Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Os antigos Cemitérios de Fortaleza

Em 1844, o Poder Público determina a edificação de um cemitério público, o Croatá ou São Casimiro. A decisão de onde seria o campo-santo foi dos então médico da pobreza, cirurgião mor da província e cirurgião ajudante do Corpo Fixo de Caçadores. A área vizinha ao morro do Croatá foi escolhida por reunir as condições necessárias ao empreendimento. O local ficava a sotavento da cidade e as exalações prejudiciais aos citadinos seriam dispersas pelos ventos. O projeto obedeceu critérios matemáticos que levaram em consideração a tabulação do número de falecimentos dos anos de 1845 (294), 1846 (286) e 1847 (170). A notícia da criação da necrópole foi publicada na edição do jornal O Cearense, de 3 de fevereiro de 1848.

Local do antigo Cemitério de São Casimiro. Foto Assis Lima


Foto do século XIX. No lado poente funcionava o Cemitério de São Casimiro e lado leste o dos protestantes ingleses.

O Morro do Croatá ficava contíguo onde hoje está a Praça Castro Carreira, a Praça da Estação. Com a epidemia do cólera, em 1856, foi acrescida uma área ao São Casimiro para sepultamento daquelas vítimas especificamente. O novo espaço foi separado por grade de ferro do plano já existente anteriormente.



O que foi previsto aconteceu muito mais rapidamente do que se imaginou. Dezesseis anos depois o cemitério já se encontrava muito próximo ao Centro e com o agravante de estar sendo soterrado pelas dunas. A realidade é que eram dois cemitérios, porque os protestantes e demais acatólicos (que não são católicos) eram enterrados num cemitério privado que ficava vizinho ao São Casimiro, administrado pela Santa Casa de Misericórdia, o que foi oficializado em lei provincial de 1860. O privado ficava sob a responsabilidade da empresa Singlehurst & Co.

Em 02 de Janeiro de 1848 é Assentada a primeira pedra para construção do primeiro cemitério de Fortaleza, o Cemitério de São Casimiro(*) (ou de Croatá), no Morro do Croatá, em terreno doado pela família Braga Torres.



Exumação dos restos mortais do Boticário Ferreira 
Em 08 de Maio do mesmo ano, inaugura-se o Cemitério de São Casimiro(em homenagem ao governador que autorizou a construção, Casimiro José de Morais Sarmento), edificado em virtude da Lei Provincial nº 319 de 01/08/1844 e que seria desativado em 1866 com a construção do Cemitério de São João Batista, para onde foram trasladados alguns corpos.
A construção esteve a cargo do tenente Juvêncio Manuel Cabral de Menezes.


Fachada antiga do Cemitério de São João Batista sendo demolida - Arquivo Nirez


O Cemitério de São Casimiro estava localizado no Campo da Amélia, hoje, Praça Castro Carreira, conhecida como Praça da Estação.
O campo foi construído em 29 de junho de 1830 em homenagem a imperatriz  D. Amélia de Leuchetmberg. Foi um campo de treinamento e hipismo. Construído pelo engenheiro da Província, Juvêncio Manoel de Menezes, por ordem do Presidente da Província José Sarmento. Localizava-se no lado poente do campo, era murado e tinha uma capela na entrada do terreno que era dividido em dois lados. Na esquerda ficava o lado conhecido como o Campo dos ingleses, onde geralmente eram sepultados os estrangeiros.

Pena de morte cumprida em frente ao Cemitério de São Casimiro
Por ser próximo da praia,existia uma duna conhecida como Morro do Croatá que devido aos ventos e a areia foi aterrando lentamente o cemitério, que foi demolido em 26 de fevereiro de 1880 e construído o Cemitério de São João Batista(**) em abril do mesmo ano no bairro de Jacarecanga.


1- A ampliação do Cemitério de São Casimiro

2- Construção do Cemitério de São João Batista

3- Os antigos enterros eram feitos nas igrejas

Ilustres enterrados no Cemitério de São Casimiro

  • 29 de Abril de 1859 - Falece, em Fortaleza, às 21h, o farmacêutico prático (boticário) Antônio Rodrigues Ferreira de Macedo (Boticário Ferreira), ex-vereador, ex-intendente, vítima de asfixia lenta devida à aneurisma da aorta pectoral. 
    Foi sepultado no antigo Cemitério de São Casimiro (do Croatá).
  • 09 de Julho de 1862 - Morre, em Fortaleza, aos 78 anos de idade, sendo sepultado no Cemitério de São Casimiro, Francisco Fernandes Vieira (Barão e Visconde do Icó), nascido em Saboeiro em 20/05/1784.

Igreja do Rosário do Álbum Fortaleza 1931

Igreja do Rosário - Túmulo de muitos
Alguns moradores afirmam que os seus antepassados falavam que antigamente era comum as pessoas serem enterradas nos próprios sítios onde residiam nas zonas mais distantes do centro de Fortaleza. Vários eram os motivos que levavam os moradores a agirem dessa forma. A distância e a falta de transporte dos corpos, não existia lei sanitária que determinava a obrigatoriedade dos enterros em cemitérios públicos e pela falta dos mesmos em zonas urbanas, surgidos somente em 1902.
Até meados do Século dezenove, era costume enterrarem os mortos nas igrejas. Um grande exemplo dessa tradição, é a quantidade de pessoas que foram enterradas na Igreja do Rosário. No governo de Lúcio Alcântara, a igreja correu sério risco de ser demolida, mas durante as obras, foram achados corpos de escravos, forçando (felizmente) o cancelamento da demolição.


Postal da igreja do início do século XX
No ano de 1828, uma lei imperial recomendava às câmaras municipais que elaborassem posturas para tratar do estabelecimento de cemitérios fora do recinto das igrejas.
Era 1938, Fortaleza tinha pouco mais de oito mil almas (Abreu, 1919) encravada em dunas escaldantes e revoltas."Era costume arraigado enterrar-se os mortos dentro das igrejas ou em seus átrios e arredores. Questões relacionadas à Saúde Pública teriam sido responsáveis pela proibição das inumações (sepultamentos) no interior e vizinhança das igrejas. Acreditava-se que os gases produzidos pela decomposição dos cadáveres ocasionariam doenças", revela Henrique Sérgio de Araújo Batista no livro: Assim na Morte como na Vida.

Foto de 1912

O Cemitério dos Ingleses (Protestantes)

No São Casimiro havia uma área reservada e marginal para os que não professavam a fé católica ou atentassem contra os princípios desta (judeus, suicidas, etc).
Foi também construído o Cemitério dos ingleses (para protestantes) vizinho ao São Casimiro, que era mantido pela firma de importação e exportação Singlehurst & Co, de Henrich Brocklehurst.



O Cemitério dos Ingleses continuou a ser utilizado até ser demolido em 1880, para construção de armazéns e da estação da Estrada de Ferro de Baturité. A partir daí foi destinada uma área nos fundos do Cemitério São João Batista para sepultamento dos protestantes.



Curiosidades

Túmulo de Plácido de Carvalho - Foto Raimundo Gomes
Até 1828 os corpos dos fortalezenses eram sepultados nas paredes das igrejas. Com o passar dos tempos a sociedade exigiu que seus mortos fossem “separados” dos vivos. Com isso, em 1844 o morro do Croatá, depois Cemitério de São Casimiro passou receber e sepultar os mortos da capital cearense. Em 3 de fevereiro de 1848, foi realizada uma publicação no jornal, onde era narrada a necessidade de a sociedade possuir um cemitério. Ainda dentro da cidade, o cemitério é retirado da mesma e construído em um lugar mais distante. A data de 1860 é marcada pela privatização da Igreja Católica ao Cemitério São Casimiro, que passou a receber exclusivamente corpos de católicos.
Como único cemitério de Fortaleza, o São Casimiro, estava completamente cheio por ocasião da febre amarela e de outras doenças da época.

Jazigo da sra. Pierina e de Emilio Hinko - Foto Raimundo Gomes
Fundado em 1862, localizado na Rua Padre Mororó, S/N, no bairro Jacarecanga, próximo à Catedral Metropolitana de Fortaleza, O Cemitério São João Batista é cenário de uma infinidade de obras de arte. O São João Batista, assim nomeado o cemitério, a partir desse ano começa a receber corpos pertencentes a parentes das famílias ricas da capital. O cemitério São Casimiro é desativado e só depois de 10 anos a prefeitura constrói uma praça no local. 
Em 1866 o São João Batista é oficialmente inaugurado. Recebendo um portão e um muro mais reforçados em 1872, data exposta na parede da entrada como sendo a data de inauguração.
Para o administrador do cemitério e profundo admirador do local, Denis Roberto Marques, o São João Batista não é um só o lugar de enterrar os mortos, mas sim um lugar vivo e cheio de histórias. Afirma que depois de sua inauguração e ainda hoje, as famílias cuidam com muita atenção dos túmulos de seus familiares. Decoram. Tentam deixar o ente o mais próximo possível dos vivos.

Túmulo  do inquestionável escritor Quintino Cunha cujo epitáfio é de autoria dele mesmo: "O Padre Eterno, segundo refere-se a história sagrada, tirou o mundo do nada e eu nada tirei do mundo." 
Foto Tribuna do Ceará/Rosana Romão
Os indigentes, segundo Denis, antes eram enterrados no São João Batista, mas devido a falta de espaço foram encaminhados para outro cemitério. O administrador explica que não dá para saber qual é o número exato de mortos, por nunca ter sido feito um controle, mas confirma o número de 25 MIL jazigos.
Por volta de 1862, a forma que as famílias encontravam para mostrar sua ascensão econômica era decorando os túmulos de seus parentes. Um caso muito conhecido foi o da baronesa do Crato que tinha o hábito de fazer um piquenique aos domingos com a sua família. Essa ideia foi adotada pelo restante da sociedade que passou firmar uma competição em relação aos túmulos mais bonitos.
Além da baronesa do Crato, figuras como Caio Prado (governador do Ceará) que teve o jazigo mais complicado de ser construído, tendo que ser usadas as mesmas técnicas aplicadas no Egito para a construção das pirâmides; o senador Virgílio Távora com uma majestosa estátua de ferro de Jesus Cristo em seu túmulo; o escritor Quintino Cunha; Engenheiro Antonio Santana Jr., Dionysio Torres, respectivos nomes de rua e bairro de Fortaleza, fazem parte da construção de um lugar para descanso eterno, porém com um cenário maravilhoso.
Cícero Ricardo é o responsável pela manutenção do cemitério. Ele trabalha no cemitério desde 1990, de domingo a domingo das 7h às 17h, demonstra muito amor e dedicação ao local. Ele explica que o São João Batista, assim como um bairro, é dividido em ruas e cada jazida tem sua numeração.
Além de todo cuidado com o cemitério, Cícero também faz referência a “beatificação” (feita pelos visitantes e familiares) de alguns mortos como, por exemplo, a menina Lúcia (1915 – 1917) e Cleidimar Medeiros Dantas (1955 – 1970) falecida cinco dias antes do seu aniversário, atropelada pelo tio. Cícero afirma e também é visível nos túmulos, que muitas pessoas fazem visitas aos jazidos buscando alcançar graças. Cura de algumas doenças, aprovação em vestibular, melhorias nas condições financeiras são constantes pedidos feitos pelos fiéis às jovens. Toda segunda-feira uma média de 40 pessoas visitam o túmulo de Cleidimar para agradecer pelas graças alcançadas. Os fiéis levam velas, flores, quadros, mensagens.
Nas histórias do São João Batista existe um fato. O exame de DNA depois que o indivíduo chega a falecer, quando pedido, passa por processo simples, mas de bastante responsabilidade. Cícero explica que um delegado e um promotor de justiça vão até o cemitério e levam os restos mortais em saco apropriado para análise. Na saída do corpo Cícero assina um documento, onde se responsabiliza pelos restos. O resultado saí em até dois anos comprovando ou não o parentesco.
ideia de cemitério, sem dúvidas, é a de um local para o descanso eterno. Local onde nossos corpos são colocados depois que morremos. Mas quebrando os conceitos sobre o uso do cemitério, o neonazista (assim considerado) Joaquim de Sousa Míteri, já construiu e fez lápide do próprio túmulo. Segundo Cícero, o senhor Joaquim vem todas as manhãs fazer caminhada dentro do cemitério e aproveita para cuidar do seu túmulo. De maneira engraçada Cícero defende, ele é um homem precavido.
Uma característica interessante do São João Batista, é a área destinada ao sepultamento dos não-católicos. Antigamente separada do cemitério católico por muros, hoje só se percebe a antiga divisão pela quantidade de túmulos de judeus que se concentram no setor posterior do cemitério.


  • 05 de Abril de 1866 - Bênção do Cemitério de São João Batista, construído no local conhecido por Tijubana, que substituiu o Cemitério de São Casimiro.
  • 12 de Abril de 1880 - Iniciada a trasladação dos ossos exumados do antigo Cemitério de São Casimiro para o Cemitério de São João Batista, pela Mesa Regedora da Santa Casa de Misericórdia. Foram exumados do cemitério São Casimiro os restos de pessoas ilustres como Pessoa Anta e Padre Mororó transferidos para o cemitério São João Batista.
A mulher do balaio
Na década de 1960, ali pelo Jacarecanga, se queriam que crianças ficassem comportadas, bastava anunciar a vinda da "mulher do balaio". Aquela alta e forte senhora grisalha de saia rodada e seu cesto de flores era uma visão apavorante para a meninada. Ninguém a encararia se tivesse coragem de estar no aposento onde era recebida por mães, tias ou avós. Todos sabiam que ela vinha do cemitério e que as flores nasceram em volta dos túmulos. A tradição familiar, cujas bisavós herdaram de suas mães e avós, de manter roseiras no cemitério e usar as flores que brotavam na profusão daquele solo ricamente orgânico em casa, era suficiente para paralisar os pequenos. Aqueles vasos nunca se quebravam, pois ninguém pegava neles. Aos menores era impedido ver seus mortos. Os adultos iam aos ritos fúnebres e cemitério, só no Dia de Finados, onde as velas queimando e a emoção das pessoas por seus entes queridos, tocava a todos. Hoje o cemitério comporta cerca de 16 mil túmulos.

Cemitério da Parangaba e do Antônio Bezerra
Em 1910, surgem os primeiros cemitérios públicos urbanos como o de Parangaba. Em 1935, alguns moradores do Barro Vermelho reuniram-se para a construção de um cemitério no bairro, dentre eles destacamos: Sr. Manoel Rodrigues Venâncio, irmão do Sr. Cizisnando Rodrigues Venâncio, que construíram em um terreno localizado ao lado esquerdo do Patronato da Sagrada Família. Em 1937 com alargamento das ruas do bairro, foi modificado sua estrutura para o atual, segundo afirma o Sr. Antônio Braga Venâncio, que presenciou os translado dos corpos para o cemitério atual.
NCemitério de Antônio Bezerra estão repousando os entes queridos das principais famílias do bairro: Couto Bezerra, Teixeira CamposGiffonyRebouça Brasil, UchôaSantosBezerra de MenezesMatos DouradoPessoa e Mendes, dentre outros. O cemitério atual está lotado, sendo necessário a ampliação do mesmo. Por conta disso, algumas famílias já utilizam outros tradicionais cemitérios de Fortaleza.

(*)Cemitério de São Casimiro
Diz a lenda que a ideia de um cemitério surgiu quando a mulher de Casimiro de Morais passou mal em uma missa na igreja do Rosário e acreditavam-se em miasmas dos corpos enterrados na igreja.
O cemitério foi construído a oeste da cidade para o vento levar esses tais miasmas,porém a cidade cresceu e o centro já estava nas proximidades do cemitério. Quando ocorreu a seca de 1915 vários corpos ficaram a céu aberto.
Então Fortaleza ganha um novo cemitério o São joão Batista.


(**)Cemitério São João Batista
A discussão para a construção do novo cemitério tem lugar no início dos anos 60 do século XIX. Mesmo inacabada, a nova necrópole foi inaugurada em 1866. O portão frontal do São João Batista está datado de 1872, mas este é o ano de conclusão da amurada e afixação do portão.
Os túmulos e despojos mortais dos cemitérios da Praça da Estação que tiveram condições, foram transladados para o São João Batista.
Como todo campo-santo, dali contam-se histórias de túmulos que racham após os consertos, barulhos estranhos; mas quem trabalha ali diz que nunca viu nada extraordinário. O certo é que há verdadeiras obras de arte adornando a última morada dos fortalezenses que têm famílias mais antigas na cidade.


É impossível precisar exatamente a quantidade de corpos que já foram sepultados no São João Batista. Desde o ano 2000, o registro de enterros é informatizado. Os dados anteriores estão em livros.
A Santa Casa de Misericórdia amarga prejuízos com a inadimplência da taxa de manutenção mensal.
Os principais gastos do cemitério são com segurança e limpeza. As fontes, além da taxa citada, são através da vendas de urnas, taxas para enterro, velórios e exumações.


Crédito: Portal da história do Ceará,  Site do Bairro Antônio Bezerra De pés descalços,  História do Ceará - Airton Farias, Indyra Tomaz, Memória.Bn.Br e Diário do Nordeste.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Clóvis Beviláqua - O maior jurista que o Brasil já teve


Ficheiro:Clovis Bevilaqua. (Col. Francisco Rodrigues; FR-1036).jpg

Jurista, filósofo, historiador e literato Clóvis Beviláqua nasceu na então Viçosa, hoje Viçosa do Ceará no dia 04 de Outubro de 1859. Era filho do padre José Beviláqua e Martiniana Maria de Jesus. Passou a infância na cidade natal, onde fez o curso primário. Aos dez anos seu pai o enviou a Sobral para receber educação superior à ministrada em seu torrão. Seguiu depois para Fortaleza, continuando os estudos no Ateneu Cearense e no Liceu do Ceará.
Em 1876, embarca para o Rio de Janeiro objetivando ultimar os preparatórios no Externato Jasper e no Mosteiro São Bento. Nesse período, o jovem Clóvis, então com 17 anos, dá início às suas atividades de homem das letras, fundando com Paula Ney e Silva Jardim, o jornal "Laborum Literarium". Em 1878, viaja para  Recife matriculando-se no curso de Direito. Torna-se bacharel em 1882. Nesta cidade, teve uma vida acadêmica bastante intensa, pois ligou-se ao grupo de jovens responsáveis pela chamada "Escola do Recife", mobilizando o ambiente intelectual da época. Seguidor dos ideais positivistas na Filosofia, participou da Academia Francesa do Ceará, ao lado de Capistrano de AbreuRocha Lima e outros. Através de concurso público, em 1889, passa a lecionar Filosofia no Curso Anexo da Faculdade de Direito do Recife, e, logo após, torna-se responsável pela cátedra da Legislação Comparada. Casou-se em 1884 com Amélia de Freitas, no Recife.
Clóvis Beviláqua colaborou em diversos jornais e revistas (Revista Contemporânea, do Recife, Revista Brasileira, do Rio), e, em O Pão, publicação do movimento literário Padaria Espiritual do Ceará. Em 1894, publicou "Frases e Fantasias", dez escritos de ficção e reflexões pessoais.


Em 1930 apresentou a sua mulher, Amélia de Freitas Beviláqua, como candidata a Academia Brasileira de Letras para a cadeira de número 22. A proposta foi analisada pelos seus pares imortais que resolveram interpretar o estatuto da academia como excluindo as mulheres da mesma. Clóvis e sua esposa ficaram resentidos da posição de seus colegas e depois deste fato nunca mais retornou à ABL.

O respeitado autor de um reputado Código

Ficheiro:Espatula de carta.JPG
Espátula para abrir cartas que pertenceu a Clóvis Beviláqua e uma carta que ele enviou para os estudantes de Direito da Universidade do Ceará.
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Professor dos mais respeitados, crítico literário com vários ensaios publicados e uma produção na área jurídica das mais sólidas, principalmente em livros de Direito Civil e Legislação Comparada, Clóvis Beviláqua era conhecido e respeitado nacionalmente quando foi convocado para ser sócio fundador da Academia Brasileira de Letras, ocupando a cadeira catorze, cujo patrono era Franklin Távora. Essas mesmas condições levaram-no a ser chamado, em 1899, pelo então Ministro da Justiça Epitácio Pessoa, para escrever o projeto do Código Civil Brasileiro. Clóvis redigiu o projeto, de próprio punho, em apenas seis meses, porém o Congresso Nacional precisou de mais de quinze anos para que fossem feitas as devidas análises e emendas. Sendo promulgado em 1916, passando a vigorar a partir de 1917 (apenas recentemente substituído pela lei 10.406 de 10 de janeiro de 2002), pode-se afirmar que o Código Civil Brasileiro imortalizou Clóvis Beviláqua no cenário jurídico e intelectual.

Ficheiro:Clóvis Bevilaqua (catedátrico de Legislação Comparada 1891-1895, Faculdade de Direito do Recife). (Col. Francisco Rodrigues FR-1037).jpg
Clóvis Bevilaqua, catedrático de Legislação Comparada na Faculdade de Direito do Recife entre os anos de 1891 e 1895. Fotografia de Alberto Henschel.
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No Ministério das Relações Exteriores

Foi nomeado, em 1906, Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores, cargo que ocupou até 1934, quando foi aposentado compulsoriamente. É interessante observar que em todo o tempo em que desempenhou a função de Consultor Jurídico do Ministério das Relações Exteriores não viajou ao exterior em nenhuma ocasião. Sua aposentadoria foi compulsória em razão da idade, imposta pela Constituição de 1934. Seu sucessor no cargo foi o jurista e escritor Gilberto Amado. É patrono da Academia Cearense de Letras.
Decerto, Clóvis Beviláqua foi um dos maiores juristas brasileiros de todos os tempos.

Ficheiro:Clovis b.jpg

Obras

  • 1882 Emile Littré
  • 1882 Esboço sintético do movimento romântico brasileiro
  • 1883 Estudos de direito e economia política
  • 1888 Conceito antigo e moderno da Metafísica
  • 1888 Épocas e individualidades: estudos literários
  • 1893 Lições de legislação comparada sobre o Direito Privado
  • 1894 Frases e fantasias
  • 1895 A concepção de sociologia de Gumplowicz
  • 1896 Direito de Família
  • 1896 Direito das Obrigações


  • 1896 Criminologia e direito
  • 1897 Juristas philosophos
  • 1899 Esboços e fragmentos
  • 1899 Direito das Sucessões
  • 1905 Silvio Romero
  • 1906 Princípios elementares de direito internacional privado
  • 1906 Em defeza do projeto de código civil brasileiro
  • 1908 Teoria Geral do Direito Civil
  • 1911 Direito Público Internacional
  • 1916 Estudos jurídicos: historia, philosophia e critica
  • 1916 Código Civil dos Estados Unidos do Brasil Comentado (6 vols)
  • 1921 Projet d'organisation d'une cour permanente de justice internationale
  • 1927 Historia da Faculdade de Direito do Recife
  • 1930 Linhas e perfís jurídicos
  • 1930 Direito internacional brasileiro: conferência
  • 1937 Revivendo o passado: fíguras e datas
  • 1937 O stereografo: estudo de crítica genética
  • 1939 Opúsculos
  • 1942 Direito das Coisas
  • 1941 Execução de um julgado: pareceres dos jurisconsultos
  • Soluções práticas de direito.

sobreStfAcervoMuseuQuadro_AP_110606.JPG
Crédito da foto: Banco de imagens do STF
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A Casa de Clóvis Beviláqua

A casa onde ele viveu em Viçosa do Ceará, foi adaptada e ampliada para constituir-se num museu em sua homenagem. O museu conserva fotos e objetos de sua propriedade e escritos de sua autoria, muito embora os escritos – cartas de amor, inclusive, como assegura a simpática guia do museu – estejam disponíveis apenas para contemplação e não para leitura. 

Quarto na casa onde nasceu e residiu o jurista viçosense Clóvis Bevilaqua, autor do Código Civil Brasileiro - Crédito do Portal da Fundação Nogueira Tapety
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Pena, tinteiro e carta manuscrita pelo famoso jurista - Crédito do Portal da Fundação Nogueira Tapety
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Salão principal do Museu Clóvis Bevilaqua  - Crédito do Portal da Fundação Nogueira Tapety
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Praça em homenagem a Clóvis Beviláqua em Viçosa do Ceará - Crédito da foto: Educarede
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Postal da Praça Clóvis Beviláqua em 1935
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Praça Clóvis Bevilácqua – Faculdade de Direito - Crédito: Blog do Mesquita
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Clóvis Beviláqua faleceu no Rio de Janeiro, em 26 de julho de 1944. Em sua homenagem, seu nome foi colocado em muitos logradouros públicos, universidades, centros acadêmicos, e sua figura esculpida em estátuas e bustos por inúmeras cidades brasileiras.

Desde 1960, seu nome foi imortalizado no fórum da comarca de Fortaleza, chamado de Fórum Clóvis Beviláqua, que com a mudança para nova sede de 75.000m² em 1997, ganhou status de maior edifício público da América Latina. Um grande prédio, para um dos maiores juristas que o Brasil já teve.

Antiga sede

Nova sede - Foto Fco Edson Mendonça

Fonte: Wikipédia

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Casa de Cultura Alemã


Anos 60
O Chalé em 1931

Em 1907 foi construída, na esquina do Boulevard Visconde do Cauípe com avenida 13 de Maio, a residência do fazendeiro Francisco de Queiroz Pessoa, natural de Quixadá. O projeto da bela casa coube ao arquiteto José Gonçalves da Justa. 
Na década de 60 a Universidade Federal do Ceará adquire o imóvel.


1965

A Casa de Cultura Alemã foi fundada em 1962. Durante todos esses anos, além de uma programação intensa e metódica no plano do ensino, tem divulgado as artes com apresentação de sucessivas exposições plásticas, a realização de concertos, a projeção de filmes de interesse educativo, a difusão da música de boa qualidade, fazendo ao mesmo tempo, a divulgação da língua,  história e civilização alemãs. É também oportuno assinalar o papel da alta significação que essa Casa de Cultura vem desempenhando, como intermediária de cooperação entre nossa Universidade e instituições universitárias germânicas, como o serviço  Alemão de Intercâmbio Acadêmico - DAAD, o Instituto Goethe e a Sociedade Alemã de Pesquisa, entres outras.


Casa de Cultura Alemã construida em 1907 para residência de Fco de Queiroz Pessoa. Arquivo Nirez

Portanto longe de pretender ostentar uma exportação unilateral da cultura germânica, a Casa de Cultura Alemã, graças às suas ofertas diversificadas, se constituiu em mais um meio de vinculação teuto-brasileira. Durante todos esses anos, cultivou a imagem peculiar de ambos os países, com seu feitio e índole próprios, através de programas, estudos e festas com atuação bilateral, gerando destarte novos impulsos para benefício mútuo.



As relações entre a Casa de Cultura Alemão e o DAAD são tão antigas quanto a própria Casa de Cultura. Os leitores do DAAD tiveram participação tanto na sua fundação quanto no seu desenvolvimento. A Profa. Dra. Wiebke Röben de Alencar Xavier , é décima segunda enviada pelo Serviço Alemão de Intercâmbio Acadêmico. O primeiro foi  Helmut Feldmann. A principal função do Leitor é a divulgação da cultura e a orientação didático-pedagógica do corpo docente da referida Casa. O leitor dá aulas de alemão e trabalha no campo da Literatura Alemã. O ensino é baseado em métodos científicos modernos.

Além de suas funções culturais e de ensino da língua, a Casa de Cultura Alemã também serve de campo de formação para os estudantes inscritos para a disciplina de Prática de Ensino de Língua Alemã, atendendo assim não só a necessidade de divulgação cultural mas contribuindo ativamente para a formação de melhores profissionais no campo do ensino.

CCA atualmente. Foto Tom Júnior


O número de alunos que atende todos os anos vale por uma demonstração vigorosa da qualidade do trabalho desenvolvido pela CCA. Atualmente, estão matriculados 551 alunos nos Cursos de Língua da Casa de Cultura Alemã.





Crédito: Cultura Alemã UFC

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: