Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Major Facundo
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

A Fortaleza em suas Ruas, Avenidas, Travessas...



 Essa foto é da época das cadeiras nas calçadas... Foto Assis de Lima

A tranquilidade dessa rua me encanta... Foto Assis de Lima

Um bondinho puxado a burro. Foto Assis de Lima



Av. Pessoa Anta


O fotógrafo está ao lado da Secretaria da Fazenda (Sefaz), olhando para a Avenida Pessoa Anta, tendo ao lado direito o início da Avenida Alberto Nepomuceno. Hoje em dia, do lado esquerdo há um posto de venda de combustíveis. Pelo aspecto da foto deve ser de aproximadamente 1920. Arquivo Nirez




Foto do mesmo ângulo da anterior. Essa feita em 2006 - Arquivo Nirez

Essa foto é muito interessante, é antes de onde hoje é o Centro Dragão do Mar, na Praia de Iracema. Esse prédio abrigou antigamente uma firma do Alfredo Salgado, depois foi uma repartição estadual, hoje é aquela rampa do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Arquivo Nirez



Rua Direita

Antiga Rua Direita, foto restaurada por Sidney Souto






Travessa São Francisco - Rua Perboyre e Silva


Esse é o quarteirão da antiga Travessa São Francisco, hoje Rua Perboyre e Silva, entre as ruas do Rosário e Coronel Bizerril, atual General Bizerril. Hoje essas construções são ocupadas por casas que vendem produtos de informática, CDs, DVDs, tinta para impressora, reabastecimento de cartuchos, etc. Arquivo Nirez





Av. Barão de Studart


Foto de 1973 da Av. Barão de Studart quase próximo ao Palácio da Abolição olhando para o Mucuripe. -Foto de Arnaldo Pinheiro






Foto da Av. Alberto Nepomuceno do início para o fim. Hoje o Mercado Central fica onde estão essas casas e árvores da esquerda. Do outro lado é o quartel.
A data exata é difícil determinar, mas foi tirada de um cartão postal editado em 1908. Arquivo Nirez




Av. Duque de Caxias

Essa é a Av. Duque de Caxias com General Sampaio.
Nesse local hoje se encontra o Edifício Jacy Avenida. A casa em frente foi o Instituto Brasil/Estados Unidos na década de 1940 e Grupo Escolar Presidente Vargas na década de 1950. Nirez


Mesmo ângulo em outra época - Arquivo Nirez




Avenida Aguanambi 

Foto de 1972 logo que a Avenida Aguanambi foi aberta. Vê-se o cruzamento com a Rua 13 de Maio. Arquivo Nirez

Avenida Aguanambi (aguanambi sm (tupi áua-nambi, por auará-nambi) Orelha de cão) no cruzamento com a Av. 13 de Maio, onde hoje tem um viaduto mal planejado. O viaduto deveria ter sido construído na Aguanambi e não na 13 de Maio. Teria prolongamento até unir-se com a BR-116, com uma "parna" para a Borges de Melo, de forma que seria desnecessária a rotatória, pois seria a Av. do Canal. Iria se unir diretamente à Visconde do Rio Branco e ruas perpendiculares. Ao longe o prédio da Escola de Polícia e a Base Aérea. Arquivo Nirez




Avenida Bezerra de Menezes

Foto da década de 1940 - Arquivo Nirez




O Beco dos Pocinhos


Este é beco dos Pocinhos visto da Rua Pedro Borges na direção do nascente vendo-se ao fundo a Igreja do Pequeno Grande.







Na Major Facundo iremos falar sobre essa belíssima casa. Ela ainda existe e embora abandonada está em boas condições. Fica na Rua Major Facundo já no bairro José Bonifácio. Foi construída e nela residiu o Sr. Anastácio Braga Barroso, que foi esposo da professora Edite Braga. Quando ele faleceu a casa foi alugada para o Sr. Heráclito de Castro e Silva, que fundara o Curso Comercial Carlos de Carvalho em 9/5/1935 que depois se chamou Escola de Comércio Carlos de Carvalho, conhecido por CCC. Em 1964 morreu o Sr. Heráclito de Castro e Silva, no dia 1º de janeiro. A casa fica logo depois da Rua Antônio Pompeu, uns 30 ou 40m, e tem fundos para a Rua Floriano Peixoto na Praça José Bonifácio, que foi muito tempo entrada do Colégio. Os trilhos são da linha José Bonifácio, a mais curta de Fortaleza, que terminava a cinco metros da Domingos Olímpio. Hoje esta casa pertence a D. Hebe Barroso, descendente de Anastácio Braga Barroso. Arquivo Nirez


Outro belo casarão também na Major Facundo.

Essa casa ficava - e acho que ainda fica - na Rua Major Facundo 53 a 65, no chamado lado do sol, foi construído em 1924. Funcionou aí um clube dos operários e depois o Centro dos Inquilinos e por fim começaram a se reunir aí a União Síria, que seria os primórdios do Clube Líbano Brasileiro, que depois foi para a Av. Santos Dumont e terminou na Tiburcio Cavalcante. Depois funcionou aí uma fundição e casa de ferragens da firma Thomas Pearce & Filho. Hoje não sei como está nem o que funciona lá.
as portas do térreo foram todas violentadas e as superiores estão repletas de cobogós. Nem parece a mesma casa. Nirez



Esta foto data de 1951 e mostra a esquina da Rua Major Facundo com a Rua São Paulo que abrigava uma loja de tecidos pertencente ao Sr. José Meireles. Ficava diagonal com a Casa Victor dos Irmãos Pinto, depois Cimaipinto. Aquele prédio que fica no fundo é o Sobrado Mole, que foi sede da UDN.
O prédio de detrás era um antigo sobrado que nesta época estava sendo usado por várias lojas e escritórios. Parece-me que hoja aí está a Casablanca.
A sombra é do Edifício América, onde funcionou a Cimaipinto. o espaço entre o fim do sobrado e o sobrado mole que se encontra no final, é a praça que fica em frente ao Museu do Ceará. Não foi eberta nenhuma rua. Vejam a perspectiva que a linha da calçada segue exatamente a do sobrado mole. Nirez



Av. 13 de maio

Esse é o cruzamento da Av. 13 de Maio com Av. da Universidade -Foto anterior a 1974. Arquivo Nirez





Cruzamento da Guilherme Rocha com General Bizerril- Nirez

A árvore é o oitizeiro famoso, derrubado em 1929 por ordem do então Prefeito Álvaro Weyne.
O prédio da esquerda era o Rotisserie hoje Caixa Econômica. O prédio a direita, no andar de cima, é atualmente o Restaurante L'escale. Na esquina desse prédio funcionou o famoso Café Globo, hoje é a financeira BV. O local onde está o carro estacionado ao lado do prédio, a direita, funcionou por muito tempo o famoso Posto Vitória onde operava com carros de luxo, principalmente o Chevrolet Belair. Os motoristas todos com paletó e gravata.
Pode- se ver também no cruzamento das ruas Guilherme Rocha com Floriano Peixoto uma parte da Intendência Municipal e mais adiante ainda na esquina com a Major Facundo o Café Art Noveau, muitos anos depois a Esquina do Pecado. Essa foto foi tirada da entrada do Palácio da Luz
José Vieira de Moura

Ao lado do Art Noveau o sobrado do Comendador Machado, onde funcionava o Café Riche no térreo, tendo este sobrado sido demolido para a construção do Excelsior Hotel. Foto provavelmente da década de 20, pois não se vê mais os Cafés da Praça do Ferreira, e há ainda a presença do Oitizeiro do Rosário, derrubado em 1929. 
Ricardo Batista



Esquina da Rua Floriano Peixoto com a Rua Guilherme Rocha, onde foi construído em 1914 o sobrado do Eduardo Pastor, onde por muitos anos esteve a loja Rosa dos Alpes, de Rubens Carvalho e depois o Café Globo, depois o Armazém Paissandu e hoje tem uma loja na esquina e em cima está o Restaurante L'escale.  Nirez



quinta-feira, 21 de outubro de 2010

João Facundo de Castro Menezes - O Major Facundo




De acordo com o historiador Barão de Studart

“Major Facundo, foi à influência mais legítima e real que teve a província do Ceará”.

João Facundo de Castro Menezes nasceu em Aracati, Ce, no dia 12 de julho de 1787. Filho do Capitão – Mor José de Castro e Silva e Joana Maria Bezerra de Menezes.
O Capitão-mór José de Castro e Silva teve do seu casamento, celebrado em 22 de Agosto de 1768 com D.Joana Maria Bezerra, além de João Facundo dez filhos; sendo cinco homens e cinco mulheres. Os primeiros anos de João Facundo, ocupados na vida do comércio em Aracati e depois em Fortaleza, para onde mudou-se em 1818, nada oferecem de notável, mas acontecendo envolver-se por muitos lustros nas lutas travadas na província por motivo de partido e de nacionalidade, sua passagem por elas deixou vestígios inapagáveis. Quando de Pernambuco se estenderam ao Ceará as idéas da Confederação do Equador e a nova comarca do Crato hasteou em Outubro de 1822 o estandarte da revolta, foi Facundo metido em arbitraria e despótica prisão e deportado para uma fortaleza no Rio de Janeiro de onde o fez sair um honroso mandado Imperial. Esses vexames, de que também partilhou seu primo e conterrâneo Capitão-mór Barbosa, eram consequência lógica das idéas que comungavam em matéria de política, a família Castro opondo-se ao reconhecimento do governo de que se constituíram chefes Tristão Gonçalves d'Alencar Araripe, José Pereira Filgueiras e Padre Gonçalo Ignacio d’Albuquerque Mororó. Em data de 14 de Abril de 1824, Barbosa assinou com seus companheiros do Senado da câmara, Marcelino de Brito, Manoel José Martins Ribeiro Júnior, Ignacio Ferreira Gomes e José Antonio Machado um protesto contra os manejos de Tristão e conjurou-o a que se demitisse do posto, que ilegitimamente assumira e concluiu lançando lhe sobre os ombros a responsabilidade de toda e qualquer desgraça, que em Fortaleza acontecesse por motivo de não aquiescência ao convite do Senado. Em resposta a esse ofício, a Municipalidade recebeu obstinada e formal recusa asignada por Francisco Pinheiro Landim, José Pereira Filgueiras, Tristão Gonçalves d'Alencar Araripe e Miguel Antonio da Rocha Lima (secretário), recusa cuja minuta fora feita pelo Padre Mororó. Convencidos os Castros e seus amigos que os revoltosos não cederiam de seu propósito, nem reconheceriam o Tenente-coronel Pedro José da Costa Barros, presidente nomeado pelo Governo Central desde 25 de Novembro de 1823, e que então já estava no porto pronto a desembarcar da corveta “Gentil Americana”, reuniu-se de novo o Senado da Câmara a cuja sessão compareceu o comandante do batalhão de 1ª linha Sargento-mór José Narcizo Xavier Torres e passou a instituir um governo provisório, cuja Presidência foi assumida pelo 2º vereador, pois o 1º, Joaquim Antunes de Oliveira, temendo comprometer-se, dera parte de doente. Estando as coisas assim, Tristão, Landim e seus amigos retiraram-se apressadamente, mesmo sem cavalgaduras, para a vila de Arronches onde estabeleceram quartel general e deonde espiavam a cidade de Fortaleza e suas proclamações e de tais meios se serviram, não sendo o de menor importância a divulgação da noticia de ter sido Filgueiras elevado ao posto de brigadeiro e feito Governador das Armas, que conseguiram a suspensão de Facundo do comando do Batalhão dos Nobres e a prisão de Barbosa. Isto se passava no dia 15, quinta-feira santa, e nesse mesmo dia tinha o desembarque de Costa Barros. Chegada no dia seguinte a nova do bloqueio do Recife e da critica posição de Paes de Andrade. Tristão apressou-se em convidar Costa Barros a assumir a presidência da Província, o que se realizou com satisfação de todos os cearenses, que viram restituídos as suas famílias Facundo, Barbosa e companheiros. Não tinha, porém, ainda soado a hora do extermínio completo da República do Equador no Ceará; rios de lagrimas deviam ainda derramar-se e sangue precioso tingir o solo da pátria. Diogo Gomes Parente e Francisco Alves Pontes, que vinham de Pernambuco trazer palavras de animação e assegurar a esperança de decisiva vitória, seguiu Filgueiras para o Aquiraz, depois voltou a Messejana e desta última,expediu ordem a Luiz Rodrigues Chaves, já então feito comandante do batalhão da capital, para que prendesse e remetesse para bordo da fragata ingleza “Jubile “ João Facundo, Joaquim Barbosa, Marcelino de Brito, Manoel Martins, José Narciso Xavier Torres, Manoel Antonio Diniz, Francisco Xavier Torres, João da Silva Pedreira, Sargento-mór Jeronymo Delgado Esteves e o Tenente José de Abreu. Postos na impossibilidade de lutar, os inimigos mais salientes dos planos de Tristão, Filgueiras oficiou ao Presidente Costa Barros para demitir-se do lugar que ocupava e deu-lhe por substituto Tristão Gonçalves que entrou em exercício.

Contrário à Junta Governativa formada por Tristão Gonçalves, Padre Mororó e Pereira Filgueiras, Major Facundo (como já foi dito),foi preso e enviado para o Rio de Janeiro, sendo libertado por ordem de D. Pedro I.
Era defensor das idéias políticas da família Castro, e chefe do Partido Liberal, por ocasião da Confederação do Equador.
Deixa novamente o Ceará, com a declaração da maioridade fornecida por D. Pedro II, e assume interinamente a Presidência da Província do Ceará em substituição ao Padre José de Alencar, exonerado da Presidência do Ceará em março de 1841, por ocasião da queda dos liberais no Rio de Janeiro.
No dia 9 de maio é nomeado um novo Presidente do Ceará, Brigadeiro José Joaquim Coelho.
O Major Facundo, embora fosse seu Vice-Presidente, lhe fazia cerrada oposição.
Esta divergência deu motivos a que a esposa do Presidente contratasse um matador que assassinou Facundo, no dia 8 de dezembro de 1841 em frente a sua própria residência, na atual Rua Major Facundo.
No local onde funciona hoje a Livraria das Edições Paulinas.
Os executores, Antônio Manuel Abraão e Pedro José das Chagas foram condenados à prisão perpétua, e Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, que serviu de intermediário na contratação dos criminosos, foi julgado 3 vezes e absolvido.

Bala assassina desfechada às  19:30hs da noite de 8 de Dezembro libertou os conservadores de poderoso adversário e roubou aos liberais seu chefe prestimoso. Era então presidente da Provinda o brigadeiro José Joaquim Coelho, depois Barão da Vitória, juiz de direito e chefe de polícia da comarca da capital o Bacharel Miguel Fernandes Vieira e comandante da policia Franklim do Amaral. Procederam ao corpo de delito e exame cadavérico com assistência do juiz de paz Capitão-mór Barbosa e do escrivão Antonio Lopes Benevides o Cirurgião-mór da província Joaquim da Silva Santiago e o Cirurgião Francisco José de Mattos. É este o auto de corpo de delito, a que mandou proceder o Juiz de paz do primeiro ano, Capitão-mór Joaquim José Barbosa:

(*)“Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Chisto de 1841, aos nove dias do mez de Dezembro do dito anno nesta cidade da Fortaleza, cabeça da Comarca e Província do Ceará Grande, em casa de morada do Major João Facundo de Castro e Menezes, onde foi vindo o Juiz de Paz do primeiro anno, Capitão-mór Joaquim José Barbosa commigo Escrivão de seu cargo ao diante nomeado, o Cirurgião-mór da Província do Ceará Grande Joaquim da Silva Santiago e o Cirurgião Francisco José de Mattos para effeito de se proceder a exame e corpo de delicto no cadáver do dito Major João Facundo que havia sido assassinado á noite antecedente com tres tiros e logo pelo dito Juiz de Paz-foi deferido aos ditos peritos o juramento dos Santos Evangelhos em um livro delles a um depois de outro, encarregan-do-lhes que com boa e san consciência examinassem o corpo do cadáver que estava presente e declarassem quantos ferimentos, noduas e contusões tinha o dito cadáver em seu corpo, suas qualidades e cituações e se dellas provinha a morte. E recebido por elle, dito juramento assim o prometteram cumprir e guardar como lhes era encarregado, e logo na presença do dito Juiz e de mim Escrivão passaram os ditos peritos a examinar o corpo do dito cadáver e declararam ter este uma ferida longa sobre a parte lateral media e inferior do craneo do lado direito com fracturas ou grandes destruições nos ossos parietal, escamosa do temporal e coronal até a apophyse todos do mesmo lado direito com extensão de duas polegadas de boca circularmente penetrando a cavidade do craneo em direcção obliqua para a baze posterior e inferior do occipital com perdimento e grande destruição de cérebro e grossos vasos; outro ferimento junto ao condylo esquerdo do occipital, contendo uma polegada de extensão triangularmente sem fractura da sutura cotnboi-dia e destruição da porção cerebellar, cujo ferimento ultimo denota ser havido dos corpos superiormente impellidos. Estes ferimentos foram feitos com arma de fogo e pelos estragos notados em entranhas; órgãos e vazos tão necessários á vida foram absolutamente mortaes. E por esta fôrma houve o dito Juiz este auto de corpo de delicto por terminado. Eu Escrivão dou minha fé por ser todo o conteúdo em verdade por vêr e presenciar ditos ferimentos da cabeça do dito cadáver, e de tudo para constar mandou o dito Juiz de Paz fazer este auto em que assignou com os ditos peritos. Eu Antonio Lopes Benevides, Escrivão o escrevi.—Joaquim Jose Barbosa, Joaquim da Silva Santiago, Francisco José de Mattos”. 


Nota de falecimento do Major Facundo publicado no Jornal O Cearense de 1846.

Possuo ainda a camisa que vestia Facundo ao ser assassinado. Sobre o bárbaro crime são dignos de leitura os Discursos, que na presença do Imperador recitaram a 5 de Janeiro de 1842 o Senador Alencar, o deputado Padre Carlos de Alencar e o Dr. José Lourenço, presidente da Câmara de Fortaleza. Estão publicados no Maiorista, do Rio de Janeiro (Janeiro de 1842). O illustre cearense, pode-se dizer, suicidara-se: como a Cezar, não lhe faltaram avisos de que sua vida corria enormissimo perigo, risco iminente; como a Pelegrino Rossi chegaram-lhe nefandas traições; mas tais eram os sentimentos que em sua alma se aninhavam que nunca se arreceou de ser vítima do bacamarte assassino por motivo político, por ódio partidário. Disto temos prova em carta sua. Um dia, era a festa do Espirito Santo, a família Castro reunia-se no Meireles em casa de Manoel Lourenço, residência hoje da familia Silva Porto, e João Facundo para lá se dirige pelo caminho, que fica à direita do Palácio Episcopal ; os assassinos emboscaram-se neste ponto, mas frustrou-se o plano tenebroso, porque a vítima voltara por caminho diferente, pela beira-mar; em outra ocasião achava-se ele em casa do seu parente Capitão-mór Barbosa, onde foi o Hotel das Quatro Nações, posteriormente consultório do cirurgião dentista Guilherme Sombra e atualmente é a Casa Bordallo. Os assassinos, postados na então Praça Carolina bem em frente da atual Assembléa, retiram dentre feixes de capim as espingardas Carregadas, fazem por vezes pontaria para as janelas do sobrado, que lhes fora designado, mas ainda desta feita frustra-se o assassinato por não ter havido ocasião propícia a perpetração do horrendo crime. Porém a 8 do mês de Dezembro tinha execução o tenaz e deliberado propósito e em hora infeliz realizavam-se as previsões e os temores dos amigos e dos parentes do infeliz cidadão. Compreende-se o que acontecia então nas ruas da cidade, no seio da família em sobresalto. Por toda parte surgiam gritos de vingança, protestos de energia indescritível. A polícia, essa não permitia que se fizessem ajuntamentos de mais de três pessoas e trazia á vista os membros mais conspícuos da familia perseguida e seus mais dedicados amigos, e em altas vozes os homens do governo prometiam prêmios a quem descobrisse os matadores, cerravam ouvidos aos nomes, que o clamor público apontava e mais tarde protegiam abertamente os mandantes do atroz delito. Decorridos tantos anos depois do triste sucesso, se pode hoje dizer sem rebuço os nomes dos criminosos. Foram eles:

a mulher de José Joaquim Coelho (mandante), Antonio Abrahão e Chagas (executores), Cel Agostinho e Joaquim Jacarandá (intermediários). Aliás a Baronesa da Vitória nos últimos tempos de sua vida não mais escondia a parte importante, que tomara na tragédia. Os mandatários do assassínio de Facundo, o preto Antonio Manoel Abrahão, natural de Crateús, e o cabra Pedro José das Chagas, natural de Caxias, Maranhão, foram anos depois condenados a galés perpetuas pelo júri de Fortaleza; Joaquim Ferreira de Sousa Jacarandá, o intermediário entre os assassinos e a mulher de José Joaquim Coelho, a mandante do crime, foi julgado três vezes, sendo absolvido na 1ª, condenado a galés perpétuas na 2ª e absolvido pelo voto de Minerva na 3ª. Seus restos repousam na Igreja do Rosário, corredor à mão esquerda, junto ao túmulo de seu primo e amigo, Capitão-mór Barbosa, falecido de lesão cardíaca a 23 de Outubro de 1847.


 “AQUI JAZEM/ OS RESTOS MORTAES/ DO MAJOR/ JOÃO FACUNDO/ DE CASTRO MENEZES/ VICE PRESIDENTE DA PROVÍNCIA/ ASSASSINADO/ A 8 DE DEZEMBRO DE 1841/ SENDO PRESIDENTE/ JOSÉ JOAQUIM COELHO./ NASCEO AOS 12 DE JULHO/ DE 1787.


TRIBUTO D’AMISADE/ DA SUA INFELIZ ESPOSA/ D. FLORENCIA D’ANDRADE/ BEZERRA E CASTRO/ A 8 DE DEZEMBRO DE 1842.”

A rua mais bela da capital do Ceará, a antiga rua da Palma, aquela onde se acha situada a casa, que o viu cair ferido mortalmente, honra-se hoje com o nome do Major Facundo. A casa é aquela em que tem estabelecimento de ferragens a firma Viúva Villar e Filhos. Um ano e cinco meses depois do assassinato, a 19 de Maio de 1843, voltava para casa pelo braço de Elesbão Bittencourt, filho do presidente Silva Bittencourt e acompanhada de todos os seus juizes a esposa de Facundo, D. Florência de Andrade Bezerra de Castro, acusada de conspirações e metida em monstruoso processo. Os jurados, que por unanimidade absolveram a D.Florência de Andrade foram Manoel Joaquim de Almeida, Manoel José Ladislau, Antonio Pereira Martins, Vicente Ferreira M. Pereira, Vicente da Costa dos Anjos, Valério Raulino de Souza Uchôa, Constâncio Dias Martins, Joaquim de Macedo Pimentel, José Gervásio de Amorim Garcia, João Pacheco Ferreira, Luiz V. da Costa Delgado Perdigão e Francisco Manoel Gafanhoto.

Facundo foi comandante do batalhão dos Nobres de Fortaleza, e condecorado com o hábito de Christo. Dona Florência de Andrade B. e Castro nasceu em Paraiba a 21 de Agosto de 1787, casou a 14 de Maio de 1814 e faleceu a 11 de Setembro de 1865 em Fortaleza.
O Major João Facundo e D. Florência de Andrade deixaram a seguinte descendência: Antonio Facundo de Castro Menezes, nascido a 18 de Novembro de 1816 e falecido no Pará a 1º de Janeiro de 1878; Maria Joanna de Castro Barbosa, nascida a 8 de Julho de 1818, casada com seu primo o Major Joaquim José Barbosa e falecida a 13 de Junho de 1849; Cândida Augusta de Castro Menezes, nascida a 15 de Janeiro de 1824 e falecida a 3 de Junho de 1864; Dr. Ernesto Facundo de Castro Menezes, nascido a 7 de Novembro de 1828 e falecido a 13 de Novembro de 1859; Camerino Facundo de C. Menezes, nascido a 21 de Agosto de 1830 e falecido em 1908 no Pará.

Saiba Mais: 

O sepultamento do Major Facundo ocorreu na Igreja do Rosário.
No local existe uma lápide com inscrições relativas ao fato.
A pedido de sua esposa, foi sepultado de pé, no interior de uma coluna na Igreja.
Esta Igreja, localizada no centro de Fortaleza, é mais antiga igreja de alvenaria do Ceará.
Durante reforma recente, importantes descobertas arqueológicas foram efetuadas nas escavações realizadas no local.

Suas idéias políticas premiam pela legalidade, tendo sido este alvo de perseguições, prisões arbitrárias e por diversas vezes, deportado para o Rio de Janeiro.
Foi deputado estadual e Presidente da Província do Ceará.
Seu nome batiza uma das mais importantes vias centrais da capital cearense, conhecida anteriormente como Rua da Palma.

Em conseqüência das séria desavenças políticas entre liberais e conservadores, foi assassinado em uma emboscada por pistoleiros contratados pela mulher do então presidente nomeado da província, José Joaquim Coelho.
Faleceu em 8 de Dezembro de 1841, em Fortaleza.

(*)Grafia de época
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Crônica de Raymundo Netto para o jornal O POVO

Finalmente! Estava já incomodado com a equívoca ideia que imprimi ao Lustosa da Costa de que não aceitava-lhe a companhia para almoço, repetidas foram as recusas involuntárias justificadas sempre à imprevisível agenda de escravo branco.
Marcamos o encontro no Centro, é claro, e fiel aos bons costumes, pensava em almoçarmos no L’Escale, restaurante de vista patrimônica, um dos poucos em que se pode sentir nos pés os luminosos estalos de soalhos tabuados. Entretanto, ao transpor a lateral do corredor da sacristia da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, gritos desesperados nos tomaram reparo:

— Tirem-me daqui, vamos! Quero sair... Exijo! Sou Comandante do Batalhão dos Nobres... Abram! Abraaaam!!!

Entreolhamo-nos e, curioso, Lustosa entrou com vagar na igreja, dando de cara com o Paulinho, agente pastoral, que girava de maneiras de peão a coçar a cabeça confusa.

— Que é que está acontecendo aqui, homem? — perguntou o Lustosa.

— É o Major... Ai, meu Deus... Amanheceu hoje com a macaca! Ai, meu Deuuuus...

Sim, gentis ledores, para quem não sabe, o Major Facundo, ex-Vice-Presidente da Província — ser Vice já não é fácil, imagine um ex-Vice... — aquele mesmo que emprestou seu nome à antiga rua da Palma, a que embeiça a praça do Ferreira, encontra-se sepultado ali, em pé, numa parede fria da igreja, de vistas ao Palácio da Luz, antiga sede do Governo do qual era servidor. Dos 168 anos que lá habita, até o presente, comportou-se disciplinarmente, sem incomodar os que pela nave arrastam joelhos em troca da serena paz de flores de lis, paz esta que, ao que parece, o Major não compartilha.

Por detrás de um bloco adornado artesanalmente em mármore e pedra sabão de Lisboa, encontra-se o corpo, velado pelo texto em letras de tipos variados, quase como a enredar um enigma:

“AQUI JAZEM/ OS RESTOS MORTAES/ DO MAJOR/ JOÃO FACUNDO/ DE CASTRO MENEZES/ VICE PRESIDENTE DA PROVÍNCIA/ ASSASSINADO/ A 8 DE DEZEMBRO DE 1841/ SENDO PRESIDENTE/ JOSÉ JOAQUIM COELHO./ NASCEO AOS 12 DE JULHO/ DE 1787.
TRIBUTO D’AMISADE/ DA SUA INFELIZ ESPOSA/ D. FLORENCIA D’AND[R]ADE/ BEZERRA E CASTRO/ A 8 DE DEZEMBRO DE 1842.”


Ao passar levemente a mão no friso dourado que contorna a lápide, não sei como, mas devo ter acionado alguma trava secreta: uma porta rangedora se abriu e, com ela, uma mal cheirosa e encofrada poeira do tempo escapou. O Paulinho, com as mãos à cabeça raspada, correu atrás de um rodo: “O chão, o chão!!! Ai, meu Deeeuuuss... O Majooor!!!”
Assistimos então ao trôpego militar que saía, coitado, com um chapelão emplumado bamboleando sobre uma têmpora — a outra foi perdida no “acto delitoso que o victimou” —, o quase não-pescoço posto em forro por babados amarelados pousados à larga lapela azul, a sacudir a areia fininha que escorria pelas dragonas. Ainda assim, bateu continência ao Lustosa, conjecturando, em solene ato, estar de cara com um general. Não rogado, o Lustosa que o observava atento, colocou as mãos pacientes às costas:

— Descanse, meu filho, descanse... Mas me conte: o que te deu para depois de tanto tempo estar assim tão alterado?

— Desculpe-me, senhor, impacientei-me. Não sou homem de ficar parado. Gosto de trabalhar e tempos há que espero, ansioso, a pátria convocação.
— Mas você morreu, cristão... Que diabos ainda quer por aqui, criatura?

O pobre oficial qual sabia o que queria; vertia areia por todo poro, desculpava-se amiúde e, por um momento, ateve-se apenas a desembaraçar os braços à luz, afora da janela, sorrindo, ao senti-la desbridar-lhe o mofo. Vez ou outra o pobre Major engolia seus pensamentos — ou meio pensamentos — e ficava tanto que abestado... Não proferia duas palavras não fosse uma “casa”. Ora, o cadáver, numa crise pós-existencial alegórica platônica, não perdera seu costume provinciano e decidira rever sua casa. Tivemos que levá-lo, cruzando a praça dos Leões que, já acostumada a todo o tipo de “arrumação”, nem ligava para a figura espantalhesca do Major... É claro, eu sabia que a nossa Fortaleza — que tem a tradição de não ter tradição — não se trairia, e por certo haveria de ter posto abaixo a casa do Major. Deveras, passamos algum tempo ali, na Major Facundo com a São Paulo, à esquina, onde a tintura da memória desenhava-lhe uma imagem querida. Acocorado à calçada — era de dar dó —, o Major desfiava a fatídica noite: Estava ele e a esposa concluindo o jantar, às 8 h, quando deram por recostar-se a uma das sacadas que dava para a Palma. Era noite sem luar, negrume à rua. A Florência inda conseguira perceber na esquina da frente, no meio de entulhos, estranho cintilar. Quase conseguia alertar o marido quando o disparo se deu. Por um pouco, os estilhaços da carga do bacamarte não deram fim também à mulher. Tragédia. Antes, sofrera outras emboscadas, na rua da Ponte e na praça da Carolina, mas escapara. Por um és-não-és, escapara... Lamentava o som daquele tiro que não lhe deixava mais o ouvido. Chorou, por único olho, uma gosma amarelada, ralinha, granulada de areia.

O Lustosa acompanhava o relato com poucas falas. Como repórter que é, não resistia a interrogar o Major que, de vezes, o respondia:

— Ô, Joazinho, é verdade que seu partido colocou arsênico na água dos deputados?
— Era apenas tártaro emético, General. — exclamou de pronto, ainda crendo general o colunista. — Ideia do Dr. José Lourenço. Eu que nem sabia disto... Fechou a Assembleia. Foi um Deus nos acuda... Mas, mudando de assunto, e os meus assassinos? foram presos? condenados? morri em vão?

Expliquei ao pálido aracatiense que seus executores, o negro Abraão e caboclo Chagas, foram condenados, sim, e à prisão perpétua. Escaparam da forca por um pouquinho assim... Mas ainda hoje a sua morte é um mistério. A mandante do crime, acredita-se ser, a mulher do Presidente da Província na época. Estes saíram impunes.

— A baronesa? O Presidente? Mas... — Por esta, não esperava.

— Sim, e uns tais José Agostinho e Joaquim Jacarandá. — complementei.

— Agostinho é coronel do Icó, um “carcará”... Jacarandá, este é um sem importância, um alferes do palácio. Que vil traição...

— Não estranhe não, Major — interveio o Lustosa —, vejo urso de gola para entender essa tal de política... Pense numa máquina de fazer doido! Você é um herói. Eu mesmo é que não sirvo nem para comandar barraquinha de pamonha, e vossa mercê um Vice-Governador...

— E o senhor meu Rei? Qu’é dele?

—Rei hoje em dia é artigo de luxo de bloco de carnaval, João. Acorda, homem! O nosso Presidente é um operário que posa ao lado da rainha inglesa e é aclamado pelo Presidente dos Estados Unidos como o político mais popular da Terra. Nem fala tantas línguas quanto porteiro de hotel europeu, nem é sociólogo. Apenas um brasileiro, formado pela universidade da vida.

— República? Presidente? Um peão?

— Ora se... Os tucanos, aqueles que se opõem ao operário, não querem reconhecer os avanços e conquistas das classes menos favorecidas nos últimos sete anos de uma política econômico-financeira exitosa. Também não admitem discutir as delícias e vantagens do governo FHC, aquele em que o Brasil faliu duas vezes, teve de vender, a preço de banana, ativos preciosos e ainda agigantou dívida interna pequena deixada por Itamar Franco.

— Tucanos? FHC?

— Sim, e o Degas aqui é bem capaz de deixar seu jamegão no que digo... E, olhe, Major, digo mais, sempre aconselho a amigos de meu tope, a aposentados como eu e você, que é muito melhor, na atual fase da vida, ou da morte, no seu caso, adquirir um computador que arranjar uma rapariga. Porque uma mulher adicional, a esta altura dos acontecimentos, por razões óbvias, só vai lhe causar decepções. Eu conheço um restaurante, se permite um comercial modesto, o Barrigudo, lá na estrada de Massapê, em Sobral que eu não esqueço, que tem uma ova de curimatã... Depois podemos tomar um champã, percebo-lhe um pouco seco..., e conhecer minha biblioteca, o que acha? E sabe o que mais, se eu não fosse jornalista, Joãozim, eu seria que nem tu: defunto!

E assim, nosso esperançado almoço, mais uma vez, foi para as cucuias. O Major se foi em coreias com o filho do seu Costa e dona Dolores que decidiu, por fina força, atualizar o ressuscitado. E certo de que você não pode tirar da cabeça o que não botou dentro dela, me despeço, ainda com fome: até uma próxima!

Major Facundo, militar assassinado por questões políticas, em sua própria residência, a mando da esposa do, então, Presidente da Província. Em 1879, a Câmara Municipal, decidiu homenageá-lo conferindo seu nome à rua em que morava.

Francisco José Lustosa da Costa nascido em 1938, em Cajazeiras da Paraíba, veio menino à Sobral, onde, em 1954, ingressou no Correio da Semana. Em Fortaleza escreveu para O Unitário, Correio do Ceará e colaborou no Anuário do Ceará, do amigo Dorian. Em 1974 passou a morar em Brasília e escreveu para O Estado de São Paulo e Correio Braziliense. Escreveu diversos livros, muitos sobre Sobral, e costuma dizer que as pessoas só batem palmas à gente morta. Pois tome essa crônica como tais palmas (a Major Facundo não era a rua da Palma?)
Raymundo Netto


Fontes:Diccionario Bio-bibliographico Cearense - Barão de Studart, Enciclopédia Nordeste e Raymundo Netto

domingo, 19 de setembro de 2010

Barão de Ibiapaba e seu famoso sobrado



Barão de Ibiapaba
Joaquim da Cunha Freire

O Barão de IBIAPABA foi o Coronel Joaquim da Cunha Freire, Barão de Ibiapaba, que nasceu no Ceará em 18 de Outubro de 1827 e faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de Outubro de 1907. Era filho de Felisberto Correia da Cunha, que faleceu em Piauí em 1832 e de D. Custodia Ribeiro da Cunha, natural de Portugal. Joaquim casou-se com D. Maria Eugenia dos Santos. Dedicando-se a carreira comercial soube acumular avultada fortuna, tendo colaborado para melhoramentos materiais de Fortaleza. Governou a Província varias vezes como Vice-Presidente. Chefe político de grande influência, foi Coronel da guarda Nacional; Presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, da Junta Comercial, da Caixa Econômica e Monte de Socorro da Província. Era Comendador da Ordem da Rosa. Foi o 1º Barão desse título, por Decreto de 17 de janeiro de 1874, morava na Rua da Palma nº 50 na cidade de Fortaleza no estado do Ceará.
Joaquim da Cunha Freire era irmão do Visconde de Cauhipe, Severiano Ribeiro da Cunha, nascido em 6 de Novembro de 1831 em Cauhipe, junto à Soure, na Província do Ceará. Titular português, por decreto de 1º de Março de 1873, e faleceu em Fortaleza a 4 de Setembro de 1876; casado com D. Euphrasia Gouvêa que era filha de Manuel Castano de Gouvêa e de D. Francisca Agrella de Gouvêa. Desse casamento tiveram a filha:
1. Luísa da Cunha casada com Guilherme Chambly Studart, Barão de Studart.
O Titulo de Visconde de Cauhipe lhe foi conferido pelo Papa, por Breve Apostólico de 22 de janeiro de 1900. Deixou uma vasta obra científica, literária e histórica - é autor obrigatoriamente citado por quem se dedica à história do Nordeste e, de modo particular, à do Ceará.
Brasão de Armas: Escudo esquartelado tendo o superior da direita e o seu alterno interceptados cada um por três faixas de prata, carregadas cada uma com um a flor de Liz purpurina, e dispostas em banda, e aquelas sobre o campo verde; o superior da esquerda e o seu alterno, carregadas cada uma por nove cunhas azuis colocadas em três palas, de três cada uma, sobre campo de ouro, e com orla carmezim, carregada por sete castelos de ouro, sendo três em chefe e os restantes igualmente repartidos pelos laterais. (Brasão concedido à seu irmão o visconde de Cauhipe por alvará de 16 de Março de 1874. Reg. no Archivo da Torre do Tombo Mercês de D.Luiz I Liv.XXIV,fls.243 v).
N.B. – Esta descrição aparta-se da terminologia heráldica; copiamo-la como o fez o Escrivão da Nobreza dessa época, em Portugal.

Observação – Segundo alguns, o barão teria usado as armas de seu irmão, o visconde de Cauípe, a saber: um escudo esquartelado: no primeiro e no quarto quartel, em campo de sinople, três faixas de prata, cada uma carregada de uma flor de lis de púrpura, as flores dispostas em banda; no segundo e no terceiro quartel, em campo de ouro, nove cunhas de azul, postas 3, 3 e 3. Bordadura de goles, carregada de sete castelos de ouro, sendo 3 em chefe e dois em cada flanco. Para Joaquim da Cunha Freire, seria uma coroa de barão.

RUA MAJOR FACUNDO

Este bonito sobrado que vemos na antiga foto, que data de 1910, pertencia ao Barão de lbiapaba, cujo nome real era Joaquim da Cunha Freire, comerciante nascido em Caucaia em 18 de outubro de 1827, filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. O Barão de lbiapaba era irmão do Visconde de Cauípe.
Através de sua atividade comercial, adquiriu grande fortuna e fez melhoramentos na Cidade. Foi presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, da Junta Comercial do Estado, daCaixa Econômica e do Monte de Socorro da Província, além de ter assumido várias vezes a presidência da Província, como Vice-Presidente que era. Em 1874 recebeu o título de Barão de lbiapaba. Faleceu no Rio de Janeiro, então Capital Federal, no dia 12 de outubro de 1907.
Na fotografia antiga vemos o sobrado do Barão de Ibiapaba ao tempo em que nele funcionava a firma R. Guedes & Cia de ferragens, louças, tintas e óleos. Pela Rua Major Facundo tinha o nº 46 e pela Rua Senador Alencar os nº 8, 10 e 12.

Pela rua Senador Alencar, depois do sobrado, vêm várias portas que abrigavam casas comerciais até bem pouco tempo, a maioria negociando com artigos para sapateiros. Ao longe, vemos o telhado de ardósia do Palacete Guarani. Funcionou na esquina deste sobrado o Cartório Pergentino.
O velho sobrado esteve ali até a década de 70, quando o deixaram destelhado e um dos invernos daquela década o fez ruir.
A fotografia atual mostra o que há hoje no local, o prédio do Banco Brasileiro de Descontos - Bradesco, que ocupa todo o quarteirão pela rua Senador Alencar. É um prédio de linhas modernas, mas por ter apenas dois pavimentos superiores suas linhas paralelas verticais perdem a finalidade, fazendo-o um prédio anão, que sobressairia muito mais se fosse ornamentado com linhas horizontais.



Crédito: Portal da história do Ceará e Genealogia Freire

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