Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Bairro Ellery


Desde sua fundação, o Bairro Ellery conta com a organização do povo em busca de melhores condições de vida. Parte importante nessa tradição de organização e luta, a Associação Comunitária do Bairro Ellery foi fundada em 04 de maio de 1986, sendo que a região já era habitada há três décadas. 

Eu te saúdo bairro dos meus encantos
De simplicidade e autonomia;
Aqui meio desconfiado cheguei,
Estudando as pessoas,
Observando as ruas,
Tomando nota dos acontecimentos,
Gente da gente foi a conclusão.
Rasos passos dados
Pelas ruas de graça e simbolismo
Percebi a localização privilegiada
Tudo parece cativar quem arrisca o bairro;
Aqui por sobre o canal
Deixo o rastro sob a temperatura de 30, 40;
O vento vem logo a seguir
E à sombra de figos e benjamins
Vivo o silencio nada mutante desta terra.
Se aqui vim parar
Compartilho do que é óbvio,
Coligo com gente simples,
Desfrutando de amizades
Com a profusão de um estadista.
Estamos a quatro quilômetros do centro
Próximo também da modernidade
E vivendo bem quem bem quer viver
A paz de um bairro simples.
Nos arrabaldes da comunidade ellerense
Co-irmãos tradicionais se arrastam,
Mas nosso bairro progride,
Se liberta do anonimato
E a alcunha de vila se escapa.
Desconversando ou discutindo
Me misturo com gente de toda fé,
Freqüento os bares de nossa gente
E paro para lançar palavras
Sobre assunto meio complexo.
Quando necessário se faz expor defesa
E também seus critérios,
Para unir-me em torno dos valores
Não esqueço dos amigos,
Muito menos dos familiares
E, claro, do bairro que me acolheu,
Então lutar sem rebeldia pelos direitos
Já que os deveres se concretizam;
O povo não se acha só protegido
Mas consciente de que é um por todos
E todos por um, sempre...


Tobias Marques Sampaio (Poeta e escritor)


A ocupação do Ellery começou na década de 40


O bairro é pequeno, com apenas meio quilômetro quadrado, moradores acostumados a uma vida simples, mas cheia de sonhos. A juventude se reúne todos os domingos para fortalecer a cultura cristã. Momentos de oração e consciência social.

A igreja de Nossa Senhora de Lourdes fica na praça principal, a Manoel Dias de Macêdo. O comércio ainda está em desenvolvimento. O lugar é marcado pela longa trajetória das famílias que chegaram há bastante tempo.


O bairro Ellery tem 53 anos. Os primeiros moradores contam que no local existia uma pequena lagoa, que foi sendo aterrada com o tempo. Deu lugar a casas, ruas e hoje faz parte da história de muita gente que nasceu por lá.

O aposentado Raimundo do Nascimento foi um dos primeiros moradores, criou os oito filhos e diz que não pretende, nunca, deixar o bairro. A tranquilidade faz dos moradores, apaixonados. O poeta Tobias Sampaio já escreveu três livros e uma cartilha que conta as histórias pitorescas do lugar.

No bairro Ellery, a praça Manoel Dias Macêdo é ponto de encontro dos moradores. E “Ellery” é um sobrenome que acabou virando nome de vila e depois de bairro. Um lugar que ficou conhecido por ter moradores engajados. Gente que luta inclusive para que o bairro ganhe novos limites e fique maior.

Hoje, os meninos brincam na praça sem saber que esta era uma área alagada. O taxista, Francisco Ocian mora em frente, há 30 anos. Ele conta o que encontrava quando saia de casa para trabalhar. “Aqui não tinha praça não; só era água. O povo fazia um buraco na ‘cacimba’ e lavava roupa. Como se fosse no interior”, diz Francisco.

O açude João Lopes tornou-se referência do bairro Ellery 

O bairro mudou. Ganhou melhorias, como a praça Manoel Dias Branco e a igreja de Nossa Senhora de Lourdes. O Ellery é pequeno. São pouco mais de oito mil moradores em menos de meio quilômetro quadrado. Na prática, 85 quadras. Quem se destaca na comunidade são jovens como Wescley Costa, de 16 anos. Consciente, ele faz trabalhos voluntários na igreja e na associação de moradores. 

“Nós queremos fazer a diferença como jovens; queremos realmente ter um bairro melhor. Vários jovens trabalham junto à Associação criando projetos sociais para a comunidade”, diz Wescley.

 Bairro Ellery
Praça Oscar Bezerra Filho – A “Praça do Chafariz” presta uma homenagem a um jornalista e morreu aos 28 anos de acidente automobilístico

Na sede da associação descobrimos os limites do Ellery; os oficiais estabelecidos pela Prefeitura e os limites da comunidade que quer expandir o bairro. “Uma das dores da Associação da comunidade é com relação aos limites do bairro. No mapa ele compreende à 85 quadras, mas a população sempre delimitou o bairro como sendo mais extenso”, diz Fernando Barbosa.

O Ellery era uma vila de casas que virou o loteamento Parque Themóteo e em seguida se transformou em bairro. Tudo teve início com este sítio. Que no passado foi bem maior.
Desde 1954, Aurora Ellery, professora aposentada, se esforça para manter tudo o mais original possível. Sabe que o sobrenome de família ultrapassou as paredes da casa. “Eu tenho orgulho de ter o nome ‘Ellery’ na minha família”, diz Aurora.

Casarão da família Ellery

Alguns descendentes do seu Ellery ainda hoje residem no bairro que leva o nome da família. Dona Aurora, de 74 anos, herdou do sogro o casarão de mais de 40 anos. A mansão, que é próxima a linha férrea, fica localizada no final da Rua Nestor Góis. Ainda hoje conserva a fachada antiga da década de 50: quartos espaçosos, varanda sertaneja e um ar bucólico de interior. “O terreno de 56 metros quadrados já foi bem maior. O comprimento ia até a Avenida Bezerra de Meneses. No lugar das ruas, árvores frondosas”, lembra.
Dona Aurora, que é viúva, vive no local com a filha, o genro e três netos. Apaixonada pelo bairro, nunca quis se mudar para outro lugar. Saudosista, recorda com felicidade os tempos áureos quando a comunidade não possuía nem água potável nem luz elétrica. “Eram tempos difíceis, mas muito alegres. Tudo era mais seguro. Não havia tantos ladrões. Só as inundações do açude João Lopes incomodavam”.
Os problemas atuais mudaram, mesmo assim a professora aposentada diz estar satisfeita com o progresso que chegou a vizinhança.
“Hoje, temos uma infra-estrutura digna da Aldeota, vizinhos solidários e orgulho de fazer parte da história. O que poderia querer mais?”

Rua Odete Pacheco
  • Saiba Mais:
A história começa a partir de um loteamento denominado Parque Themóteo e tem como origem inicial as ruas Major Veríssimo e Gilberto Câmera já no final da década de quarenta. As vias de acesso a outros bairros como Monte Castelo eram através de veredas, onde se enfrentava matagal, lama e outros obstáculos.
Invadindo quase toda área de onde o bairro se projetou, existia a presença de um enorme açude como se estivesse próximo a uma grande fazenda de criação de animais e plantações de diversas culturas. A vida dos poucos moradores era, na realidade, equivalente a morar em uma propriedade do interior. As mulheres levavam suas trouxas de roupa para lavar nas poças d’água formadas pelas águas do açude e os homens pescavam peixes de modo artesanal para a sobrevivência.
Com o arrombamento do açude João Lopes, quase toda área ocupada por água foi loteada, dando vez a campos de futebol e a construção de casas. Os terrenos com acentuada elevação iam sendo mais cobiçados, num receio de que as chuvas alagassem as residências recém construídas.
Não foi muito fácil a luta. Conviveu-se com invasão de terra, desapropriação e alagamento constante. Porém, as melhorias vieram com o tempo: urbanização e pavimentação das ruas, transportes para os moradores, rede elétrica, água e esgoto e uma infinidade de serviços públicos.

Grupo Honório Bezerra


Escola Estadual Honório Bezerra, fundada em 1964, era chamada na época de Grupo Honório Bezerra.
A escola foi fundada na gestão do Governador Virgílio Távora. O terreno foi doado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza e teve como patrono o engenheiro Honório Bezerra.
Fica na Rua Capitão Nestor Góes, 400. 


Crédito: TV Verdes Mares e blog Vila Ellery

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Ceará à francesa



A “belle époque” marcou a vida cearense, segundo o memorialista Miguel Ângelo de Azevedo, o Nirez

A construção da memória urbana de Fortaleza passou pela influência da cultura francesa, sobretudo até o início dos anos 40. “Cada país tem sua época. Hoje, como os EUA mandam no mundo, já foram a Inglaterra e a França, esta entre os séculos XIX e XX, principalmente”, assinala o pesquisador Nirez, atualmente diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS). “Acho que é algo muito distante, não ficou muita coisa desta influência hoje em dia. Mas a influência francesa é muito mais autêntica do que a anglo-saxã. A França é um país latino, sua influência é muito mais benéfica do que a estranha influência norte-americana”.



Desde a “francofonia”, ou seja, a incorporação de termos franceses ao vocabulário brasileiro, como “restaurante”, “clichê”, “cachê” e até o “mercy”, dos cumprimentos mais informais, a influência da cultura francesa se fazia notar ainda em outros aspectos da nascente vida urbana fortalezense, em que a adoção de símbolos de origem francesa poderia ser uma das mais importantes marcas desta presença entre nós. “Não tem hoje um marco na cidade desta presença, eles se foram na voragem do tempo. Mas teve a Maison Art-Noveau, entre 1909 e 1925, uma loja de louças, papelaria, bazar. Em 1925, mudou para Maison Riche, junto ao Café Riche... Do outro lado da Praça do Ferreira, tinha também a Rotisserie Sportman, já mesclando um termo francês com outro inglês”, aponta.

Apesar desta presença, acrescenta Nirez, a influência mais direta da cultura francesa no cotidiano fortalezense se fazia sentir, entre os anos 1910 e 1920. Principalmente, pela denominação das grandes avenidas chamadas de “boulevards”, que já deixaram de ser assim conhecidas desde 1937, quando passaram a ser identificados como “avenidas” através de um decreto. Um exemplo: durante muito tempo, a avenida Visconde Cauípe, atual avenida da Universidade, era sim chamada por todos por Boulevard Visconde de Cauípe. Mesmo assim, Nirez alega que, até pelo menos os anos 50, a moda das vitrines das “butiques” continuou sendo influenciada pela moda produzida em Paris, atravessando a época americana. “A indumentária era toda copiada da Europa, do chapeú ao colarinho”.


Até mesmo no uso de tecnologias importantes para o cotidiano urbano, a influência se fez perceber. Como foi o caso da “Pathe Baby”, câmera cinematográfica de 9 1/2 milímetros, utilizada pelos nossos primeiros cineastas como herança da tradição do pioneiro estúdio Pathé, indústria também responsável pelos Discos Pathé, de cera, vindos direto de Paris e também “largamente” consumidos pela sociedade cearense. Ainda no ramo do entretenimento, ficou marcada ainda a importância do Teatro de Revistas, uma das tradições importadas na França. “No Rio, andou, nos anos 20 e 40, a atriz Josephine Baker, sendo inclusive cantada por aqui ainda nos anos 20 e ainda em uma quase uma sátira, a ‘Dança do Bole-Bole’, já nos anos 40”, relembra Nirez, que também ressalta a influência dos desenhos arquitetônicas das ferragens (escocesas) do hoje Mercado dos Pinhões e do Theatro José de Alencar, através da influência francesa no Reino Unido.Torre e chateaus

Entre as décadas de 1920 e 1940, Fortaleza teve também sua Torre Eiffel. “Ficava na Major Facundo, mais ou menos olhando para o Savaná. Era uma loja de partituras musicais, instrumentos musicais e jogos de bilhar”, diz, relacionando ainda outras iniciativas comerciais como o Cine Majestic, a Sorveteria Odeon. Há quem se lembre também dos “chateaus”, como era conhecidas as “casas de descarrego” ou “cabarés”, diferente do seu significado no Rio e em São Paulo, segundo Nirez, relacionados a lugares para moradia. E os “chateaus” cearenses, tinham “atrativos” nativos? “Não”, garante Nirez. “Francesa só em sonho”, considera. 


Lojas com marca da influência francesa na Fortaleza do começo do século XX 
Arquivo Nirez 


Crédito : Diário do Nordeste

Luiz Severiano Ribeiro - Uma vocação comercial incontestável




São Luiz, Odeon, Moderno, Majestic, Palácio. Por trás das maiores salas de cinema, havia um único homem: Luiz Severiano Ribeiro. Fundador da rede de exibição que por décadas foi a maior do país (hoje perde para o grupo estrangeiro Cinemark), o empresário cearense viveu entre 1885 e 1974. Através de uma terceira geração de descendentes, seu legado empresarial chega aos dias de hoje com mais de 200 salas no país. Elas atingem números surreais, como a marca de 15 milhões de espectadores por ano.



Luiz Severiano Ribeiro nasceu em Baturité, Ceará, 3 de junho de 1886 - Foi o fundador do Grupo Severiano Ribeiro.

Filho do médico Luiz Severiano Ribeiro e Maria Felícia Caracas, teve como nome de batismo "Luiz Severiano Ribeiro Filho" e teve duas irmãs: Alice e Maria.
Aos 10 anos de idade vai estudar no Seminário Episcopal de Fortaleza (Seminário da Prainha) na Praia Formosa. Apesar de ser religioso, não tinha vocação para o sacerdócio e fugiu do Seminário. Aos 18 anos de idade é embarcado para o Rio de Janeiro e matriculado na Faculdade de Medicina.
Em 1904, decepcionado com a medicina diante da morte da mãe, Severiano Ribeiro abandonou os estudos e logo voltou e estabeleceu-se no Ceará.
Com a morte do pai em 1916, ele excluiu "Filho" do seu nome.

Com uma vocação comercial incontestável, Luiz Severiano Ribeiro antes de entrar no mercado de cinema, teve uma livraria, um empório em Fortaleza e outro em Recife, além de hotéis, cafés e outros empreendimentos. À frente de seu tempo, em 1914, Ribeiro decidiu criar uma nova empresa nos moldes de uma holding, a fim de centralizar a administração de todos os seus negócios. Seu primeiro contato com a projeção de imagens aconteceu no circo Pery¹, quando ainda era jovem. A partir de 1908, quando foi inaugurado o primeiro cinema fixo de Fortaleza (o Cinematographo Art-Noveau², do italiano Victor Di Maio), passou a acompanhar o ramo de exibição de filmes. Um ano após promover grande reforma no Art-Noveau, sufocado pela forte concorrência, Di Maio deixa o Ceará. Severiano Ribeiro arrenda o local, realizando projeções diárias em horários sincronizados com o Café Riche. Logo em seguida, decide fechar o café e abrir no local um cinema com o mesmo nome. O cine Riche, uma sociedade com o também empresário Alfredo Salgado, é inaugurado em dezembro de 1915. Luiz Severiano Ribeiro não considerou o Riche como seu primeiro cinema. A terrível seca daquele ano, aliado à concorrência acirrada e à oferta precária de filmes deixou o mercado em uma situação difícil. O empresário foi em busca de uma solução e apresentou uma estratégia que considerava a melhor para aquecer o capital de giro das empresas: arrendar os cinemas pelo período mínimo de cinco anos, pagando uma renda fixa aos proprietários, mas com a condição dos demais exibidores não abrirem outro cinema em Fortaleza ou imediações.

Sobrado do Comendador Machado, demolido para a construção do Excelsior Hotel. No andar térreo funcionava o Café Riche. Nos andares superiores, o Hotel Central

Década de 20
Luiz Severiano Ribeiro se estabelece no Rio de Janeiro, alugando um palacete de três andares para a sua família. À frente de seu tempo, associa-se à Americana Metro, fechando a primeira joint venture da história do grupo. No acordo, a companhia fica responsável pelas reformas das casas e pelo fornecimento de filmes, enquanto a empresa brasileira ficava a cargo do arrendamento e administração dos cinemas. A parceria durou quatro anos e foi desfeita em comum acordo. É inaugurado o cine Odeon, no Centro do Rio. E, o Cine Palácio (Cinelândia, RJ) torna-se o primeiro cinema carioca a exibir um filme sonoro.

Década de 30
Severiano Ribeiro, junto a outros exibidores cariocas, funda o Sindicato Cinematográfico dos Exibidores e é eleito presidente. É inaugurado na Praça Duque de Caxias, hoje Largo do Machado, o cinema São Luiz. Com capacidade para 1.794 espectadores, a sua abertura marcou a história da cidade. A sala foi a primeira a exibir lançamentos fora do centro do Rio, desenhando um novo cenário na geografia do mercado de exibição. Localizado próximo ao Palácio do Catete (residência oficial do então presidente Getúlio Vargas), o cinema foi decorado com todos os requintes a que se tinha direito, misturando a imponência do mármore aos cristais e espelhos tão em voga na época. Já a sala de projeção foi inspirada na do Radio City, de Nova Iorque. O empreendimento consumiu todas as economias de Luiz Severiano Ribeiro, que investiu pesado para erguer um dos mais bonitos palácios cinematográficos do Rio de Janeiro.

Em 3 de setembro de 1938, "Bloqueio", com Henry Fonda, mostra pela primeira vez aos cariocas o que o Roxy (Copacabana/RJ) oferecia. A sala permitia, além da exibição de filmes, a apresentação de espetáculos de variedades. O palco do Roxy possuía duas escadas laterais e um fosso destinado às orquestras.


Década de 40
O cine Rex (Fortaleza) é reaberto como uma empresa de Luiz Severiano. O filme "O Sabotador", de Alfred Hitchcock, leva o público ao delírio. Os freqüentadores do local eram chamados de "geração Rex". O ator José Lewgoy passou por um momento inesquecível no cine São Luiz (RJ), no lançamento de "Carnaval de Fogo". Desconhecido até então, o ator entrou tranqüilamente para assistir ao filme, mas na saída, teve que ser escoltado pela polícia. Os fãs alvoroçados, mais de mil pessoas, queriam um autógrafo a todo custo.

O sabotador - 1942



Década de 50

Inauguração do São Luiz de Fortaleza

João Bezerra Lima e Luiz Severiano Ribeiro-1956

O Palácio foi cenário de mais uma evolução da indústria cinematográfica. Nesta década, lançava com exclusividade no Brasil o cinemascope, com o filme "O Manto Sagrado". Inaugurados os cines São Luiz de Recife, São Luiz de Fortaleza - a obra demorou 20 anos para ser finalizada - e Leblon (RJ). O São Luiz de Fortaleza foi uma homenagem pessoal de Severiano Ribeiro para a cidade. No de Recife, o destaque é um mural do renomado artista Lula Cardoso Ayres no saguão do local. Segunda joint venture na trajetória da empresa. A parceria com a Fox Films era para operar dois cinemas: Palácio, no Rio de Janeiro, e Marrocos, em São Paulo (sociedade com Lucídio Seravolo). O roqueiro Bill Halley levou a platéia do Rian (RJ) ao delírio na apresentação do filme "No Balanço das Horas" (Rock Around The Clock). O público assistiu a produção, dançando o rock and roll e transformando o cinema em uma pista de dança.

 

No balanço das horas

Década de 60
O cine Roxy mostra para seus freqüentadores a tela em curva do cinerama. No São Luiz (RJ), na avant premiére do "O Pagador de Promessas" (vencedor do Festival de Cannes), a platéia ficou emocionada com a chegada do diretor Anselmo Duarte, o elenco do filme, juntos com o produtor Osvaldo Massaini, que carregava a Palma de Ouro. Eles foram recebidos ao som de mais de mil vozes cantando o hino nacional. O cine Majestic³, no Ceará, primeiro do grupo, é destruído por um incêndio.


Década de 70
Dois cinemas de rua passam por reformas e são divididos em duas salas de projeção: Leblon e Palácio (RJ). Falecimento de Luiz Severiano Ribeiro (Faleceu no Rio de Janeiro, em 1º de Dezembro de 1974).

Década de 80
Com as obras de construção do metrô no Rio de Janeiro, o São Luiz acabou sendo fechado e demolido. Logo no ano seguinte, começou a ser construído o edifício São Luiz e o cinema foi reaberto. Começou a migração dos cinemas de rua para dentro dos shoppings centers. Criada a terceira joint venture: a Paris-Severiano Ribeiro, com o lançamento do primeiro multiplex brasileiro, com oito salas no Park Shopping, de Brasília.

Década de 90

Carlos Guimarães de Matos Jr e Luiz Severiano Ribeiro Júnior na Festa Coruja de Ouro em 1973 no Cine Palácio no Rio de Janeiro - Crédito da Foto

O Roxy (RJ) passa por uma reforma e reabre com três salas de exibição. Neste mesmo ano, Luiz Severiano Ribeiro Júnior falece. O grupo e a UCI fecham uma parceria e inauguram os cinemas Recife Shopping (de 10 salas) e o Shopping Tacaruna (oito salas), formando a quarta joint venture.

Anos 2000
O cine São Luiz (RJ) passa por uma reforma e reabre em janeiro do ano seguinte completamente remodelado: com mais duas salas, totalizando quatro, o Café São Luiz, novas bilheterias e bomboniéres. O grupo estréia em São Paulo com uma nova marca, que passa a dar nome aos seus cinemas equipados com tecnologia de última geração. Lançamento da marca Kinoplex no Shopping Parque D. Pedro, em Campinas, em um complexo com 15 salas de projeção. Em seguida, o Severiano Ribeiro abre seu primeiro empreendimento na capital, o Kinoplex Itaim. Inaugura também o Kinoplex Praia da Costa, em Vila Velha (ES) e o cinema no Shopping Iguatemi, de Fortaleza, em parceria com a UCI. Em 2006, a marca Kinoplex estréia no Rio de Janeiro: em julho abriu o Kinoplex Nova América, na zona norte; e em dezembro, o Kinoplex Leblon, na zona sul da cidade. No início deste ano, o Severiano Ribeiro abriu UCI Kinoplex, na zona norte do Rio de Janeiro. O cinema é equipado com a tecnologia 3D.



Grupo Severiano Ribeiro - 90 anos

O grupo surgiu nas mãos de Luiz Severiano Ribeiro, em Fortaleza no ano de 1917 com a inauguração do Majestic, primeiro grande cinema da cidade. Posteriormente mudou-se para o Rio de Janeiro, alugando um palacete de três andares para sua morada. Logo associa-se à Metro-Goldwyn-Mayer. Pelo acordo, a companhia americana fica responsável pelas reformas das casas e fornecimento de filmes, enquanto a empresa brasileira ficava a cargo do arrendamento e administração dos cinemas. O primeiro cinema próprio foi o Cine Odeon, no Centro do Rio. Depois veio o Cine Palácio, tendo sido este o primeiro cinema carioca a exibir um filme com som.

Severiano Ribeiro ergueu um verdadeiro império de salas de exibição espalhadas pelo país; sua trajetória é contada em livro lançado pela Record - Crédito: Quadro mágico


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¹Circo Pery

A lona do circense Anchises Pery, localizado na esquina das ruas General Sampaio e das Flores (atual Castro e Silva), em Fortaleza, foi o local do seu primeiro contato com a arte cinematogrática.

²O Cinematographo Art-Noveau e o Café Riche

Em 1908, quando foi inaugurado o primeiro cinema fixo de Fortaleza: o Cinematographo Art-Noveau, do italiano Victor Di Maio, Luiz Severiano Ribeiro passou a acompanhar o ramo de exibição de filmes. Um ano depois ele arrendou este cinema com a saída de Di Maio de Fortaleza.
Sob sua direção ele realiza projeções diárias em horários sincronizados com o Café Riche. Logo em seguida, decide fechar o café e abrir no local um cinema com o mesmo nome. O cine Riche foi inaugurado em dezembro de 1915, com uma sociedade com o também empresário Alfredo Salgado.

³Cine Majestic (o início do Grupo Severiano Ribeiro)

Em 14 de julho de 1917, Luiz severiano Ribeiro inaugura o Cine Majestic em Fortaleza, primeiro grande cinema da cidade.


Crédito: O Nordeste.com, You Tube, Wikipédia e pesquisas de internet

domingo, 10 de outubro de 2010

Justiniano de Serpa



Justiniano de Serpa nasceu em Aquiraz no dia 6 de janeiro de 1852.
De origem humilde, trabalhou desde cedo juntamente com seu pai, Manuel da Costa Marçal. Transferindo-se para Fortaleza, começou a atuar como jornalista. Bacharelou-se em Direito na Faculdade de Direito do Recife, em 1888, quando já era conhecido na vida política e intelectual local.
Participou do Centro Literário e foi um dos fundadores da Academia Cearense de Letras, do qual é patrono da 22ª (vigésima segunda) cadeira, e, em 1922, foi o responsável pela sua reorganização.



Autor de diversas obras do campo do Direito, de ensaios e poesia. Destacam-se Oscilações (1883), O Nosso Meio Literário (1896) e Questões de Direito e Legislação (1920). Sua obra poética, ligada ao movimento abolicionista, do qual foi um dos mais ativos participantes, era essencialmente condoreira.
Iniciou a vida política ainda durante o Império, sendo deputado geral entre 1882 e 1889 pelo Partido Conservador. Foi deputado federal pelo Pará, entre 1906 e 1919, tendo exercido papel importantíssimo como presidente da Comissão dos 21, responsável pela comissão para elaboração do Código Civil, baseada no projeto de Clóvis Beviláqua.
Em 1920, foi eleito presidente do Ceará, cargo que exerceu até a sua morte, em 1923.

Chegada e posse em Fortaleza do governador eleito em 1920, Justiniano de Serpa.
Arquivo Nilson Cruz

De origem humilde, ascendeu às mais elevadas posições, por esforço próprio. Exerceu, antes de formado, diversos cargos públicos, como secretário e advogado da Câmara de Aquiraz e lente de História Universal e do Brasil do Liceu do Ceará, além de haver desempenhado, mais de uma vez, o mandato de Deputado Provincial. Redatoriou em Fortaleza os jornais ‘Constituição’, órgão do Partido Conservador, ‘A Pátria’, ‘O Norte’ e ‘Diário do Ceará’ e colaborou em ‘Iracema’, órgão do Centro Literário.

Foi um dos mais fervorosos adeptos do movimento abolicionista, cujos ideais defendeu pela imprensa e pela tribuna.
Em Manaus, para onde se transferiu depois, redatoriou a ‘Federação’ e ‘Rio Negro’, foi superintendente do governo do município, Delegado da Intendência, Procurador da República, Diretor da Biblioteca Pública do Estado e professor e Inspetor Federal junto ao Ginásio Amazonense. Deixando o Amazonas, indo residir no Pará, em Belém ocupou as funções de professor e Vice-Diretor da Faculdade de Direito e montou banca de advogado, que foi das mais conceituadas. Eleito Deputado Federal em 1906, integrando a representação paraense, viu o seu mandato renovado em várias legislaturas.

Na Câmara dos Deputados foi escolhido presidente da Comissão de Finanças e teve fulgurante atuação na discussão do projeto do Código Civil. Em 1920, depois de disputada eleição em que saiu vitorioso, assumiu o governo do Ceará, na qualidade de Presidente do Estado, havendo sido brilhante a sua gestão, infelizmente interrompida com a morte. Fundador e esforçado membro da Academia Cearense e seu primeiro orador oficial, promoveu-lhe em 1922 a reconstituição, quando abrigou o tradicional cenáculo no Palácio da Luz. Jornalista, poeta, orador primoroso e arrebatador, parlamentar, jurista e homem público dos maiores da história republicana, Justiniano de Serpa é um dos cearenses mais ilustres.



Faleceu no Rio de Janeiro, a 1º de agosto de 1923. Obras principais: ‘O Poeta e a Virgem’; ‘Oscilações’ (poesias); ‘Três Liras’ (poesias, com Antônio Bezerra e Antônio Martins) ; ‘Sombras e Clarões’ (versos); ‘Discurso’ (proferido a 14-8-1887 em favor do monumento ao General Tibúrcio); ‘Sob os ciprestes’; ‘Discurso’ (pronunciado na sessão fúnebre da Academia em homenagem a José Carlos Júnior); ‘A Educação Brasileira - seus efeitos sobre o nosso meio literário’ (tese de concurso à cadeira de Literatura Nacional no Ginásio Amazonense); ‘Discurso’ (na sessão magna comemorativa do 1º aniversário 4ª Academia Cearense); ‘Reforma da Legislação Cambial’ (discurso no Congresso Nacional); ‘Questões de Direito e de Legislação’.

  • A dura vida de Justiniano de Serpa


A pobre  criança que tangia para abastecer os mercados de Fortaleza, como forma de ajudar o pai no sustento da família, talvez como sonhasse que um dia poderia exercer importante papel na política cearense. Apesar de origem humilde, Justiniano de Serpa conseguiu forma-se em Direito, destacar-se como orador nos movimentos abolicionista e republicano, ser eleito deputado federal e nomeado governador do Ceará para o período de 1920 a 1924. Durante seu governo (mais democrático do que os movimentos anteriores), deu especial atenção ao problema educacional e incentivou as manifestações artísticas/intelectuais, sendo responsável pelo reflorescimento da Academia Cearense de letras. 
Desde a infância, Justiniano de Serpa teve a vida marcada pela miséria e luta pela sobrevivência. Nascido em Aquiraz, começou bem cedo a ajudar o pai no trabalho diário, tangendo animais de carga para abastecimentos dos mercados de Fortaleza e Cascavel. Enquanto seguias pelas trilhas montado em jumento, procurava sempre estudar a cartilha, onde aprendeu a ler. Desta forma, ao transferir-se para a capital do Estado, já tinha alguma instrução, adquirida a duras penas. 

O filho de Manuel da Costa Marçal começou a desenvolver suas aptidões na imprensa local, demonstrando vocação para ofício. Seguindo a maioria dos que desejavam aprimorar-se no conhecimento acadêmico matriculou-se na Faculdade de Direito de Recife, onde se bacharelou em 1888. Na época, Justiniano de Serpa já tinha sido eleito deputado do Ceará pelo partido conservador, em mais de uma legislatura, no período de 1882 a 1889. A sua fama foi resultado da participação no movimento abolicionista e depois republicano, quando a sociedade cearense não mais permitia a exploração violenta dos negros. 
Em 1886, decidiu-se afastar-se da política local, transferindo-se para Manaus, prosseguindo as atividades jornalísticas nas publicações “Rio Negro” e “Federação”. Professor de Liceu, diretor da biblioteca da Amazonas, Procurador da República, Justiniano de Serpa demostrou  a mesma disposição para o trabalho em terra estranha. Dois anos depois, passou a morar em Belém. Nesta cidade, continuou no magistério e na advocacia. Vice-diretor da Faculdade de Direito do Pará, foi eleito deputado federal em 1906, tendo mandado renovado até 1919. Neste ano foi indicado para substituir, no governo do Ceará, João Tomé

Justiniano de Serpa, como deputado federal pelo Pará, projetou-se ainda mais. Desta vez, em termos nacionais. Isto devido ao trabalho como jurista, desenvolvido quando presidia a Comissão dos 21, responsável pela elaboração do Código civil Brasileiro, baseando no projeto de Clóvis Beviláqua. No contato diário como políticos e governantes, acumulou amizades que ajudaram a ascensão ao governo cearense. Parsifal Barroso, no livro “Uma história político do Ceará. – 1889-1954”(edições BNB, 1984), lembra a ajuda recebida: 

- Antônio Carlos Ribeiro de Andrada e Epitácio Pessoa se tornaram seus grandes e veros admiradores a esse tempo, e quando o admirável paraibano foi alçado à Presidência da República, a permanente crise da política cearense facilitou a preferência do nome do jurista Justiniano de Serpa, para sucessão do presidente João Tomé de Sabóia e Silva. 
  
Parsifal Barroso diz que Justiniano de Serpa era orador influente, que através do improviso conquistava a admiração pública: “Ao longo de sua vida, respeitado governador cearense demonstrou crescentemente se dotado de extraordinário poder de vontade, fator principal de suas vitórias político-partidárias, pois teve de enfrentar uma forte oposição, chefiada pelo admirável homem público que foi o Senador Manoel do Nascimento Fernandes Távora. Observa que ao assumir o governador do Ceará, em 12 de julho de 1920, encontrou o Estado sofrendo ainda das conseqüências da seca o ano anterior, apesar dos efeitos terem sido atenuados pela primeira vez, graças à obras federais determinadas por Epitácio Pessoa.


-Há uma particularidade – ressalta Parsifal Barroso – que marca o governo Serpa, através de uma série de atentados e crimes políticos, ocorridos notadamente em Lavras, Aurora, Juazeiro, Milagres, Tauá e Quixeramobim. Parece-me que essas perturbações de ordem pública não devem ser atribuídas à franqueza político-administrativas do Presidente Justiniano de Serpa, mas podem ser decorrentes de anteriores dissidência entre famílias adversárias, que logo se aproveitaram do novo alto nível do governo, procurando medir forças ao virem à tona seus antigos ódios. As reminiscências do coronelismo político no Ceará, não obstante o esforço de seus governantes, sempre se manifestaram com relativa facilidade, e o Presidente Justiniano de Serpa foi uma vítima do próprio desconhecimentos dessas virulentas manifestações do patriarcalismo rural. 
Afirma ainda que ele “desenvolveu esforços para aproximar as duas facções do antigo Partido Conservador – acionista e marretas -, e soube conclamar e dirigir o situacionismo cearense, face a sucessão presidencial, tudo fazendo para a vitória alcançada pelos candidatos Arthur da Silva Bernardes e Urbano Santos da Costa Araújo, como sucessores do notável presidente Epitácio Pessoa”. Garante também que Justiniano de Serpa até foi lembrado para a vice-presidência da República, pois Bernardes queria contemplar em sua chapa um nome nordestino. No entanto outras forças políticas optaram por Urbano Santos. 

Parsifal Barroso refere-se finalmente à “honradez do Presidente configurada na pobreza final de sua benemérita vida”. Depois de sua morte, conta que a família ficou em estado de penúria, e as contas dos médicos que o trataram somente vieram a ser resgatadas pelo seu sucessor, o Presidente Ildefonso Albano. O governador Serpa, não há que negar, abriu um hiato promissor na história política do Ceará, através de várias iniciativas inovadoras e modernizadoras. Pena é que Justiniano somente tenha podido servir ao Ceará, já no fim de sua laboriosa vida, mas ainda assim muito fez pela gente cearense”. 
Raimundo Girão, em “pequena história do Ceará”, qualifica de governo-marco o de Justiniano, “verdadeiro primado da inteligência e das renovações democráticas”. E demonstra com exemplos tal opinião: “A reforma da Constituição Estadual, com a proibição  das reeleições remuneradas – são bem o traço do espírito liberal do governante inspirador direto daquela reforma, estratificada na nova Carta de 4 de novembro de 1921. Complementando-a promulgou a Lei de organização judiciária e os Códigos de Processo Civil e Processo Criminal”. E continua: 
- A constituição pública é outro índice da sua visão arejada , pondo rigorosamente, acima das conveniências dos partidos, os interesses do ensino primário. Chamou para reorganizá-lo um técnico alheio a essas conveniências, o paulista professor Manuel Bergstrom Lourenço Filho, que resolveu, de todo, velhos hábitos para instituir uma ordem de coisas menos formalísticas e literárias, antes mais prática e coerente” 
- Culto e talentoso – afirma Girão – o Dr. Serpa aproximou os intelectuais ao seu redor mecênico. No Palácio do Governo, oferecendo-lhes a estimulação imprescindível que permitiu o reflorescer da Academia Cearense de Letras, então letárgica e muito desfalcada de seus membros. Foi ele que oficializou a Bandeira do Ceará, com o Dec. N.º 1.971. de 25 de agosto de 1922, valendo-se de uma ideia de comerciante João Tibúrcio Albano, que imaginara o pavilhão cearense aproveitando as linhas do nacional. 

Patrono da Academia N.º 22, AC de Letras, Justiniano (quem foi também seu fundador, 1894) publicou diversos trabalhos, entre os quais “Oscilações” (poesia, 1883) “O nosso meio Literário”(1896) e questões de Direito e Legislação”(1920). Na Poesia, quase sempre condoreira, ele não obteve o mesmo sucesso de sua atuação parlamentar e governamental. Sânzio de Azevedo, em “Literatura Cearense” (Academia Cearense de Letras, 1976), assim manifesta sua opinião: 
-Justiniano de Serpa, se não poder ser considerado um poeta de fôlego de vôo alto ( ele mesmo renegaria sua obra poética), era excelente orador, o que em matéria de poesia condoreira, quase equivalia à mesma coisa, já que o objetivo primordial era atingir à eloquência a fim de arrebatar os auditórios. 
O poema “Bravos, por exemplo foi dedicado especialmente à sociedade das Cearenses Libertadoras, entidade que se batia pela libertação dos escravos, reunindo nomes do porte de Maria Tomásia. Este trabalho poético foi declamado em praça pública, sob aplausos e delírio do povo. 

Em 12 de junho de 1923, devido a problemas com a saúde, transferi o governador Ildefonso Albano, primeiro vice-presidente do Estado. No Rio de Janeiro, depois de muito padecer, Justiniano de Serpa morreu em 1º de agosto de 1923. Em homenagem foi erguido um busto em bronze na praça Figueira de Melo. E a Escola Normal recebeu o nome do homem de origem simples que atingiu o mais alto posto do Estado vencendo os obstáculos da miséria e as tradição política da famílias cearenses. 

Vou colar aqui um e-mail muito interessante que recebi:


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Fonte: Wikipédia, José Murilo Martins e pesquisas de internet

sábado, 9 de outubro de 2010

Cidade 2000



Uma verdadeira cidade do interior com ruelas estreitas, casas grudadas umas nas outras e muitas praças. Assim é a Cidade 2000, bairro de Fortaleza fundado na década de 1970 como um conjunto que fazia parte do Papicu
Feito sob protesto dos ecologistas, por ser uma área de preservação ambiental, o Conjunto Cidade 2000, projetado pelo arquiteto Rogério Fróes, só foi concretizado com a condição de ser erguido horizontalmente.
Uma das peculiaridades da área é sua divisão em 46 quadras, com duas alamedas cada uma, que levam nomes de flores. Segundo a dona de casa e moradora do bairro há 31 anos, Fátima Boto Muniz, a disposição, além de favorecer a localização das casas, facilita a amizade entre os vizinhos por causa da proximidade. Tanto assim que todos se conhecem no local.


Cidade 2000 em 1973. Alamedas estreitas com nomes de flores e a 
divisão em 46 quadras são pontos de identificação da localidade 


O apego ao bairro é o sentimento da maioria das 7.885 pessoas que o habitam. "Quem se muda daqui geralmente volta porque sente falta", destacou o policial civil aposentado, José Luciano Freire. Um dos motivos é unânime entre eles: a tranquilidade. "Não é como antigamente, mas se comparada a outros locais de Fortaleza, a Cidade 2000 é bem melhor", observou Fátima Muniz. Na localidade, ainda é possível encontrar pessoas sentadas nas calçadas das casas até tarde da noite.

De baixo para cima: Praia do Meireles, Praça Portugal e a Cidade 2000. 
Registro de 1973. Foto: Nelson F. Bezerra

A Cidade 2000 oferece lazer dentro do próprio bairro. A praça principal, localizada na Avenida Central, fica repleta de pessoas diariamente que vão à procura de iguarias como o acarajé, comidas típicas, pastel, churrasco e outros.


1973 - Vemos em primeiro plano a avenida Pontes Vieira. Ao fundo, além da Cidade 2000, tínhamos ainda as Salinas do Diogo (No Cocó). 
Foto de Nelson F. Bezerra


O bairro foi construído na década de 70 a fim de abrigar trabalhadores que se deslocavam diariamente para trabalhar no Centro da Cidade e no bairro da Aldeota. A construtora foi a EDAR. O nome Cidade 2000 faz referência ao ano 2000, pois, em 1970, todos usavam o termo 2000 como sinônimo de futuro, prosperidade e avanço.

O prolongamento da avenida Santos Dumont, possibilitou o acesso 
a Cidade 2000. Foto de 1977 de Nelson F. Bezerra

Início dos anos 70 - Prolongamento da avenida
Santos Dumont, construída com o objetivo de
ser uma via de acesso a Cidade 2000. 
Hoje a Cidade 2000 perdeu muitas de suas características originais, e perdeu algumas quadras por causa da especulação imobiliária.
Situa-se perto da Praia do futuro, Iguatemi, Cidade fortal. Enfim é um bairro bom de se morar, um bairro perto de tudo.

A pracinha da Cidade 2000 é uma praça de alimentação em espaço público. Todas as noites o local é tomado por várias bancas e barracas oferecendo docinhos, trufas, pratinhos de comida, espetinhos, crepes e acarajés. Além disso, é possível comprar bijuterias e moda íntima.  Crédito: overmundo

Recentemente um ex-morador e amigo do bairro prof. Alexandre Pinheiro,  lançou um DVD contando a história do bairro, inclusive com fotos antigas, depoimentos e fotos de moradores, o trabalho se intitula: "Memórias do Foto Argentina",por ter sido sua mãe a ter o primeiro estúdio fotográfico do bairro.
A criação "oficial" do bairro deu-se com a publicação da Decreto Legislativo nº 382, de 1 de julho de 2009, no Diário Oficial do Município de 2 de setembro de 2009. O decreto estabelece como limites da Cidade 2000 "ao norte, Rua Nogueira Paes; ao sul, Avenida das Adenanteiras; a leste, Avenida das Castanholeiras; e, a oeste, Avenida dos Flamboyantes".

Feira Livre da Cidade 2000 – Óleo s/ Tela - Cláudio Dickson

Feira 2

O progresso trouxe para a Cidade 2000 muitos beneficios como: Transporte Coletivo (Centro da Cidade e Terminal do Papicu), Supermercado, Farmácias, Loteria, Clinicas Dentárias, Restaurantes etc.
Atualmente construções em torno da Cidade 2000, como condomínios fechados e blocos de apartamentos causaram uma grande especulação imobiliária. Em parte originada pelos moradores do bairro, por outro lado pelo aquecimento do próprio setor imobiliário de Fortaleza. Estudiosos do setor acreditam que a Copa de 2014 com sede no Brasil seja, em contrapartida, a grande responsável por esta especulação.

A Cidade 2000 tentou manter as tradições e a estrutura, dividida em quadras e alamedas, mas, com o tempo, as pessoas foram ampliando suas casas, descaracterizando, assim, a arquitetura local.

Nem mesmo as manifestações culturais conseguiram sobreviver por falta de investimentos públicos. O bairro era sede da Escola de Samba Império Ideal. Um grupo de Maracatu, o Nação Gengibre, é um dos poucos que ainda conseguem se manter vivos.



Fonte: Wikipédia, Diário do Nordeste e pesquisas de internet

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: