Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

domingo, 19 de setembro de 2010

Barão de Ibiapaba e seu famoso sobrado



Barão de Ibiapaba
Joaquim da Cunha Freire

O Barão de IBIAPABA foi o Coronel Joaquim da Cunha Freire, Barão de Ibiapaba, que nasceu no Ceará em 18 de Outubro de 1827 e faleceu no Rio de Janeiro, em 13 de Outubro de 1907. Era filho de Felisberto Correia da Cunha, que faleceu em Piauí em 1832 e de D. Custodia Ribeiro da Cunha, natural de Portugal. Joaquim casou-se com D. Maria Eugenia dos Santos. Dedicando-se a carreira comercial soube acumular avultada fortuna, tendo colaborado para melhoramentos materiais de Fortaleza. Governou a Província varias vezes como Vice-Presidente. Chefe político de grande influência, foi Coronel da guarda Nacional; Presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, da Junta Comercial, da Caixa Econômica e Monte de Socorro da Província. Era Comendador da Ordem da Rosa. Foi o 1º Barão desse título, por Decreto de 17 de janeiro de 1874, morava na Rua da Palma nº 50 na cidade de Fortaleza no estado do Ceará.
Joaquim da Cunha Freire era irmão do Visconde de Cauhipe, Severiano Ribeiro da Cunha, nascido em 6 de Novembro de 1831 em Cauhipe, junto à Soure, na Província do Ceará. Titular português, por decreto de 1º de Março de 1873, e faleceu em Fortaleza a 4 de Setembro de 1876; casado com D. Euphrasia Gouvêa que era filha de Manuel Castano de Gouvêa e de D. Francisca Agrella de Gouvêa. Desse casamento tiveram a filha:
1. Luísa da Cunha casada com Guilherme Chambly Studart, Barão de Studart.
O Titulo de Visconde de Cauhipe lhe foi conferido pelo Papa, por Breve Apostólico de 22 de janeiro de 1900. Deixou uma vasta obra científica, literária e histórica - é autor obrigatoriamente citado por quem se dedica à história do Nordeste e, de modo particular, à do Ceará.
Brasão de Armas: Escudo esquartelado tendo o superior da direita e o seu alterno interceptados cada um por três faixas de prata, carregadas cada uma com um a flor de Liz purpurina, e dispostas em banda, e aquelas sobre o campo verde; o superior da esquerda e o seu alterno, carregadas cada uma por nove cunhas azuis colocadas em três palas, de três cada uma, sobre campo de ouro, e com orla carmezim, carregada por sete castelos de ouro, sendo três em chefe e os restantes igualmente repartidos pelos laterais. (Brasão concedido à seu irmão o visconde de Cauhipe por alvará de 16 de Março de 1874. Reg. no Archivo da Torre do Tombo Mercês de D.Luiz I Liv.XXIV,fls.243 v).
N.B. – Esta descrição aparta-se da terminologia heráldica; copiamo-la como o fez o Escrivão da Nobreza dessa época, em Portugal.

Observação – Segundo alguns, o barão teria usado as armas de seu irmão, o visconde de Cauípe, a saber: um escudo esquartelado: no primeiro e no quarto quartel, em campo de sinople, três faixas de prata, cada uma carregada de uma flor de lis de púrpura, as flores dispostas em banda; no segundo e no terceiro quartel, em campo de ouro, nove cunhas de azul, postas 3, 3 e 3. Bordadura de goles, carregada de sete castelos de ouro, sendo 3 em chefe e dois em cada flanco. Para Joaquim da Cunha Freire, seria uma coroa de barão.

RUA MAJOR FACUNDO

Este bonito sobrado que vemos na antiga foto, que data de 1910, pertencia ao Barão de lbiapaba, cujo nome real era Joaquim da Cunha Freire, comerciante nascido em Caucaia em 18 de outubro de 1827, filho de pai brasileiro e mãe portuguesa. O Barão de lbiapaba era irmão do Visconde de Cauípe.
Através de sua atividade comercial, adquiriu grande fortuna e fez melhoramentos na Cidade. Foi presidente da Câmara Municipal de Fortaleza, da Junta Comercial do Estado, daCaixa Econômica e do Monte de Socorro da Província, além de ter assumido várias vezes a presidência da Província, como Vice-Presidente que era. Em 1874 recebeu o título de Barão de lbiapaba. Faleceu no Rio de Janeiro, então Capital Federal, no dia 12 de outubro de 1907.
Na fotografia antiga vemos o sobrado do Barão de Ibiapaba ao tempo em que nele funcionava a firma R. Guedes & Cia de ferragens, louças, tintas e óleos. Pela Rua Major Facundo tinha o nº 46 e pela Rua Senador Alencar os nº 8, 10 e 12.

Pela rua Senador Alencar, depois do sobrado, vêm várias portas que abrigavam casas comerciais até bem pouco tempo, a maioria negociando com artigos para sapateiros. Ao longe, vemos o telhado de ardósia do Palacete Guarani. Funcionou na esquina deste sobrado o Cartório Pergentino.
O velho sobrado esteve ali até a década de 70, quando o deixaram destelhado e um dos invernos daquela década o fez ruir.
A fotografia atual mostra o que há hoje no local, o prédio do Banco Brasileiro de Descontos - Bradesco, que ocupa todo o quarteirão pela rua Senador Alencar. É um prédio de linhas modernas, mas por ter apenas dois pavimentos superiores suas linhas paralelas verticais perdem a finalidade, fazendo-o um prédio anão, que sobressairia muito mais se fosse ornamentado com linhas horizontais.



Crédito: Portal da história do Ceará e Genealogia Freire

sábado, 18 de setembro de 2010

Cronologia dos Portos de Fortaleza - de 1811 a 1896


(Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção ou Porto do Siará, 1811. Atribuído a Francisco Antônio Marques Giraldes.)

1811 – Foram feitos os primeiros estudos para a construção do Porto de Fortaleza pelo oficial da marinha Giraldes. Foi entregue uma planta com um projeto.

(Planta do Porto e Vila de Fortaleza, autoria de Silva Paulet, 1813)

1826 – Neste ano foi levantada uma outra planta pelo Cap. João Bloen, no governo de Nunes Belfort.


1830 – Em nova planta feita pelo Cap. Ten. Joaquim Lucio dos Santos e em estudos pelo engenheiro francês J. E. Seraine. Nesta época as profundidades da Enseada do Mucuripe eram muito menores que as atuais, inviabilizando a construção do porto neste local. No entanto, nestes estudos contatou-se a existência de um antigo ancoradouro na enseada.

1849 – O engenheiro Manoel Gouveia foi incumbido de dar seu parecer sobre a construção de um trapiche flutuante, bem como o melhor modo de realizar o embarque e desembarque no porto. Gouveia condenou o projeto de construção de um trapiche de madeira avançando sobre o mar, previa que o acumulo de areia nas suas proximidades. No entanto, o engenheiro sugeriu que esta poderia ser uma solução temporária.
Na mesma ocasião o Cap. de Artilharia Afonso de Almeida emitiu seu parecer contrário à ponte flutuante e favorável à ponte firmada sobre estacas de carnaúba sendo orçada a obra em 20 contos de réis e 20 anos de duração.

1854 – O problema do porto de Fortaleza foi submetido a exame pelo governo de Pernambuco pelo engenheiro Henrique Augusto Millet, para satisfazer a recém criada Companhia de Navegação Pernambucana.
O engenheiro sugeriu a construção de um cais – onde fica o atual estaleiro da INACE – e uma muralha sobre os arrecifes já existentes. Recomendou a também a dragagem da área entre a muralha e o cais e a fixação das dunas do litoral por plantações bem dirigidas.
O projeto de Millet foi orçado em 500 contos de réis, quantia extremamente alta e por este motivo o projeto não foi executado.

(Planta da cidade de Fortaleza, 1856. Pelo Padre Manoel do Rêgo Medeiros.)

1857 – O trapiche sugerido por Gouveia foi finalmente construído: uma ponte de madeira que avançava sobre o mar servindo para embarque e desembarque de passageiros e mercadorias.
A ponte foi pouco a pouco se aterrando como previra o engenheiro.

1858 – O Coronel de engenharia José Gomes Jardim apresentou um projeto idêntico ao de Millet, com a construção da muralha orçado em 800 contos.

O engenheiro francês Pierre Florent Berthot iniciou longos estudos para a construção do porto. Após quatro anos observando marés, ventos, correntes de fundo e de superfície, modificações hidrográficas e o movimento das areias, etc., o francês sugeriu a construção de uma muralha submersa de grande extensão na Praia do Meireles, 2500 metros a leste do trapiche da alfândega, para “desviar” as areias que vinham das dunas do Mucuripe e se acumulavam no Porto.

(Planta Exata da Capital do Ceará, 1859. Por Adolfo Herbester.)
1860 – Estando na “Província” uma comissão cientifica para estudos astronômicos chefiada pelo Cap. Ten. Giacomo Raja Gabaglia foi este convidado para emitir sua opinião sobre o porto da capital.

Gabaglia criticou os estudos prévios e sugeriu que seriam necessários 25 anos de estudos para a construção do Porto. Porém sugeriu a construção de dois quebra mares flutuantes para um porto com capacidade para 25 ou 30 navios. O engenheiro tentava evitar o assoreamento, mas desprezou a agitação que existiria no porto, uma vez que a vaga continuaria a se propagar através do quebra mar flutuante.

1861 – Estava pronta a muralha submersa de Berthot com cerca de 370m de comprimento. O projeto se mostrou ineficaz, pois em pouco tempo a muralha de Berthot estava completamente aterrada. Apesar dos quatro anos de estudo, o engenheiro considerou apenas os sedimentos trazidos pelo vento, desprezando ao arrasto pelas correntes marinhas.

1864 – O Engenheiro Zozimo Barroso foi incumbido pelo Governo Imperial de examinar e apresentar soluções para o porto. Os estudos deste engenheiro não foram publicados. No entanto, no ano seguinte o relatório publicado pelo Ministério da Marinha apresentava vários fatos provenientes do estudo do eng. Barroso. O mais importante deste relatório é a indicação da Enseada do Mucuripe como local favorável a construção do porto. Foi a primeira vez que houve uma manifestação franca em prol da Enseada como local propício para a localização do Porto de Fortaleza.

1866 – Os engenheiros Zozimo Barroso e James Foster se propuseram a construir o porto do Mucuripe. Porém o projeto dos engenheiros encontrou forte oposição entre os comerciantes da época pela distancia a que se localizaria o novo porto.

1867 – Em agosto a Companhia de Gás obteve a permissão para construir um trapiche para descarga de seu material no local do antigo porto.

O engenheiro Law e Blont apresentaram um projeto de uma ponte situada no prolongamento da Rua Formosa (hoje Rua Barão do Rio Branco) destinada a atracação de navios de todos os calados para desembarque de passageiros e mercadorias. Deveria ter uma profundidade de 17 pés(pouco menos de 9 metros).

1870 – O engenheiro Zozimo Barroso, a fim de provar que estava certo quanto a localização do porto na Enseada do Mucuripe, submeteu seus estudos a aprovação do engenheiro inglês Charles Neate. Este, mesmo achando que o Mucuripe era o local mais adequado concordou com a Associação Comercial que preferia um porto mais próximo a capital.

Neate apresentou um projeto baseado nos estudos de seus antecessores. Seu projeto incluía a elevação dos arrecifes e sobre esses, a construção de um quebra-mar de 400m de extensão, a construção de um molhe de 150m destinado a atracação de navios com 5 ou 6 metros de calado, paralelo a este um outro molhe de 300m para atracação de navios menores.
Neste ano o acumulo areia chegou ao ponto de só permitir o embarque na maré alta e ficando completamente “no seco” durante a baixa.

(Projeto para o Porto de Fortaleza por Charles Neate, 1870.)

1874 – Foi convidado pelo Governo Imperial o engenheiro inglês John Hawkshaw para realizar estudos sobre os portos do Brasil. Em parecer emitido no ano seguinte, para o Ceará o inglês realizou um rápido levantamento hidrográfico do ancoradouro fronteiro a cidade e sondagens geológicas sobre os recifes do porto.


Hawkshaw apresentou um projeto similar ao de Neate com pequenos ajustes.


             (Planta de Fortaleza, 1875. Por Adolfo Herbester.)
1881 – O engenheiro norte americano Milnor Roberts foi contratado pelo Governo Imperial para novos estudos. Roberts endossou os projetos de Hawkshaw e Neate acrescentando algumas alterações.
No entanto, as sondagens de Hawkshaw que negaram o projeto de Neate foram desprezadas por Roberts.

1883 – Em maio foram contratados os engenheiros Tobias Laureano Figueira de Melo e Ricardo Lange para apresentarem estudos definitivos baseado no projeto de Hawkshaw. Aprovados no ano seguinte, foi criada na Inglaterra a “Ceará Harbour Corporation Limited” com à qual foi fechado o contrato.
1886 – Depois de novos estudos exigidos pelo engenheiro Honório Bicalho foram iniciadas as obras. Porém, à medida que o quebra-mar era construído a areia foi se acumulando à direita do paredão.

(Planta da Cidade de Fortaleza, Capital da Província do Ceará, 1888. Por Adolfo Herbester.)

1889 – Foram paralisadas as obras, o quebra-mar estava completamente aterrado. O engenheiro Coimbra quando procurado para explicar o insucesso das obras, este sugeriu a construção de um dique a 800m do porto com 500m de extensão.

1891 – Os engenheiros Alfredo Lisboa e L. Baldwin Bent tomaram providencias para a retomada das obras. Foi iniciada a dragagem do porto, a abertura de um canal através de um viaduto completamente obstruído e a construção de um dique de pedras destinado a concentrar as correntes litorâneas para evitar o assoreamento nos arredores do porto.

Sir John Bruce, ex-presidente do Instituto de Engenheiros de Londres, foi encarregado da diretoria da “Ceará Harbour Corporation”. Este determinou a construção de um molhe a leste do porto, em frente a Praia do Meireles, a dragagem do Porto entre outras medidas.



1895 – O engenheiro A. Lisboa apresentou a Companhia um novo projeto baseado em Hawkshaw para remediar os efeitos das marés. Entretanto em seu projeto a bacia deixaria de ter os 22 hectares e 6m de profundidade previstos no projeto de Hawkshaw para 48 hectares e 2,2m de profundidade e um canal de acesso de 20 metros de largura. O molhe seria equipado com pranchões de madeira para embarque e desembarque. Essas medidas foram, na verdade, uma confissão da impossibilidade do projeto de Hawkshaw.

1896 – Insatisfeito com o rumo das obras o Governo Imperial contratou o engenheiro Domingos Sergio de Sabóia e Silva. Após estudos, apresentou um projeto em que teria uma bacia de 13,5 hectares e limitada ao norte e a leste pelo quebra-mar de Hawkshaw, ao sul pelo litoral e a oeste por dois molhes convergentes de madeira, além de um trapiche de madeira partindo do cais com 100m de largura e 160 de extensão e a dragagem da bacia.



Fontes:Biblioteca Menezes Pimentel, Álbum de Fortaleza, 1931 e Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez).
Crédito: Site Mar do Ceará (www.mardoceara.com.br) do amigo Marcus Davis

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Jornal D. Pedro II / Pedro II - Ano: 1840




D. Pedro II

Orgão conservador, apareceu em Fortaleza em 12 de setembro de 1840. Publicado às quartas-feiras e sábados. Preço da assinatura 500 réis mensais; número avulso 80 réis. Dimensões: 30X 21. Impresso por. Galdino Marques de Carvalho, saia da tipografia Constitucional na rua dos Quarteis. Trazia por epígrafe o verso de Camões:

"Os mais experimentados levantai-os. Se com a experiencia tem bondade para vosso conselho, pois que sabem o como, e quando e onde as coisas cabem."

O 1º número, único com o nome: D.Pedro II, pois do 2º em diante diz Pedro II, insere uma Declaração do Sr. Bernardo Pereira de Vasconcelos, explicando seu procedimento durante as nove horas do dia 22 de julho em que foi Ministro e Secretario de Estado dos Negócios do Império, e o artigo em que o novo jornal se apresenta como orgão da oposição ao governo liberal, que iniciava com a escolha de Alencar para Presidente da Provincia.
O artigo termina assim:
"Em taes circumstancias tendo cessado o periodico 16 de Dezembro, passamos a tomar o nobre posto de opposição legal, e invocando o Augusto Nome do nosso
Adorado Monarcha, cuja bôa fé e imparcialidade não podia deixar de ser surprehendida, sustentaremos a ordem, a Constituição e a Monarchia e os direitos e justiça dos cearenses oppressos."

'Nas pesquisas que emprenendi no Archivo Publico do Rio encontrei o D. Pedro II, que figurou na Exposição do Centenario da Imprensa, segundo promessa a mim feita.'
Barão de Studart

No seu 2º número, o de quarta-feira, 16 de setembro de 1840, o D. Pedro II, jornal da política conservadora, em Fortaleza, passou a chamar-se Pedro II.

Os artigos, que inseriu na edição inicial, foram os seguintes: Lei da Assembléa Provincial nº 22; felicitação dirigida a S. M. o Imperador pela Assembtéa Provincial; voto de agradecimento e gratidão dirigido pela Assembléa Provincial ao Exmo. Sr. Francisco de Souza Martins por uma deputação de cinco membros, de que foi orador o Sr. Manoel José de Albuquerque; resposta de Souza Martins (começa: Se na arida e espinhoza tarefa de governar uma Provincia, qual esta, continuamente perturbada por uma minoria facciosa e insolente); correspondencia; acta da posse de Facundo a 9 de setembro como vice-presidente da Provincia.
Conservou como epígrafe o mesmo verso de Camões trazido pelo D. Pedro II. Saiu da Typ. Constitucional de Albuquerque à rua dos Mercadores nº 10, posteriormente da T yp. Cearense de J. P. Machado, à Praça Carolina nº 29 e depois da casa nº 34 da Praça do ferreira. O preço era de 6$ anuais, passando depois a 12$. Saia a princípio às quartas-feiras e sábados e depois fez-se diário.
Na administração Alencar, a tipografia foi empastelada e os tipos levados em sacos e atirados ao mar. A tipografia funcionava ainda então na rua dos Mercadores, rua de Baixo, rua Sena Madureira, atual Conde d'Eu, e na casa do proprietário Dr. Miguel Fernandes Vieira.
Nessa casa, que faz esquina e olha para a praça da Matriz ou Caio Prado, morou também Conrado Jacob de Niemeyer, o presidente da celebre Comissão Militar.
José Lourenço no seu livro Refutação as calunias do Antônio Theodorico narra assim o quebramento da tipografia doPedro II:

"Chegava o senador Alencar, de Sobral, onde fôra atraiçoado soffrendo vivo fogo. Reune immediatamente seus amigos e Ihes faz sentir seus receios. Nomeia a tres destes chefes de corpos de voluntarios para velarem por sua pessoa dia e noite; e autorisou-os a escolherem cada um as pessoas de sua confiança.
Foi nomeado para o 1º juiz de direito João Paulo, para o 2º e para o 3º seu secretario Frederico Pamplona.
Na noite na guarda deste teve logar o quebramento do prélo.
Eu estava em minha casa, e fui chamado às 10 horas, não sendo anteriormente avisado.
Chegando ao palácio, encontrei apenas meu cunhado João da Rocha (ajudante de ordens da presidencia) o qual passeava fóra do palacio; e ahi o inspector da thesouraria provincial Delermando, o contador da geral Augusto Carlos A. Garcia e seu irmão o tenente-coronel Gervasio.
Soube que o senador, acabando de ler a folha da opposição, dissera que por menos disso quebravam-se typographias no Rio e em alto dia.
Bastou para que os amigos entendessem o recado.
O ajudante de ordens, sendo tambem chamado na occasião em que fui, duvidou que o senador consentisse em um attentado, que devia compromettel-o profundamente. Foi, portanto, do logar da reunião com vistas de impedir a execução desse escandalo, mas tendo lhe sahido ao encontro o Sr. Dr. Miguel Ayres do Nascimento, tenente-coronel Franklin de Lima e outros parentes muito proximos do presidente, immediatamente retirou-se.
Os machados, troando toda a cidade, fizeram o seu officio.
Pouco me demorei no palacio, vendo chegar os senhores acima mencionados com lenços amarrados a cabeça, e em seguida os Srs. Labatut e alferes Brazil armados de machados em companhia de outros muitos.
Não é uma revelação; porque um desses que contrariou o intento do Sr. Rocha, fazendo-se depois de cordeiro, disse ao Sr Dr. Miguel Fernandes logo que chegou o general Coelho que fôra o ajudante de ordens quem capitaneava os soldados que arrombaram sua porta para quebrarem a typographia!!!"

Em 1847, foi esta matéria exposta com todas as circunstâncias e os autores do quebramento não poderam contestar. O próprio senhor Dr. Ayres, hoje desembargador, declarou em sessão pública que fora ele quem capitaneava o grupo.
Entre os redadores do Pedro II, que se converteu em Brasil com o advento da República, além de Miguel Fernandes e companheiros, figuraram, mas já no meu tempo, Gustavo Gurgulino de Souza, Torres Portugal, Luiz de Miranda, Paurilo Fernandes Bastos e Gonçalo de Lagos.
Gustavo Gurgulino nasceu em 22 de junho de 1829 em São Luiz do Maranhão, e veio para o
Ceará muito menino.
Foi deputado provincial em diversas legislaturas, administrador dos Correios, lente substituto de português no Liceu e diretor da instrução pública da Provincia.
Discípulo aproveitado de Ferreira o boticário, foi por muitos anos redator principal do orgão do partido, que nele tinha um dos chefes mais prestigiosos e queridos sobretudo entre os homens do povo, de quem se fazia amar prestando-lhes os auxílios de sua bolsa e seus conselhos de advogado. Vítima de uma lesão cardíaca, faleceu em Fortaleza em 19 de junho de 1879.
De Luiz de Miranda tenho, de seu próprio punho, notas interessantes, as quais assim finalizam:
"No antigo regime militar nas fileiras conservadoras eu redigi o 'Pedro II' desde a morte de Gustavo Gurgulino de Souza até o desaparecimento do jornal, por terem meus correligionários aderido ao regime republicano. Assim isolado entre os meus, retirei-me da politica militante, para continuar a afirmar minha profissão de fé, como monarquista, fiel ao antigo regime."

Joaquim José de Oliveira e Raymundo de PauIa Lima foram os impressores do Pedro II. O 1º entregou-se depois e até a morte a profissão de livreiro com conhecidíssimo estabelecimento na Praça do Ferreira; o 2º abriu casa para impressão de obras na mesma praça, lado oposto, sob o nome de Typographia Economica, que, depois do seu falecimento, ocorrido em junho de 1898, passou a ser propriedade do Tenente-coronel Antonio Joaquim Guedes de Miranda e em 1904 de Joaquim Olympio, que a crismou de Typographia America.



Barão de Studart


Crédito: Instituto do Ceará

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Passeio Público II






Em Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção,
a Câmara reuniu-se, em grande sessão, aos 09 de
janeiro de 1824,
para declarar decaída a dinastia Bragantina.


Foi esse o inicio da revolta
que tantas lágrimas e tanto sangue

custou ao Ceará.


Debandado por José Félix
na contrarrevolução

do


Crato, e proclamada de



novo a Monarquia, ele assumiu a
presidência

da Província, como substituto de


Tristão Gonçalves.


Seguiu-se a perseguição dos principais chefes, a captura dos cabeças do movimento republicano. O Padre Mororó, preso em Fortaleza, à Rua dos Mercadores, hoje Rua Sena Madureira, foi condenado à pena máxima, assim também seus companheiros de ideais Pessoa Anta, Azevedo Bolão, Carapinima e Padre Ibiapina. Foi, então, fuzilado na atual Praça dos Mártires, lado norte do Passeio Público, no dia 30 de Abril de 1825, há cento e oitenta e cinco (185) anos, juntamente com o coronel de milícia João de Andrade de Pessoa Anta.



Vestido na sua alva, indagaram-lhe qual seria o último pedido a fazer; ele levantou o braço flexionando, colocou a mão direita sobre o peito para que fosse feita a mira do fuzil e disse: "Aqui!!!" - tombando já agonizante e, segundo a lenda, a cabeça separada do tórax, espetada no poste em praça pública, comovia a todos que ali passasse. Caiu envolto nas ensanguentada vestes, por tiro fatal de baioneta, compungindo a multidão de assistia aquele heroico e corajoso gesto, que enlutou a nossa Fortaleza, cobrindo funesto e penumbroso manto a todos quanto da noticia tomavam conhecimento. O Padre Mororó - segundo Dicionário Bibliográfico Barão de Studart - era Profundo latinista, com pregador socro, jurisconsulto e, também, botânico.



O Diário do Ceará

Gonçalo Inácio de Loyola Albuquerque e Melo Mororó - Padre Mororó, exerceu como diretor e redator do jornal "O Diário do Governo do Ceará", de 1824, que ficou desenvolvido nos anais da Imprensa Cearense, publicada pela Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1908.

A ele cabe também a glória de ter sido o secretário na sessão memorável de 26 de Agosto de 1824, chamada de Grande Conselho em que foram proclamadas a República no Ceará e sua completa adesão à Confederação do Equador.

Sua biografia encontra-se com detalhes nos trabalhos do coronel João Brígido dos Santos, intitulados Miscelânea Histórica, 1889, e Biografias, Revista do Instituto do Ceará, 1889, nos de Paulino Nogueira na mesma Revista, ano 1889, pág. 204 e ano de 1894, pág. 18 (págs. 248/9).


O movimento revolucionário

O movimento da Confederação do Equador teve inicio em Pernambuco em 1824, atingindo as províncias do Ceará, Rio Grande do Norte, Alagoas, Paraíba e Piauí, cuja mensagem assinada em 02 d e julho de 1824 pelo Presidente da Junta do Governo de Pernambuco, Manuel de Carvalho Paes de Andrade. Eis o conteúdo dessa mensagem:


"O dia fatídico

Assim naquela manhã do dia 30 de abril de 1825, Padre Mororó foi fuzilado na
Praça do Passeio Público. A Rua Dr.João Moreira teve varias denominações - antiga Rua da Misericórdia, Rua Nova Fortaleza, Travessa do Gurgel. No início da rua bem à altura da metade da Praça do Passeio Público, casa grande de nº 243 onde nasceu Dom Helder Câmara, com entrada com corredor lavado na entrada da casa dividida por quatro varandas, duas de cada lado; que serviu também de residência para o proprietário e sua família Dr. Gustavo da Frota Braga, parentes de Dom Helder Câmara, pais dos meus estimados amigos José Raimundo Barreira de Gustavo Braga e Fausto Barreira da Frota Braga, e demais irmãos, por quem sempre tive muito admiração.

O percurso

Padre Mororó, nasceu em Santa Quitéria na povoação do Riacho Guimarães, no dia 24 de julho de 1774, sendo seus pais do Rio Grande do Norte, Félix José de Sousa e Theodora Madeira. Ordenou-se no Seminário de Olinda, onde além dos estudos eclesiásticos dedicou-se aos das ciências físicas e naturais. De volta ao Ceará, foi capelão do lugar Boa Viagem em 1810 e mais tarde 1814 de Tamboril.

Afirma Barão de Studart - in Dicionário Bio-Bibliográfico Cearense as págs. 348 - "Favorecido com a amizade do Governador Sampaio, foi nomeado professor de latim da Vila do Aracaty - 1818, de que se demitiu em Dezembro de 1821, passando então a morar em Campo Grande, outrora Vila Nova D´El Rei, para onde chamou para sua companhia, afim de educá-los ao Cel. Felix José de Sousa, seu sobrinho e Francisco José de Sousa, seu primo que residia em Campo Maior, Capela dos Barros, de Campo Grande passou-se à Barra do Sitiá e depois para a fazenda da Canafistula e Quixeramobim."


p2

Gustavo Barroso

O insigne e ilustre homem de letras da Academia Brasileira de Letras Gustavo Dodt Barroso nasceu em Fortaleza no dia 29 de Dezembro de 1888-2010, teria 122 (cento e vinte e dois anos), filho de Antônio Felino Barroso e Anna Dodt Barroso e neto pelo lado paterno de José Maximiano Barroso e Dª Isabel Alexandrina da Cunha Barroso e avós maternos Dr. Gustavo Luiz Guilherme Dodt e Elisa Dodt. (Dicionário Bio-Bibliográfico Cearense - Barão Studart) dá-nos excelentes subsídios de Padre Mororó.

Como se constata, a Praça do Passeio Público quando de sua origem teve diversas denominações. Por ser uma das primeiras praças de Fortaleza do Século XVIII, teve a denominação - Largo da Fortaleza. Recebeu essa denominação em virtude de ficar ao lado do Forte Schoonenborch, cuja construção se iniciou a 10 de abril de 1649 pelos holandeses do Capitão Matias Beck, dirigidos pelo engenheiro Caar - Praças de Fortaleza, pág. 269. Maria Noélia Rodrigues da Cunha, em "Praças de Fortaleza", tornou-se exímia no detalhe, com profundidade das nossas praças, o que merece o mais elevado respeito à tão valiosa e minuciosa pesquisa tornando inédito, digno do mais alto apreço e admiração por tão valiosa obra elaborada. Outras denominações vieram à Praça dos Mártires.


Na rota do espaço

A Praça do Passeio Público, Largo da Pólvora, Praça dos Mártires, situa-se na parte norte da Cidade de Fortaleza, ao lado direito (leste) do Quartel General da 10ª Região Militar, na Av. Alberto Nepomuceno, Praça da Sé, e, da Rua General Bizerril, fazendo vértices com as quadras das Ruas Floriano Peixoto, Major Facundo, Barão do Rio Branco, cuja praça localizada ao longo da Rua Dr. João Moreira até a Rua Barão do Rio Branco, lado da sombra, onde se situa a casa onde nasceu um dos mais ilustres cearenses - Gustavo Dodt Barroso, vizinho ao Conservatório de Música Alberto Nepomuceno, depois Câmara Municipal de Fortaleza, na esquina da rua Dr. João Moreira, prédio que serviu de residência do Dr. João Moreira. Na outra quadra ao lado o Hospital da Santa Casa de Misericórdia, Rua Barão do Rio Branco de frente para Praça Passeio Público, na descida do gasômetro até a Praia da Draga. Ainda vizinho ao Quartel General da 10ª Região (lado sul) na Av. Alberto Nepomuceno, existiu prédio elevado com pequena escadaria de degraus para dar acesso ao Arquivo Público, antes funcionavam o Instituto do Ceará e o Museu Histórico; e, após demolição ergue-se Edifício com 5 andares, funcionando, por alguns anos, o Fórum Clóvis Beviláqua até sua implosão e transferido para a Avenida Desembargador Floriano Benevides nº 220, no bairro Edson Queiroz.


ZENILO ALMADA



Fonte- Diário do Nordeste

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: