Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Excelsior Hotel - A queda de uma lenda






Quando se pesquisa no Google sobre o Hotel Excelsior, o primeiro título à disposição dos internautas que aparece é “O maior Prédio de Alvenaria do Mundo fica em FortalezaExcelsior”.

E todas as matérias relativas à edificação histórica exaltam essa  característica. Até os jornais da cidade (por exemplo, O Povo e Diário do Nordeste) propagam a mentira. Na verdade, o Excelsior nunca foi o “maior do mundo” e sequer construído sustentado por tijolos. O prédio tem sua sustentabilidade calcada no velho e seguro cimento armado*.


Quem desmente é  Miguel Ângelo de Azevedo (o Nirez ) musicólogo de primeira qualidade e também pesquisador da Capital do Ceará. Segundo ele, quando o prédio começou a ser edificado, em 1928, realmente o seu proprietário, Plácido de Carvalho, rico comerciante fortalezense, montou a estrutura em alvenaria de tijolos e trilhos** de trem, unidos por argamassa de cimento e cal. 

Porém, o construtor Natali Rossi, irmão de Pierina Rossi, esposa de Plácido, o aconselhou a desistir de tal empreitada de alvenaria (a obra já estava no segundo andar), pois a partir do quinto andar (o prédio foi projetado para ter oito) a estrutura ficaria muito pesada e os tijolos seriam arrebentados, provocando desabamento.
Na parte externa do prédio os arabesco, em forma geométrica, embelezam a fachada Foto de Eliézer Rodrigues






Então, todo o projeto foi refeito e a construção recomeçou do zero, a partir dos fundamentos da obra, mas usando  concreto armado. 

O hotel fica localizado na praça do Ferreira, na esquina entre as ruas Guilherme Rocha e Major FacundoInspirado num edifício existente em Milão, na Itália. A construção começou em 1928 e foi inaugurado três anos depois.


Os elevadores ainda são os originais - Foto de Eliézer Rodrigues

Toda a decoração do prédio, a ambientação interna, principalmente a entrada, até hoje está do jeito que foi idealizada, desde a sua inauguração. A ideia foi da italiana Pierina Rossi, mulher de Plácido de Carvalho,  que mandou buscar na Itália todos os apetrechos necessários à decoração do novo hotel que estava surgindo na cidade, em meados do século XX.

Detalhes dos candelabros - Foto de Eliézer Rodrigues


*Concreto armado.

** De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬


Todos os créditos para o querido amigo Eliézer Rodrigues, jornalista respeitado e editor da revista  Singular

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Rua da Misericórdia ( Rua Dr. João Moreira) - Cadeia Pública (Emcetur)


A atual Rua Dr. João Moreira já se chamou Rua Nova da Fortaleza, Rua da Misericórdia (por causa da Santa Casa), Travessa do QuartelRua General Tibúrcio e Rua nº 17.

Em 21 de Novembro de 1867 o prédio da Cadeia Pública, na Rua da Misericórdia (Dr. João Moreira) fica pronto e os presos são transferidos dos xadrezes que ficavam embaixo da Casa da Câmara, na Rua Floriano Peixoto.
O prédio foi construído pelo engenheiro Manuel Caetano de Gouveia


Acervo Assis Lima

O conjunto arquitetônico que se alinha em torno da Rua Dr. João Moreira é parte integrante de uma área com grande potencial arquitetônico, paisagístico e urbano e sugere, pelo seu desenho, e baseado em conceitos atuais de preservação, a criação de um "Corredor Cultural".

A área reúne boa parte  das edificações originais da cidade, a começar pelo Forte de N. Sr.ª da Assunção  – edifício que relembra o nascimento da cidade às margens do riacho Pajeú e a partir da sua implantação. Ao lado do Forte, e parte do seu terreno de defesa no eixo da linha da costa, está o Passeio Público. Fruto do embelezamento que a cidade sofreu no final do século XIX, o Passeio registra um pouco da história da organização social da cidade. Sua riqueza paisagística pode ser reforçado pelas visuais do mar que ela proporciona ao Centro. Apesar de ter passado por um processo de restauração, que poderia estimular o turismo na área, o Passeio encontra-se pouco utilizado pela população de Fortaleza.


Acervo Assis Lima

Ainda próximo se situa a Antiga Cadeia Pública que sedia atualmente o Centro de Atividades Turísticas do Estado do Ceará – que desenvolve o comércio do artesanato local além de estimular o turismo na área histórica.

Neste eixo também implantam-se a Santa Casa de Misericórdia, os edifícios da Antiga Sociedade União Cearense e da Associação Comercial – prédios de grande valor histórico, arquitetônico e sentimental para a cidade.


Acervo Assis Lima

Como ponto de fuga final desta seqüência, teríamos a Praça Castro Carreira em torno da qual se situam os galpões da REFFSA e a Estação João Felipe.


Acervo Assis Lima


No dia 21 de Setembro de 1933 o Presidente Getúlio Vargas visitou a Cadeia Pública, foi no Quartel e inaugurou de modo precário a PRE-9. Chegou em Fortaleza de trem vindo da Paraíba. - Acervo Assis Lima


Grande apoteose defronte a Estação Ferroviária Central. Recepção do presidente Getúlio Vargas. - Acervo Assis Lima

Foto antiga do Quartel do 9º Batalhão - Acervo Assis Lima

Foto de 1911 - Em destaque o prédio da antiga cadeia pública - Acervo Assis Lima

Prédio da cadeia pública - O edifício de dois pavimentos era dividido assim: Na parte inferior, ficavam as 28 celas (com capacidade entre 12 e 20 presos) e na parte superior, o alojamento do carcereiro, o arquivo e a enfermaria. 


Antiga Cadeia Pública

Um dos primeiros edifícios públicos a atender as modificações impostas pela Legislação Penitenciária Imperial. As obras foram iniciadas em 1850 e concluídas em 1866. Tem linhas clássicas e caracteriza-se pela clareza e simplicidade das formas. Atualmente, sedia o Centro de Turismo do Estado, com 105 lojas de artesanato e dois museus: o de Minerais e o de Arte e Cultura Populares.

Emcetur - Foto do início da década de 80 - Arquivo Fortal

O prédio onde hoje se localiza o Centro de Turismo foi construído na época do Império entre 1850 e 1866 para ser a Cadeia Pública de Fortaleza. De acordo com o arquiteto e urbanista Totonho Laprovitera, o prédio começou abrigando somente homens e, no início do século XX, foi construída uma ala feminina. Em 1967, começou a desativação da cadeia. Nesse processo, conforme ele, surgiram duas correntes: uma queria que o local fosse demolido para dar lugar a um estacionamento e outra queria a construção de um hospital. Em 31 de março de 1973 foi fundado no local o Centro de Turismo pelo então governador César Cals. Também faz parte do centro o Teatro Torres Câmara, que fica localizado no prédio em frente à antiga Cadeia Pública. As antigas celas da cadeia hoje abrigam as lojas de artesanato. Além das lojas, também funcionam na Emcetur os museus de Arte e Cultura Populares e de Mineralogia.
 A antiga cadeia pública, hoje Centro de Turismo, foi projetada e construída a partir de 1850 pelo engenheiro Manuel Caetano Gouveia, levando cerca de 16 anos para ter suas obras definitivamente concluídas (1866). Em arquitetura neoclássica a edificação caracteriza-se pela clareza construtiva e simplicidade de suas formas. Conservando-se as mesmas linhas arquitetônicas e respeitando suas características neoclássicas, a antiga Cadeia Pública foi adaptada para abrigar o Centro de Turismo. A responsabilidade do projeto coube aos arquitetos Francisco Afonso Porto Lima e Francisco Américo de Vasconcelos, ficando a execução do projeto sob a responsabilidade da Secretaria de Obras do Estado do Ceará (SOEC). Protegido pelo Tombo Estadual segundo a lei n° 9.109 de 30 de julho de 1968, através do decreto n° 15.319 de 17 de junho de 1982.
As entradas para o Centro de Turismo ficam pelas ruas Doutor João Moreira, Senador Pompeu ,General Sampaio e Senador Jaguaribe, próximas à Estação Ferroviária João Felipe. Horários de funcionamento: segunda a sexta-feira, de 8 ás 18 horas; sábado, de 8 às 17 horas; domingos e feriados, de 8 ao meio-dia. Tel: (85) 3101 5507 /86283159.

Hoje, os lugares das celas foram transformados em boxes, onde podem ser encontradas as variedades do artesanato cearense. Na parte superior do prédio, funciona o Museu de Arte Popular, com motivos religiosos e folclóricos, e o Museu da Mineralogia, com pedras preciosas e semipreciosas do Ceará e do Nordeste



Foto arquivo O Povo

“Eu lembro que estava cheio de gente importante. Foi uma festa bonita”. Luiz Carlos Bezerra tinha 10 anos quando o Centro de Turismo de Fortaleza foi inaugurado, em 1973.

O prédio, que durante mais de um século abrigou a Cadeia Pública da Capital, foi desativado em 1967. Seis anos depois, reabria as portas para acolher as atividades comerciais turísticas e divulgar a beleza do artesanato e da culinária cearense.


Foto de Josiane C.


Foto de Lelé

O menino Luiz é hoje o vice-presidente da Associação dos 105 lojistas existentes no Centro de Turismo. Ele adverte que já houve momentos de esquecimento e descaso ao equipamento. Considera que hoje o poder público tem dispensado maior atenção ao prédio, tombado pelo patrimônio histórico em 1982. “Tenho raiva quando as pessoas esquecem esse lugar. Ele é parte da nossa história. Agora estão olhando mais por ele”, garante.

De acordo com o administrador do centro, Laete Fernandes de Sousa Filho, há um ano a infraestrutura do edifício passou por uma reforma. Pisos e telhados foram trocados. Toda a parte hidráulica, elétrica e sanitária foi substituída. A pintura foi refeita em todo o prédio. O jardim recebeu reformulação e nova iluminação. Os banheiros foram ampliados. A acessibilidade a cadeirantes foi contemplada por meio de um banheiro adaptado e da instalação do elevador que dá entrada ao 1º piso, onde fica o Museu de Arte e Cultura Populares.

As mudanças já refletem satisfação não apenas àqueles acostumados ao espaço. O grupo de turistas de Itari, no Paraná, se mostrou feliz com o lugar que encontrou. “É tranquilo, organizado, bonito”, encantou-se o bancário paranaense Reinaldo Trinco.

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Na foto, podemos observar que a cela que já abrigou muitos presos, encontra-se muito bem preservada, inclusive com a fechadura da época.


Foto de Juliana Abrahão

O prédio da Antiga Cadeia Pública foi desativado em função da construção do Instituto Penal Paulo Sarasate.

Existem rumores, entre os comerciantes daquele local, que estranhas passagens secretas estão escondidas no chão do prédio.


Foto de Júnior Godim77


Foto de Lucas Conrado

Centro de Turismo completou 38 anos

Um dos mais tradicionais equipamentos turísticos de Fortaleza, o Centro de Turismo, também conhecido como Emcetur, completou 38 anos no dia 31 de Março deste ano. A construção iniciou suas atividades comerciais turísticas em 1973 e foi tombada pelo patrimônio histórico estadual em 1982. Atualmente, cerca de 105 lojas comercializam e promovem o artesanato e culinária cearenses.


Foto de Nivardo C.

As renda de bilro, redes, castanhas-de-caju, crochê, palha, couro, doces, rapaduras, licores, pingas e outras lembranças, encantam os turistas e visitantes que passam pelo local. O edifício caracteriza-se pela clareza e simplicidade das formas, revelando o charme e elegância com os quais o prédio histórico e polo de artesanato podem ser caracterizados.


Foto de Renato Freitas Romano

Um pouco mais de história

As construções físicas do Centro de Turismo são datadas no ano de 1866, abrigando presos no século XIX quando iniciou suas atividades como Cadeia Pública. Em 1967, ocorreu a desativação do equipamento.

Em 1973, as celas deram lugar as lojas de artesanato e o pavimento superior, onde funcionavam o alojamento, a administração e o refeitório, foi adaptados para sediar a Empresa Cearense de Turismo (Emcetur). Após a extinção do órgão, passou a funcionar, no local, o Museu de Mineralogia, que buscou expor ao público as riquezas minerais do solo cearense, e o Museu de Arte e Cultura Popular, que retrata a cultura do povo cearense, com esculturas feitas pelo artista Deoclécio Soares (Bibi), as artes esculpidas em cerâmicas feitas pelo artista Cícero Simplício do Nascimento (Cizin), e os bonecos feitos pelo Mestre Boca Ricca.
 
Foto de Manilov

Atualmente, o pavimento superior do Centro de Turismo conta, ainda, com uma Pinacoteca, cujo acervo possui obras de importantes artistas nordestinos, como Chico da Silva, Francisco Nogueira, Sergei de Castro, F. Lopes, Joca, dentre outros.

A necessidade de restaurar um patrimônio

Desde o início das atividades como centro de artesanato, há 38 anos, o prédio que abriga o Centro de Turismo ainda não havia passado por uma grande intervenção. Diante da necessidade da restauração de um equipamento tão importante para o patrimônio histórico e turístico cearense, o Governo do Estado, por meio da Secretaria do Turismo do Estado (Setur), realizou, em março de 2010, as obras de melhoria nos blocos norte, central e sul. Todas as restaurações foram voltadas para preservar o espaço e permitir a acessibilidade das pessoas com deficiência e do público em geral.


Foto de Manilov

No pavimento térreo do bloco central, cuja área é de 2.834,94 metros quadrados, a reforma realizada na Emcetur incluiu as lojas e a instalação de uma plataforma hidráulica. Já o andar superior, foram realizadas melhorias nas salas de reuniões, na diretoria, na Associação da Melhor Idade e nos WCs (masculino, feminino e para pessoas com deficiência). O bloco sul, com 752,55 metros quadrados, recebeu um estacionamento para 42 veículos, além da reforma das lojas e jardins. Foram trocadas as pinturas e os pisos do equipamento, que agora conta com pedra colonial. As obras receberam investimentos de R$ 1.976.640,00.

Essa restauração no Centro de Turismo foi apenas uma das ações que o Governo do Estado realizou para recuperar o patrimônio histórico cearense visando requalificar ainda mais o turismo cultural no Ceará.


Foto de Manilov


Foto de Manilov

Fatos Históricos


  • 21 de novembro de 1867 - O prédio da Cadeia Pública, na Rua da Misericórdia (Dr. João Moreira) fica pronto quando os presos são transferidos dos xadrezes que ficavam embaixo da Casa da Câmara, na Rua Floriano Peixoto. Construído pelo engenheiro Manuel Caetano de Gouveia.

  • 25 de setembro de 1922 - Inaugura-se, na Cadeia Pública, um cinema para os presos, no andar superior, com o filme "Feliz equívoco", em 6 atos.

  • 1925 - Após reorganização, iniciada no ano do Centenário, no governo de Justiniano de Serpa, a Cadeia Pública recebe nova denominação: Casa de Detenção.

  • 24 de Abril de 1925 - O administrador da Cadeia Pública de Fortaleza, Capitão Álvaro de Oliveira, inicia o serviço de limpeza das ruas e praças pelos detentos sentenciados.

  • 20 de junho de 1925 - Evade-se da cadeia pública o ex-sargento de polícia José Rodrigues, assassino de Francisco de Assis Castelo Branco, soldado do Exercito.

  • 25 de abril de 1926 - São presos os redatores da revista ‘A Farpa’ os jovens Plácido Aderaldo Castelo, Paulo Sarasate, Otávio Facundo Bezerra e João Perboyre e Silva em razão de violentas críticas ao governo estadual. Os três primeiros foram soltos, depois de algumas horas de prisão, mas Perboyre e Silva, que se confessou autor do artigo julgado injurioso, foi recolhido à cadeia pública, donde só saiu a 27*.

  • 25 de dezembro de 1928 - Por iniciativa de D. Violeta Peixoto, esposa do Chefe do Estado, a festa do Natal não foi esquecida na Cadeia Pública. Constaram no programa uma sessão cinematográfica e uma abundante cela.

  • 13 de janeiro de 1929 - 'O Nordeste' denuncia o caso de um detento da Cadeia Pública, preso há três anos e que nunca foi julgado.

  • 15 de março de 1931 - Entre as Irregularidades que a imprensa vem apontando na administração da Cadeia Pública, salientam-se farras noturnas dos presos nas ‘pensões alegres’, sambas diurnos na Penitenciária e assaltos a transeuntes desvenidos, alta noite.

  • 13 de fevereiro de 1932 - O Dr. Leiria de Andrade recolhe-se à Cadeia Pública, e o faz acompanhado de grande número de amigos. Fora pronunciado pelo Dr. Luís Bezerra como implicado na morte do jornalista Antônio Drummond.

  • 19 de setembro de 1941 - Morre, em Fortaleza, aos 85 anos de idade, o monsenhor Vicente Pinto Teixeira, ex-deputado estadual. Foi professor da escola da Cadeia Pública de Fortaleza. Cearense de Lavras da Mangabeira, nascera a 19/07/1856.

  • 12 de setembro de 1969 - Os detentos deixam a velha Cadeia Pública, na Rua Dr. João Moreira, entre a Santa Casa e a Estação Central do trem e vão para o Instituto Penal Paulo Sarasate, na BR-116. O primeiro diretor naquele local foi o coronel Francisco Bento.

  • 14 de setembro de 1971 - Instala-se em Fortaleza a Empresa Cearense de Turismo - Emcetur, funcionando no antigo prédio da Cadeia Pública, quadrilátero entre a Rua Senador Pompeu nº 360, Rua João Moreira, Rua General Sampaio e Rua Senador Jaguaribe. O primeiro diretor foi Eliezer Teixeira de Sousa.

  • 30 de março de 1973 - Inaugurado o Centro de Turismo de Fortaleza, tendo no andar superior do pavilhão central, o Museu de Arte e Cultura Populares, nos altos do antigo prédio que foi a Cadeia Pública, entre a Rua Senador Pompeu nº 350, Rua João Moreira, Rua General Sampaio e Rua Senador Jaguaribe, onde esteve a Emcetur.




*Jornalistas presos - Segundo Leonardo Mota conta na Revista do Instituto do Ceará, no dia 25 de Abril de 1926, por causa de violento artigo saído na revista A Farpa, quatro jornalistas foram presos a mando do Governador José Moreira da Rocha, quatro que viriam, até recentemente, a desempenhar papel importante na vida do Estado. Eis os quatro jornalistas punidos: Plácido Aderaldo, Castelo Otávio, Fernando Bezerra e Perboyre e Silva. Os dois primeiros viriam a ser Governador do Estado e Perboyre, o maior líder que a classe jornalística já teve em toda a sua história, até hoje insubstituível. Aliás, no episódio dessa prisão, os três foram logo soltos, Perboyre só depois. Foi o autor do artigo.


(Imagem da revista meramente ilustrativa)




Fonte - Secult, Portal da História do Ceará, 
Sabrina Studart Fontenele, Jornal O Povo,
 http://www.ceara.gov.br, Assis Lima e Nirez

terça-feira, 5 de julho de 2011

“Um grande crime!”


Foto de 1926

No ano de 1929, um oitizeiro existente nas imediações da igreja do Rosário, cruzamento das atuais ruas General Bezerril e Guilherme Rocha, foi derrubado. Seria apenas mais uma árvore abatida não fosse a polêmica que o incidente gerou.

Muitos se manifestaram contrariamente à ação da municipalidade – a ordem partira do prefeito Álvaro Weyne. Em artigo de 23 de maio, publicado no Correio do Ceará, João Nogueira denunciou um “grande crime”.
O nosso estimado Prefeito acaba de praticar um grande crime! Talvez, mesmo, tenha feito coisa pior: cometido um pecado mortal, mandando matar o mais antigo dos seus munícipes, este inocente e querido oitizeiro da capela do Rosário.

O episódio merecera registro do jornal A Razão. No dia posterior ao “crime”, o vespertino veiculou uma breve nota aludindo aos acontecimentos: contemplava-se a ação do “machado do progresso” e os protestos em contrário.

O tradicional oitizeiro que se erguia majestoso em frente ao edificio onde funcciona actualmente a Secretaria do Interior e Justiça, teve hontem o seu ultimo dia de vida. O machado do progresso iniciou, pela manhã de hontem, a sua acção e, dentro de poucas horas, viase, com tristeza, manter-se de pé tão somente o tronco da velha arvore. Muitos foram os protestos que se levantaram contra o gesto do sr. prefeito municipal, havendo mesmo quem o classificasse de barbaro. Hoje, restará do grande oitizeiro apenas a lembrança. Já é, porém um mal sem geito. Conformemo-nos.

O desrespeito à tradição, inscrito na ação do poder público, foi censurado por Alcides Mendes, cronista do mesmo periódico. Seu texto, publicado em 23 de maio, também assumiu ares de denúncia ao narrar a destruição de uma “relíquia” do passado.

Eu fui espiar, de pérto, o annunciado assassinato do oitizeiro de N. S. do Rozario, na rua Coronel Beserril. [...] Quando aportei ao local do crime já o cadaver do meu venerando oitizeiro ia se deitando resignadamente no chão, para o seu derradeiro somno. [...] o róble
mastodontico do oitizeiro morto era uma pura reliquia da gloriosa vida de outróra, do nosso querido Ceará. [...] Não sabemos respeitar a tradicção, nem venerar os fios de barba dos antepassados.


O jornal O Povo publicou, a 16 de julho, artigo assinado por Gustavo Barroso, o qual também condenava a medida. Pareceu-lhe que a sorte da árvore fora decidida em função do crescente tráfego de veículos: “[...] o impiedoso machado municipal para sempre te abateu em beneficio do deus moderno das cidades trepidantes: o trafego”.

Em Fortaleza descalça, livro de memórias publicado em 1975, o poeta Otacílio de Azevedo relatou experiências e impressões de sua vivência na cidade, desde sua chegada, em 1910, vindo do interior. Entre paisagens conhecidas e figuras do meio intelectual e artístico com as quais travara relações, ele recordou o oitizeiro do Rosário. No capítulo que lhe foi dedicado, narrou, condoído, seu triste fim.

Assisti, em 1929, revoltado, à derrubada do célebre Oitizeiro situado atrás da igreja do Rosário [...]. Grande número de pessoas idosas achava-se ali, aturdido. [...] Nada podia demover os operários, que apenas cumpriam um dever. Alguns deles estavam armados,
prevendo uma reação mais violenta do povo. Velhos de cabelo branco que haviam brincado, quando meninos, à sombra acolhedora do Oitizeiro do Rosário deixavam escapar dos lábios murchos verdadeira saraivada de impropérios e inúteis protestos. Aos poucos, porém, a onda de rebelados, sem forças, foi-se desfazendo, frágil demais para tentar qualquer reação. A grande copa, afinal, rolou por terra com fragor, num dilúvio de folhas. Uma brisa correu – talvez o último alento da árvore. Depois, foi o tronco, cortado cerce, com o auxílio de machados. Por fim, só restaram as raízes retorcidas...
Mandara abater a nobre árvore o prefeito Álvaro Weyne, depois de – magro consolo! – mandar tirar-lhe uma fotografia. Acreditamos que o ilustre edil sofreu também ao tomar essa decisão. O verdadeiro algoz do Oitizeiro foi o progresso, em nome do qual se cometem tantos
crimes...


A sensação de que se praticava um crime imperdoável organizou a escrita de quem referiu ao acontecimento, em periódicos, e de uma testemunha que o vivenciou e sentiu a necessidade de contá-lo, muito tempo depois. A esse respeito, o relato de João Nogueira é esclarecedor.

Cortada a fronde e já reduzido ao tronco e a dois galhos principais, nos pareceu um supliciado a quem houvesse dilacerado o corpo e cortado as mãos e que, em último arranco, levantasse os braços para o céu clamando vingança (talvez perdão) para seus matadores.

Gustavo Barroso também manifestou tal percepção. Após tornar à terra natal (em 1910 ele havia se transferido para o Rio de Janeiro), a fim de representar a Academia Brasileira de Letras nas comemorações do centenário de nascimento do escritor José de Alencar, realizadas no primeiro de maio, ele presenciara, desconsolado, o sacrifício da árvore.

Não houve voz, não houve pedido, não houve protesto que te salvasse. O progresso mandou que te puzessem abaixo. E tu, que perderas a grade protectora posta pela bondosa Camara Municipal de 1877, que fôras amputado varias vezes–porque já estragavas as fachadas lateraes, cortado, recortado em achas, queimaste a fogo lento nas cozinhas da Santa Casa de Misericordia.

O que dizer de Otacílio de Azevedo, que relatou ter visto ramos descreverem “círculos de angústia” no ar, e contorcerem-se pelo chão como que a sentirem dor, após caírem desfalecidos?

Um caboclo forte, no alto da fronde do oitizeiro, cortava, com afiada foice, que brilhava ao sol, os galhos mais altos. Os nodosos ramos descreviam círculos de angústia e vinham, depois, cair, exânimes, no velho e desconjuntado calçamento, num remoinho de folhas verdes e doirados frutos... A cada foiçada, soltavam-se lascas que se vinham juntar à ramagem, no chão. Aqueles ramos retorcidos pareciam sentir, convulsos, a dor que lhes causava a afiada ségure...

São textos que impressionam. Talvez porque respondiam a uma necessidade premente nas circunstâncias em que vieram a lume: mas qual?
Por que a derrubada de uma árvore, acontecimento corriqueiro no cotidiano de uma cidade, provocou tal comoção na Fortaleza de fins da década de 1920?
Por que a percepção de um crime? E por que a ação foi levada a cabo, embora encontrasse oposição?

A justificativa presumida para o abatimento do Oitizeiro do Rosário repousava na intensificação do tráfego urbano, o que era confirmado pelo crescente número de automóveis que transitava pelas ruas da cidade. A árvore erguia-se em uma via central – a um passo da Praça do Ferreira, ponto irradiante de veículos, onde automóveis de aluguel estacionavam e passavam linhas de bondes. Devia ser sacrificada em nome do progresso, pois, como bem percebeu Otacílio de Azevedo, O velho Oitizeiro já não era mais que um intruso, um trambolho que impedia o embelezamento da cidade que crescia. Começavam a aparecer os automóveis que deveriam transitar por todas as artérias da cidade. A queda do Oitizeiro do Rosário marcou o desmoronamento de mais uma tradição, para dar lugar às correrias
desenfreadas dos novos habitantes da pacata urbe – os bêbados da gasolina!

Desde a primeira experiência com um automóvel nas ruas de Fortaleza, em 1909, 
seu número crescera consideravelmente.



 

O primeiro automóvel chegou por aqui em 28 de março de 1909, vindo dos Estados Unidos pelo vapor inglês “Cearense”.
Era um automóvel da marca “Rambler” usado, comprado pela Empresa Auto Transporte, de propriedade do Dr. Meton de Alencar e de Julio Pinto, adquirido por 8:000$000.
Após o desembarque na alfândega, como ninguém soubesse dirigir, o veículo foi puxado por um jumento no trajeto entre o prédio da alfândega até o edifício do Cinema Júlio Pinto, localizado na Rua Major Facundo n° 64, acompanhado por uma verdadeira multidão de curiosos, que se formou ao redor do veiculo e do jumento.
Depois de muito pesquisar o motor, dois intrépidos cidadãos aprenderam a dirigir e quando saíam para a via pública, eram sempre alvos de curiosidade por parte da população.
Nessas viagens quase sempre o carro enguiçava, sendo preciso desmontá-lo em plena rua para consertá-lo. Como o motor estava localizado sob o veiculo, era necessário arrancar a carroceria todas as vezes que isso acontecia.
Certa vez perdeu-se a tampa do radiador na estrada de Messejana, e o proprietário anunciou no jornal que gratificaria a quem a encontrasse e devolvesse. Movimentou-se então uma multidão de populares em busca da peça, mas como ninguém sabia o que seria uma tampa de radiador, foram levados ao proprietário, todos os tipos de objetos de ferro que puderam ser encontrados naquela estrada, inclusive, até camburões de ferro.
Depois de um tempo, de tanto rodar, os pneus ficaram gastos e precisaram ser substituídos, mas onde encontrá-los? Improvisaram então umas rodas de madeira com aros de ferro, que faziam uma barulheira infernal nas pedras de calçamento.
Apesar dos percalços, esse carro conseguiu fazer diversas viagens a Messejana, e de certa feita, foi até Canindé, durante as festas religiosas. Seguiu de Fortaleza até Itaúna dentro de um vagão da E.F. de Baturité, e daí em diante rodando por uma estrada improvisada, levou um dia inteiro até chegar a Canindé.
Em certa ocasião ao trafegar na Avenida do Imperador, ao desviar-se de um pedestre, o carro foi de encontro a um muro, derrubando-o. Esse foi o primeiro acidente de trânsito da história da cidade.
Extraído do livro “Coisas que o Tempo Levou” de Raimundo de Menezes

Automóvel do Dr Meton de Alencar e Júlio Pinto - Foto do arquivo Nirez

Porém, o calçamento das ruas não acompanhara igual progresso – a cidade era ainda

descalça”, no dizer do poeta. O empedramento constituía-se de “seixos toscos de antiguidade quasi secular e inteiramente desnivelado”, segundo comentarista do jornal A Razão. Contudo, sua insatisfação advinha menos dos transtornos ao trânsito que o calçamento pudesse causar, que do aspecto desolador que conferia à cidade, infundindo-lhe, ao lado de outros elementos, certo ar nostálgico, impressionando negativamente o visitante que por ali se demorasse: 

“Ruas largas, ladeadas de casas baixas, de fachadas archaicas, sem qualquer arborização, tornam Fortaleza uma cidade nostalgica”.

Ruas largas, calçamento de pedra irregular e arborização ausente. A cidade 
havia parado no tempo? Rua Barão do Rio Branco, em 1922 (fonte: LOPES, 1998).

O aspecto da cidade ddenunciava: ela envelhecera. Não possuía um calçamento apropriado às novas exigências do tráfego, mas uma feição desagradável que lhe emprestava qualquer coisa de antigo, de imemorial.

Nessa perspectiva, uma árvore centenária não era mais que um entrave ao progresso, no que tolhia o trânsito de automóveis, e naquilo que confessava, em sua mudez ancestral. A cidade devia seguir o rumo do progresso, e tudo o que se interpusesse no caminho era forçoso descartar.


Fonte: Tempo, progresso, memória: um olhar para o passado na Fortaleza dos anos trinta 
Carlos Eduardo Vasconcelos Nogueira

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Das antigas - O Padre e o preso



 Abril de 1964 foi talvez pior que março. Para algumas pessoas, os dias não passavam como de costume e o fim de mês não parecia voar. Haviam cortado suas asas e por isso os dias andavam peados, vazios de coisas triviais. O acordar com os galos, o esfregado matinal com a sinhazinha, a hora do homem da carroça d'água e o café coado em pano preto de borra... Nada. Nem o filho que chorava com o ''dordói'' e água morna que devolvia-lhe a vista... Nada. Coisas que todos os dias corriam iguais sendo diferentes. 

Vovô foi quem inventou essa conversa de que o tempo voava. Foi ele. Era pra dizer que os segundos tinham vida e mexiam com a vida dele e a alheia. Nada a ver com rugas e com coisas desinfelizes. Adorava viver o dia, amá-lo à boquinha da noite, dormi-lo e, cedo, estar de pé pra viver outros despropósitos.

Angustiava-se quando caía enfermo. Sinal de que os dias caminhariam empanturrados, golfados. Que não aconteceriam triviais. Era como estar preso, isolado das acontecências e das coisas que seguiam seus inesperados sem ele.

A propósito disso, me enviaram carta de um preso que se angustiou com a desfelicidade de perder de vista o cotidiano dos seus... De perder os dias com os seus. Foi Blanchard Girão, em abril de 1964, ao padre Zé Nilson... Sacerdote do Mucuripe, protetor das meninas alegres. Foi assim: 

''Meu bom e digno padre José Nilson,
Não estaria ausente à sua festa se os acontecimentos que se desencadearam em Abril não houvessem mudado o curso de minha vida. Daqui desta prisão onde me lançaram vi para sempre o adeus de meu Pai. Não assisti à chegada ao mundo de minha filhinha Martha, que está crescendo sem o meu carinho. Nunca mais deitei-me ao chão para servir de montaria a Luiz Carlos e Blanchard Filho. Os dias são iguais, meu amigo, são longos e tristes. Mas, não se surpreenda, ao dizer-lhe que são também cheios de esperança.

A você posso fazer-me entender muito bem. A poucos falaria com tanta confiança e maior certeza de ser compreendido. Sei da grandeza de sua alma, da lucidez de seu espírito, da bondade de seu coração aberto às aflições humanas. Posso lhe confessar tudo que guardo no íntimo de mim mesmo e que só daqui a muito tempo transmitirei, como subsídio à História, aos que respirarem um clima de Liberdade e Direito.

Quando você recebeu, há 17 anos, as vestes sacerdotais, tinha a convicção de que iria encontrar campo fácil à pregação da Doutrina de Cristo a todos os homens. Mas estou convencido de que a experiência lhe ensinou algo bem diferente, variando de camadas sociais, os homens divorciaram-se da doutrina cristã. Os ricos de há muito ergueram altares a outros deuses, aos novos ''bezerros de ouro'' da civilização contemporânea. Adoram acima de tudo o Prazer e o Luxo. Veneram o Conforto e a Glória dos salões. Seus valores morais estão limitados pelo materialismo de sua riqueza. E sei, e você sabe, que eles vão à Igreja. Fingem adorar a Deus. Mas em verdade mentem. São os novos fariseus do templo.

Quando se ajoelham e porventura oram, no seu consciente não acode a lembrança de que, inda há pouco, esmagavam sob o peso da exploração aqueles que constroem seu patrimônio. No seu ''ego'', uma crosta de insensibilidade fecha-lhes os olhos à brutal miséria em que a acumulação de seus bens lança a grande maioria de seus irmãos. E pedem - oh! inconscientes! - e pedem a Deus proteção para esse estado de coisas. E procuram iludir o céu com a oferenda de migalhas de sua mesa atiradas à pobreza faminta e humilhada!

E os miseráveis, meu amigo, será que ainda crêem e amam ao Criador? É difícil definir a alma dessa gente. Se entram na Igreja, não vão aos pés de Deus agradecer a graça suprema que seria a própria vida; vão chorar, meu amigo, vão implorar, vão contar suas desditas ao Todo Poderoso, última instância de seus anseios. Não vemos em seus olhos o brilho da alegria nem a beleza da felicidade. Seus corpos esquálidos, suas vestes em farrapos são o atestado de uma degradação física e social a que foram atirados pelas minorias ambiciosas e desumanas. A vida para eles é uma carga de sofrimentos e desencantos. Ainda aspiram pela lembrança de Deus, mas rastejam às portas do desespero.

E diante de todos, generoso e humano, você vai cumprindo sua missão divina. Conheço bem de perto o seu idealismo. Em muitas oportunidades - permita-me a franqueza - deplorei sua impotência diante da realidade que o cercava. As limitações eram tantas que um fraco recuaria. E você, ao contrário, sempre vibrante, disposto a fazer o mínimo que lhe é possível, rezando para que muitos o imitassem.

Nossos caminhos não sei se são os mesmos. Os fins, tenho certeza. E porque ansiei por uma transformação; porque não concordei com o endeusamento dos novos ''bezerros de ouro''; porque não me embruteci no culto à riqueza nem me insensibilizei ao sofrimento do povo; porque amei ao próximo como reflexo de mim mesmo que ele o é; por tudo isso, meu amigo Padre José Nilson, encarceraram-me. Destruiram o lar de meus Pais; roubaram-me o carinho e o afeto da esposa e de três filhos pequeninos.

A você também roubaram a suprema ânsia de sua vocação, que era, sem dúvida, ver os homens em harmonia, adorando a Deus na justeza da Idéia perfeita de que a vida deve ser vivida com dignidade, com amor, com paz e felicidade, não nesse entrechoque de interesses e ambições que faz do homem a fera a devorar constantemente o próprio homem.

Confundem-se os fins que buscamos. Triste e envelhecido, recalcando nalma a dor mais forte - a dor da injustiça! - a mesma dor do Cristo no tribunal de Pilatos, vou aceitando os meus dias com resignação, convencido de que num futuro não muito remoto a Verdade surja e com ela a Liberdade e o Direito; você, meu amigo muito amigo, também reflete no olhar a tristeza de sua incapacidade de derramar para todos os homens - e não para as minorias privilegiadas - a alegrias de felicidade terrena para a busca do Reino de Deus. Mas, igualmente a mim, tem no coração a plena consciência de que isto não é eterno, de que os homens amanhã encontrarão novamente a Doutrina e serão bons como sempre deveriam ter sido.

E é com essa síntese de nossos sofrimentos e anelos que me transporto à sua festa para, em meio a seus paroquianos humildes do Mucuripe, comungar da mesma felicidade que a todos domina no momento de abraçá-lo como amigo, na autêntica expressão desta palavra.
Vai meu abraço, amigo Padre Nilson. Que Deus escute as suas preces em favor dos pobres e dos bons.
Até um dia.
Blanchard Girão
Quartel do 23º B.C., em 29 de novembro de 1964''.


Crédito: Jornal O Povo

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