Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : café
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



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quarta-feira, 22 de junho de 2011

Waltério Alves Cavalcanti - Indústria alimentícia Wal-Can S/A


No relato emocionado do filho do empresário Waltério Cavalcanti , ele dizia:


 " O papai transformava tudo em ouro, era uma cabeça pensante,um homem de vários negócios,indiscutivel. Nos momentos de decidir para que rumo tomar,ele era decididamente unilateral, pensamentos agudos e rápidos.Tornou-se bem jovem, um promissor homem de negócio em nossa capital. Ele era um homem além de seu tempo.

Waltério Cavalcanti Filho

"Fui criança, cheguei a ter contentamentos. Tudo para mim parecia risos, alegria, felicidade. Porem ao chegar a minha idade de 11 anos , começou os primeiros passos de lutas contra o destino ,ele bateu a minha porta. Meu pai tinha naquela época seus 40 anos e que da mesma maneira bateu para ele o mesmo destino, foi rebaixado de categoria no seu emprego público e com isso veio os problemas financeiros e tirou o conforto humilde de nosso lar, ele não se conformou com o destino , para aliviar suas decepções procurou o alcool o qual não resolveu, findou seus sofrimentos aos 53 anos, e assim se foram 13 anos de amarguras. Naquela época eu estava com meus 11 anos e procurei emprego para conseguir algumas migalhas para amenisar os sofrimentos de minha mãe a qual agasalhava-se ao redor de seus 8 filhos.Ela esperava em resignação um dia melhor, mas isto custou muito tempo.


Aos 18 anos, consegui ser um mini comerciante, e aos 22 anos já tinha alguma coisa,ou seja uns trocados.Neste período meu pai veio à falecer,mas como já tinha algum
recurso, fiz o seu enterro com dignidade e com classe,fiquei cuidando de minha mãe, e meus irmãos que ainda lhe rodeavam. Pude acompanhar os estudos de meus irmãos até depois de formados. Tudo estava a contento e aos 35 anos jé era casado com minha Maliza e tinha uma prole de 6 filhos. Maria do Carmo cavalcanti,José Waldo cavalcanti,Maria Claudia cavalcanti, Maria Irene cavalcanti,Wilson cavalcanti,Maria valéria cavalcanti e logo depois o caçula Henrique Nelson Cavalcanti; Nesta altura de luta surge me um fracaço nos négocios,época da Guerra(1947). O pós-guerra trouxe tempos difíceis e, em 1948 ,Este era o tempo da “euforia” do café, provocada pelos altos preços pós-guerra, no mercado internacional.


Mas no ano de 1948 a coisa mudou, em 1950 já possuia carros do ano, consegui prédio para o meu negócio e em mais alguns anos consegui residência própria, transformei os meus comércios em industrias. Fiz patrimônio construindo a fábrica ampliando os negócios, a esta altura já me pesava nos ombros os meus 60 anos e me sentia realizado, procurei colocar na época filhos(as) e genros para darem sequência ao império que eu tinha conseguido. Agradeço sempre a Deus por tudo que conquistamos e vivemos, mesmos diante de desentendimentos ocorridos na época que me abalaram muito. Peço a ele que dê aos meus filhos a mesma coragem que fui possuidor, para que possam crescer em paz, pois com Deus tudo é possível."     
Waltério Alves cavalcanti


Embora não seja fácil encontrar uma classificação para as diferentes atividades relacionadas aos investimentos realizados naquela época por Waltério cavalcanti, o passo principal e decisivo foi a industrialização em grande escala de sua atividade relacionada com os alimentos. 


Assim surgia a Indústria alimentícia Wal-Can S/A e a história do café começou com a atividade industrial e a sua comercialização, por exemplo através de supermercados e sua frota de entrega de alimentos. (Veja Fotos)  A expansão dos negócios da industria,  a distribuição de produtos exclusivos no mercado cearense com a fabricação de produtos próprios, como café, colorífico, macarrão entre outros, e ainda o empacota grãos, foi formalizada e constituida pela presença de famíliares, pessoas públicas, políticos, amigos e clientes.

   Galpão central para exposição de produtos

 Saudação em agradecimentos aos presentes no evento

 Exposição do  Novo Macarrão Wal-Can


Filhos e amigos 

Sr.Waltério Cavalcanti e Sra. Maria Luiza (Maliza)


Fatos históricos

  • 02 de Maio de 1966 - Iniciada a demolição do Abrigo Central, na Praça do Ferreira, que diziam estar ameaçado de ruir.
    A
    Comércio e Indústria Brasileira de Engenharia Ltda - Cebel, firma vencedora da coleta de preços para execução da obra, usou até dinamite na demolição.
    Os jornais noticiaram com euforia a derrubada do "
    monstrengo", hoje escrevem-se matérias saudosistas a respeito do mesmo.
    No Abrigo Central existiam as paradas de ônibus, as reuniões profissionais discussão de classes, comentários em torno de esportes, política, música, enfim, todos os assuntos.
    Nos boxes funcionavam cafés como o
    Café Hawaí, Café Presidente e o Café Wal-Can, casas de merendas como a do famoso "Pedão" da bananada, livrarias como a do Alaor, vendas de selos de consumo, armarinhos, casas de vender discos como a "Discolândia", além dos boxes portáteis como a banca do Bondinho, do Holien, do Raimundo - este vendia diversas coisas, entre elas discos de Segunda mão e onde parte dos acervos discográficos do Arquivo Nirez e dos pesquisadores Christiano Câmara e Aldo Santiago de Freitas foram adquiridos.

  • 28 de Março de 1988  - As Indústrias Alimentícias Wal-Can S. A., vendem o prédio de sua fábrica, na Rua Capitão Gustavo nº 3552, São João do Tauape, em frente à praça do mercado, à Igreja Evangélica Assembléia de Deus Betesda - Ceará, que para ali muda-se no mesmo ano.*

  • 21 de Julho de 1988 - Falece em Fortaleza Waltério Alves Cavalcante, proprietário das indústrias Wal-Can, iniciada com um café expresso na esquina da Rua Floriano Peixoto nº 703 com Travessa São Francisco (hoje Rua Perboyre e Silva) nº 30.
Gif de chá e café   Gif de chá e café   Gif de chá e café
Gif de chá e café*Segundo Waltério Cavalcanti Filho, isso é uma grande inverdade, uma grande mentira! Segue o comentário:

[foto.JPG]"O PASTOR PRESIDENTE DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS BETESDA, RICARDO RODRIGUES GONDIM, JUNTO COM ALGUNS SÓCIO DAS INDUSTRIAS ALIMENTÍCIAS WAL-CAN S/A, SE REUNIRAM COM ADVOGADOS E FORJARAM UMA ATA DE ASSEMBLÉIA E DECIDIRAM ENTRES ELES EFETIVAR A VENDA DO PRÉDIO DAS INDUSTRIAS ALIMENTÍCIAS WAL-CAN S/A, QUE JÁ SE ENCONTRAVA SUB-JUDICE NO TJ-CE (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO CEARÁ),COM NOMEAÇÃO DE LIQUIDANTE DAS INDUSTRIAS NOMEADO JUDICIALMENTE QUE EFETIVOU RELATÓRIO AO JUIZO E QUANDO ENCONTROU O PEDIDO DE DIREITO DE PREFERÊNCIA, REQUISITADO POR WALTÉRIO CAVALCANTI FILHO, NO BOJO DOS AUTOS, PROFERIU O SEGUINTE PARECER. SE O ACIONISTA DE NOME WALTERIO CAVALCANTI FILHO, AINDA TINHA INTERESSE EM ADQUIRIR O PATRIMÔNIO DAS INDUSTRIAS ALIMENTÍCIAS WAL-CAN S/A, NAS SEGUINTES CONDIÇÕES, SE EU WALTERIO FICARIA COM TODAS AS DIVIDAS DA EMPRESA. EU WALTERIO CAVALCANTI FILHO, CONCORDEI COM AS CONDIÇÕES DO LIQUIDANTE, E SOLICITEI AO EXMO JUIZ DE DIREITO DA ÉPOCA PARA EXPEDIR GUIA DE DEPÓSITO JUDICIAL PARA QUE FOSSE POSSÍVEL SE CONCRETIZAR A VENDA, FOI ABERTO GUIA DE DEPÓSITO, O TJ-CE, LEVANTOU MEU DINHEIRO DO BANCO, E EU SOFRI POR LONGOS 28 (VINTE E OITO ANOS), LUTANDO NA JUSTIÇA PARA QUE ME ENTRGAR O QUE EU VALTERIO CAVALCANTI FILHO TERIA ADQUIRIDO EM COMPRA JUDICIAL PERANTE AO TJ-CE. DEPOIS DE TODOS ESSES ANOS, JÁ COM SETENÇA TRANSITO EM JULGADO, PELO TJ-CE, STJ, E STF DESDE 12 DE AGOSTO DE 2002,CONDENANDO OS RÉUS AO PAGAMENTO DAS PERDAS E DANOS A SEREM APURADOS EM LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA E INVERTENDO-SE O ÔNUS DA SUCUMBÊNCIA EM 15% PARA PAGAMENTO AO CREDOR VALTERIO CAVALCANTI FILHO. ESTE É O FIM DO PROCESSO. HOJE AGRADEÇO A TJ-CE , STJ E STF E TAMBÉM A TODOS QUE PARTICIPARAM NESTE PROCESSO EM MEU FAVOR PARA QUE CHEGASSE AO FIM ESTA DEMANDA, OBRIGADO A TODOS. FORTALEZA, 05 DE JUNHO DE 2011."


Ele continua...

"O PASTOR RICARDO RODRIGUES GONDIM PRESIDENTE DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLÉIA DE DEUS BETESDA, FOI CONDENADO POR SENTENÇA TRANSITADO EM JULGADO DEFINITIVAMENTE PELO TJ-CE,STJ E STF A PAGAR AO PROPRIETÁRIO DAS INDUSTRIAS ALIMENTICIAS WAL-CAN S/A, EM FORTALEZA-CE, VALTERIO CAVALCANTI FILHO PELO ATO ILICITO QUE FORJOU JUNTO COM ALGUNS SÓCIOS DA EMPRESA ACIMA CITADA E ADVOGADOS, QUE SEM NENHUM ESCRUPULO FALSIFICARAM UMA ASSEMBLEIA GERAL COM A FINALIDADE DE EFETIVAR VENDA DOS IMÓVEIS DAS INDUSTRIAS ALIMENTÍCIAS WAL-CAN S/A, EM FAVOR DA IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS BETESDA,E EM DETRIMENTO DE MINHA PESSOA,VALTERIO CAVALCANTI FILHO, ACIONISTA E PROPRIETÁRIO DA EMPRESA ACIMA CITADA, QUE ADQUIRI JUDICIALMENTE O PATRIMÔNIO DA EMPRESA COM O EXERCÍCIO DO DIREITO DE PREFERÊNCIA A MAIS DE 1/4 DE SÉCULO PERANTE AO TJ-CE, PORQUE SOU FILHO,DIRETOR INDUSTRIAL,CONFORME ESTATUTO DA EMPRESA E HERDEIRO DE WALTERIO CAVALCANTI O (PATRIARCA DA FAMÍLIA) .HOJE A IGREJA ASSEMBLEIA DE DEUS BETESDA,ATRAVÉS DE SEU PRESIDENTE: PASTOR RICARDO RODRIGUES GONDIM,QUE SEM NENHUM CARÁTER E PROFANO (CARACTERIZADO POR IRREVERÊNCIA AO QUE É SAGRADO OU ÀQUILO QUE É POR TODOS RESPEITADO) NÃO RELATIVO A RELIGIÃO.E SIM (DEUS), ENCONTRAM-SE CONDENADOS A PAGAR AO CREDOR, COM A DEVOLUÇÃO DOS IMÓVEIS DAS INDUSTRIAS ALIMENTÍCIAS WAL-CAN S/A, E DEPOSITAR EM MEU FAVOR, CREDOR VALTERIO CAVALCANTI FILHO PAGAMENTO DAS PERDAS E DANOS SOFRIDAS POR MINHA PESSOA, POR TODOS ESSES ANOS. A IGREJA E O PASTOR RICARDO RODRIGUES GONDIM, TENTARAM JUNTO COM SEUS ADVOGADOS LUDIBRIAR AOS TRIBUNAIS DE FORTALEZA, TJ-CE AO STJ E STF,COMO SE A JUSTIÇA FOSSE UM JOGO DE ESPERTEZA. MAIS COM APRECIAÇÃO CORRETA DAS AUTORIDADES DOS TRIBUNAIS POR ONDE CORREU ESTE DEMORADO PROCESSO, NÃO TEVE O ÊXITO PRETENDIDO, TERMINANDO CONDENADOS, A IGREJA EVANGÉLICA ASSEMBLEIA DE DEUS BETESDA E O PASTOR PRESIDENTE, RICARDO RODRIGUES GONDIM, AS INDENIZAÇÕES DE PERDAS E DANOS A SEREM APURADAS NA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA E INVERTANDO O ÔNUS DE SUCUMBÊNCIA NO VALOR DE 15% DO VALOR DA CAUSA.
-VALOR DA 1ª PARCELA REFERENTE AO IMÓVEL QUE FOI UTILIZADO POR TODO ESSE ANOS, AVALIADO PELA FAZENDA ESTADUAL DO ESTADO DO CEARÁ FOI DE R$ 28.000.000,00 (VINTE E OITO MILHÕES DE REAIS), EM 16 DE NOVEMBRO DE 2009 ,E QUE DEVERAR SER ACRESCIDOS DE JUROS E CORREÇÃO MONETÁRIA E HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS DETERMINADOS POR SENTENÇA EM 15%.SEGUIDOS DOS VALORES DA 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª E 7ª PARCELAS, QUE TAMBEM COMO DÍVIDAS DEVERAM SER APRESENTADAS EM JUIZO PARA LIQUIDAÇÃO DE SENTENÇA. DESDE LOGO AGRADEÇO AO TJ-CE (TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO CEARÁ). POSTADO POR : VALTERIO CAVALCANTI FILHO. "

Parabéns ao herdeiro que conseguiu reaver seu patrimônio e parabéns ao TJ-Ce por ter feito justiça!

Gif de chá e café  Gif de chá e café  Gif de chá e café


Créditos: Wal-Can In Memória e Portal da história do Ceará


segunda-feira, 20 de junho de 2011

Café Wal-Can - Abrigo Central




Naquele espaço retangular do terreno formado pelas ruas Guilherme Rocha, Pará, Floriano Peixoto e Major Facundo, foi construído o Abrigo Central, iniciativa do então Prefeito Acrísio Moreira da Rocha. Era um local onde se agrupavam políticos, torcedores de futebol e pessoas que ali se dirigiam para apanhar ônibus de vários bairros, e linhas que circulavam a Cidade, pela Empresa São Jorge, com destino a Praça São Sebastião (Mercado) depois Praça Paula Pessoa (Ruas Justiniano de Serpa, Dom Jerônimo) - Farias Brito, cujo local existiu o tradicional Jardim São José, mais conhecido como Jardim Japonês, da família Fujita (João Batista, Nisabro, Edmar, Francisco, Luzia e Maria José) que injustamente sofreram opressões com o "quebra-quebra" no tempo da 2ª Guerra Mundial de 1944.



Com a demolição da quadra da Praça do Ferreira ao lado do prédio da Intendência e demais casas comerciais (entre as ruas Floriano Peixoto e Major Facundo), na gestão do Prefeito Acrísio Moreira da Rocha, foi construído em 1949 - o Abrigo Central, num espaço da metade da quadra, entre a Rua Pará e Guilherme Rocha.


Passeata anunciando o lançamento do ano - O Café Wal-Can



No Abrigo Central, se instalaram vários boxes, tendo o centro, formato de meia lua, onde foram colocadas cadeiras, especialmente para servir de engraxataria; pelo lado direito, havia um boxe para venda de selos mercantis, bilhetes da Loteria Federal, Estadual, estampilhas, os quais eram colocados para aferição pela Secretaria da Fazenda nos livros próprios (mensalmente) e outros selos para requerimentos dirigidos às repartições federais, estaduais e municipais; em seguida o boxe do Café Hawaí; Café Presidente e o Café Wal-Can( De Waltério Cavalcanti); um boxe da Livraria Alaor; casas de discos conhecida como Discolândia e os boxes portáteis do Sr. Bodinho, do Sr. Raimundo e do Sr. Holien com variadas mercadorias; no lado esquerdo da Rua Pará - O Posto de carros de aluguéis - Posto Pará da Sra. Odete Porfírio Sampaio, com luxuosos carros de passeio que eram contratados previamente para sepultamento, casamento e batizados; e o preço obedecia a uma tabela especial, estabelecido pelo Sr. Maninho Câmara.
 Sr.Waltério Acompanhando de perto o trabalho de suas colaboradoras 


Sr.Waltério Cavalcanti, com clientes e amigos


Ainda no hall do Abrigo - o célebre e inesquecível "Pedão da Bananada" e os famosos sanduíches , cognominados "espera-me no Céu" e "cai duro", e comprando um, o cliente tinha direito a um envelope de Sonrisal e uma vitamina "KH" na hora; existia um funcionário especialista no ramo de merendas de frutas, Sr. Musse; no final do corredor do Abrigo, o Café Hawaí; ao lado, a garapeira do Sr. Peixoto, cuja venda de guaraná (artificial), água mineral com e sem gás, groselha e limonada, era muito apreciada por todos que frequentavam o Abrigo Central. 

Café Wal-Can - Rua Floriano Peixoto em 1983. Foto de Nelson Bezerra

Ainda pelo lado da Praça do Ferreira, a parada de ônibus da Empresa São Jorge - Kalil Otoch, as linhas do centro, Soares Moreno, Praça São Sebastião, Cemitério, D. Jeronimo, Justiniano de Serpa, que muito facilitava a vida dos que moravam no centro - uma realidade muito diferente dos dias de hoje, com tantas transformações que sofreu a arquitetura de nossa cidade.

As funcionárias do Café Wal-Can


Mulheres também iam ao Abrigo, mas com menor frequência que os homens. Dona Conceição Santos, 74, diz que “o Abrigo era muito movimentado, sempre tinha muita gente, mas eu só passava por lá quando ia para o centro, tomava um café e seguia. Quem ia muito mesmo era meu marido, porque lá era mais um lugar para os homens se encontrarem”. Entretanto, seu Mário lembra que “tinha muitas senhoras que compravam na confeitaria” e até algumas moças trabalhavam no box do Café Walcan.


Crédito:  Wal-Can in Memorian/ Valtério Cavalcanti 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Luiz Severiano Ribeiro - Uma vocação comercial incontestável




São Luiz, Odeon, Moderno, Majestic, Palácio. Por trás das maiores salas de cinema, havia um único homem: Luiz Severiano Ribeiro. Fundador da rede de exibição que por décadas foi a maior do país (hoje perde para o grupo estrangeiro Cinemark), o empresário cearense viveu entre 1885 e 1974. Através de uma terceira geração de descendentes, seu legado empresarial chega aos dias de hoje com mais de 200 salas no país. Elas atingem números surreais, como a marca de 15 milhões de espectadores por ano.



Luiz Severiano Ribeiro nasceu em Baturité, Ceará, 3 de junho de 1886 - Foi o fundador do Grupo Severiano Ribeiro.

Filho do médico Luiz Severiano Ribeiro e Maria Felícia Caracas, teve como nome de batismo "Luiz Severiano Ribeiro Filho" e teve duas irmãs: Alice e Maria.
Aos 10 anos de idade vai estudar no Seminário Episcopal de Fortaleza (Seminário da Prainha) na Praia Formosa. Apesar de ser religioso, não tinha vocação para o sacerdócio e fugiu do Seminário. Aos 18 anos de idade é embarcado para o Rio de Janeiro e matriculado na Faculdade de Medicina.
Em 1904, decepcionado com a medicina diante da morte da mãe, Severiano Ribeiro abandonou os estudos e logo voltou e estabeleceu-se no Ceará.
Com a morte do pai em 1916, ele excluiu "Filho" do seu nome.

Com uma vocação comercial incontestável, Luiz Severiano Ribeiro antes de entrar no mercado de cinema, teve uma livraria, um empório em Fortaleza e outro em Recife, além de hotéis, cafés e outros empreendimentos. À frente de seu tempo, em 1914, Ribeiro decidiu criar uma nova empresa nos moldes de uma holding, a fim de centralizar a administração de todos os seus negócios. Seu primeiro contato com a projeção de imagens aconteceu no circo Pery¹, quando ainda era jovem. A partir de 1908, quando foi inaugurado o primeiro cinema fixo de Fortaleza (o Cinematographo Art-Noveau², do italiano Victor Di Maio), passou a acompanhar o ramo de exibição de filmes. Um ano após promover grande reforma no Art-Noveau, sufocado pela forte concorrência, Di Maio deixa o Ceará. Severiano Ribeiro arrenda o local, realizando projeções diárias em horários sincronizados com o Café Riche. Logo em seguida, decide fechar o café e abrir no local um cinema com o mesmo nome. O cine Riche, uma sociedade com o também empresário Alfredo Salgado, é inaugurado em dezembro de 1915. Luiz Severiano Ribeiro não considerou o Riche como seu primeiro cinema. A terrível seca daquele ano, aliado à concorrência acirrada e à oferta precária de filmes deixou o mercado em uma situação difícil. O empresário foi em busca de uma solução e apresentou uma estratégia que considerava a melhor para aquecer o capital de giro das empresas: arrendar os cinemas pelo período mínimo de cinco anos, pagando uma renda fixa aos proprietários, mas com a condição dos demais exibidores não abrirem outro cinema em Fortaleza ou imediações.

Sobrado do Comendador Machado, demolido para a construção do Excelsior Hotel. No andar térreo funcionava o Café Riche. Nos andares superiores, o Hotel Central

Década de 20
Luiz Severiano Ribeiro se estabelece no Rio de Janeiro, alugando um palacete de três andares para a sua família. À frente de seu tempo, associa-se à Americana Metro, fechando a primeira joint venture da história do grupo. No acordo, a companhia fica responsável pelas reformas das casas e pelo fornecimento de filmes, enquanto a empresa brasileira ficava a cargo do arrendamento e administração dos cinemas. A parceria durou quatro anos e foi desfeita em comum acordo. É inaugurado o cine Odeon, no Centro do Rio. E, o Cine Palácio (Cinelândia, RJ) torna-se o primeiro cinema carioca a exibir um filme sonoro.

Década de 30
Severiano Ribeiro, junto a outros exibidores cariocas, funda o Sindicato Cinematográfico dos Exibidores e é eleito presidente. É inaugurado na Praça Duque de Caxias, hoje Largo do Machado, o cinema São Luiz. Com capacidade para 1.794 espectadores, a sua abertura marcou a história da cidade. A sala foi a primeira a exibir lançamentos fora do centro do Rio, desenhando um novo cenário na geografia do mercado de exibição. Localizado próximo ao Palácio do Catete (residência oficial do então presidente Getúlio Vargas), o cinema foi decorado com todos os requintes a que se tinha direito, misturando a imponência do mármore aos cristais e espelhos tão em voga na época. Já a sala de projeção foi inspirada na do Radio City, de Nova Iorque. O empreendimento consumiu todas as economias de Luiz Severiano Ribeiro, que investiu pesado para erguer um dos mais bonitos palácios cinematográficos do Rio de Janeiro.

Em 3 de setembro de 1938, "Bloqueio", com Henry Fonda, mostra pela primeira vez aos cariocas o que o Roxy (Copacabana/RJ) oferecia. A sala permitia, além da exibição de filmes, a apresentação de espetáculos de variedades. O palco do Roxy possuía duas escadas laterais e um fosso destinado às orquestras.


Década de 40
O cine Rex (Fortaleza) é reaberto como uma empresa de Luiz Severiano. O filme "O Sabotador", de Alfred Hitchcock, leva o público ao delírio. Os freqüentadores do local eram chamados de "geração Rex". O ator José Lewgoy passou por um momento inesquecível no cine São Luiz (RJ), no lançamento de "Carnaval de Fogo". Desconhecido até então, o ator entrou tranqüilamente para assistir ao filme, mas na saída, teve que ser escoltado pela polícia. Os fãs alvoroçados, mais de mil pessoas, queriam um autógrafo a todo custo.

O sabotador - 1942



Década de 50

Inauguração do São Luiz de Fortaleza

João Bezerra Lima e Luiz Severiano Ribeiro-1956

O Palácio foi cenário de mais uma evolução da indústria cinematográfica. Nesta década, lançava com exclusividade no Brasil o cinemascope, com o filme "O Manto Sagrado". Inaugurados os cines São Luiz de Recife, São Luiz de Fortaleza - a obra demorou 20 anos para ser finalizada - e Leblon (RJ). O São Luiz de Fortaleza foi uma homenagem pessoal de Severiano Ribeiro para a cidade. No de Recife, o destaque é um mural do renomado artista Lula Cardoso Ayres no saguão do local. Segunda joint venture na trajetória da empresa. A parceria com a Fox Films era para operar dois cinemas: Palácio, no Rio de Janeiro, e Marrocos, em São Paulo (sociedade com Lucídio Seravolo). O roqueiro Bill Halley levou a platéia do Rian (RJ) ao delírio na apresentação do filme "No Balanço das Horas" (Rock Around The Clock). O público assistiu a produção, dançando o rock and roll e transformando o cinema em uma pista de dança.

 

No balanço das horas

Década de 60
O cine Roxy mostra para seus freqüentadores a tela em curva do cinerama. No São Luiz (RJ), na avant premiére do "O Pagador de Promessas" (vencedor do Festival de Cannes), a platéia ficou emocionada com a chegada do diretor Anselmo Duarte, o elenco do filme, juntos com o produtor Osvaldo Massaini, que carregava a Palma de Ouro. Eles foram recebidos ao som de mais de mil vozes cantando o hino nacional. O cine Majestic³, no Ceará, primeiro do grupo, é destruído por um incêndio.


Década de 70
Dois cinemas de rua passam por reformas e são divididos em duas salas de projeção: Leblon e Palácio (RJ). Falecimento de Luiz Severiano Ribeiro (Faleceu no Rio de Janeiro, em 1º de Dezembro de 1974).

Década de 80
Com as obras de construção do metrô no Rio de Janeiro, o São Luiz acabou sendo fechado e demolido. Logo no ano seguinte, começou a ser construído o edifício São Luiz e o cinema foi reaberto. Começou a migração dos cinemas de rua para dentro dos shoppings centers. Criada a terceira joint venture: a Paris-Severiano Ribeiro, com o lançamento do primeiro multiplex brasileiro, com oito salas no Park Shopping, de Brasília.

Década de 90

Carlos Guimarães de Matos Jr e Luiz Severiano Ribeiro Júnior na Festa Coruja de Ouro em 1973 no Cine Palácio no Rio de Janeiro - Crédito da Foto

O Roxy (RJ) passa por uma reforma e reabre com três salas de exibição. Neste mesmo ano, Luiz Severiano Ribeiro Júnior falece. O grupo e a UCI fecham uma parceria e inauguram os cinemas Recife Shopping (de 10 salas) e o Shopping Tacaruna (oito salas), formando a quarta joint venture.

Anos 2000
O cine São Luiz (RJ) passa por uma reforma e reabre em janeiro do ano seguinte completamente remodelado: com mais duas salas, totalizando quatro, o Café São Luiz, novas bilheterias e bomboniéres. O grupo estréia em São Paulo com uma nova marca, que passa a dar nome aos seus cinemas equipados com tecnologia de última geração. Lançamento da marca Kinoplex no Shopping Parque D. Pedro, em Campinas, em um complexo com 15 salas de projeção. Em seguida, o Severiano Ribeiro abre seu primeiro empreendimento na capital, o Kinoplex Itaim. Inaugura também o Kinoplex Praia da Costa, em Vila Velha (ES) e o cinema no Shopping Iguatemi, de Fortaleza, em parceria com a UCI. Em 2006, a marca Kinoplex estréia no Rio de Janeiro: em julho abriu o Kinoplex Nova América, na zona norte; e em dezembro, o Kinoplex Leblon, na zona sul da cidade. No início deste ano, o Severiano Ribeiro abriu UCI Kinoplex, na zona norte do Rio de Janeiro. O cinema é equipado com a tecnologia 3D.



Grupo Severiano Ribeiro - 90 anos

O grupo surgiu nas mãos de Luiz Severiano Ribeiro, em Fortaleza no ano de 1917 com a inauguração do Majestic, primeiro grande cinema da cidade. Posteriormente mudou-se para o Rio de Janeiro, alugando um palacete de três andares para sua morada. Logo associa-se à Metro-Goldwyn-Mayer. Pelo acordo, a companhia americana fica responsável pelas reformas das casas e fornecimento de filmes, enquanto a empresa brasileira ficava a cargo do arrendamento e administração dos cinemas. O primeiro cinema próprio foi o Cine Odeon, no Centro do Rio. Depois veio o Cine Palácio, tendo sido este o primeiro cinema carioca a exibir um filme com som.

Severiano Ribeiro ergueu um verdadeiro império de salas de exibição espalhadas pelo país; sua trajetória é contada em livro lançado pela Record - Crédito: Quadro mágico


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¹Circo Pery

A lona do circense Anchises Pery, localizado na esquina das ruas General Sampaio e das Flores (atual Castro e Silva), em Fortaleza, foi o local do seu primeiro contato com a arte cinematogrática.

²O Cinematographo Art-Noveau e o Café Riche

Em 1908, quando foi inaugurado o primeiro cinema fixo de Fortaleza: o Cinematographo Art-Noveau, do italiano Victor Di Maio, Luiz Severiano Ribeiro passou a acompanhar o ramo de exibição de filmes. Um ano depois ele arrendou este cinema com a saída de Di Maio de Fortaleza.
Sob sua direção ele realiza projeções diárias em horários sincronizados com o Café Riche. Logo em seguida, decide fechar o café e abrir no local um cinema com o mesmo nome. O cine Riche foi inaugurado em dezembro de 1915, com uma sociedade com o também empresário Alfredo Salgado.

³Cine Majestic (o início do Grupo Severiano Ribeiro)

Em 14 de julho de 1917, Luiz severiano Ribeiro inaugura o Cine Majestic em Fortaleza, primeiro grande cinema da cidade.


Crédito: O Nordeste.com, You Tube, Wikipédia e pesquisas de internet

domingo, 25 de julho de 2010

Cajueiro da Mentira ou cajueiro botador


O Cajueiro Da Mentira ou Cajueiro Botador ficava na Praça do Ferreira do lado da Rua Floriano Peixoto, aproximadamente entre a 
delegacia de Polícia (hoje o Palacete Ceará) e a telefônica (hoje Livraria Alaor), por trás da parte urbanizada em 1902 por Guilherme Rocha, onde ficava o Jardim Sete de Setembro.
A foto mais antiga, que data aproximadamente de 1907, traz um dos momentos de reunião dos habitues da Praça do Ferreira que no Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador, contavam suas histórias, seus "causos", seus contos, enfim, dão vazão a seus espíritos criativos.
Todos os dias 1º de abril à sombra do "Cajueiro Botador" havia uma sessão de mentiras e em seguida a eleição do melhor dos mentirosos, tudo feito festivamente, com urna pendurada no tronco da árvore, tudo enfeitado de bandeirinhas de papel colorido, fogos a valer, música tocada por parte de alguma banda da polícia ou de outra corporação. A bebida não faltava e o café mais próximo ao cajueiro era o Café Java, que no dia tinha cerveja à vontade.
À noite o nome do vitorioso era colocado escrito em placa no tronco do cajueiro, sendo na hora homenageado com discursos, aplausos, risos, palmas, mas havia os que não gostavam da brincadeira e apupavam.
A brincadeira, de acordo com Raimundo Girão, iniciou-se em 1904, sendo iniciada por Álvaro Weyne, Antônio Martins, Henrique Cals, José Raimundo Costa, Porfírio da Costa Ribeiro, todos comerciantes na Rua Floriano Peixoto em frente à Praça do Ferreira. Outros elementos engrossaram a fila dos "mentirosos", todos ilustres, como Amâncio Cavalcante, Leonardo Mota, Eurico Pinto, Gérson Faria, William Peter Bernard, Ramos Cotoco, Chamarion, Carlos Severo, Gilberto Câmara, Quintino Cunha, o Rochinha da farmácia e o Pilombeta, conforme nos diz Otacílio de Azevedo em seu "Fortaleza descalça".
Em 1920 a praça foi reformada, na gestão do prefeito Godofredo Maciel e foram banidos os quiosques dos cafés e também o "cajueiro botador", assim chamado por dar frutos o ano inteiro.
A segunda foto, batida por Nirez, é do mesmo local quando da existência da praça feita na gestão do prefeito José Valter Cavalcante.
No local existe hoje uma placa que diz: "Neste local existiu um frondoso cajueiro que por frutificar o ano todo era apelidado "Cajueiro Botador", ou por se realizarem, sob sua copa, cada 1º de abril as eleições para o maior "potoqueiro" do Ceará, era também chamado de "cajueiro da mentira". Abatido, em 1920, com a reforma do logradouro, então realizada, foi em sua memória plantado um novo cajueiro, quando da restauração da praça, na administração Juraci Magalhães. Só que o cajueiro ali plantado há muito morreu e não foi plantado outro, restando apenas a placa. Será mais uma mentira do cajueiro?
Fonte: Portal do Ceará/Arquivo Nirez

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Café Java


Na Praça do Ferreira, antes de 1920, existiam quatro quiosques, um em cada canto, abrigando cafés e restaurantes. O Café Elegante ficava na esquina sudeste (Rua Pedro Borges com Rua Floriano Peixoto), o Restaurante Iracema na esquina sudoeste (Rua Pedro Borges com Rua Major Facundo), o Café do Comércio, na esquina noroeste (Rua Major Facundo com Rua Guilherme Rocha) e o Café Java, na esquina nordeste (Rua Guilherme Rocha com Rua Floriano Peixoto). O Café do Comércio e Café Elegante datam de 1891 e o Café Java de 1887.
No café Java, de propriedade de Manuel Pereira dos Santos, o Manuel Coco, foi que nasceu, em 1892, o movimento literário mais Importante de nossa terra, a Padaria Espiritual, composta de um "padeiro-mor", dois "forneiros", um "gaveta", um guarda-livros, um "Investigador", e os demais sócios eram "amassadores". Era por eles publicado um jornal com o nome de "O Pão".
A sede da "Padaria" era denominada "forno" e cada "padeiro" deveria ter um nome de guerra (pseudônimo). As sessões eram chamadas de "fornadas". Grandes vultos de nossas letras foram "padeiros", como Antônio Sales (Moacir Jurema), Henrique Jorge (Sarasate Mirim), Adolfo Caminha (Félix Guanabarino), Rodolfo Teófilo (Matos Serrano), Antônio Bezerra (André Carnaúba) e outros. O movimento não durou muito e em 1899 já não existia.
Em 1920, na gestão do prefeito Godofredo Maciel, a praça foi reformada e os quiosques retirados. O local onde ficava o Café Java (primeira foto) seria o que vemos nas outras duas fotos, na praça do tempo do prefeito José Walter e na atual. Vale a pena lembrar que a praça antiga só atingia até a Rua Guilherme Rocha, havendo naquela parte onde ficam as bancas de jornal atualmente, um quarteirão depois demolido sendo levantado no local o Abrigo Central.
A fotografia intermediária data de 1989 e mostra a praça construída na administração do prefeito José Walter Cavalcante, com os jardins "suspensos" servindo de trincheiras para marginais.
A foto atual, da objetiva de Osmar Onofre, mostra a praça construída e inaugurada em 1991 na gestão do prefeito Juraci Magalhães, onde vemos ao fundo os edifícios da Lobrás e o São Luís.
Crédito: Portal da história do Ceará/ Arquivo Nirez

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