Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
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sábado, 21 de janeiro de 2012

Palácio Plácido de Carvalho - Uma prova de amor!


Foto de 1964 do Livro 'O Centro Histórico De Fortaleza' - 2002
de Maurício Cals

Rico e de gosto requintado, Plácido de Carvalho fez construir o que se pode classificar como uma das mais monumentais obras arquitetônicas da época no Brasil – o “Palácio do Plácido”, na Aldeota, antigo Outeiro. Foi um presente do rico comerciante à sua amada Pierina, uma italiana de Milão.
A majestosa construção, cópia de um Palácio Veneziano, que o Sr. Plácido de Carvalho havia mandado construir para a bela Pierina, ficava na Avenida Santos Dumont e possuía pequenos chalés para servirem de moradia dos serviçais do castelo. Nos anos 60 o castelo foi vendido.




O comerciante Plácido de Carvalho, teve forte atuação no cenário empresarial de Fortaleza, nas duas primeiras décadas do Século XX, até a primeira metade dos anos trinta. Registrou seu reconhecido bom gosto em vários prédios que construiu, destacando-se, entre outros, o famoso Palácio do Plácido erigido para homenagear Maria Pierina Rossi; o Cine-Theatro Majestic Palace, o Cinema Moderno e o imponente Excelsior Hotel. Dos quatro monumentos arquitetônicos só resta o Excelsior. O Majestic foi totalmente devorado por um incêndio.


Zaira em frente a escadaria da entrada principal do castelo. Arquivo Nirez

Plácido e Zaira. Arquivo Nirez

A italiana Pierina. Arquivo Nirez

Um Palácio para a amada

No início do século XX, Plácido de Carvalho era um bem sucedido comerciante e industrial em Fortaleza, isso nas duas primeiras décadas do século até a metade da década de trinta.
Em 1916, viajando pela Europa veio a conhecer em Paris, Maria Pierina Rossi, uma italiana de Milão, que apesar de apaixonada recusava-se a vir morar no Brasil. Ele porém, também muito apaixonado, prometeu construir para ela em Fortaleza, uma cópia de um belo palácio que ambos viram em Veneza. Com a promessa, ela concordou, chegando a Fortaleza no ano seguinte.


Foto aérea do Castelo na década de 60. A. Capibaribe Neto

Logo começaram os preparativos para a obra.
Para construção o bairro escolhido foi o Outeiro, já conhecido como Aldeota. Quanto ao construtor, há dúvidas, muitos apontam o feito ao irmão de Pierina, Natali Rossi, este sim foi o arquiteto do Excelsior Hotel. Mas o Palácio do Plácido foi certamente obra do Sr. João Sabóia Barbosa, artista plástico e excelente engenheiro eletricista diplomado em Liverpool, Inglaterra.


Foto aérea do Castelo na década de 60- Esquina da Av. Santos Dumont com Monsenhor Bruno

O palácio foi erguido entre as ruas Carlos Vasconcelos e Monsenhor Bruno, tendo como cruzamento das duas a Av. Santos Dumont. Foram usados mármores e vitrais importados, bem como raras madeiras brasileiras. Exibindo estilo rico e eclético, a decoração encantava e chamava atenção. Era cercado de jardins com roseiras e plantas nativas, e possuía duas bem trabalhadas fontes.


Depois de dois anos de meticulosos esforços a obra finalmente foi inaugurada em 1921.
Em torno do Palácio do Plácido como passou a chamar-se ou para os mais excêntricos Palacete Plácido de Carvalho, foram construídos pequenos chalés, a servirem de moradia aos serviçais da imponente construção.
 


Após a morte do esposo, em 03 de junho de 1935, Pierina, que já morava desde 1933 no Excelsior Hotel, casou-se com o arquiteto húngaro Emílio Hinko, amigo de Plácido, que a pedido dela desenhou e construiu em 1938, em torno do palácio seis palacetes, para que servissem de aluguel. Todos ainda existentes.
O palácio então foi alugado, e lá passou a funcionar o Serviço de Malária, departamento federal que equivale a Sucam.




Em 1957, morre Maria Pierina, e na década seguinte, Zaíra, filha e única herdeira, vende o palácio a um grupo comercial local, que no início dos anos 70 faz a demolição do mesmo para a construção de um supermercado, no entanto o terreno ficou abandonado. Em decorrência de dívidas para com o Poder Público, fez-se a quitação da mesma passando o terreno para o Governo do Estado que lá construiu e hoje está o Centro de Artesanato Luíza Távora.
Quanto ao Palácio do Plácido, este ficou no passado, num velho postal e em gasta e antigas fotos, também na lembrança dos que um dia o viram ou nele entraram, contemplando a beleza de sua torre, de suas janelas e belas escadas a quase dobrar-se, dos seus jardins e suas fontes. Um pedaço do passado agora transferido para livros ou fotos raras. A cumprida promessa de um homem apaixonado que o tempo impiedosamente levou. 


Foto de Nelson Bezerra da Exposição Viva Fortaleza

Foto de Nelson Bezerra da Exposição Viva Fortaleza

Foto de Nelson Bezerra da Exposição Viva Fortaleza

Plácido Barbosa de Carvalho

Plácido Barbosa de Carvalho, nascido, a 17/01/1873, em Canindé, era filho de Bernardino Plácido de Carvalho e de Alexandrina Barbosa Cordeiro de Carvalho. 
Durante a primeira Guerra Mundial, Plácido de Carvalho se casa, em Paris, com Maria Pierina Rossi, nascida em Milão (Itália), em 11/01/1889. Dessa união, não nasceriam descendentes.

O Palácio por dentro


Com a chegada de Pierina, ao Ceará, em 1917, o casal passou a residir na Rua Princesa Isabel. Somente em 1920, com a conclusão da construção do “Palacete Plácido de Carvalho”, é que se mudaram para o Outeiro. 


Foto de 1971 pouco antes de ser demolido

Após a demolição do Castelo - Arquivo Nirez 

Década de 40, na época o castelo estava ocupado pelo Serviço Nacional de Febre Amarela. Acervo Henrique Abreu

luminária da escada do Castelo do Plácido, em 1972. Foto: Nelson Bezerra

Registro da fachada nascente do Castelo em 1972 - Nelson Bezerra

Porão do Palácio em 1972 - Nelson Bezerra



Leia mais sobre Plácido de Carvalho AQUI
Inclusive detalhes do seu testamento.
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Fontes: O Povo (Artigo de Bérgson Frota) e  Plácido de Carvalho e Luiz Severiano Ribeiro: “Uma dupla de cinema” de Carlos Negreiros Viana

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cine Majestic Palace



O Cine Majestic em 1918- Acervo de Roberta Freitas

Em 14 de julho de 1917 inaugura-se o Cine Theatro Majestic Palace, o mais luxuoso salão da época, construído pelo capitalista Plácido de Carvalho em imponente prédio, com a destinação para um futuro cinema a ser explorado pela firma Ribeiro & Cia., uma associação de Luiz Severiano Ribeiro com o capitalista Alfredo Salgado. É o terceiro cinema, após o Polytheama e o Riche, da Empresa Ribeiro. O palco foi inaugurado, a 14 de julho, com o histórico espetáculo da transformista italiana Fátima Miris, que marcou uma época na cidade. 

Fátima Miris - Foto do livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez

A transformista Fátima Miris - Acervo Marymiley


A tela teve sua inauguração no dia 27 de julho, com o filme italiano " L'Amica " (Amica; 1916, 1.212 metros, Cines, de Roma, diretor Enrico Guazzoni, com Leda Gys, Amleto Novelli, Augusto Mastripieri, Nella Montagna e Augusto Porrioli). Foi aparelhado para cinema sonoro, pelo sistema Vitaphone, a 28 de abril de 1932, e lançou o Movietone, a 3 de maio de 1932. 


Cine Majestic em 1939 - Acervo de Roberta Freitas

As cadeiras do belo cinema vieram da Áustria


Um dos mais queridos cinemas da história da cidade foi vítima de dois incêndios: o primeiro, a 4 de abril de 1955, destruiu o edifício Majestic Palace, na Praça do Ferreira, sob o qual existia o amplo hall e sala de espera do cinema. O Cinema sobreviveu e passou a ter entrada pelos fundos (rua Barão do Rio Branco), até que o segundo incêndio, iniciado às 2 horas da madrugada do dia 1º de janeiro de1968, destruiu por completo o belíssimo salão cinematográfico. 


Este incêndio destruiu completamente o Edifício Majestic e as Lojas Brasileiras na Praça do Ferreira em 1955 Arquivo Aba Film

Arquivo Nirez

 
Incêndio do Majestic em 04/04/1955. Em 1966 outro incêndio coloca um ponto final no cine Majestic.


Arquivo Aba Filma

Anos 50, após o incêndio do prédio do Majestic

Matéria publicada no Jornal O Povo em 06 de abril de 1955

Foto do  Jornal O Povo de 06 de abril de 1955

Foto do  Jornal O Povo de 06 de abril de 1955

Fatos Históricos


Gravura da Praça do Ferreira com o Cine Majestic 

  •  14 de julho de 1917 - Marca a inauguração do Cine Teatro Majestic Palace (Cine Majestic), sendo o dia 14, do palco, com a apresentação da transformista italiana Fátima Miris e dia 20 do cinema, com a película "L`Amica". Cinema e teatro construído pelo comerciante Plácido de Carvalho na segunda década do Século XX. O cinema sonoro só chegou no Majestic no dia 23/04/1932, com o filme Anjos do InfernoNo dia 04/04/1955 irrompe um incêndio no edifício Majestic fechando provisoriamente o cinema, que passou a ter sua entrada pela Rua Barão do Rio Branco. Em 01/01/1968 outro incêndio fecha o Cine Majestic, desta vez para sempre, pois destruiu a sala de projeção. O Cine Majestic tinha uma sala de projeção que também era um teatro, toda em ferro como o Teatro José de AlencarTinha 650 cadeiras no térreo, nos dois andares onde ficavam os camarotes e na geral. No local do Edifício Majestic foi levantado o Edifício Lobrás.

 
Início do século XX, Praça do Ferreira, com o imponente prédio do Cine Majestic - Arquivo O Povo

  •  04 de dezembro de 1924 - Continua a exibir-se no Majestic o aplaudido ‘Trio Marta Govinden’, de que fazem parte o cançonetista Henrique Reis e o artista Márcio Reis, premiado nos Estados Unidos como perfeito imitador de Charles Chaplin (Carlito).

 
Foto de 1934

  •  10 de maio de 1924 - Apresenta-se em Fortaleza, no palco do Cine Teatro Majestic, o grupo Os Carolinos, formado pelos atores Sílvio Lage, Ada Egas e Rosita, a Portuguesa. Apresentaram burletas, canções e duetos sertanejos. 


O Majestic nos anos 20 ou 30- Arquivo Diário do Nordeste

  •  23 de fevereiro de 1926 - Estréiam, no Cine Teatro Majestic, os cançonetistas Os Geraldos, formado por Geraldo Magalhães e Nina TeixeiraGravaram muitos discos na famosa Casa Edson, de Fred Figner.


Postal  de 1917 - Detalhe para o Majestic

  •  18 de agosto de 1928 - No palco do ‘Majestic’ o boxeur Pantera Negra (José Cândido da Silva) vence o profissional português Tavares Crespo.


Raro postal de 1920

  •  28 de maio de 1932 - Começam no ‘Majestic’ as ‘Sessões das Moças’, que se realizarão sempre às 15 horas e 30 minutos dos sábados e ao preço de 1$600 o ingresso.




  •  10 de novembro de 1932 - O ‘Cine Majestic’ institui as ‘‘sessões passa-tempo", das 12 horas e 10 minutos às 12 e 45, especialmente destinadas aos comerciários, que agora dispõem de duas horas para o almoço.

 
Bondinho próximo ao Majestic

  •  02 de janeiro de 1933 - Transita por Fortaleza o ator, compositor e cantor brasileiro morando em Hollywood, Raul Roulien, sendo realizado um festival em sua homenagem no Cine-Teatro Majestic.

 


 
Prédio do Cine Majestic na rua Major Facundo. Foto de 1918 - Arquivo Nirez

  •  02 de abril de 1936 - No palco do ‘Majestic’, em Fortaleza, luta de jiu-jitsu entre o cearense Rosalvo Prata e o carioca Ricardo Nibon.O juiz deu a peleja como empatada.

Foto da década de 30

  •  05 de outubro de 1937 - Em Fortaleza a cantora Sílvia Melo (Silvinha Melo), exclusiva dos discos RCA Victor, que se apresenta no palco do Cine-Teatro Majestic, acompanhada pela pianista cearense Carmen CarvalhedoApresentou-se também ao microfone da Ceará Rádio Clube - PRE-9.

 
Arquivo Memória do Cinema

  •  04 de abril de 1955 - Irrompe grande incêndio na Praça do Ferreira, no tradicional Edifício do Cine Majestic, da Empresa Luís Severiano Ribeiro, atingindo também as Lojas Brasileiras de Preços Limitados, $4.400, que ficava no nº 560. O cinema tinha entrada pela Barão do Rio Branco nº 1067/71. A ação dos bombeiros foi decisiva para isolamento dos prédios vizinhos.

 

  •  31 de dezembro de 1967 - Incêndio no Cine Majestic, da Empresa Luís Severiano Ribeiro, na Rua Barão do Rio Branco nº1071, desta feita no salão de projeção, aniquilando de uma vez com o tradicional cinema, fundado em 14/07/1917. O Corpo de Bombeiros não conseguiu chegar a tempo de salvar a sala de projeção.

 Curiosidades:

  • Um dos mais queridos cinemas da história da cidade foi vítima de dois incêndios: o primeiro, a 4 de abril de 1955, destruiu o edifício Majestic-Palace, na Praça do Ferreira, sob o qual existia o amplo hall e sala de espera do cinema. O Cinema sobreviveu e passou a ter entrada pelos fundos (rua Barão do Rio Branco), até que o segundo incêndio, iniciado às 2 horas da madrugada do dia 1º de janeiro de1968, destruiu por completo o belíssimo salão cinematográfico.

  • O compositor Humberto Teixeira aos 13 anos, depois de ter editado sua composição Miss Hermengarda, tocava flauta na orquestra que musicava os filmes mudos no Cine Majestic .


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Fontes: Memoria do cinema, Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez, Revista do Instituto do Ceará (Histórico, Geográfico e Antropológico) - 1954 


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