Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



sábado, 3 de abril de 2010

Estoril - Vila Morena



 Na época da Vila Morena - Acervo Carlos Juaçaba


Ícone da “boemia” da Praia de Iracema, a antiga Vila Morena, ou residência dos Porto, foi construída pelo comerciante pernambucano José Magalhães Porto, entre 1920 e 1925, sendo a primeira construção de destaque da então Praia do Peixe. José Porto desafiou os conselhos de amigos, que o alertava que a praia era perigosa e suas ondas eram muito fortes, instalando ali a sua moradia e dedicando o nome dela, como era usual à época, à sua amada esposa Francisca Frota Porto, de apelido ‘Morena’. A residência conservava ao redor lindo jardim onde também eram criadas algumas aves. Dizem que foi a primeira moradia com piscina de Fortaleza
Localiza-se na rua dos Tabajaras, 397 - Praia de Iracema.

Cartão postal colorizado à mão, no qual vemos a antiga Praia do Peixe nos anos 20, época da construção do Estoril. 

Sobre seu proprietário, é interessante salientar que ele ajudou o antigo Porto das Jangadas, que depois recebeu o nome de Praia do Peixe, a se chamar Praia de Iracema, bem como influenciou para que as ruas próximas à Vila tivessem seus nomes inspirados em tribos indígenas do Ceará, a rua da sua residência recebeu o nome de Rua dos Tabajaras.

Para a edificação da sua ‘Vila Morena’, ele utilizou a taipa (técnica construtiva vernacular à base de argila (barro) e o cascalho. Provavelmente, a taipa de mão, também conhecida como "à galega" em Portugal) e a ergueu sem ajuda de engenheiros. As paredes eram armadas de madeira (varas) com barro e pedaços de tijolos e pedras - tinha  portas e janelas com vidros importados, duas escadas "caracol", "frades de pedra" na frente, calçadas em pedra cristal em preto e branco tendo no centro as iniciais JMP que também eram usadas nos portais, vitrais coloridos com a inscrição "Vila Morena" no alto da torre. Foram empregados materiais nobres, importados da Europa, como as vidraças das portas que vieram da França, as duas escadas de ferro em caracol, fabricadas na Inglaterra e os vasos sanitários e louças oriundas da Alemanha.

                       Foto de 1943 - Detalhe para o clube de veraneio da época.
Foto do tempo do United States Office - USO

Serviu de residência para a família Porto até 1942, mas com a chegada da Segunda Guerra Mundial, a família desloca-se para outra casa ao lado e arrendam a Vila Morena para às tropas americanas, que em 1943, o transformaram em cassino, sob a denominação de U.S.O. - United State Office. Era o clube de veraneio dos soldados. Nessa época, a Praia do Peixe já era Praia de Iracema, nome dado pela cronista Adília de Albuquerque, esposa do jornalista Tancredo Moraes.
 

Nesta época, o bairro ganhou visibilidade social como uma fase de glamour para a Praia de Iracema. O clube, de acesso quase exclusivo dos estrangeiros, teve na cidade grande repercussão e isso devido às suas noitadas patrocinadas pelo governo americano, com danças, jogos e shows de célebres artistas do cinema. São vários os relatos de que esse clube tornou-se um atrativo para as moças, que se dirigiam ao local para namorar os oficiais americanos, ficando conhecidas na cidade como Coca-colas.

A Vila Morena ainda com a placa da USO

Segundo Marciano Lopes, as "Coca-colas" surgiram, simultaneamente, com a chegada dos soldados americanos, no alvorecer dos anos 40. Melhor dizendo, elas foram consequência da permanência daqueles militares ianques em nossa capital. O epíteto Coca-Cola surgiu do fato de elas terem o privilégio de tomar o famoso refrigerante americano que, àquela época, a gente só conseguia "saborear" através dos filmes made in Hollywood. Também, por ser a Coca-Cola um dos mais conhecidos símbolos americanos. Em suma, foi alguma mulher feia e despeitada ou algum machão desiludido quem apelidou as atrevidas moças de "coca-colas."
As Coca-Colas eram moças da sociedade, bem nascidas, de famílias tradicionais, lindas, elegantes, vistosas, inteligentes, educadas e imponentes, que tiveram coragem de enfrentar as críticas e condenações da época. 

As Coca-Colas dançando com os soldados americanos na década de 40.

Militares norte-americanos no Estoril com algumas Coca-Colas na década de 40.   


A partir de 1948, dois portugueses (João Freire de Almeida e Antônio Português) alugam a casa e abrem um restaurante, que daria nova identidade a Vila Morena, o Restaurante Estoril (referência a uma freguesia portuguesa do concelho de Cascais), com especialidade em pratos portugueses. Em 1952, José Alves Arruda, conhecido por Zé Pequeno, assumiu a direção da casa, que passou a receber a boêmia de Fortaleza composta principalmente por intelectuais. 

A Vila Morena após a Segunda Guerra a abrigar o Estoril bar e restaurante que abrigava a intelectualidade fortalezense. Arquivo Nirez

   
Já na década de 60, o Estoril vira palco de veladas discussões políticas, fato que o tornou alvo de especial atenção para o governo durante o período da Ditadura Militar. Os discursos dos meios de comunicação também reafirmam esta representação descrevendo o Estoril, nos anos 60, como o lugar de “setores intelectualizados da cidade”.

Estoril de perfil em 1978 - Arquivo Nirez 


Com a intensificação da especulação imobiliária, no final dos anos 80, o bar e Restaurante Estoril, mesmo funcionando em precárias condições físicas e de higiene, continuava a ser referenciado nos meios de comunicação como ícone da boemia da Praia de Iracema. 

 Foto do Livro de Luciano Maia- acervo Renato Pires

 Foto do Livro de Luciano Maia- acervo Renato Pires

Em 1986 ele recebe normas de proteção, preservação e conservação em documento assinado pela prefeita Maria Luíza Fontenele, após reivindicações da Associação dos Moradores e através do Projeto de Lei de autoria do vereador Samuel Braga.
O valor simbólico do edifício chegou a encobrir os riscos causados pela falta de segurança e limpeza, tanto que, mesmo após ser interditado pela Vigilância Sanitária em 1989, foi reaberto no dia seguinte, por intervenção do prefeito da época. 



Apesar dos vários alertas feitos à municipalidade, do perigo que corria a casa que aos poucos se deteriorava nada foi feito, até que o prédio ruiu em 1992, sendo então desapropriado pela Prefeitura Municipal que o comprou da família Porto pelo valor de US$ 250 mil e o tombou como patrimônio cultural em 1993 com objetivo de ser transformado em um Centro Cultural. Porém, em virtude do seu estado, em 1994 a torre e parte da fachada desmoronam em decorrência de uma chuva. Após esse fato, que foi intensamente noticiado pela mídia, a prefeitura assumiu a sua imediata reconstrução, isso ocorre na administração do prefeito Antônio Cambraia. A casa foi reconstruída, no entanto, usando concreto armado e alvenaria, quando a casa original era de taipa. O antigo edifício foi substituído por uma réplica, com algumas modificações na planta original. O prédio, coberto por telha marselha, possui dois pavimentos e uma torre. Passou a ser administrado pela municipalidade, sendo inaugurado em 31 de maio de 1995, como Centro Cultural da Praia de Iracema, com restaurante, bar, sala para exposições e espaço para cursos de arte e cultura.
 
 Foto do Livro de Luciano Maia- acervo Renato Pires


 Foto do Livro de Luciano Maia- acervo Renato Pires


Em 2008 passou por nova reforma, que incluiu, entre outros itens, a recuperação de revestimentos de piso, teto e paredes, esquadrias, recuperação da coberta, demolições de acréscimos na edificação original, melhoria das condições de acessibilidade, sendo instaladas rampas, plataforma para acesso à parte superior do prédio, banheiro para pessoas com dificuldade de locomoção e elevador. O equipamento foi restaurado por meio do projeto ‘Nova Praia de Iracema’. Após a conclusão das obras, o Estoril foi novamente aberto para ser o novo carro-chefe do polo gastronômico e cultural da Praia de Iracema. O Estoril era entregue novamente aos intelectuais, boêmios, artistas e para todos aqueles que amam Fortaleza! 

  Foto do Livro de Luciano Maia- acervo Renato Pires

  Foto do Livro de Luciano Maia- acervo Renato Pires

O Estoril - Acrílico sobre tela de Tarcísio Garcia










Fontes: Portal da História do Ceará de Gildácio Sá/ Arquivo Nirez

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ruas de Fortaleza - Mudanças(Rua Senador Pompeu)




As duas casas que aparecem na primeira fotografia ainda existem e a parte superior ainda está intacta. A parte inferior foi alterada, pois foram abertas portas largas para funcionarem nelas firmas comerciais, mas a parte superior apenas foi encoberta por imensos tapumes que deixam aparecer somente a parte superior do ornamento da casa mais alta, como pode ser visto na segunda foto. A foto antiga é aproximadamente do início da década de 20. Na esquina a Mercearia de Eduardo Benevides. Na primeira casa morava o senhor Jucaz e na segunda o desembargador Gabriel Cavalcante. As casas tinham os números 97 e 99. Hoje é apenas um prédio com o número 869.



As casas vizinhas não mais existem; a da esquerda (da 1ª foto) esteve ali até bem pouco tempo e era um estacionamento da firma A. Pinheiro. A outra, da direita, foi demolida para dar lugar ao edifício Santa Elisa, chamado popularmente "Gilette", que teve na esquina a Farmácia Confiança, no andar térreo. Na casa 869 moraram descendentes do desembargador Gabriel Cavalcante, como Thomaz M. Cavalcante, até que em 1980 foi vendida a uma firma comercial.

A Segunda foto é de 1978, quando ali passou a funcionar a firma dos calçados Clark, que fez o tapume até hoje existente.
Do lado esquerdo da foto, no lugar da garagem de A. Pinheiro S/A, passou a funcionar uma das lojas "A Esmeralda" que ocupou as duas casas, fazendo galeria até a rua Barão do Rio Branco, vindo depois as "Lojas Americanas".




A terceira foto é mais recente e mostra o mesmo ângulo como hoje está. Continuam as "Lojas Americanas", a "Laser eletro magazine", "A Esmeralda", que também fazem galeria até a Barão do Rio Branco e do lado direito da foto, a farmácia Padre Cícero, que fica nos baixos do edifício Santa Elisa ("Gilette"), no lugar anteriormente ocupado pela Farmácia Confiança e da antiga mercearia Eduardo Benevides, que era o nº 101.







Crédito: Portal do Ceará e Arquivo Nirez



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