Escultor. Iniciou-se nas artes plásticas somente aos cinquenta anos, em 1975 criando composição a partir de soldagem entre si de peças de sucata, resultando daí figuras humanas ou animais de grande singularidade. São palhaços, “Carlitos”, Cangaceiro, dançarinos Ferreiros, etc, enfim, uma variedade de tipos humanos de animais do diversos sempre representados de forma criativa e bem humorada. Com essas criações participou de várias mostras coletivas e individuais obtendo premiações nos XXVIII, XXXI, XXXIV e XXXV Salões Municipais de Abril (Fortaleza – CE 1978, 1981, 1984 e 1985) e no Salão Nacional de Artes Plásticas do Ceará (Fortaleza – CE 1979) várias esculturas de grandes dimensões permaneceram expostas na década de 80 e 90 em via pública, na Av. Bezerra de Menezes, defronte ao ateliê do Artista, em Fortaleza (CE) outras de suas obras compõe o acervo do Espaço Cultural do Banco do Nordeste, do Museu de Artes da UFC (MAUC) do Centro Cultural Oboé e de outros públicos e privados na capital cearense, entre os quais o da Sede da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB, Seção do Ceará.
"Não se pode aceitar que ele tenha falecido, de fato, em 2004, em Fortaleza, porque até hoje, quando se vê o Dom Quixote feito por ele, fica-se a imaginar, que o grande Zé Pinto continue pedalando sua bicicleta, em busca de moinhos de vento, para verificar, talvez, se há alguma sucata de aço e de sonho sobrando, que ele possa transformar em arte."
Marcelo Gurgel
O Zé Pinto da sucata ( Matéria de 20/03/2012 - Jornal O Povo)
Francisco Magalhães Barbosa, o conhecido Zé Pinto, nasceu em Fortaleza, Ceará, em 28 de setembro de 1925. Era ele filho de Antônio de Freitas Barbosa e dona Maria Magalhães Barbosa. Escultor autodidata, com um DNA realmente fantástico, ao ponto de nunca ter frequentado uma escola especializada, casou-se com Maria Zenor Cassiano Barbosa, tendo com ela onze filhos, o que dá a impressão do quanto era realmente pródigo, tanto na feitura de gente, como de obras de arte.
Escultura Cangaceiro
Quando Zé Pinto entrou no mundo das artes plásticas, ele não era assim tão novo. Tinha mais de 50 anos, fato que não o impediu de ganhar a mídia, ao expor suas criações no canteiro da Avenida Bezerra de Menezes, na década de 1970.
Avenida Bezerra de Menezes - Arquivo Nirez
Por essa época, ele era apenas um marchand, encarregado de vender os trabalhos executados por seus filhos, os quais, desde muito cedo, já se dedicavam à elaboração de belas peças produzidas com diferentes materiais: cascas de coco, fio elétrico e couro. Eram quadros com paisagens variadas, que incluíam pescadores, rendeiras e jangadas. Os artefatos eram negociados por Zé Pinto em várias partes de Fortaleza, rendendo dinheiro enquanto viravam peças de decoração.
Já cinquentão, ao descobrir-se com o dom da arte, Zé Pinto deixou o emprego na Universidade Federal do Ceará, onde reparava motores, para se tornar um artista bastante popular, criando estranhos objetos através de sucatas de ferro.
A primeira peça que criou foi um galo, talvez até porque ele fosse um Pinto. Em seguida, vieram: Lampião, Maria Bonita, Padre Cícero, Dom Quixote, Chaplin, Bumba-meu-boi. Entre as suas inúmeras criações não faltavam trens, carros, cachorros, canhões e caracóis, além de outras que o faziam voltar ao tempo da infância, quando, menino ainda, produzia seus próprios brinquedos. Quem sabe não tenha sido aí que tomou a decisão de ser um escultor diferente dos que existiam, na cidade, escolhendo, por conta própria, a sucata como matéria-prima para suas esculturas.
Escultura Carlito - Acervo Marcellus Rocha
Dessa maneira, fez-se garimpador de ferro velho, transformando em arte alumínio amassado, pregos envergados e molas desformes. A tudo dava um sentido de movimento, visível nas obras plásticas, conjugando estética e estática. Para expor os seus trabalhos, Zé Pinto reinventou a galeria. Derrubou muros e socializou a arte em espaços ao ar livre. Isso se fez bem presente em 1975, quando expôs no canteiro central da avenida Bezerra de Menezes.
O sucesso chegou célere. Não a pé, nem de bicicleta, veículo preferido pelo escultor para ir de um lugar a outro, à cata de matéria bruta, para construir suas esculturas. A mídia encarregou-se disso. Inicialmente, as criações de Zé Pinto foram expostas nos museus, praças, prédios e ruas de Fortaleza, só após transpondo as divisas do Ceará e do Nordeste e as fronteiras do Brasil. O artista participou de algumas mostras e exposições pelo País, chegando a expor no exterior, deixando por onde passava, a marca da sua genialidade.
Escultura Padre Cícero
Hoje, a produção artística de Zé Pinto pode ser encontrada em museus de Portugal e do Vaticano, além de figurar em acervos particulares na França, na Holanda, e em cidades, como Frankfurt e Colônia, na Alemanha, e ainda em Nova York e New Hamphire, nos Estados Unidos.
Em 1996, ano da morte de sua esposa, o artista parou de produzir. Depois de três AVCs sofridos, em 1997 ele já não podia mais criar. Mais algum tempo e o Zé Pinto, com a idade de 79 anos, foi exercitar sua criatividade no céu. Não se pode aceitar que ele tenha falecido, de fato, em 2004, em Fortaleza, porque até hoje, quando se vê o Dom Quixote feito por ele, fica-se a imaginar, que o grande Zé Pinto continue pedalando sua bicicleta, em busca de moinhos de vento, para verificar, talvez, se há alguma sucata de aço e de sonho sobrando, que ele possa transformar em arte.
Marcelo Gurgel Carlos da Silva
Zé Pinto completa 75 anos e espera voltar a trabalhar
( Matéria de 03/10/2000 - Diário do Nordeste)
"Mesmo tendo sofrido dois AVCs, hoje em dia, Zé Pinto resiste com sessões de fisioterapia.
Ele ficou famoso por dar vida à sucata e seu trabalho virou marca registrada da cidade. No dia 28 de setembro, o escultor cearense Francisco Magalhães Barbosa, o “Zé Pinto” completou 75 anos de idade em casa, ao lado da família e dos amigos mais chegados. O apelido veio das roupas decoradas com pintos que a mãe costurava na infância. Quando descobriu a vocação artística, aos 50 anos, o apelido permaneceu. A exemplo de outros nomes consagrados da arte cearense, como o pintor Chico da Silva, Zé Pinto não enricou, mas acha que ganha o suficiente para sobreviver com a aposentadoria que recebe da UFC e o apoio da família. Ele não gosta de quem o veja como um esquecido. Muito pelo contrário, sente-se realizado por ter alcançado um sonho que começou na maturidade: espalhar sua arte pelo mundo.
Foram 22 anos de atividade artística e reconhecimento em países da Europa e nos Estados Unidos. Nesse locais, encontram-se inúmeras peças de sua autoria.
A atitude de Zé Pinto condiz com o seu espírito universal. Ao terminar uma obra, sua maior satisfação era entregá-la ao mundo, tanto que, hoje em dia, a família não dispõe de um acervo, guardando apenas quatro peças de sua autoria. As mais famosas delas talvez sejam a figura de Charles Chaplin, feita de peças automotivas e os cachorros confeccionados com máquinas de costura, que sempre recebem visitas de brasileiros e estrangeiros. Suas 22 últimas peças foram encomendadas pelo Governo do Estado, que presenteou autoridades do Mercosul.
Em Fortaleza, as esculturas de sucata de Zé Pinto podem ser vista em locais como a OAB e a locadora Putz Vídeo. A última, uma garoto soltando arraia, foi instalada na praça da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).
RESISTÊNCIA - Mesmo tendo sofrido dois AVCs, hoje em dia, Zé Pinto resiste com sessões de fisioterapia e adotou talheres como instrumentos que utiliza para exercitar a coordenação motora. A preocupação com as formas ainda é viva, revelando uma intenção bastante lúcida: continuar a trabalhar e superar as dificuldades.
Depois do abalo à saúde, a emoção vem fácil quando o artista recebe manifestações de apoio dos amigos. Para a família, antes de homenageá-lo, o mais importante é tratar de sua saúde.
A família também rejeita qualquer ideia de que o artista seja um esquecido, pois considera que o reconhecimento ocorre naturalmente.
Fatos Históricos
( Matéria de 03/10/2000 - Diário do Nordeste)
"Mesmo tendo sofrido dois AVCs, hoje em dia, Zé Pinto resiste com sessões de fisioterapia.
Ele ficou famoso por dar vida à sucata e seu trabalho virou marca registrada da cidade. No dia 28 de setembro, o escultor cearense Francisco Magalhães Barbosa, o “Zé Pinto” completou 75 anos de idade em casa, ao lado da família e dos amigos mais chegados. O apelido veio das roupas decoradas com pintos que a mãe costurava na infância. Quando descobriu a vocação artística, aos 50 anos, o apelido permaneceu. A exemplo de outros nomes consagrados da arte cearense, como o pintor Chico da Silva, Zé Pinto não enricou, mas acha que ganha o suficiente para sobreviver com a aposentadoria que recebe da UFC e o apoio da família. Ele não gosta de quem o veja como um esquecido. Muito pelo contrário, sente-se realizado por ter alcançado um sonho que começou na maturidade: espalhar sua arte pelo mundo.
Foram 22 anos de atividade artística e reconhecimento em países da Europa e nos Estados Unidos. Nesse locais, encontram-se inúmeras peças de sua autoria.
A atitude de Zé Pinto condiz com o seu espírito universal. Ao terminar uma obra, sua maior satisfação era entregá-la ao mundo, tanto que, hoje em dia, a família não dispõe de um acervo, guardando apenas quatro peças de sua autoria. As mais famosas delas talvez sejam a figura de Charles Chaplin, feita de peças automotivas e os cachorros confeccionados com máquinas de costura, que sempre recebem visitas de brasileiros e estrangeiros. Suas 22 últimas peças foram encomendadas pelo Governo do Estado, que presenteou autoridades do Mercosul.
Em Fortaleza, as esculturas de sucata de Zé Pinto podem ser vista em locais como a OAB e a locadora Putz Vídeo. A última, uma garoto soltando arraia, foi instalada na praça da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL).
RESISTÊNCIA - Mesmo tendo sofrido dois AVCs, hoje em dia, Zé Pinto resiste com sessões de fisioterapia e adotou talheres como instrumentos que utiliza para exercitar a coordenação motora. A preocupação com as formas ainda é viva, revelando uma intenção bastante lúcida: continuar a trabalhar e superar as dificuldades.
Depois do abalo à saúde, a emoção vem fácil quando o artista recebe manifestações de apoio dos amigos. Para a família, antes de homenageá-lo, o mais importante é tratar de sua saúde.
A família também rejeita qualquer ideia de que o artista seja um esquecido, pois considera que o reconhecimento ocorre naturalmente.
Fatos Históricos
- Em 09 de fevereiro de 1987, Francisco Magalhães Barbosa (Zé Pinto), é agraciado com a Medalha da Abolição. Juntamente com o artista plástico, foi premiado também o poeta popular Antônio Gonçalves da Silva (Patativa do Assaré) em solenidade presidida pelo governador Luís de Gonzaga Fonseca Mota (Gonzaga Mota), no salão nobre do Palácio da Abolição.
- 30 de outubro de 2002, às 20h é aberto o 1º Salão Zé Pinto de Escultura na Galeria Antônio Bandeira, no Centro de Referência do Professor, na Rua Conde D'Eu nº 560, no Centro de Fortaleza, iniciativa da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo - Funcet.
- 23 de outubro de 2003 - Abertura, às 19h30min, do 2º Salão Zé Pinto de Escultura, na Galeria Antônio Bandeira, na Rua Conde D'Eu nº 560, antigo Mercado Central, promoção da Fundação de Cultura, Esporte e Turismo - Funcet.
- 16 de maio de 2004 - Morre, às 14h, em sua residência, no bairro São Gerardo, em Fortaleza, aos 78 anos de idade, em decorrência de problemas circulatórios - havia sofrido três Acidentes Vasculares Cerebrais (AVC) e, desde 1996, deixou de produzir suas peças de arte - o artista plástico cearense Francisco Magalhães Barbosa, mais conhecido como Zé Pinto. No final da tarde, seu corpo é levado ao Cemitério Parque da Paz para ser velado. O enterro é no mesmo cemitério, às 10h do dia seguinte. Zé Pinto nascera a 29/09/1925. Conhecido como "Poeta da Sucata", Zé Pinto, através de sua arte, ressaltava a importância da reciclagem. As suas esculturas percorreram o mundo e podem ser encontradas nos Estados Unidos, Alemanha, França e Holanda. Em sua homenagem a Fundação de Cultura, Esporte e Turismo de Fortaleza - Funcet criou o I Salão Zé Pinto em 2002.
Fontes: Jornal Diário do Nordeste, Jornal O povo, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e pesquisas diversas