Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

50 Anos da Avenida 13 de Maio



Depois da inauguração da Paróquia de Fátima, na Av. 13 de Maio, no ano de 1955, o bairro veio a ser cobiçado como promissor, e, em grau de importância, chegou a ser dito por muitos que seria o bairro do futuro, tão importante quanto a Aldeota. Achavam que a cidade não tinha mais para onde crescer e que a imensa faixa de terra plana cheia de matas, principalmente do lado do sertão, onde tinha sítios de cajueiros e mangueiras, seria explorado. Quase tudo era mata do Dumma. Casas bonitas foram feitas por engenheiros e arquitetos importantes como Ageu Romero e dezenas de outros. Residências foram sendo ocupadas por importantes e ricas famílias, donos de indústrias e casas de comércio no centro da cidade onde quase tudo era verde e com árvores cheia de passarinhos. Em lotes pequenos, a maioria construiu suas casas que chamavam modernamente de os novos bangalôs.


A Av. 13 de Maio era o grande negócio imobiliário naquele momento e todos tinham visão midiatizada, digamos, globalizada. A Estrada do Sol, ou Av. 13 de Maio começa na Visconde do Rio Branco e termina no trilho do Parque Araxá. Para o nascente, a precária Pontes Vieira. Pequeninas casas, muito barro, calçamento e coqueiral; era só o que mais se via ali. Do lado contrário, ou seja, para o nascente, o final da Av. 13 de Maio e o início da estreita rua do Parque Araxá, também cheia de casinhas. Fátima surgia, então, como bairro dos novos ricos, com calçamento, iluminação, casas de sobrado por todos os lados e, uma larga perspectiva de crescimento. Uma das primeiras residências deste lado do bairro, ou seja, o da Paróquia de Fátima, foi uma casa bangalô construída há mais de 60 anos, distante um quarteirão e meio da Av. 13 de Maio para o lado do riacho do Jardim América, no meio das matas, sem sistema de água, esgoto, ônibus, e nenhum comércio ou qualquer infra‑estrutura, por perto. Era na rua Pe. Leopoldo Fernandes em frente a nossa casa nº 168. Casa onde morava o seu Albertino e D. Suzete e filhos.



A Paróquia de Fátima, certamente não há que negar, em nome do seu primeiro vigário, o padre Gerardo, foi a grande responsável pela sustentação e performance do bairro. Muitas reuniões foram feitas com os moradores e, vagarosamente, cumprindo o seu papel, a Igreja conseguiu cercar‑se de muitas famílias, ao mesmo tempo em que abraçava a todos em torno dela. Daí veio a consolidação do bairro de Fátima, mais loteamentos, novas ruas e tudo começou a mudar.



Os primeiros divertimentos do bairro era o futebol que se jogava em frente a Igreja, onde se via os treinos do Fortaleza x Ceará, aos domingos e, eventualmente, quando não havia jogo, acampamento de ciganos nesse mesmo local. Diga‑se rapidamente, este local era uma espécie de imensa praia de areia limpa, talvez proveniente das enormes enchentes em tempos remotos, do caudaloso rio que corria ao longo da Av. Aguanambi, (hoje, o canal) transformando tudo em grande praia nessas imediações da avenida 13 de maio.. Hoje, o estuário desse rio é um canal de esgotos que corta a Av. 13 de Maio e é encaminhado para o Lagamar, que desemboca no rio Cocó e em seguida no mar. De ano em ano, também tínhamos as festas da paróquia, os leilões, as novenas aos domingos, alguns arriscavam sair de suas casas a dar pequenos passeios a ver distante alguns aviões na BaseAérea de Fortaleza, pois tudo era descampado e, quem sabe, para conhecer novos moradores.




Havia um riacho que cortava as matas mais baixas da Av. 13 de Maio, era o Jardim América (este que hoje é o canal ao longo da Av. Eduardo Girão), naquela época com milhares de peixes (corta todo o Bairro de Fátima). Tudo era pitoresco e envolto em clima agradável, típico das promissoras fazendas e sítios, como as que tínhamos próximas. A do doutor Almendra, que ficava em frente ao 10° GAC, na Av. Luciano Carneiro, com criação de cavalos e gado leiteiro; a do doutor Agenor, com frutas diversas, onde é o Centro Educacional e a do doutor Pergentino Ferreira que se localizava exatamente onde hoje é o conjunto de prédios residenciais Segredo de Fátima, nas proximidades da rodoviária – A casa sede desse sítio era muito grande e toda cercada de alpendres, cujas colunas lembravam as curvas em meia lua do Palácio da Alvorada, na Capital Federal. Tudo se via de longe: a lagoa, os currais, as plantações, toda a bela imagem da fazenda do doutor Pergentino Ferreira. Quem olhasse para direita ao ingressar na estrada rumo a Messejana, via‑se a paisagem. Lá se criavam também gansos enormes, que, em conjunto, faziam um barulho infernal para afugentar estranhos quando se faziam presentes no local.



A empresa de ônibus que servia o bairro ajudou muito também, uma vez que nem todos dispunham de carro próprio. A maioria, no início, não tinha carros e ia para o centro de ônibus. Muitos ainda não eram empresários importantes, mas com o tempo se tornaram pessoas muito conhecidas da sociedade como donos de lojas e casas comerciais famosas da Praça do Ferreira. Os ônibus da Empresa Pedreira eram poucos e estilo calhambeque; demoravam a passar porque tinham que andar devagar pelos buracos do calçamento da Av. 13 de Maio, paradas constantes e nenhuma empresa para competir. Dentro dos ônibus cheios, constantemente, era um sufoco, como diziam. Para descer numa parada de ônibus, alguém puxava a famosa “cordinha lateral” que acionava do lado do motorista; era nada mais e nada menos que um pequeno chocalho de cabra, naturalmente para fazer um barulho estranho ao ambiente, mais alto que a trepidação enorme que esse imenso veículo proporcionava.
Era comum, para as pessoas que moravam para o lado da Igreja, andarem a pé, de suas casas, para apanharem o ônibus na Av. 13 de Maio. Este só passava de duas em duas horas, às vezes até mais de duas, por isso, sempre tinha alguém esperando numa esquina da avenida, e este, a todo instante olhava sempre para ver quando o veículo apontava distante. Quando longe ele surgia, inconfundível, aí se ouviam os gritos para alertar a quem estivesse no meio do quarteirão a caminho do ponto: corre...?! Lá vem um ônibus... A pessoa às vezes encontrava‑se distante um quarteirão e saía em disparada para não ficar esperando pelo outro veículo com destino a Praça do Ferreira. Muito tempo depois surgiram os microônibus da Empresa São José de Ribamar com nome de Bairro de Fátima e circulava entre as ruas do bairro. A partir daí, ficou mais fácil chegar na Praça Coração de Jesus, local onde esses veículos deixavam todos os passageiros, de lá retornando para a Av. 13 de Maio.


Continua...

Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor e fotos do Arquivo Nirez

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Avenida Treze de Maio - Antiga Avenida Flor do Prado


A avenida surgiu na década de 50, por ordem do prefeito, Acrísio Moreira da Rocha.


Nos anos de 1910, em um arrabalde de Fortaleza, São João do Tauape, no encontro das atuais avenidas Visconde do Rio Branco e Pontes Vieira, havia diariamente, dezenas de comboieiros vindos do interior que ali paravam, diariamente, para descanso e reorganização dos seus trabalhos: troca, venda e compra de todo tipo de mercadoria trazida do interior. A este ponto de encontro os nativos deram-lhe o nome de Tauape, significando tauá-barro, pé-caminho; caminho de barro. Por invocação a São João, foi erguida uma capela no local, daí surgindo o nome de São João do Tauape, (1948) segundo o historiador Márlio Falcão.
Os mercadores já se encontravam próximo do seu objetivo, o centro de Fortaleza, mas não era justo seguir toda vida cidade adentro com bois, cargas em cavalos e jumentos pela avenida Visconde do Rio Branco, afinal, gerava tumulto e perigo entre os moradores das casas, atrapalhava os carros e o bonde da Visconde do Rio Branco, que percorria toda avenida até a "terceira" parada, isto é, o final da linha, próximo da esquina onde funcionou o Cine Atapu, da Cinemar, inaugurado em 11.03.1950, conforme relata o historiador Miguel Ângelo de Azevedo - Nirez.

A cidade de Fortaleza crescia e necessitava de cuidados essenciais, não podia permitir mais o ingresso de animais a sujar a avenida e centro da cidade. Nasceu então a idéia do traço de união. Abrir novas ruas e avenidas, antes da cidade, para facilitar a vida de todos. Foi justamente aí que planejaram unir o São João do Tauape com o Benfica, por uma estrada calçamentada e iluminada, já que existia um precário caminho. Seria uma importante avenida que desse acesso aos mercados, outros bairros e dezenas de ruas facilitando as intercomunicações entre bairros. O meio mais fácil seria seguir pela mata rumo ao oeste (futura Av. 13 de Maio) descendo nas férteis terras de pousada e boa caça e pesca, onde havia o encontro de riachos e açude na Fazenda Canadá, do doutor Pergentino Ferreira. Todos os meios de transportes seriam beneficiados. Seguiriam com as suas mercadorias por toda avenida, sem impedimentos, até o bairro Benfica ou Prado, passando por diversas ruas atingindo os objetivos, relata Geraldo Nobre, do Instituto Histórico do Ceará.


O então prefeito de Fortaleza, Acrísio Moreira da Rocha, providenciou, juntamente com sua comitiva, um encontro de amigos com o dono das terras. Teria sido discutida na Fazenda Canadá a criação (hoje no local da sede desta antiga fazenda Canadá, encontra-se construído o Conjunto Residencial Segredo de Fátima) de "uma grande rua que beneficiasse a todos da região, facilitando o acesso para vários bairros". A resposta do dono das terras ao prefeito foi de que ele teria ao seu dispor, não só uma rua, mas terras para uma avenida inteira, se assim o desejasse, reafirma Silvio Theorga, neto do doutor Pergentino Ferreira, então com 13 anos de Idade, quando assistiu toda reunião naquela tarde na sede do Fazenda Canadá.
A grande obra da prefeitura ligaria o bairro São João do Tauape ao antigo Prado, hoje Gentilândia ou Benfica. Naquele tempo o mato alto descia dos dois lados da estrada até o riacho. Quem desejasse vir desse ponto da estrada, isto é, do São João do Tauape para o Prado, teria de seguir uma nesga de terra até a altura de um grande riacho (Aguanambi – no inverno, um grande alagado) atravessá-lo de canoa ou vir pela velha ponte e seguir pela estrada de terra vários quilômetros até próximo ao Prado (altura do CEFET) antigo local de corridas de cavalo.
O prefeito Acrísio Moreira da Rocha, logo determinou que fossem iniciados os trabalhos de limpeza da área, cortada a mata, feitos os canais de seguimento do riacho e calçamentada a estrada onde seria a grande avenida. Nos primeiros momentos todos a chamavam de Flor do Prado, relata o memorialista Marciano Lopes, dizendo da constante ornamentação, beleza natural e ligação com o Prado.

Paralelo a tudo, em 09 de dezembro de 1952 chega a Fortaleza, vindo da Europa, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima em visita a algumas Igrejas. O povo, muito devoto, ficou impressionado e o bispo auxiliar de Fortaleza, Dom Eliseu Simões Mendes lançou a ideia da criação de um templo. O doutor Pergentino Ferreira logo se prontificou a doar uma quadra na futura avenida. O que foi feito em 19 de outubro de 1952. O esforço incomum e a enorme motivação fizeram com que Paulo Cabral de Araújo, o novo prefeito de Fortaleza depois de 1952, juntamente com padres e políticos, apoiassem o projeto e fizesse brotar a ideia de um belo santuário para homenagear a santa. Foi formada uma comissão e passaram a visitar vários empresários, e, o engenheiro Luciano Pamplona logo se pôs a elaborar o projeto da Igreja. Veio a pedra fundamental em 28 de dezembro de 1952. Em pouco tempo a Igreja foi edificada, e no ano seguinte, com a nova vinda da imagem santa de Portugal, com a Igreja ainda por terminar, recebeu a imagem peregrina que aqui permaneceu de 14 a 16 de dezembro de 1953, onde foram realizadas várias missas, mas a inauguração somente foi possível em 13 de outubro de 1956.

A inauguração da Igreja de Fátima foi ao ar livre, com a presença de dez mil pessoas. Nesta ocasião muitos convidados estiveram presentes e logo que chegaram subiram ao palanque que foi armado para as autoridades. Centenas de pessoas impediram que o Dr. Pergentino Ferreira e sua senhora, D. Argentina, subissem ao palanque para receber as homenagens. Foi terrível, o tumulto também foi grande e quem tomava conta do palanque não deixou mais ninguém entrar depois da superlotação. Segundo palavras do Stélio, neto do Pergentino.
No dia 12 de outubro de 1955 foi indicado o 1° vigário da paróquia, o padre Gerardo de Andrade Ponte, onde permaneceu por 19 anos. O seu atual vigário é o padre Manoel Lemos Amorim.
A grande surpresa foi quando a Igreja de Fátima foi vítima de tentativa de assalto pela primeira vez. Quanta admiração de todos os moradores ao ouvirem o sino tocar apressado altas horas da noite pelo primeiro e principal ajudante do padre Gerardo Pontes. O Antônio de Souza, providenciou logo fazer alarde quando notou a presença de estranhos. Esta ação de tocar o sino da Igreja várias vezes altas horas, convenhamos, ainda hoje significa acontecimento grave. Logo, dezenas de moradores surgiram silenciosos e espantados no meio da noite e todos com as suas armas em punho, a tomar conhecimento do ocorrido. Ele dormia no andar superior e ao pressintir que alguém entrara na igreja e estava na sacristia, acordou. Não foi à toa quando apanhou a pedra que estava na soleira da porta e a soltou escada abaixo quando pressentiu que o meliante estava subindo. Dizem que o pessoal que trabalhava na obra de construção do canal, para colocação das lages de cimento armado, pois trabalhavam até altas horas da noite, viram quando alguns homens transportavam uma pessoa nos braços e passaram por eles rumo ao Cocorote, localidade das imediações da Base Aérea de Fortaleza. Não se soube mais nenhuma informação.

O terreno da Igreja englobava o quarteirão inteiro, por isso pensou-se em ampliações e, foi-se construindo a casa paroquial, salão, Instituto Educacional, quadra de esportes, muros de proteção etc. Hoje nas dependências desta quadra funciona o orgulho da avenida 13 de Maio, o Colégio Santo Tomás de Aquino, que completou 49 anos de fundação. Este colégio sempre contribuiu com a comunidade de Fátima e já formou, em nível de terceiro grau, muitas autoridades do Estado do Ceará. O seu atual diretor, Vicente Amorim declara: "Em toda nossa existência, nunca deixamos cair o nível de ensino e sempre mantivemos o respeito aos preceitos católicos".
O bairro tomava corpo dia a dia e a Av. 13 de Maio virou atração turística até para quem visitava a cidade, pois todos queriam conhecer a Igreja e passar por esta grande avenida calçamentada e iluminada. Assim, nos seus primeiros momentos, sem deixar de ser bucólica e, mesmo em transformação, os moradores ainda assistiam, naquelas manhãs sertanejas, silenciosas e convidativas a passagem de poucos carros e passeios de pessoas nas matas, riachos, lagoas e trilhas de todos os lados, pois não havia centros comerciais ou movimento de carros, somente duas ou três mercearias. Logo a empresa de ônibus Severino Ribeiro passou a servir o bairro e, alguns ônibus circulavam pela Av. 13 de Maio de hora em hora até o centro da cidade. Um ônibus vinha pelo bairro José Bonifácio até atingir a Av. 13 de Maio e outro pela Visconde do Rio Branco até alcançar a Av. 13 de Maio.


Os ônibus, verdadeiros calhambeques, eram todos de madeira recobertos por flandres, demoravam muito a passar e em determinados pontos de espera, surgiam sempre cinco ou seis pessoas, pois poucos tinham o luxo de possuir carro e trabalhavam no centro da cidade, até os que com o tempo se tornaram grandes empresários e donos de lojas famosas do centro da cidade. Para quem estava no ponto de ônibus, era esquisito, permanecia em vigilância olhando de um lado para outro; quando o ônibus despontava ao longe, pois eram poucos os carros que trafegavam na 13 de Maio, sempre alguém estava a gritar para quem vinha se chegando ao ponto: "corre... lá vem um ônibus", e quem não vinha em desabalada carreira. Ninguém podia perdê-lo, senão teria de ficar mais de uma hora a espera de outro. No ônibus, sempre lotado, havia o cobrador circulando apertadamente no meio dos passageiros, em pé, do começo ao fim do ônibus, com várias moedas na mão a cobrar a passagem, entregar a ficha correspondente e passar o troco de cada um. Para descer do coletivo como também era chamado, esticava-se a mão, como ainda hoje, para um dos lados extremos do teto e puxava-se a sinaleira; em alguns, este objeto constituía-se de um chocalho de cabra na extremidade a produzir barulho suficiente; ao puxar o barbante fazia tremer o dito objeto ao lado do motorista que entendia precisar parar. Era sempre uma longa e barulhenta viajem, pois os ônibus de madeira percorriam todo o calçamento da 13 de maio. Para servir as ruas internas do bairro, a Empresa São José do Ribamar comprou do "poierão" um ônibus e implantou, nos anos de 1960, precária linha de micro ônibus com relativo sucesso. Poeirão era o nome de um morador de um vilarejo ligado ao Bairro de Fátima.

Foto Fortalbus
Em se tratando de comércio, a Av. 13 de Maio passou muitos anos quase com o mesmo formato. Muito depois da inauguração da Igreja, surgiu a primeira sorveteria na esquina da rua Napoleão Laureano, logo transformada em bar com umas poucas cadeiras na calçada. Era uma atração inédita permanente a sorveteria e bar 'A Normalista', frequentado por todos. Fora do centro da cidade, alguns se arriscaram a tomar cerveja, sorvete, ou comer no local um sanduíche de primeira linha chamado mixto quente. Duas mercearias maiores serviram muito tempo ao bairro, a Pontista e o Simeão. Logo depois, em 09 de março de 1959, surgiu a Panificadora Central, que serviu ao bairro muitos anos. Na 13 teve também a presença de um restaurante, na esquina da rua Padre Leopoldo Fernandes, o B'arbras.
Em se tratando de diversão, antes da missa, nos finais de semana, assistiam-se jogos amistosos entre Fortaleza e Ceará no areal em frente a Igreja de Fátima, hoje Praça Pio XII.
O único clube próximo a Av. 13 de Maio chamava-se Maguary Esporte Clube, muito frequentado pelos que moravam na 13 de maio. Pelos anos de 1965 surgiu o único clube do bairro chamado S.B.F.Sociedade Bairro de Fátima, ponto de encontro de todos os jovens que moravam na Av. 13 de Maio, bairro de Fátima e adjacências, capitaneado em primeira instância por Mauro Benevides, um dos moradores do bairro.



Hoje o comércio da Av. 13 de Maio atingiu a maturidade, possui vida própria e não deixa a desejar; identifica-se com o dos grandes centros e tem seu equilibrado movimento em cada quarteirão. O comércio funde-se ao do bairro de Fátima e possui o eterno estigma de ser calmo, pois não existe aglomerado de pessoas, prédios ou de veículos. Ao longo da avenida encontram-se vários bancos importantes, lojas de renome e sempre com estacionamentos disponíveis. Suas casas comerciais são amplas e diversificadas servindo desde vestuário, boutiques de alimentos, sorveterias, panificadoras, pousadas, loja de delicatessens, cursos, restaurantes, supermercados, shopping center, farmácias, lojas de automóveis, hospitais etc., e é servida por inúmeras linhas de ônibus, além de, no seu final, encontar-se com a estação do Metrofor, localizada na esquina da Av. 13 de Maio com a Av. Carapinima. Outras importantes instituições da Av. 13 de Maio são o 23° Batalhão de Caçadores do Exército, instalado em 23 de novembro de 1944. O CEFET, antiga Escola Industrial de Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, no campus do Benfica e IBGE; no bairro de Fátima, Instituto de Educação (antiga Escola Normal Pedro II) e Conselho Estadual de Educação, UECEUniversidade Estadual do Ceará e vários colégios e centros de estudos, além de centros comerciais diversificados etc.



Quando falamos em moradia, na Av. 13 de Maio ou Bairro de Fátima, lembramos que muitos moradores optam atualmente por negociar sua residência para que sejam construídos modernos prédios residenciais, sendo visível a nova fase futurística que o bairro está vivendo com bastante sucesso, tendo em vista as dezenas de edificações novas no bairro com prédios de até mais de 20 andares, e com chances de vir a ser novamente o segmento mais procurado da cidade, tanto pelo lado mais acessível, promissor, quanto pelo lado mais cultural e próximo do centro tradicional da velha Fortaleza, dizem alguns corretores de imóveis.



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor e fotos do Arquivo Nirez

domingo, 23 de setembro de 2012

As rodas de calçada



Nos idos da década de 40, quando não havia televisão para isolar as pessoas, quando não havia "novela das oito" para inspirar torcidas organizadas e criando grupos distintos dentro dos lares, as famílias da classe média costumavam reunir-se nas chamadas rodas de calçada.

Primeiro, a cadeira mais confortável para abrigar as enxúndias matronais da dona da casa, por certo, uma cadeira de balanço, em vime ou a relaxante "preguiçosa". E chegava a filha mais velha, já com a cadeira austríaca da sala de espera, adrede encaixada no traseiro. E aparece a vizinha do lado, emérita fuxiqueira, e mais outra vizinha e a cunhada "vitalina", por fim, a velhota gorda da esquina, que justificou seu passeio pela calçada para tomar uma "fresca", após o jantar, mas aceitou cadeira oferecida e aboletou-se.

Os assuntos não demoraram a surgir, assim como surgiram outras pessoas que ajudaram a fechar a roda, já farta e animada. Eram as mais díspares cadeiras, compondo insólita mobília: cadeiras de vime e de cipó, com e sem balanço, "preguiçosas" com panos listrados, cadeiras de espaldar alto, da mesa de jantar, até banqueta da penteadeira, sem contar, vez por outra, pelo menos uma poltrona do grupo estofado da sala de visitas.

Enquanto as matronas agitavam as banhas nas cadeiras de balanço, o "papo" tinha continuidade e os assuntos eram os mais diversos: as traquinagens das crianças, as notas na escola e o devido funcionamento da palmatória. E falavam das compras de mercearia, porque seu Carlos tinha aumentado o preço do arroz, porque o açúcar estava escuro e se continuasse daquele jeito era melhor usar logo açúcar mulatinho, porque o feijão-de-corda estava com gorgulhos...

Mas tudo era um pé para começarem a arrasar com a moral da filha da fulaninha e suas esquisitas saídas, sozinha e fora de hora. Uma pouca vergonha, um mau exemplo para as virtuosas mocinhas do quarteirão que nem sequer namoravam ainda. E falavam da beltrana que estaria "costurando para fora". Descarada! Se queria ser uma doidivanas pra que casou e botou filhos no mundo? As "bicadas" do sicrano eram assunto que exaltava todas, pois o recente vício do dito-cujo estaria levando a família a passar privações. "Tadinha" da bichinha. Tão fiel, tão ciosa de suas responsabilidades de esposa e de mãe e, agora, marido beberrão.

vida das moças "coca-colas" não podia faltar na pauta e as críticas eram as mais azedas possíveis. A velha gorda, que estava só tomando uma "fresca", foi tachativa: preferia ver a própria filha morta do que ser motivo do escárnio da população da cidade. Pobres mães, que sofreram nove meses com aquelas lambisgoias na barriga. Melhor seria que tivessem abortado...

Quando a coisa estava muito quente, alguém amenizava e comentava sobre aquele lindo chapeuzinho que estava na vitrina da Casa Sloper e sobre as mulheres mais chics na sessão domingueira do Diogo. Alguma mais letrada e informada, tascava sua sabedoria e falava dos horrores da guerra, da tirania do Hitler, e vinham à baila as lojas incendiadas em Fortaleza, por pertencerem a alemães e italianos. Era quando soprava o "aracati" e cada uma pegava o seu assento e entrava para dormir, todas felizes, leves, realizadas, depois de "papo" tão construtivo e tão instrutivo...



Crédito: "Royal Briar : a Fortaleza dos anos 40", de Marciano Lopes
Ilustração do blog Cadeira na calçada

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Avenida Alberto Nepomuceno - Fotos Históricas II






Prédio onde funcionou o Hotel Central


Esse prédio da frente à esquerda, foi destruído e no lugar, construído o prédio do Fórum Clóvis Beviláqua


Belo prédio da Secretaria da Fazenda


Podemos avistar o antigo casario que ficava em frente a 10ª Região Militar e que foram demolidos para dar lugar ao Mercado Central.




Prédio da Tesouraria Provincial que foi demolido para a construção do Fórum







Podemos avistar o antigo prédio do Fórum Clóvis Beviláqua (implodido). Foto feita da Catedral da Sé.









Fotos do Arquivo Nirez

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