráter, mal exemplo e uma figura que morreu rápido. Deveria ter morrido de forma lenta, sofrendo o que fez aos outros, espancamentos e etc... Teve uma época que a brincadeira era destruir carros nas garagens dos outros... Julgo por que mais de uma vez saímos de festas ou restaurantes no meio de garrafadas onde nossas vidas estavam em risco... Vi gente sair sangrando. Minha opinião é a de que esses que se diziam os donos das festas, abriam e fechavam bares. O uso de drogas também e algumas armas... Acho que tinha um que usava manopla e estava associado a essa turma. Estamos tratando de uma figura morta da qual repudio, pois conheço bem boa parte do que foi feito por ele e a "Turma do Grafite". Um merda isso sim... Desculpe, mas sempre que falam nesse sujeito me vem a mente um senhor sangrando que foi agredido por essa turma de arruaceiros e malfeitores!  José M.

A Volta da Jurema era o palco do Grafite e sua turma

Volta da Jurema em 1965 - Arquivo Nirez

Grafite foi meu amigo, contemporâneo, colega de colégio...grande figura, gente muito boa. Virou lenda, muitas coisas que dizem, não correspondem à verdade. Éramos todos do mesmo grupo. Jovens, puros, com dinheiro e sem juízo. Tudo muito natural. José Carlos

Grafite, lenda criada por uma Fortaleza fofoqueira de muro baixo!!!   Ricardo P.

Aquela época a droga começou a entrar em Fortaleza e alguns andavam armados. Ele não teve berço, dai alguns se aproveitavam, isso eu sei. Carlinhos tinha vergonha das histórias do irmão. O pai não tinha moral com Grafite e o presenteava a cada besteira feita. Vi as atrocidades que fizeram com um jumento na Volta da Jurema uma vez... nada normal! Um delas, dessa turma de marginais, colocou um jumento em cima da 'Volta' e batiam no animal... Depois não me recordo qual deles, tirou a roupa e saiu pelado montado no jumento... Isso eu vi. E as senhoras todas saíram envergonhadas. Isso é coisa de gente do bem? Não iam presos por que a policia era corrupta... Tinham gente dentro do Detran para tirar suas multas... Isso era normal? Ato de valentia? Um deles uma vez, humilhou um guardinha...e saia rindo mandando falar com o pai dele... 
Estamos falando de pessoas que aterrorizavam, depredavam o que é publico e colocavam, bêbados, drogados ou sei lá, a vida de muitos em risco... Isso sim faziam bem! 
Existem relatos... Não confirmo pois vai doer na memória ilibada dos garotos da Turma do Grafite... Existiram estupros até hoje sem queixa ou registro policial, pois os pais encobriam as cagadas dos seus filhos marginais... Se tivesse lei nesse período, teríamos muitos ditos "filhos de papai" presos até hoje. Conheci uma garota que pulou do carro andando..não sei de quem era o carro.
Manoplas foram usadas em um espancamento, ocorreram estupros e coisas não explicadas. A turma do Grafite sempre queria sair de boazinha. Volto a repetir: Só se saiam por conivência da policia comprada. Bem acho que encerro por aqui, mas nunca sairá da minha memória o senhor ensaguentado que vi, esse senhor saiu muito ferido... Até hoje quando falam no nome desse sujeito Grafite, que dava nome a turma, me dá vontade de ter idade na época e ter acabado com a raça dele por tamanha covardia!  Ele mexia com as moças para puxar brigas!   Jorge B.

Volta da Jurema

A droga que usávamos apesar de adolescentes e não ser permitida a venda a menores, era o álcool e o lança perfume no carnaval!!! Nunca andamos armados, éramos lutadores de Karatê e quem andou pelado na Beira Mar foi o Novinho, irmão do ex-governador Gonzaga Mota!!! Vou narrar um episódio que aconteceu comigo e o Grafite: Estávamos em uma Tertúlia em uma casa na esquina da Carolina Sucupira com Professor Dias da Rocha, como a festa não estava animada, resolvemos ir para a tertúlia do Náutico Atlético Cearense, isso era um sábado. Dirigimos-nos, um grupo de amigos para a esquina da Avenida Estados Unidos com Carolina Sucupira para pegar um táxi, éramos seis adolescentes, veio o primeiro táxi  e quatro foram nele, fiquei eu e o Grafite esperando o táxi seguinte, enquanto esperávamos, chegou outro grupo de adolescente, eram três, e quando viram o Grafite, começaram a provocar, um chegou e perguntou para o grafite, alisando seu rosto, “Tu que é o Grafite”, “sou” o Grafite respondeu, quando então o mesmo olhou pra mim e perguntou pra mim se eu estava achando ruim ele alisar a cara do Grafite, respondi que não, que não era a minha, não tinha nada com isso e fiquei na minha, ele insistiu na história, eu tenho o pavio bem curtinho, nem conversei, meti a mão na cara do elemento e a peia cantou, peguei ele pelo fundo das calças e quando ia jogar para cima de um carro que ia passando, um médico que morava na esquina da Avenida Estados Unidos com Carolina Sucupira e era amigo de meu pai, gritou para que eu não fizesse aquilo, ai parei, desfizeram a confusão, na companhia do Grafite peguei um táxi e fui para o Hospital Geral de Fortaleza, pois no primeiro tapa que dei quebrei o polegar esquerdo e tinha que engessar, depois de engessado, fomos para a Tertúlia do Náutico, em seguida fomos para a boate Flag e novamente, na entrada da boate nos metemos em outra confusão, desta vez com o porteiro de nome Libório onde eu meti o braço com gesso na testa da criatura que o sangue espirou longe e nesse dia foi peia até umas hora, não me lembro nem como cheguei em casa!!!
Estes crime que foram relatados, nunca foram cometidos em minha companhia, pois como já disse anteriormente, eramos lutadores de Karatê e achávamos bom mesmo era briga na mão, metendo o braço e quem não aguentava bebia leite, nunca usamos armas nenhuma e nem participamos de estrupo como se relata, primeiro que não tinha porque estuprar, as meninas corriam pra cima, tinha era que escolher, portanto, não tinha necessidade de fazer nada a força!!!  

(Depoimento honesto de quem fez parte da Turma do Grafite) 

Volta da Jurema no início dos anos 80

E o Grafite virou lenda...

Grafite até hoje é polemico..mas 90% das histórias atribuídas a ele é mentira...ele era arruaceiro por que o povo que tava com ele dava corda. Sempre o via sair da Praça Portugal pra aprontar. Não tinha drogas, era muito whisky, tanto é que ele quebrava garrafas de Passaport, que era o whisky da moda, só pra se mostrar. Começava as brigas e depois ficava só olhando. Quando tinha um acontecimento iam logo falando que era o Grafite. Eu mesmo presenciei um episódio de um cara fugindo de moto de uma Blits e o guardinha foi logo dizendo que era o Grafite que tava na moto.  Só que não era... Era outra pessoa que me reservo o direito de não falar... O que ele mais gostava era de tirar pega nas ruas de Fortaleza que eram calmas. Lembro demais na Praia do FuturoZé do Peixe, ele e o Aristides tirando pega de Landau... Alexande M.
Pra mim ele sempre foi uma lenda urbana. Quando eu era criança, tinha medo dele. Bastava alguém soltar a pérola: "Tome cuidado caso encontre-se com o Grafite." Da vida dele nada sei. Mas nunca esqueci dos fatos narrados (fidedignos ou não) sobre o terror que ele causava na nossa cidade. Ana C.

Volta da Jurema final dos anos 80


A turma do Grafite era formada por garotos que se achavam acima da lei. Ultrapassavam o muro da decência, não tinham limites e não temiam nada nem ninguém! O tempo passou, o Grafite se foi e aqueles rapazes, que um dia aterrorizaram a vida de alguns fortalezenses, amadureceram, se tornaram pais de família e deixaram o passado de loucuras e rebeldia para trás.
Dizer que tudo não passa de uma lenda urbana, não é verdade, principalmente se levarmos em conta, depoimentos bem honestos, inclusive de alguns que fizeram parte da turma do Grafite. Que tudo que falam é 100% verdade, também seria leviano afirmar, afinal, quem conta um conto, aumenta um ponto e como alguns falaram, o próprio Grafite gostava da sua "fama de mau" e por causa de suas atitudes, tudo de errado era atribuído a ele.
Grafite não tinha freio, fazia tudo que tinha vontade, mesmo que isso prejudicasse ou colocasse em risco a vida de terceiros.

Falei com alguns garçons e a maioria, preferiram não falar sobre o assunto, outros, falaram que não sabiam de nada, mas teve quem falasse, mas com uma condição, pediu para ficar no anonimato, não quer seu nome envolvido com nada que lembre o Grafite:

 Aquilo era uma peste, não respeitava ninguém, se eu fosse falar tudo que esse "cabra" aprontava, dava um livro de terror. Faltou pulso firme, se fosse meu filho... Quem trabalhava na noite naquela época, passou poucas e boas nas mãos dele. Ele e a "cambada" que o acompanhava, faziam o inferno onde chegavam. As moças tinham medo deles, ouvíamos cada coisa que eu prefiro nem lhe falar, tenho vergonha. 
Lembro do acidente horrível que ele sofreu, foi muito feio! Ele foi irresponsável e procurava a morte, não tinha limites, mas eu prefiro não falar mais nada, ele já morreu, vamos enterrar o assunto também, é melhor.

Depois de tudo que você leu, qual a SUA opinião? Qual imagem Gravite deixou PARA VOCÊ? Apenas um jovem inconsequente e irresponsável? Uma vítima de acusações infundadas?


*Conhecido também como Tid Bill


** Maria Antônia Rodrigues Ramos, conhecida como D. Moça (ainda vive). Além do Grafite, teve outros filhos: O Marcos Pretão (o mais velho), o Carlinho (que juntamente com o GRAFITE, cujo nome verdadeiro é Tarcísio, eram os dois do meio) e Júnior. Dos homens, apenas o Junior está vivo. Marcos Pretão morreu a pouco tempo de um ataque cardíaco. Teve também três mulheres, delas, a Julieta e a Beth (casada com Manoel Gentil Porto), estão vivas. A mais velha das mulheres (desconheço o nome) também já faleceu.
Para tristeza dessa mãe, dois de seus filhos tiveram morte trágica: O Tarcísio (Grafite) e o Carlinhos que suicidou-se.

"A história da família é muito trágica, D. Moça, a matriarca, perdeu uma filha ainda nova, o Grafite, o Carlinhos, o marido (Sebastião) e por último o Marcos Pretão. E continua firme e forte!" F.G





*Volta da Jurema: Jurema era o símbolo da fecundidade da tribo da Índia Iracema. E a volta é devido ao contorno que o calçadão faz na altura do Jardim Japonês. Inclusive, a estátua da Iracema Guardiã simboliza a índia guerreira guardando o segredo de Jurema. 
NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: