Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

sábado, 28 de maio de 2011

Parque da Liberdade - A Cidade da Criança


Postal colorido à mão de 1930

A libertação dos escravos no Ceará aconteceu no ano de 1884, quatro anos antes de a Princesa Isabel assinar a Lei Áurea acabando com a escravidão no Brasil. O evento prévio cearense foi o mote para a denominação de vários monumentos e locais públicos como a Cidade da Criança.
Foto de 1906 - Arquivo Assis Lima

O lugar, frequentado por adultos e crianças no Centro de Fortaleza, tem uma área de 26.717 metros quadrados e foi iniciada a sua urbanização em 1890 quando recebeu o nome de Parque da Liberdade, referência à libertação dos escravos no Ceará.

Foto do Arquivo de Blanchard Girão - Crianças dançando Quadrilha no Parque

A inauguração oficial só vai acontecer em 1902, quando o muro que cerca a área e as primeiras construções foram concluídas.

O local teve a denominação de Parque da Liberdade até o ano de 1922, quando em homenagem ao centenário da independência do Brasil, passa a chamar-se Parque da Independência. O novo nome vai permanecer por apenas 14 anos, quando em 1936 recebe o epíteto de Cidade da Criança. Como marco da mudança denominativa, é colocada ali uma estátua de duas crianças, um menino e uma menina, fundida em bronze em Milão, na Itália.

Foto de 1937

Em 1948 o local volta a ser chamado de Parque da Liberdade.

Naquele logradouro está instalada hoje a Funci* - Fundação da Criança e da Família Cidadã, órgão da Prefeitura Municipal de Fortaleza. O trabalho da fundação é direcionado a menores abandonados, carentes, espancados e violentados, assim como às famílias deles. Um trabalho sócio-educativo que se estende por toda a cidade.

A Cidade da Criança está aberta diariamente para visitação pública.

Postal de 1945

Ainda em 1890 é construído ali um castelete, como está grafado na placa de bronze em forma de escudo: ´Ano de 1890, construído pelo engenheiro militar Romualdo de Carvalho Barros e seu auxiliar Isaac Amaral, sendo governador do Estado o coronel Luiz Antônio Ferraz.´ Há uma segunda placa de bronze na construção que repete o mesmo texto da placa em forma de escudo.



No meio do parque há uma ilha, e numa placa de bronze é contada a história do local: ´a princípio natural, era recoberta de salsas e plantas exóticas. A água da lagoa era corrente e vinha do Tauape, passando por uma porta d´água rumo ao Pajeú, na Rua do Sol (hoje Costa Barros), dali atingindo o Atlântico (Otacílio de Azevedo, in Fortaleza Descalça, 2ª edição, tiragem especial). No centro da ilha foi construído o Templo do Amor, onde se vê a estátua do Deus Cupido, trazendo nos ombros a alfava de flechas, em 1940 foi erguido um suntuosos restaurante no que era a diretoria da escola. Daí partiam os barcos para passeio, nesta época havia espaços ao ar livre para corridas de bicicletas, patins e corridas de tamancos e jegues. Em 1951 foi criado pela primeira vez o mini zoo

Postal Lagoa do Garrote de 1905 - Assis Lima

Sobre um dos portais do parque, o que fica em frente à praça da Igreja do Coração de Jesus, foi erguida a estátua de um índio, quando do retorno à denominação de Parque da Liberdade. No portal há uma placa que explica: ´O índio representa a liberdade, com os braços abertos, quebrando os grilhões que lhe acorrentavam os pulsos. Esta escultura foi obra do pintor e escultor Euclides Fonseca, que esteve no Ceará realizando uma exposição de pintura na cultura artística em 1925. A estátua é de cimento pintado imitando bronze (Otacílio de Azevedo, in Fortaleza Descalça, 2ª edição, tiragem especial)´.



A Cidade da Criança teve sua inauguração formal em 1902, no governo do coronel Luiz Antônio Ferraz, com o nome de Parque da Liberdade. Em 1922 no Governo de Justiniano de Serpa, o prefeito Ildefonso Albano, em comemoração ao primeiro centenário da independência, fez mudanças no muro que circunda o parque deixando-o em estilo colonial e transportou para ali as grades do Passeio Público. Foram colocadas então quatro portas circulares com telhado e beira-bico nos quatro cantos do logradouro.


Em 1938 sofreu outras reformas, recebendo o nome de Cidade da Criança através do Decreto N° 187, de 28 de janeiro de 1938, mesmo ano, quando o prefeito Raimundo Araripe criou o serviço de educação infantil, mantido pela municipalidade de Fortaleza, que funcionou naquele local.



1906 - Arquivo Assis Lima

Hoje a escolinha e o mini zoológico que funcionaram por algumas décadas já não existem. Os edifícios estão ocupados pelos funcionários públicos e a área externa é usada para passeio e lazer dos fortalezenses, apesar das condições de limpeza não serem as melhores e haver reclamação de populares sobre a falta de policiais no local.






Em plena manhã de sol, casais aproveitam a sombra das árvores nos bancos em volta do lago para namorar, pais e mães passeiam com filhos e dão comida aos patos e gansos espalhados pela grama e no lago.


1937 - Arquivo Assis Lima

O lago está com o espelho d´água muito baixo e muitas garrafas pet e copos descartáveis dão um aspecto muito desagradável. Ali é necessária uma limpeza urgente.

Na ilha do amor a estátua do Cupido está completamente pichada, muitas pessoas foram lá e sujaram a escultura escrevendo seus nomes com tinta óleo branca. A estátua também precisa de restauração, assim como a do índio sobre o portal de entrada.

Foto de Patricia Martins

Muitos mendigos usam o local para dormir e os transeuntes reclamam que eles sujam o parque. A segurança é outra reclamação de quem passa pela Cidade da Criança.

Fatos Históricos:

  • 13 de Maio de 1890 - Entregue ao público um novo logradouro, ou seja, a urbanização da Lagoa do Garrote, sob a orientação do engenheiro Romualdo de Carvalho Barros e seu auxiliar Isac Correia do Amaral (Isac Amaral), na administração estadual do coronel Luís Antônio Ferraz.
    Recebia águas de alguns riachos, inclusive do que vinha da lagoa existente na atual Praça da Lagoinha (oficialmente é Praça Capistrano de Abreu) e sangrava para o riacho Pajeú.
    Foi chamada de Parque da Liberdade, em homenagem à abolição da escravatura e depois Parque da Independência, em 1922, no Centenário da Independência do Brasil, quando recebeu em sua entrada principal a grande estátua do índio, representando o Brasil quebrando os grilhões que o prendiam a Portugal.
    Foi na administração municipal de Ildefonso Albano.
    Depois, em 1937, ali se instalou a Cidade da Criança, dirigida pela professora Zilda Martins Rodrigues e, recentemente, a escola mudou-se para a praça que fica no riacho Pajeú, na Rua 25 de Março.
    Memoráveis festas ali já aconteceram, como a Festa da Imprensa, promovida pela Associação Cearense de Imprensa - ACI, feiras industriais e comerciais, parques de diversões, etc.
    O povo confunde as denominações, misturando o parque e a escola, chamando-o, erradamente de "Parque das Crianças".
Arquivo Assis Lima

  • 07 de Setembro de 1922 - Dia do Centenário da Independência do Brasil, no governo de Justiniano de Serpa, o Parque da Liberdade ganhou o nome de Parque da Independência, ocasião em que ganhou também a estátua do índio quebrando os grilhões, ou seja, o Brasil libertando-se de Portugal, em cima do portão principal, sendo reinaugurado.
    No local da estátua havia uma outra, de Apolo, que fora presenteada ao Ceará pelo Estado do Pará em 1890.
  • 05 de Julho de 1927 - A Prefeitura Municipal de Fortaleza - PMF inicia a plantação de árvores em redor do Parque da Independência (depois Parque da Liberdade).
  • 19 de Março de 1929 - Roubado, à noite, o automóvel do médico.
    Eliezer Studart da Fonseca, que logo é encontrado abalroado em um banco no Parque da Liberdade.
    O ladrão, o primeiro no gênero, em Fortaleza, foi Milton Sombra de Melo (Pirulito) que apenas queria dar uma volta de carro.
    Foi perdoado.
  • 15 de Outubro de 1940 - Procedente do Norte, chega mais uma vez em Fortaleza, o presidente Getúlio Dorneles Vargas (Getúlio Vargas) que às 19 horas profere discurso na Praça General Tibúrcio e às 21 horas participa de banquete no Ideal Clube.
    No dia seguinte visita a Cidade da Criança no Parque da Liberdade e o Posto de Piscicultura, no Tauape (hoje Gentilândia) e às 10h toma o avião com destino à Paraíba.

A visita do então presidente Getúlio Vargas ao Parque da Liberdade. Ao seu lado, a professora Alba frota e o prefeito Raimundo de Alencar Araripe - Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez


*Hoje funciona a  Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da PMF.  A FUNCI agora faz parte dela. 

Fontes: Diário do Nordeste/Portal do Ceará

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Saudades...





Amigos, acabo de perder uma parte de mim, meu querido pai. Espero que entendam minha ausência, mas ela será necessária para que eu possa colocar as ideias em ordem. Obrigada pelo carinho de todos! 

Eu ainda pequena nos braços da minha mãe, meu paizinho e meu irmão mais velho

Meu pai amou muito minha mãe... Amou até o último segundo de vida


Nosso último passeio juntos...

Com meu irmão mais novo

Pai, meu pai, sempre te amarei !!!

Falar sobre pai é falar de amor...


Sentir sua falta é algo inexplicável. Mas, tentarei expressar esta saudades, através dessas humildes palavras com muita dor.
Pai... Sinto falta de:

- Sua voz que me aconselhava com ternura;
- Do seu olhar sereno com doçura;
- De suas mãos me reerguerem quando eu caia;
- De seu abraço que me envolvia;


Pai, com sua proteção eu nada temia!

E seus conselhos eram para o meu bem... Pai eu estou com tanta saudades!

Sem invejar, vejo as pessoas que tem pais, que muitas vezes os maltratam com gestos e palavras, não valorizando-os, então penso:

Pai daria tudo para poder novamente:

- Sua mão segurar;
- Seus miúdos olhos a me contemplar;
- Sua voz ouvir;

E ter uma nova chance de dizer: EU TE AMO!


E ser carinhosa, menos teimosa, ter tempo para conversar os seus assuntos preferidos.


Pai e Mãe... Não deveriam jamais morrer. 


Pois, quanto mais se vive é pouco para dizer: Eu te amo PAI!


Quem tem seu pai vivo, não desperdice o tempo, fale sobre o seu amor por ele HOJE... Pois, AMANHÃ pode ser tarde demais...



Não tenho palavras, mas esse texto da Marta Green é exatamente o que sinto nesse momento difícil e muito doloroso...


sexta-feira, 20 de maio de 2011

Sistema de Esgotamento Sanitário de Fortaleza - Interceptor Oceânico



"Inaugurado, em 29 de abril de 1978, ao meio dia, 

na chamada Praia do Náutico, na Praia de Iracema, 
o Monumento do Saneamento, de autoria do artista 
plástico Sérvulo Esmeraldo."
(AZEVEDO, Miguel Ângelo de. 2005)

A maquete do monumento de Sérvulo Esmeraldo, feita antes do interceptor ser erguido. Foto de Antônio Cavalcante.


Em outubro de 1976, o Governo do Estado lança o projeto de construção de interceptor oceânico, com a instalação dos canos sob a faixa de areia, o que devastava os coqueiros de um dos trechos mais significativos da Avenida Beira Mar.
O interceptor oceânico foi proposto a interligação dos esgotos e de interceptação dos cursos d´água, entre o riacho Pajeú, que desemboca na antiga Praia Formosa
, local hoje onde fica o Marina Park e o riacho do Jacarecanga, na Avenida Leste-Oeste. De acordo com o traçado previsto no projeto arquitetônico, no trecho entre o Comercial Clube e a estátua de Iracema, a tubulação seria instalada sob a areia, evitando, assim, a danificação da avenida e o incômodo aos proprietários e frequentadores dos restaurantes da Avenida Beira Mar.
A oposição ao projeto do Governo Estadual e a contraproposta dos arquitetos, que sugeria o calçadão da Avenida Beira Mar área para implantação da tubulação do interceptor, trouxe elementos significativos às reivindicações dos ambientalistas. Os arquitetos e integrantes da SOCEMA mostraram-se contrários à derrubada dos coqueiros, chamaram a atenção da sociedade para a preservação ambiental e paisagística urbana, colocando em evidência a relação simbólica com os velhos coqueiros, abordando a dimensão do tempo como algo de valor para a sociedade.
Os protestos de 1976 marcaram o surgimento do ambientalismo em Fortaleza e conquistas demonstraram que o grupo de ambientalistas exerceu papel relevante no processo de reorganização política e cultural da sociedade, no final da década de 1970.



As referências ao esgotamento sanitário, em Fortaleza, são raras e esparsas até o século XIX, mesmo porque os avanços no atendimento público à população foram lentos e deficientes até a segunda metade do Século XX.

O historiador R.Batista Aragão relata que a capital da Província do Ceará, nos anos trinta do século XIX, apresentava as seguintes condições quanto ao saneamento básico:

“Fortaleza era, sem desdouro para os seus galanteios de Loira Desposada do Sol, uma cidade totalmente desprovida de saneamento básico. O perímetro urbano, compreendido entre o Jacarecanga e Prainha, a derivar em busca do Atapu e a fazer o contorno oeste à procura do Alagadiço, além do Centro onde habitam as famílias de maiores posses, era servido apenas por latrinas-de-quintal ou pequenas fossas geralmente cobertas de madeira. As maiores deficiências, no entanto, consistiam na obtenção de água potável, quase totalmente provinda de reservatórios e de cacimbas, tendo como via de conduto os barris rolantes e os pregoeiros de costas-de-burro.”

Em 1896, foi eleito presidente o Dr. Nogueira Accioly, que determinou a realização de concorrência para os serviços de esgotamento sanitário de Fortaleza. Foi apresentado um único projeto, de autoria do engenheiro Roberto Blaesby. O projeto não foi aprovado pela comissão formada por médicos e engenheiros, pois seus membros entenderam que o problema sanitário não estaria resolvido com a implantação de esgotos sem a canalização de água.

Em 1908, o Governador Accioly autorizou nova concorrência para as obras de esgotos e de abastecimento de água, ganha pela proposta do engenheiro João Filipe Pereira. As obras foram iniciadas em 1911, arrastaram-se por quase duas décadas e começaram a funcionar em 1927.

O sistema consistia na coleta de esgotos no quadrilátero formado hoje pelas avenidas Duque de Caxias, Dom Manuel, Leste Oeste e Filomeno Gomes, atendendo basicamente à área que constitui, atualmente, o Centro da Cidade. Naquela época, residiam na área central da cidade as famílias mais abastadas e de classe média.

Os dejetos eram lançados diretamente no mar, à altura da Praia Formosa, sem nenhum tratamento, sendo utilizada uma tubulação de ferro fundido, com cerca de 600 metros de extensão mar adentro.

No início da década de 1950, a rede de esgotos de Fortaleza, atendia a menos de 10% dos imóveis existentes, restringindo-se ainda à área central da cidade, com a coleta sendo efetuada em apenas 6.000 imóveis.

Em 1960, além do serviço público de esgotamento sanitário que atendia a parcela ínfima da população (8,8% dos imóveis), apenas outros 22.700 imóveis eram servidos por fossas sépticas, o que significava que cerca de 37% do universo de prédios de Fortaleza dava destino, até certo ponto adequado, aos dejetos. A rede coletora atingia a 37 km de extensão.


Postal dos anos 70

O PLAMEGPlano de Metas Governamentais, documento de planejamento preparado pelo Governo Virgílio Távora, para o período de 1963 a 1966, estabeleceu como objetivos para a cidade de Fortaleza: A extensão da rede de esgoto para cobertura da área abastecida com água; execução de obras de saneamento dos bairros pobres. Essas metas não foram cumpridas.

Em 1966, a SUDENE contratou a consultora PLANIDRO que elaborou um estudo onde foi prevista a disposição submarina dos esgotos. Naquela época, o sistema era formado por 72 km de redes coletoras, constituídas de tubos cerâmicos com diâmetros 150 a 375 milímetros, tubos de fibro cimento de 150 a 400 milímetros e, ainda, 2.300 metros de tubulações em concreto. Em 1971, foram construídos mais 53 km de rede coletora.

No ano de 1975, foi contratado pelo Governo do Estado o engenheiro consultor Antônio Garcia Occhipinti, para revisão para elaborar os projetos de ampliação do sistema de coleta, transporte e disposição final dos esgotos de Fortaleza.

No ano seguinte, 1976, foram iniciadas, pela CAGECE, as obras previstas no projeto do engenheiro Occhipinti, com a construção do interceptor oceânico*, com extensão de 6.864 metros (diâmetros de 1.500 a 1.750 mm) do emissário submarino, com 3.207 metros e emissários terrestres, com 716 metros.

Desde então, projetos têm sido elaborados e obras implantadas para a ampliação do sistema de esgotamento sanitário de Fortaleza e de sua área metropolitana.

Das três grandes bacias de esgotamento – Vertente Marítima, Cocó e Maranguapinho – apenas a primeira era atendida e, assim mesmo, parcialmente, pois a rede coletora era de 327 km, servindo a 260.000 pessoas, equivalente ao índice de cobertura de 15% da população de Fortaleza.

Os sistemas isolados, que cobriam os conjuntos habitacionais e as favelas urbanizadas, eram constituídos de 197 km de rede coletora, com atendimento a 143.000 habitantes, correspondendo a 5% da população total.

Antes do início das obras do programa SANEAR, em 1993, o sistema de esgotamento sanitário de Fortaleza era bastante precário, apesar de já existir o emissário submarino, a rede coletora era de 524 km, com atendimento a 403 mil pessoas, o que correspondia ao índice de 20% de cobertura da população total.


Anos 80

Funcionamento do Sistema de Esgotamento

Há três grandes bacias de drenagem na Região Metropolitana de Fortaleza: Vertente Marítima, Cocó e Maranguapinho. Em termos de esgotamento sanitário, os sistemas podem ser assim divididos: I) o sistema de disposição oceânica vertente marítima (Estação de Pré-Condicionamento de Esgoto – EPC / Estação de Tratamento de Odores - ETO); II) os sistemas isolados; III) o Sistema Integrado do Distrito Industrial de Maracanaú – SIDI.

O sistema de disposição oceânica é constituído por: várias bacias coletoras de esgoto; dois interceptores oceânicos, leste e oeste; estação de pré - condicionamento – EPC; estação de tratamento de odores – ETO; um emissário submarino.

Os efluentes sanitários, coletados nas grandes bacias, são conduzidos por coletores até os dois interceptores oceânicos: I) interceptor oceânico leste, com 2.960 metros de extensão em tubulação de 1.500 milímetros e 3.430 metros, em tubulação de 1750 milímetros; II) interceptor oceânico oeste, com extensão total de 5.858 metros, em tubulação de 1000 a 1.750 milímetros.

As águas residuárias são, então, lançadas na estação de pré-condicionamento, onde passam por tratamento preliminar, quando são removidos materiais grosseiros, finos e outros sedimentáveis. Nesta estação de pré-condicionamento, está também instalada a estação de tratamento de odores, para minimizar a exalação dos gases agressivos para a atmosfera.

Completamente automatizada, a estação de pré-condicionamento de esgoto e de tratamento de esgotos, EPC/ETE-SANEAR de 4,8 metros cúbicos por segundo e atualmente, trata 2,2 metros cúbicos por segundo. A estação é constituída de um rastelo e de sete peneiras rotativas e de grande porte, que separam os resíduos sólidos menores, as areias, além dos plásticos, metais, madeira, graxa e óleos derivados de petróleo.

Concluído o processo de pré-condicionamento, o esgoto é lançado ao mar através do emissário submarino, a cerca de 3.330 metros da costa e a uma profundidade de 16 metros. As correntes marítimas fazem a dispersão dos esgotos pré-condicionados.

Os materiais insalubres – poluentes e areia – são transportados para o aterro sanitário de Caucaia. Acoplada à estação de pré-condicionamento, existe a estação de tratamento de odores – ETO, para diminuir o mau cheiro próprio dos esgotos. Os gases passam por um processo de confinamento, depois de conduzidos em dutos e lavados com cloro gasoso, hidróxido de sódio e permanganato de potássio e, com os odores minimizados, são lançados na atmosfera.


Postal de 1991

Depois do tratamento, os esgotos são encaminhados para o emissário submarino, que lança os despejos no mar, onde são diluídos e afastados do litoral de Fortaleza pelas correntes marítimas. A capacidade real média atualmente utilizada do sistema é de 2200 l/s e a capacidade total do sistema é de 4.800 l/s. Os sistemas isolados são representados pelos conjuntos habitacionais existentes na Região Metropolitana de Fortaleza.


Cada sistema é formado por: I) rede coletora de esgotos; II) estruturas de interceptação;III) estação de tratamento de esgotos – ETE; IV) corpo receptor (rio, riachos, lagoas etc). O sistema integrado do distrito industrial (SIDI), em Maracanaú, atende a sete conjuntos habitacionais, com mais de 100.000 residentes (Timbó, Jereissati I, Jereissati II, Novo Maracanaú, Acaracuzinho, Novo Oriente e Industrial) e a mais de oitenta empresas implantadas no Distrito Industrial.

O sistema que coleta de esgotos domésticos e despejos industriais, executa o tratamento das águas residuárias e lança o efluente tratado no Rio Maranguapinho. Trata-se de um sistema de tratamento do tipo lagoas de estabilização, conhecido como sistema australiano. É formado por cinco lagoas, em série, sendo uma anaeróbica, uma facultativa e três de maturação, cobrindo uma área de 82 hectares. Sua capacidade de tratamento é de 523 litros por segundo de esgotos, estando processando atualmente cerca de 400 l/s.

Execução do Programa SANEFOR / SANEAR

O Programa de Infra-Estrutura Básica de Saneamento de Fortaleza – SANEFOR, que se popularizou com a denominação de SANEAR, foi o mais importante programa de investimentos, na área de saneamento básico, já implementado no Estado do Ceará.

As negociações entre o Governo do Estado e o BIDBanco Interamericano de Desenvolvimento, foram concretizadas em 9 de dezembro de 1992, com a assinatura de dois empréstimos, o OC-BR nº 695 e o SF-BR nº 892.

As obras foram iniciadas em junho de 1993 e concluídas em outubro de 2000.

Objetivos: O SANEAR teve como objetivo central, melhorar a qualidade de vida da população urbana da Cidade deFortaleza e Região Metropolitana, mediante a implantação de obras e serviços de esgotamento sanitário, drenagem e limpeza urbanas, através dos subprogramas descritos a seguir:

Subprograma de Esgotamento Sanitário

Foram executadas ações relativas ao macro e micro sistemas de esgotamento sanitário, envolvendo as seguintes realizações: 961 km de redes coletoras de esgoto, com 126.252 ligações domiciliares; 28 km de coletores tronco; 12,9 km de interceptores; 13,6 km de emissários terrestres; 18 estações elevatórias; 1 estação de pré-condicionamento de esgotos (EPC); 1 chaminé de equilíbrio; e a recuperação do emissário submarino. Os benefícios se estenderam a mais de 800.000 habitantes, o que representava quase a metade da população de Fortaleza.

Com a execução destas obras em Fortaleza, o índice de cobertura de esgotamento sanitário, que em 1993 era de 18,9%, passou para 60%, em 2000, beneficiando parcial ou totalmente 51 bairros.

Subprograma de Drenagem Urbana

As intervenções relativas à drenagem urbana foram realizadas em áreas criticas de Fortaleza, em especial as atingidas periodicamente por inundações que invadiam o sistema viário e também unidades residenciais. Essas inundações tinham como causas principais: a ocupação irregular de áreas ribeirinhas; o assoreamento ou subdimensionamento dos locais naturais de escoamento ou de acumulação (rios, riachos e lagoas) e artificiais (canais e galerias de drenagem pluvial e açudes); a disposição inadequada de resíduos.

Com as obras do programa SANEAR, o sistema de drenagem de Fortaleza passou a contar com mais 103 km de redes de microdrenagem e 28,2 km de macrodrenagem, implantados em 40 bairros.

Subprograma de Limpeza Urbana

No segmento de limpeza urbana, foram construídos três novos aterros sanitários: Aterro Sanitário Metropolitano Oeste – ASMOC, localizado em Caucaia; Aterro Sanitário Metropolitano Sul – ASMS, situado em Maracanaú; Aterro Sanitário Metropolitano Leste – ASML, em Aquiraz. Esses três aterros resolveram o problema da disposição final dos resíduos sólidos de seis municípios da Região Metropolitana de Fortaleza e permitiram a desativação do “aterro do Jangurussu”, que se constituía numa importante fonte poluidora do rio Cocó. Este antigo aterro foi transformado em um complexo, composto por uma estação de transbordo, uma usina de reciclagem e outra de incineração de resíduos provenientes das unidades de saúde. Foi recuperada a área do “lixão”, com a implantação de um sistema de drenagem dos gases produzidos, compactação do monte de lixo e sua cobertura com vegetação fixadora nos taludes de 41 m de altura.

Assim, a implantação dos aterros sanitários, com vida útil prevista para vinte anos cada, bem como das usinas de reciclagem e incineração, modernizaram o sistema de limpeza urbana da Área Metropolitana de Fortaleza, constituindo solução adequada à questão da destinação final dos resíduos sólidos.

Subprograma de Sistemas Complementares

Este subprograma atuou por meio de três vertentes distintas que complementaram, apoiaram e integraram todas as obras do programa:

Relocação de Famílias : A relocação de famílias, por meio de indenização ou de reassentamento e com a desapropriação das áreas, fez-se necessária para viabilizar as intervenções do Programa, na execução das obras de esgotamento sanitário, drenagem e limpeza urbanas. As intervenções se concentraram nas margens das lagoas, córregos e rios beneficiados, sujeitas a inundações periódicas, principalmente nos períodos de chuvas.

Fortalecimento Institucional e Educação Ambiental: As ações de Fortalecimento Institucional reforçaram as estruturas técnicas e operacionais das instituições públicas estaduais e municipais envolvidas diretamente com as ações de operação e manutenção dos equipamentos urbanos instalados pelo Programa. As ações de Educação Ambiental e Sanitária executadas tentaram influenciar diretamente na mudança dos hábitos da população, contribuir para a preservação e a manutenção dos sistemas instalados e na disposição adequada do lixo, tendo em vista a preservação da saúde e do ambiente em geral.

Hidrometração: As obras de hidrometração tiveram como objetivo principal combater o desperdício e ampliar as possibilidades de atendimento à população de Fortaleza, elevando o percentual de instalação de hidrômetros de 32,4% para 86,3%.


Postal de 1991

* O monumento Interceptor Oceânico é popularmente conhecido como "chifre do prefeito" ou ainda "chifre do governador" rsrs 
Se bem que eu tenho a impressão que isso seja um canudo¬¬



Fontes: Cagece, Tempos Verdes em Fortaleza:
 Experiências do Movimento Ambientalista (1976-1992)
 Patricia Carvalho Nottingham

terça-feira, 17 de maio de 2011

Praça Gustavo Barroso - A Praça do Liceu

A Praça Fernandes Vieira foi inaugurada em 07 de março de 1940, após remodelação e ajardinamento.

A então Praça Fernandes Vieira. Foto em direção ao norte, estas duas casas deram lugar a um bloco de apartamentos. A rua à esquerda é a Avenida Filomeno Gomes. Hoje é a  Praça Gustavo Barroso. O ano dessa foto é entre 1940 e 1943 - Arquivo Nirez

Um vento carregado de mar assobia entre as construções. Corta o calor do meio dia, levantando as folhas deitadas ao chão e também as saias das meninas. Os pássaros cantam enquanto os alunos gritam festejando o fim das aulas. De um canto, pouco mais à margem, vem um cheiro bom de comida feita na rua. Os carros passam, as motos buzinam e os ônibus tomam a frente de todos. O som agudo de uma sirene irrompe no espaço e identificamos o que lhe é particular. Vem do quartel do Corpo de Bombeiros.
Logo, veículos saem rapidamente e enfim reconhecemos a personalidade da praça.




Estátua de Gustavo Barroso - Livro Geografia Estética de Fortaleza de Raimundo Girão

Em 1945, o Liceu do Ceará teve sua administração transferida para as proximidades da então Praça Fernandes Vieira. Ainda que, com o passar do tempo, tenha havido mudança de nome para Praça Gustavo Barroso, sela-se a “vox populi”. Não importando qual o nome – aliás, quem sabe o verdadeiro nome da praça? - todos a conhecem somente como a "Pracinha do Liceu".


Antiga Praça Fernandes Vieira

Próxima ao Centro de Fortaleza, a pracinha do Liceu foi, e ainda é, ponto de encontro de pessoas das mais variadas classes sociais. No passado, recebera em seus bancos alunos do Liceu, hoje personalidades ilustres. Ainda continua a receber os alunos do colégio, mas muitos com perspectivas de um futuro não tão ilustre. 

Aprendizes de marinheiros vindos de todos os locais do país, moradores das redondezas, transeuntes, trabalhadores, idosos e pessoas que simplesmente gostam da praça. Enfim, todos os tipos e estereótipos, passam, sentam, encontram-se, fazem sua história nas calçadas da praça.

Foto do dia 31 de agosto de 1962 - Inauguração do monumento à Gustavo Barroso com as presenças de Luis Sucupira, Raimundo Girão, Albano Amora e Mozart Soriano Aderaldo - Arquivo Nirez

Em 1965, os restos mortais de Gustavo Barroso foram depositados aos pés da estátua, em cumprimento ao desejo do próprio homenageado. Agradecimento: Isabel Pires

Pela manhã, colorem suas calçadas os que começam a preparar as barracas para mais um dia de labor, os esportistas amadores, o jardineiro e os vizinhos do largo. Mais ou menos às 11:30 h, o toque avisa o término da aula. Os estudantes saem em multidão, rapidamente a praça fica tomada pelos que preferem ficar mais um pouco para bater um papo. Os bancos de concreto são ocupados por casais de namorados, os alunos reúnem-se à mesa de
pingue-pongue para o jogo. Para os que querem matar a fome, opção é o que não falta. Há duas barracas na praça servindo lanches, refeições e todos os tipos de petiscos.

A barraca do Silvestre*, localizada quase ao centro da praça e bem de fronte à saída do colégio, é a mais popular. São 25 anos enchendo o paladar de visitantes, famílias e dos trabalhadores das redondezas. O proprietário, Silvestre Neto de Oliveira Mota de 55 anos, é o caixa e afirma: “A praça é tranquila. Nunca fui assaltado. Dificilmente aparece algum menino se queixando de roubo de celular.”
A concentração da praça se volta para a barraca do Silvestre. Ninguém se preocupa com a vestimenta. O que mais chama à atenção são as opções de pratos. As mesas brancas dão lugar aos que saem da fila de pagamento. Os mais despojados estão de boné, sandália rasteira e, quase sempre, ficam sem camisa. Já outros, que trabalham por perto, usam uniformes. Cada um escolhe onde quer ficar.
Um casal maranhense almoça, tranquilo. E, em meio a tanta conversa, não percebe quem está mais interessado na comida: o cãozinho do casal. 

A companhia mais inesperada vem do céu. São os pombos que se alimentam de todas as migalhas que caem ao chão.



As árvores e as plantas, que embelezam os canteiros, recebem cuidados especiais.O responsável por manter o verde da praça é o jardineiro Francisco Monteiro da Silva de 37 anos. Sozinho, ele cuida das plantas e está atento a todo movimento da praça “Sempre some alguma placa. Já roubaram a placa da estátua do Gustavo Barroso e, recentemente, sumiu a placa que informava a última reforma da praça na gestão da prefeita Luizianne Lins, comenta o jardineiro, chamando a atenção para o descaso do policiamento durante o dia. Vestindo um uniforme verde, com a esperança de um dia o descaso acabar, o jardineiro molha a terra e ao mesmo tempo conversa com um menino descalço que se aproxima. Ele não se importa em dar atenção à curiosidade do garoto. A água é espalhada pelos canteiros dando vida às plantas. O dia ensolarado também ajuda o trabalho de Francisco. Quando se sente cansado, senta em um dos bancos, acomoda -se, tira um cigarro do bolso e passa a fumar pensativo. Vira a cabeça de um lado para o outro. Nada o tira a concentração, pois os 10 minutos servem para pensar na vida e contemplar a beleza da praça.


11 de agosto de 1944 - Inauguração do busto do Padre Antônio Tomás na Praça do Liceu

O nome que batiza a praça é em homenagem ao ex liceísta Gustavo Barroso. Advogado, professor, político, contista, folclorista, cronista, ensaísta e romancista, nasceu em Fortaleza, em 29 de dezembro de 1888, e faleceu no Rio de Janeiro, em 3 de dezembro de 1959. Em 8 de março de 1923, foi eleito para a Cadeira n.º 19 da Academia Brasileira de Letras, na sucessão de Silvério Gomes Pimenta.
Foi redator do Jornal do Ceará (1908-1909) e do Jornal do Comércio (1911-1913); professor da Escola de Menoresda Polícia do Distrito Federal (1910-1912); secretário da Superintendência da Defesa da Borracha, no Rio de Janeiro (1913); secretário do Interior e da Justiça do Ceará (1914); diretor da revista Fon-Fon (a partir de 1916); deputado federal pelo Ceará (1915 a 1918); secretário da Delegação Brasileira à Conferência da Paz de Venezuela (1918-1919); inspetor escolar do Distrito Federal (1919 a 1922); diretor do Museu Histórico Nacional (a partir de 1922); secretário geral da Junta de Jurisconsultos Americanos (1927); representou o Brasil em várias missões diplomáticas, entre as quais a Comissão Internacional de Monumentos Históricos (criada pela Liga das Nações) e a Exposição Comemorativa do Centenário de Portugal (1940-1941). Em honra à sua memória, ao centro da praça, ergue-se sua estátua que, a mercê do vandalismo e do descaso das autoridades, jaz pichada e sem a placa que lhe identificava.

As instalações do Corpo de Bombeiros, ao lado da praça, comemoraram 76 anos no dia 7 de setembro de 2010. As dependências do prédio vermelho, já serviram e ainda servem, eventualmente, de prisão. Pela livre expressão, a escritora Rachel de Queiroz foi mantida presa na época da ditadura. O preso mais recente é o juiz Pedro Percy que matou um vigilante na cidade de Sobral.



Foto de Chico Monteiro

A frase, “Corpo de Bombeiros Militar – Liceu do Ceará. Somos fortes porque somos unidos”, está pintada na lateral do colégio, em frente ao quartel dos Bombeiros, para lembrar o comando do coronel Leonel Pereira de Alencar Neto - 1995 a 2000. Os 5 anos foram marcados por uma parceria entre o Corpo de Bombeiros e o Liceu do Cearáquando foram ministradas palestras, a pintura das dependências do colégio e a poda das árvores. Com a mudança de comando, a ajuda ficou restrita ao socorro em caso de emergência, ressalta o cabo Sena, de 33 anos.

A vida desbrava na praça. Se durante o dia é parada certa para os que passam em seus arredores, à noite é reduto de uma alegria e lazer insondáveis. De tantas reformas sofridas, a última trouxe de volta o brilho das lâmpadas de néon e o calor de famílias, amigos e namorados que aproveitam o cair da noite para se deliciar com uma agradável brisa sob as estrelas.



Foto do livro Fortaleza Somos nós - 1994

As crianças correm, brincam, andam de bicicleta, jogam bola, ressuscitam os velhos pega-pega e esconde-esconde, mas gostam mesmo é do pula-pula e da cama-elástica. De quinta a sábado, das 17:00 às 23:00, Carlos Henrique faz a festa da criançada. Dono dos brinquedos, ele já está há seis anos na praça e gosta muito de ver a molecada pulando e dando cambalhota.

Bruno Azevedo, 21 anos, filho do vizinho Piauí, formando da Escola de Aprendizes de Marinheiros, vê na praça um ponto de encontro com os amigos. A diversão é garantida nas quadras, onde participa das boas e velhas peladas. “Também é bom usar os equipamentos de ginástica. A gente sai da escola e vem se exercitar aqui. Rola um clima de descontração e uma paquera com as meninas que vêm e vão”, afirma o jovem marinheiro, que está de partida para o Rio de Janeiro, após onze meses em Fortaleza, mas promete voltar. “A cidade é muito boa. Gente bem humorada, brincalhona. Vou voltar sempre que puder!”

A barraca do Silvestre também abre para a vida noturna. Agora, porém, a clientela tem outras exigências. Longe da pressa do dia, as pessoas que vêm à praça querem sentar, conversar, tomar uma bebida e relaxar. Mas a concorrência não dá mole. Barracas de caipirinha espalham-se pela praça e conquistam um público fiel, com o bom papo e a simpatia de quem está por trás do balcão.

Mas ir à pracinha do Liceu e não tomar um caldo de cana com salgado, é como ir à Roma e não ver o Papa! Há dez anos, com um preço sempre convidativo, Aki Lanches faz história.
A lanchonete está bem em frente à praça, especializada em caldo de cana geladinho e feito na hora. Às vezes, a quantidade de clientes é bem maior do que os dois únicos atendentes podem dar conta. “Tem horas que o negócio aqui é estressante. Só tem dois pra atender, receber o dinheiro e fazer o caldo. Quando está muito cheio a gente tem que ficar ligado, pois o pessoal pode ‘vazar’ sem pagar”explica Luís, irmão de Farias, o dono da lanchonete.




“Em geral, aqui fica cheio entre seis e oito da noite. É muita gente mesmo! Nós pedimos o dinheiro adiantado para evitar os engraçadinhos, mas sempre tem um esperto que ‘passa a perna’. O preço de R$ 0,50 por um copo de caldo e um salgado chama muita gente. Principalmente o pessoal de baixa renda”.
Entre salgados, copos, a moedeira e os pedaços de cana, uma mochila pendurada bem ao centro da lanchonete chama a atenção. Com o logotipo da Marinha bordado, a mochila é produto da confecção que lá funciona. “A gente faz todo tipo de fardamentos e acessórios. Mas o que dá dinheiro mesmo é o lanche”, afirma Luís.

A bela vista da praça é complementada pelas construções que a rodeiam. Casarões antigos, com arquitetura colonial, propriedades do patrimônio histórico de Fortaleza, lembram-nos de que no passado, o bairro fora o reduto das elites.

Seja pelas pernas das meninas que desfilam de minissaia, pelos corpos malhados dos jovens que jogam bola, pelas crianças que vem e vão, pelas pessoas que se sentam para colocar a fofoca em dia, a Pracinha do Liceu transborda em vida. O preconceito de que é um reduto de marginais cai quando pisamos em sua calçada. Todos os tipos de pessoas vão à praça, mas sempre com saudáveis objetivos: descontrair-se, relaxar e admirar a beleza que a praça esbanja. De dia ou de noite, aqui se respira vida.


Islene Moraes


* Silvestre não trabalha mais na praça! :/




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