Prédio do Liceu em construção no Jacarecanga. Acervo Luiz Antônio de Alencar
No dia 15 de Julho deste ano, o Liceu do Ceará completou 165 anos. É o terceiro colégio mais antigo do Brasil, o Liceu foi fundado oficialmente em 15 de julho de 1844, ainda no reinado de Dom Pedro II.
A instituição está cravada no coração do Jacarecanga, um dos bairros mais tradicionais de Fortaleza, que guarda muitas histórias de um tempo de glamour.
As primeiras aulas do Liceu, em 1845, aconteciam nas casas dos professores,
já que ainda não havia sede própria. O primeiro diretor da instituição foi o Dr. Thomaz Pompeu de Souza Brasil, que entrou nos livros de História e no imaginário popular como o Senador Pompeu.
O Liceu só ganhou sede própria em 1894, na Praça dos Voluntários, no Centro de Fortaleza.
Em 1937, o colégio mudou-se para sua atual sede no Jacarecanga que, na época, era o bairro que abrigava a elite da cidade.
Hoje um bairro popular, o Jacarecanga ainda guarda marcas de seu tempo de riqueza, como antigos casarões, palacetes e, claro, o Liceu.
O Liceu do ceará pertence ao patrimônio público do estado do ceará, foi criado no período imperial (século XIX), assim como alguns colégios contemporâneos de outras províncias, inspirado nos moldes do Colégio Dom Pedro II, uma instituição modelo de ensino criada em 1837 no Rio de Janeiro, então capital do império. No intuito de agregar cadeiras já existentes e facilitar a inspeção do ensino público no Ceará, em 15 de julho de 1844, o presidente da província, Marechal José Maria da Silva Bittencourt sancionou a lei n.º 304, criando oficialmente o Liceu:
"Art. 1º - Fica creado nesta capital um lycêo que se comporá das cadeiras seguintes: phylosophia racional e moral; rethorica e poética; arithmetica; geometria; trigonometria; geografia, e historia; latim, francez e inglez.".
Time de vôlei do Liceu.
2- Flagrante do jogo entre a equipe do Liceu e do Instituto São Luiz (camisa azul e branca).
3- Flagrante da "negra" entre o Colégio Castelo Branco e o Liceu.
Crédito: Dam Araújo
No início foram ministradas aulas de filosofia racional e moral, retórica e poética, aritmética, geometria, trigonometria, geografia, história, latim, francês e inglês aos seus 98 alunos matriculados. Seu primeiro diretor foi Tomás Pompeu de Sousa Brasil.
No tempo em que o Liceu foi criado, Fortaleza era uma pequena cidade com pouco menos que 5.000 habitantes, resumindo-se a poucas ruas no centro da cidade. Nessa época, os colégios eram privilégio da elite. Não apenas porque os colégios eram poucos, mas também pelos custos que representavam a uma sociedade pobre em recursos. Além disso, na época era comum em colégios públicos a cobrança de taxas, como ocorria inclusive no Colégio Dom Pedro II, que reservava poucas vagas para pessoas que não tinham condições de pagar.
O Liceu conta atualmente com uma grande infraestrutura de laboratórios, tais como de informática, um espaço destinado a pesquisas; Rádio, na qual os alunos participam de um projeto pedagogo para desenvolver habilidades na área de comunicação; de Biologia, para assuntos relacionados com a prática biológica.
Relato de uma antiga moradora do bairro Jacarecanga:
"Os estudantes do Liceu antigo, faziam greves por causa dos ônibus da Linha Jacarecanga. O pobre do Pedreira [Oscar Pedreira] se danava. Os liceístas desmanchavam o calçamento em greve pelas passagens, mas as greves dos estudantes daquela época eram bem diferentes das atuais." Oscar Pedreira era o dono da Linha Jacarecanga, que transitava dentro do Jacarecanga e passava pela Praça do Ferreira.
Bonde Joaquim Távora lotado de funcionários da Tramway. O trajeto do bonde era: Major Facundo /Liberato Barroso/Floriano Peixoto/Pedro I (Igreja coração de Jesus)/Visconde Rio Branco onde ficava a garagem, almoxarifado e mecânica da empresa. Fonte Assis Lima
O médico veterinário Evandro Frota, estudante do Liceu do Ceará nos anos de 1969 e 1970, lembra-se da dificuldade para ingressar no Liceu. Evandro chegou ao colégio quando o sistema ainda não era misto, homens estudavam no período da manhã e mulheres no período da tarde. Em 1969/70, época da ditadura militar, os alunos do Liceu eram vigiados, pois, tradicionalmente, lideravam movimentos políticos. O Liceu formou alunos como Clóvis Beviláqua, Eleazar de Carvalho, Parsífal Barroso, Antônio Girão Barroso e Lúcio Alcântara.
Alunos ilustres:
Antonio Paes de Andrade
Barão de Studart
Belchior
Bezerra de Menezes
César Cals
Clóvis Beviláqua
Edson Queiroz
Eleazar de Carvalho
Farias Brito
Fausto Nilo
Gustavo Barroso
Lúcio Alcântara
João Brígido
Juracy Magalhães
Juvenal Galeno
Mário Barreto Corrêa Lima
Parsifal Barroso
Perboyre e Silva
Plácido Castelo
Raimundo Cela
Raimundo Girão
Rodolfo Teófilo
Fontes: wikipedia/+jabá!/Terra dos casarões/Pesquisas de internet