Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Colégio Padre José Nilson - Mucuripe


Impossível falar do Mucuripe e não citar o tradicional e famoso Colégio do Padre, no qual eu fui aluna por onze anos, de 1986 à 1997, com muito orgulho!!!

Na minha época, a farda era calça azul clara (saia para as meninas) e a camisa era uma bata com um símbolo no bolso esquerdo. 




Acervo :Cristiano Barros
O símbolo era um jovem com uma criança nos braços e ao redor uma labareda de fogo, somente anos depois soube que se tratava de uma homenagem ao jovem João Nogueira Jucá, que arriscou a própria vida para salvar outras pessoas num incêndio que aconteceu na Maternidade Dr. César Cals, mas essa história você encontra na postagem que fiz sobre ele, pois esse herói merece uma postagem exclusiva. O próprio colégio passou muitos anos sendo conhecido como Escola João Nogueira Jucá.
Lembro com muita nostalgia dos meus mestres...

Da minha inesquecível e maravilhosa professora da 4ª série, tia Marta, melhor professora que já tive e da qual sinto muitas saudades!
Da tia Mônica, 3ª série. Anos depois, ela me ajudou quando precisei dar aulas de ciências para o 6°ano 'D', quando a professora Nancy saiu do colégio para administrar o Café no Ponto, no Shopping IguatemiSer monitora não era fácil! rsrs
A tia Marília, a primeira professora que tive assim que cheguei no colégio do Padre, na 2°série.

Minha carteirinha de 1996
Professor Ercílio, que ensinava matemática e tinha a mania de chamar as meninas de "Maria bonita".
Professora Víctor (Badaró), de física.
Young Blood (Português). Todo dia ele fazia toda a sala ficar de pé e gritar todos juntos: "Sou moço, todo moço tem que tem confiança em si mesmo. Força, Sabedoria e Amor.Vou em frente, vou em frente, vou em frente". 
Ele vivia aparecendo em comerciais, era garoto propaganda. Soube anos atrás que ele já é falecido. :(



Professora Juarina (geografia e história), esposa do prof. Ercílio. Ela chamava todo mundo de "pau de lata", não me perguntem o motivo! ¬¬
Querida professora Jussinaide (Português e literatura). Lembro demais que todas às quintas tínhamos que levar dois textos copiados no caderno. rsrsrs Quando alguns davam a desculpa de já terem copiado todos os textos do livro, ela mandava copiarem bulas de remédio. :/ Maravilhosa é ela!
Professora Nancy (ciências). Fui monitora de ciências por dois anos, era a matéria que eu mais amava, só tirava 10. :) Ah, Nancy e seus famosos álbuns de ecologia, lembro que tínhamos que pegar samambaias, algas... Era muito show!
Professora Júnior (Química).
Professora Berenice (Biologia). 
Professora Bertoldo (matemática). Pensem num homem estranho. rsrsrs 
Na época ele namorava a professora Berenice.
Professora Chacon (Biologia).
Querido e saudoso Prof. Lucas (Diretor e professor). :(


Tia Marta, quanta saudade!

Na foto, vemos Clecios Cardoso (Ex-aluno) e os queridos professores: Juarina (Geografia) e Ercílio (Matemática). 


Querida tia Altair. Acervo Miguel Fialho
Nesses 11 anos, além do prof. Lucas, três mulheres também foram diretoras do colégio, com pulso firme:  Helena, Maroni e a doce tia Carlota, que sempre que ia falar com alguma mãe de aluno, ela começava: "Oh mãezinha"... 
Também preciso citar pessoas que foram com certeza super importantes para o colégio e para mim pessoalmente:
Dona Altair (merendeira) - Ai que saudade daquele tempero e daquela doçura!



Tio Pedro, da portaria.
Jonas, o "faz tudo" do colégio e responsável por deixar o jardim do padre a coisa mais linda do mundo. Era muito amor depositado ali!
Seu Madruga, também da portaria. A semelhança com o do Seriado Chaves, era incrível! Pense num apelido que caiu como uma luva. rsrsrsr



E com certeza, sinto muitas saudades do querido Pe. José Nilsonque aparecia nas salas para suspender ou expulsar alunos. Quando o homem falava, muito valentão tremia na base. :D
O Grêmio estudantil daquela época era super participativo, colocaram até uma rádio que tocava na hora do recreio, com direito a "Recadinhos do coração". rsrs 
Nossa rádio era comandada pelo aluno Océlio.



Tínhamos também a escolha da rainha, todas as meninas queriam ser rainhas do colégio, outras morriam de vergonha e pediam pra nem serem citadas. Eu, a própria, que já alertava: "Não coloquem meu nome".rsrs :/
Eu passava o ano inteiro era esperando pela chegada das Gincanas, eita tempo bom... Os alunos se empenhavam ao máximo para cumprir as tarefas e vencer a "guerra".
Lembro dos nomes de algumas equipes:

*Anjos rebeldes

*Os pestinhas


*Agito Jovem


*Explosão


*Quero mais


*Sambaê


*Sambicho


*É o bicho

*Chegamos pra Abalar


Crédito da foto: Ubirajara Flores Augusto

Crédito da foto: Ubirajara Flores Augusto

IV Gincana Cultural do Colégio do Padre. Acervo: Jefferson Ramos


Lembrando daquele tempo, chego a sentir o cheirinho das pitangas que rodeavam todo o colégio e dos limões japoneses atrás da arquibancada.


Arquibancada colégio do Padre. Acervo: Cláudio Sena


Festa Junina em 1988.

Apresentação de lambada em 1990.

Bom, vamos ao que interessa...


O Colégio Padre José Nilson, completou no dia 1º de março de 2009, 45 anos de plena realização no âmbito educacional.

Mucuripe - Terra falada em canções, verso e prosa. Terra de contradições históricas, visto o embate entre Pedro Álvares Cabral e Vicente Pinzon. Terra de gente forte, que não costuma se abalar com as adversidades; mas também, terra que abriga o ideal de um grande homem que abraçou a sua comunidade. Mais do que falar em datas, embora recordá-las seja importante, fazer o histórico do Colégio Padre José Nilson é ao mesmo tempo, realizar uma viagem que envolve muitas vidas, muitas conquistas e sucessos. 




A cada recurso que a escola recebia para sua construção, mais um passo era dado na concretização de um sonho difícil, mas não impossível. E foi com esta filosofia de vencer os obstáculos, almejando a qualidade na educação para os meninos do Mucuripe, que o idealizador Padre José Nilson conseguiu dar importantes passos para melhorar a vida de toda sua comunidade. É bom lembrar o quanto era difícil para as mães, inclusive de outros bairros, conseguirem uma vaga no colégio tão sonhado... E por que era difícil? Mesmo funcionando nos três turnos a partir da década de 70, as salas não comportavam todos aqueles que buscavam não somente uma educação tecnicista, profissionalizante... Eles buscavam também um local que desenvolvesse uma educação humanística, baseada nos valores elevados e que não seriam exercidos somente nos tempos de colégio, mas por toda vida.


Festa das mães em 11 de maio de 1997. Foto de Cristiano Barros


Pensar em todas as pessoas que deixaram um pouco de si no histórico desse estabelecimento educacional, é muito gratificante e nos leva a fazer uma reflexão hoje... Por que o Colégio Padre José Nilson completa 45 anos tão bem vividos? Por que os seus antigos alunos sempre falam dele com um ar saudosista e cheio de felicidade? Por que as suas comemorações sempre tão concorridas se confundem com os eventos do bairro? As gincanas eram maravilhosas. 
Todas essas perguntas nos encaminham para uma mesma resposta... Porque essa escola foi, é, e continuará sendo símbolo de um sonho educacional não mais abstrato, mas totalmente concreto... E completando a letra do compositor Belchior: "As velas do Mucuripe, vão sair para pescar", as velas do Colégio ainda buscam pescar muitos sonhos... E quem são os pescadores de hoje? Todos que compõem a família do Colégio Padre José Nilson, por isso mesmo, temos muito que comemorar.


Acervo: Océlio Anselmo


HISTÓRIA DO COLÉGIO



No dia 22 de julho de 1961, é lançada a pedra fundamental da Escola Padre José Nilson. A solenidade contou com a presença do Arcebispo, Dom Antônio de Almeida Lustosa, do Padre José Nilson e do Deputado Adahil Barreto Cavalcante.
Conforme jornais da época, a escola deveria atender 500 crianças, dando-lhes ensino de letras pela manhã e ensino profissional no expediente da tarde, coisa que só viria a acontecer, anos depois.
Em Dezembro de 1962, começa com força total a construção do casarão abençoado.
Paisagem magnifica - fruto de constante labor. Ao engenheiro da arte e sob as responsabilidades profissionais do emérito arquiteto, Eng. José Liberal de Castro, traços firmes mostravam desde então, algo da obra imponente e majestosa. Ao Eng. José Liberal de Castro, cuja capacidade de trabalho e espírito caritativo lhe valem conceitos, as mais merecidas e expressiva homenagem do nosso reconhecimento.


O padre rodeado pelas crianças

Ele gostava desse contato com os alunos. Acervo de Clecios Cardoso


Inadiável era o início da obra.



Tomar a peito tão arrojado investimento, indispensável seria a fonte dos recursos financeiros que afirmassem o traço prospectivo da obra. Mas de onde viriam esses recursos? Se tão vaga e distante a interrogação, bem mais real e presente a resposta. Nas campanhas anônimas que faziam no Mucuripe, o povo bom e generoso. As tradicionais festas novenárias da igreja Nossa Senhora da Saúde, as gentis ofertas, tudo aquecido ao calor vivificante do dar com alegria, fez-se o segredo extraordinário de significativos valores monetários. Ao bom povo do Mucuripe, a Paróquia Nossa Senhora da Saúde, a nossa Homenagem e o nosso Agradecimento.



Aula de datilografia


LIBERAÇÃO DE VERBAS ESPECIAIS

1963 - Liberação de verbas especiais do Ministério da Justiça e da Educação.
Cem cruzeiros, destinados à construção da Escola Profissional Pe. José Nilson, no Mucuripe.
Verba votada em plenário pelo batalhador da causa pública, o ilustre e influente deputado Adahil Barreto, a quem no momento, ao fervor dos mais vibrantes e calorosos aplausos, do intimo dos nossos corações agradecidos, rendemos a mais expressiva homenagem.


Campanhas, verbas federais e as doações do povo fizeram uma modesta, mas estável fonte de recursos financeiros.

1964 - O prédio fica pronto e o colégio é finalmente inaugurado!

1965 - Da fachada do magnífico prédio da Rua Cel. Manuel Jesuíno, destacava-se a atraente inscrição.


A notável inscrição, o bonito aspecto, a segurança da estrutura em harmonia com a alta capacidade acolhedora, tudo
era a afirmação silenciosa do conforto, além de atestar o talento e a discrição com que sempre agira o seu sensato idealizador - o Sr. Pe. José Nilson, grande pelas idéias que lhe empolgam o espírito, e bem maior, afirmamos, pelos sentimentos que lhe enternecem a alma e sensibilizam o coração. E a juventude confiante na grandeza desse coração magnânimo não tardou a admirar o respeitável padre, em cujo recato e ponderação realça-lhe a personalidade, tal a segurança das suas ideias. Bom e generoso, ponderado, seguro e equilibrado, na generosidade do seu coração, acostumado a nobre causa da educação, aceita a proposta, afirma o convênio, cede a casa.



Maio de 1965

A Escola Profissional Pe. José Nilson abre as portas aos estudantes do ensino médio. O Ginásio Santo Antônio, da Praia do Meireles, vem estabelecer-se no casarão acolhedor, ao longo da modesta rua Coronel Manuel Jesuíno.


Acervo de Cristiano Barros

Início dos anos 90

Reportagem do Jornal Correio do Ceará de  1966 - Acervo Lucas Jr:







1961 - Rua Manuel Jesuíno, Mucuripe. Prefeito Cordeiro Neto pavimenta a via e constrói a escola profissional Padre José Nilson. Acervo Lucas

Em 17 de maio de 1997, é fundado o Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima, na Rua Boa Vista nº 26, residência de sua fundadora, Vera Lúcia Miranda, a "Verinha", no Mucuripe.

No ano de 1996/97, o colégio passou a ser particular, e de lá pra cá, muita coisa mudou, menos o amor pela educação! 
Sob a direção do professor Miguel Fialho Neto e direção pedagógica da professora Sílvia Colares, o colégio continua comprometido com seus valores, no intuito de construir um aprendizado que vai além da transmissão de conhecimento, mas  também para a formação de cidadãos.

Vídeo Institucional do CPJN










Fotos do acervo de @cpjosenilson

Mudanças na fachada ao longo dos anos. Registro de 2012 

Fachadas de 2015/2016 e 2017. Importante salientar que em 2017, o colégio foi arrendado pra Uninassau, mas por pouco tempo.

Editado em maio de 2020:

A escola atende a Educação Infantil, Ensino Fundamental I, Ensino Fundamental II e Ensino Médio. Por não ser mais uma instituição pública, o nome precisou ser mudado e agora é Centro Educacional M.Fialho.

Nota da escola:


"Inaugurando um novo momento mas mantendo o mesmo compromisso com uma educação humanizada e de qualidade, o CPJN agora é Centro Educacional M. Fialho. O momento de inovação vem para firmar nossa responsabilidade com a evolução e o aperfeiçoamento constante da instituição. 
Com um time de grandes educadores e colaboradores, o comprometimento com uma educação que impacte positivamente a formação cognitiva, afetiva e emocional de nossos alunos é o que nos move para sempre ir além."

A grade curricular é diversificada, contempla música, inglês, teatro, esportes e filosofia. Além disso, o Sistema de Tempo Integral recebe crianças a partir de um ano de idade. Possui uma ampla estrutura física arborizada, com salas climatizadas e sistema de segurança com monitoramento interno e externo. Para o Ensino Médio: simulados, palestras e questões voltadas para o ENEM.


Os projetos lúdico pedagógicos dão embasamento ao escopo teórico, por meio de atividades pontuais que contemplam as 10 competências da nova BNCC assim como, os 17 objetivos sustentáveis do milênio – ONU. 




Fonte: cpjnilson, Acervo do Mucuripe Padre José Nilson de Oliveira Lima, Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo e pesquisas diversas pela internet


quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Jacarecanga, esquecida?


Escola de aprendizes marinheiros

Quem vê o bairro de Jacarecanga dominado pelo comércio e pelo descaso talvez nem imagine a opulência que essa região representava para Fortaleza no começo do século 20. Passar pelo cruzamento da avenida Francisco Sá com a Filomeno Gomes é como colocar um pé no passado e não desgrudar o outro do presente. O paralelo é inevitável: as grandes casas antigas disputam o espaço com os prédios e vários estabelecimentos comerciais, como lojas de roupas, lanchonetes e mercadinhos.


Corpo de bombeiros

No passado, Jacarecanga foi o refúgio das elites fortalezenses à conturbação do centro da cidade. Nos primeiros anos do século 20, o Centro foi transformado de bairro residencial para bairro misto, com cada vez mais comércios e serviços. Essa mudança começou a incomodar os burgueses da cidade. Como alternativa, surge Jacarecanga, um bairro próximo à praia, com uma boa brisa, um ótimo local para construir sítios e casas monumentais.

Rapidamente, Barões, Ministros, grandes fazendeiros e aristocratas da cidade começaram a se deslocar para Jacarecanga, e o bairro foi se urbanizando. Mas esse status de “opulência” só se estendeu até a década de 1930. O motivo? A chegada do operariado da cidade. Indústrias, comércios e cortiços começaram a ser construídos na região, e, novamente, as elites se deslocam – dessa vez, para os bairros Benfica, Praia de Iracema e Aldeota. Hoje, Jacarecanga se divide em área industrial, residencial e de comércio, exibindo ainda algumas edificações que marcaram uma época.
Alguém que passa um olhar despercebido talvez não veja esse contraste entre passado e presente. Mas é importante ressaltar: ele existe. O colégio Liceu do Ceará, na praça Gustavo Barroso, é um dos exemplos mais fortes. Deteriorado por uma erosão de vandalismo e descaso, a escola está acabada – e não apenas do ponto de vista infra-estrutural. Um colégio que, antigamente, era conhecido pela sua excelência e responsabilidade, hoje não representa mais do que uma escola pública no meio de tantas outras. “Muitos alunos saíam do colégio direto para as universidades, sem precisar fazer cursinho para entrar”, diz Raimundo Alves Pinheiro, que foi estudante do Liceu e mora no bairro desde 1984.

Raimundo tem hoje 64 anos e demonstrou conhecer muito da história de Jacarecanga. Foi ele que apresentou Dona Lêda, outra moradora do bairro. Ela é filha do ex-prefeito Manuel Cordeiro Neto, que governou Fortaleza entre os anos de 1959 e 1963 e construiu uma casa na avenida Filomeno Gomes. Aos 82 anos de idade, Dona Lêda ainda lembra a época em que pegava um bonde nessa mesma via para ir ao colégio. Naquele tempo, as mulheres estudavam em colégio de freiras, e os homens – os que podiam – estudavam no Liceu.

Nem mesmo Dona Lêda, que mora na região há mais de 50 anos, sabia que o bairro, antes conhecido como Fernandes Vieira, completou 164 anos. A data passou em branco, assim como tem passado os cuidados com o patrimônio histórico.

No bairro, existem quatro tipos de casarões: aqueles que foram fechados, outros abandonados, os que foram transformados em repartições públicas e os que continuam sob os cuidados dos próprios moradores – alguns cuidando bem, outros nem tanto. Na verdade, para completar o elenco, ainda existiria um quinto tipo: as grandes casas que hoje nem existem mais, que tiveram suas estruturas originais completamente modificadas para dar lugar a novos empreendimentos.

As casas fechadas são tão fechadas que se torna quase impossível localizar seus donos. Apesar de um morador aqui e outro acolá dizer que conhece o dono de tal casa, não se pode saber ao certo quem seja esse “suspeito”. Para os imóveis abandonados, a situação piora. Sem donos nem cuidados, eles são transformados em berço de vandalismo, sofrendo pichações, em pura degradação.

Entretanto, alguns moradores só não cuidam mais de suas casas porque não podem. Dona Maria Luíza mora sozinha com o seu cachorro em um dos casarões mais famosos do bairro – conhecido como “Casa da Normandia”.



A residência, que também fica na avenida Filomeno Gomes, pertenceu ao ex-ministro Raimundo Brasil Pinheiro de Melo, pai de Maria Luiza. Segundo ela, o ex-ministro tirou o modelo de uma revista alemã e começou comandar a construção em 1920. A casa só foi totalmente terminada em 1928, quando a família finalmente se mudou. Alguns detalhes foram perdidos com o tempo: o muro foi alteado, o mastro no cume da casa foi retirado, o quintal sofreu reforma para abrigar um Buffet e parte da construção original do hall da casa foi destruída.

Seja pela falta de cuidados, seja pela incapacidade de cuidar, muitas dessas grandes casas estão sendo vendidas para o governo, que utiliza os espaços para instalar repartições púbicas. De certa forma, isso acaba se transformando em uma boa alternativa para o descaso. Em Jacarecanga, existe uma grande casa que espelha bem essa alternativa: a Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho.

Outro casarão que felizmente foi reformado foi um que fica na Guilherme Rocha



Ela não tinha teto, não tinha nada. Mas, diferente da casa cantada um dia por Toquinho e Vinícius de Moraes, a graça dela era outra. Ela sobreviveu, na contramão da Fortaleza que se vai para abrigar espigões - sejam de domicílios, sejam de comércios. Foi necessário um investimento de R$ 92,5 mil para conservar-lhe a graça e devolver-lhe vida de novo. Há cerca de três meses, quem mora ou transita pelo bairro Jacarecanga ganhou de presente a preservação de um pedaço da memória da Cidade. O local agora é sede do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Comdica).

Também como a casa de Toquinho e Vinícius, o imóvel recém-recuperado do Jacarecanga foi feito "com muito esmero". Mas, desta vez, nada de "Rua dos Bobos". O número é 1.469, na rua Guilherme Rocha, esquina com a rua Conselheiro Estelita. A casa de dois pavimentos, em estilo colonial, já teve vários proprietários. Por lá, já viveram membros da família Divino de Carvalho, da Asfor, da Quezado. Foi até da dona Glorinha Pestana, a parteira oficial das imediações. Abandonado, o belo imóvel amargou vários anos ruins. Hospedou a pobreza, a fome, a marginalidade. A recuperação do casarão foi promovida pela Prefeitura, através da Secretaria Executiva Regional II e sob o acompanhamento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Infraestrutura (Seinf).

O órgão informa uma idade aparente de 48 anos para a casa, mas vizinhos antigos dão conta: ela surgiu na década de 30. Desapropriado em março de 2004, a reforma da gestão anterior, ainda na era Juraci Magalhães, foi paralisada durante vários anos, quando virou refúgio para moradores de rua. No vai-e-vem de moradores, pelo menos 20 famílias já chegaram a se instalar por ali. Quando as obras foram retomadas em julho do ano passado, o prédio se encontrava totalmente depredado e sua estrutura exposta às variações climáticas. As pichações eram o "enfeite" do que restou da casa.

Teresa Diana Campelo Divino de Carvalho hoje tem 70 anos e é só alegria. É testemunha de uma época em que Fortaleza tinha outras feições, assim como o endereço na rua Guilherme Rocha. A aposentada rememora. A casa que abriga hoje o Comdica foi um presente de casamento para Laís de Azevedo Divino de Carvalho. Doação do pai, João Hipólito de Azevedo, conhecido diretor da antiga Escola Normal. Dona Teresa casou com o filho de Laís, Márcio, e ganhou um pedacinho do terreno, onde até hoje mora.

A reforma e revitalização da casa que hoje abriga a sede do Comdica ressuscita o diário das recordações de dona Teresa. Nele, um passeio pela memória do bairro. "No antigo Jacarecanga todos eram muito amigos, botavam as cadeiras na calçada, sentavam-se. As crianças ficavam por ali. Não tinha essa violência de hoje. Dá uma pena tanta casa bonita por aqui. A Laís (de Azevedo) tinha muito amor pela casa dela. Nosso pessoal (em Fortaleza) costuma não ter memória".



Fonte: Jornal O Povo/Terra dos casarões e pesquisa de internet

Liceu do Ceará


Prédio do Liceu em construção no Jacarecanga. Acervo Luiz Antônio de Alencar

No dia 15 de Julho deste ano, o Liceu do Ceará completou 165 anos. É o terceiro colégio mais antigo do Brasil, o Liceu foi fundado oficialmente em 15 de julho de 1844, ainda no reinado de Dom Pedro II.
A instituição está cravada no coração do Jacarecanga, um dos bairros mais tradicionais de Fortaleza, que guarda muitas histórias de um tempo de glamour.


As primeiras aulas do Liceu, em 1845, aconteciam nas casas dos professores,
já que ainda não havia sede própria. O primeiro diretor da instituição foi o Dr. Thomaz Pompeu de Souza Brasil, que entrou nos livros de História e no imaginário popular como o Senador Pompeu.


O Liceu só ganhou sede própria em 1894, na Praça dos Voluntários, no Centro de Fortaleza.

Em 1937, o colégio mudou-se para sua atual sede no Jacarecanga que, na época, era o bairro que abrigava a elite da cidade.

Foto antiga mostra o imóvel onde se instalou o Liceu do Ceará, em 1894.

Liceu do Ceará na Praça dos Voluntários. Arquivo Nirez




Hoje um bairro popular, o Jacarecanga ainda guarda marcas de seu tempo de riqueza, como antigos casarões, palacetes e, claro, o Liceu.

O Liceu do ceará pertence ao patrimônio público do estado do ceará, foi criado no período imperial (século XIX), assim como alguns colégios contemporâneos de outras províncias, inspirado nos moldes do Colégio Dom Pedro II, uma instituição modelo de ensino criada em 1837 no Rio de Janeiro, então capital do império. No intuito de agregar cadeiras já existentes e facilitar a inspeção do ensino público no Ceará, em 15 de julho de 1844, o presidente da província, Marechal José Maria da Silva Bittencourt sancionou a lei n.º 304, criando oficialmente o Liceu:

"Art. 1º - Fica creado nesta capital um lycêo que se comporá das cadeiras seguintes: phylosophia racional e moral; rethorica e poética; arithmetica; geometria; trigonometria; geografia, e historia; latim, francez e inglez.".


Time de vôlei do Liceu.

1- Um flagrante do jogo entre o Penarol e o Liceu.
2- Flagrante do jogo entre a equipe do Liceu e do Instituto São Luiz (camisa azul e branca).
3- Flagrante da "negra" entre o Colégio Castelo Branco e o Liceu.

Crédito: Dam Araújo

No início foram ministradas aulas de filosofia racional e moral, retórica e poética, aritmética, geometria, trigonometria, geografia, história, latim, francês e inglês aos seus 98 alunos matriculados. Seu primeiro diretor foi Tomás Pompeu de Sousa Brasil.

Foto de novembro de 1970 - Acervo Antônio Costa Neto


Liceu em 1981

No tempo em que o Liceu foi criado, Fortaleza era uma pequena cidade com pouco menos que 5.000 habitantes, resumindo-se a poucas ruas no centro da cidade. Nessa época, os colégios eram privilégio da elite. Não apenas porque os colégios eram poucos, mas também pelos custos que representavam a uma sociedade pobre em recursos. Além disso, na época era comum em colégios públicos a cobrança de taxas, como ocorria inclusive no Colégio Dom Pedro II, que reservava poucas vagas para pessoas que não tinham condições de pagar.

(Foto do interior do colégio) As atividades escolares tiveram início em 19 de outubro de 1945, com 98 matrículas, sob direção do Dr. Thomas Pompeu de Souza Brasil, o Senador Pompeu. O curso secundário tinha duração de 6 anos e as aulas eram ministradas nas próprias casas dos professores. Somente em 1894, no governo do Coronel Bezerril Fontenele, foi inaugurada a primeira sede própria, na Praça dos Voluntários, no centro de Fortaleza. Desde 1937 este situa-se no bairro do Jacarecanga.

O Liceu conta atualmente com uma grande infraestrutura de laboratórios, tais como de informática, um espaço destinado a pesquisas; Rádio, na qual os alunos participam de um projeto pedagogo para desenvolver habilidades na área de comunicação; de Biologia, para assuntos relacionados com a prática biológica.

Relato de uma antiga moradora do bairro Jacarecanga:
"Os estudantes do Liceu antigo, faziam greves por causa dos ônibus da Linha Jacarecanga. O pobre do Pedreira [Oscar Pedreira] se danava. Os liceístas desmanchavam o calçamento em greve pelas passagens, mas as greves dos estudantes daquela época eram bem diferentes das atuais." Oscar Pedreira era o dono da Linha Jacarecanga, que transitava dentro do Jacarecanga e passava pela Praça do Ferreira.

Bonde  Joaquim Távora lotado de funcionários da Tramway. O trajeto do bonde era: Major Facundo /Liberato Barroso/Floriano Peixoto/Pedro I (Igreja coração de Jesus)/Visconde Rio Branco onde ficava a garagem, almoxarifado e mecânica da empresa. Fonte Assis Lima

O médico veterinário Evandro Frota, estudante do Liceu do Ceará nos anos de 1969 e 1970, lembra-se da dificuldade para ingressar no Liceu. Evandro chegou ao colégio quando o sistema ainda não era misto, homens estudavam no período da manhã e mulheres no período da tarde. Em 1969/70, época da ditadura militar, os alunos do Liceu eram vigiados, pois, tradicionalmente, lideravam movimentos políticos. O Liceu formou alunos como Clóvis Beviláqua, Eleazar de Carvalho, Parsífal Barroso, Antônio Girão Barroso e Lúcio Alcântara.


Alunos ilustres:

Antonio Paes de Andrade
Barão de Studart
Belchior
Bezerra de Menezes
César Cals
Clóvis Beviláqua

Edson Queiroz
Eleazar de Carvalho
Farias Brito
Fausto Nilo
Gustavo Barroso
Lúcio Alcântara

João Brígido
Juracy Magalhães
Juvenal Galeno
Mário Barreto Corrêa Lima
Parsifal Barroso
Perboyre e Silva

Plácido Castelo
Raimundo Cela
Raimundo Girão
Rodolfo Teófilo



Fontes: wikipedia/+jabá!/Terra dos casarões/Pesquisas de internet

Escola de Artes e Ofícios Thomaz Pompeu Sobrinho




Em 18 de Dezembro de 2002, o palacete do engenheiro e antropólogo Thomaz Pompeu Sobrinho, situado no antigo bairro Fernandes Vieira, hoje Jacarecanga, passou então a abrigar o Centro de Restauro do Ceará e a Escola de Artes e Ofícios. Mais tarde, em 15 de maio de 2006, tivera suas portas reabertas para receber 55 novos alunos que formariam a segunda turma do curso de Conservação e Restauração do Patrimônio Arquitetônico, agora com nova gestão e novos parceiros.



Quem passa pela Avenida Francisco Sá, a poucos metros da Praça do Liceu, dificilmente ignora um imponente casarão, bem restaurado, com uma reluzente fachada amarela. Um resquício da antiga nobreza do Jacarecanga, a casa de Thomaz Pompeu Sobrinho hoje abriga a Escola de Artes e Ofícios (EAO), equipamento do Governo do Estado que realiza atividades de qualificação profissional em restauração e conservação do patrimônio cultural com jovens e adultos da cidade.


Acervo Patrimônio Para Todos

O casarão data de 1929. E, após 5 anos de construção, serviu de residência à família de Thomaz Pompeu Sobrinho¹, engenheiro e antropólogo de rica e influente família no início do século XX em Fortaleza.
Construído de 1924 a 1929, o casarão é um patrimônio arquitetônico da cidade num período notadamente marcado pela influência da arquitetura européia. É um exemplar característico do Art Noveau em Fortaleza.



Ofipro

A fachada do casarão impressiona. Um portal de concreto, artigo de luxo na década de 1920, ergue-se ao fim da pequena escadaria que dá acesso ao hall de entrada. A visão é contrastante. Um olhar para fora nos deixa de cara com a Avenida Francisco Sá, com seu intenso fluxo de veículos. O barulho dos ônibus grita que estamos em uma metrópole. Quando nos voltamos para dentro do casarão, somos transportados de volta a um tempo em que o antigo bairro Fernandes Vieira, o atual Jacarecanga, abrigava a elite de uma Fortaleza ainda tranquila.





A sala possui, assim como todo o casarão, um rangente piso de madeira. As paredes são enfeitadas com delicadas pinturas. As janelas de madeira pintada de branco, o altíssimo pé-direito e uma escada em caracol que leva ao segundo andar fecham o clima bucólico na sala. Mas o contraste entre a modernidade e o passado chama a atenção de quem visita a casa. Ao lado de uma janela de 80 anos, há uma ilha digital. Computadores conectados à Internet estão à disposição da comunidade e são o principal atrativo da casa para a maior parte dos jovens que a visitam.




A casa é ladeada por jardins bem cuidados, que mostram o zelo das mais de 20 pessoas que trabalham no local.
Ainda no primeiro andar, há um refeitório com janelas que dão para o grande jardim de Thomaz Pompeu Sobrinho. A área total do terreno é de 2147,84 m².





O lindo jardim


É já quase nos fundos da casa que vemos um dos mistérios do casarão. Uma escada de concreto nos leva ao porão. A questão é: em 1929, não se fabricava cimento no Brasil. Se um portal de concreto na fachada se justifica pela beleza arquitetônica, acredita-se que a escada do porão era um símbolo de ostentação dos Pompeu. A origem da escada é incerta. A hipótese mais provável é que ela tenha vindo já pronta de Portugal em um navio.




O porão, de teto baixo e paredes caiadas, reserva uma surpresa. É possível ver a estrutura de sustentação da casa: colunas de concreto e trilhos de bonde, que faziam as vezes de vigas metálicas. O porão servia de depósito e abrigo para os agregados da família, como índios que Thomaz Pompeu Sobrinho trazia para sua casa como objetos de seus trabalhos antropológicos.




No segundo andar, ficavam os quartos da família, hoje utilizados como salas de aula e gabinetes da administração da Escola. No início do século, eram comuns as “casinhas de asseio” externas às casas. O banheiro dentro da casa, presente no segundo andar, demonstra uma inovação arquitetônica para a época. A pia de louça, vinda de Liverpool, era mais um artigo de luxo.






A varanda, de posição privilegiada na fachada, nos leva de volta à visão dos carros e ônibus da Avenida Francisco Sá. É da varanda que se tem acesso a uma espécie de torre: um quartinho que representa todo o terceiro pavimento do casarão. Infelizmente, o quarto é utilizado como depósito pela Escola e não é permitida a visitação. Por vários anos, Thomaz Pompeu Sobrinho deve ter desfrutado de sua torre com vista para o mar.



Detalhe do piso

Numa varanda lateral, funciona a Biblioteca Thomaz Pompeu Sobrinho, mais um serviço da EAO para a comunidade. O acervo da biblioteca destaca assuntos referentes ao patrimônio cultural e à arte.





A própria restauração da casa foi resultado de cursos de restauração do patrimônio arquitetônico, com especializações em Alvenaria Artística, Pintura e Carpintaria. Além dos cursos de restauração, a EAO oferece o curso Marcas da Cultura, uma formação básica para o tratamento e o trabalho em couro, e o projeto Brincar de Criança, voltado para a valorização e produção de brinquedos artesanais.





¹Thomaz Pompeu Sobrinho



Thomaz Pompeu de Sousa Brasil ou Th. Pompeu Sobrinho, intelectual brilhante, fez construir em 1929 , no bairro Jacarecanga - Fortaleza, uma edificação que lhe serviu de residência até o seu falecimento, em 9 de novembro de 1967 , aos 87 anos de idade.


Dois anos antes da morte de Thomaz Pompeu Sobrinho (1888-1967), Nertan Macedo a ele se referiu como “o homem que redescobriu o Ceará”. Não se encontraria uma referência mais justa e sensível a seu respeito. Alba Valdez aproximou-se de maneira poética, e o chamou de “o escafandro mais erudito da história do Ceará”. Valdez foi uma das poucas pessoas a destacar, em público e ainda vivo o escafandro, a importância capital deste homem, plenamente refletida em sua obra.


Fonte - EAO.org/Terra dos Casarões/http://www.viapolitica.com.br

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