Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Raimundo Girão



O Prefeito de Fortaleza Raimundo Girão (1933)

Raimundo Girão, Filho de Luís Carneiro de Sousa Girão e Celina Cavalcanti, nasceu na fazenda Palestina, do Município de Morada Nova, perto três quilômetros da cidade sede municipal, no dia 3 de outubro de 1900, uma quarta feira.

Os pais de Raimundo Girão

Aos cinco anos de idade, com os pais, mudou se para Maranguape, cidade em que permaneceu até 1913 e teve a oportunidade de fazer os primeiros estudos frequentando a escola pública dirigida pela professora Ana de Oliveira Cabral (D. Naninha) e o colégio particular do prof. Henrique Chaves. Em novembro de 1913, transferiu se para Fortaleza, passando a frequentar o colégio Colombo, do prof. Manuel Leiria de Andrade, e em seguida matriculou se no Liceu do Ceará, no qual tirou os necessários preparatórios (1919). No ano seguinte, matriculou se na Faculdade de Direito do Ceará, cujo curso terminou, colando grau de Bacharel no dia 8 de dezembro de 1924. Nessa mesma faculdade, doutorou se em 1936, sendo aluno laureado. Advogado nos auditórios do Estado, quando em 1932 é chamado para exercer as funções do cargo de Secretário Geral da Prefeitura de Fortaleza (Secretaria Única) para a 14 de dezembro desse ano receber a nomeação de Prefeito Municipal interino. Efetivou se no cargo no dia 19 de abril de 1933 e o exerceu até 5 de setembro de 1934, dedicando todos os seus empenhos e experiências aos interesses administrativos da Capital cearense.

O casal Raimundo Girão e Marizot, em 1930

No ano seguinte, por ato governamental de 21 de setembro, foi nomeado sem que o pleiteasse, Ministro do Tribunal de Contas do Ceará, criado pelo Dec. n° 124, do dia 20, anterior, do Governador Francisco Menezes Pimentel. Nesse governo, foi distinguido com várias e importantes Comisssões, inclusive a Comissão que representou o Ceará nas Conferências de Assuntos Econômicos e Fazendários, a primeira reunida no Rio de Janeiro (1940) e a segunda em Salvador (Bahia, 1940). Outra Comissão, de alta significação, de que fez parte foi a encarregada de elaborar o Projeto de Estatuto dos Funcionários do Estado (1942). Nomeado em 2 de março de 1946 Livre Docente da Faculdade de Ciências Econômicas do Ceará, na Cadeira de Estudos Comparados das Doutrinas Econômicas. Em 1949, como representante do Estado do Ceará e do Instituto do Ceará (para o qual entrara como Sócio Efetivo em 1941 e do qual foi Presidente de Honra e recebeu, post mortem, o titulo de Sócio Benemérito), participou do I Congresso Histórico do Estado da Bahia, comemorativo do 4° Centenário de Fundação da Cidade de Salvador, realizado nos dias 18 a 30 de março.

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O casal Raimundo Girão e Marizot em Paris, 1968 

Quando Prefeito Municipal (1933 34) teve a oportunidade de concorrer para a instalação do primeiro Club de Rotary do Ceará, a que por duas vezes presidiu. De caráter rotário, tomou parte, além de outras, da Comissão Distrital de Manaus (1951), demorando se algum tempo na Amazônia para sentir melhor as belezas da Hiléia. Duas vezes mais esteve naquela maravilhosa região. Em 1952, é nomeado presidente do Conselho Penitenciário do Ceará, ao qual já servira como Conselheiro desde 1935. Foi Mordomo da Santa Casa de Fortaleza. Com o prof. Mozart Soriano Aderaldo participou do congresso comemorativo do Tricentenário da Restauração Pernambucana, realizado no Recife em julho de 1954. Foi um dos fundadores e primeiro Diretor da Escola de Administração do Ceará. Nomeado em 9 de janeiro de 1960 Secretário Municipal de Urbanismo, de cuja Pasta foi o primeiro titular, pois foi ela criada por sugestão sua. Nomeado, por Ato de 3 de outubro desse ano, recebeu a nomeação como primeiro titular da Secretaria de Cultura do Ceará (1966 71), pasta criada com o desdobramento (a primeira no Brasil) da anterior Secretaria de Educação e Cultura, em consequência de trabalho seu, constante e cuidadoso, adotado pelo Governo do Estado. Presidiu a Academia Cearense de Letras, no biênio 1957/58, na qual ocupava a Cadeira n° 21 de que é Patrono José de Alencar. Em 1985 foi aclamado "Presidente de Honra" e, posteriormente, eleito sócio efetivo da Sociedade Cearense de Geografia e História, tendo ocupado a Cadeira de n° 22, patroneada pelo romancista Franklin Távora.

O casal Raimundo Girão e Marizot, em 1986


Recebeu Raimundo Girão em vida, e mesmo in memoriam um grande número de honrarias, representadas por medalhas, troféus, títulos honoríficos e outras condecorações. A sua bibliografia é alentada: legou-nos 54 títulos entre livros e plaquetas, além de ter organizado 12 volumes de variados assuntos. Prefaciou 19 livros de terceiros. Sua colaboração em periódicos – jornais e revistas- alcançou a quase cinco dezenas, entre artigos, crônicas e entrevistas.

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Raimundo Girão, Marizot e os 10 filhos 

Em enquete promovida pela TV Cidade, de Fortaleza, no ano de l987, foi consagrado como um dos vinte maiores cearenses de todos os tempos.

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Raimundo Girão, o Prefeito, é o terceiro em pé da esquerda para a direita em foto com o Interventor Carneiro de Mendonça e seus auxiliares 


Faleceu em 24 de julho de 1988, nesta Capital. Em 1991, o Prefeito Juraci Magalhães, por decreto, prestou lhe expressiva homenagem, mudando a denominação da Avenida Aquidabã para Avenida Historiador Raimundo Girão. Casou se pela primeira vez corn Maria Monteiro de Lima, que veio a falecer em 19.11.1925, sem filhos. Era filha de Manuel Gonçalves de Lima e Maria do Carmo Monteiro. O segundo casamento deu se em 27.11.1926 com Maria Gaspar Brasil (Marizot), nascida em 18.03.1910, em Fortaleza, filha de Prudente do Nascimento Brasil e Inês de Moura Gaspar. Do casal nasceram dez filhos, que se multiplicaram em trinta e um netos e quarenta bisnetos.


Sociedades científicas, literárias e culturais a que pertenceu:



  1. ACADEMIA CEARENSE DE LETRAS. Sócio efetivo e presidente no biênio 1957/58.
  2. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO CEARÁ. Sócio efetivo, Presidente de Honra e Sócio Benemérito, título este recebido post mortem.
  3. INSTITUTO CULTURAL DO CARIRI. Sócio Correspondente.
  4. INSTITUTO HISTÓRICO DE IGARAÇU (RS). Sócio Correspondente.
  5. INSTITUTO HISTÓRICO DE NITERÓI. Sócio Correspondente
  6. INSTITUTO HISTÓRICO DE OEIRAS (PI). Sócio Correspondente
  7. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE MINAS GERAIS. Sócio Correspondente.
  8. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO MARANHÃO. Sócio Correspondente.
  9. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO NORTE. Sócio Correspondente.
  10. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO RIO GRANDE DO SUL. Sócio Correspondente.
  11. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE SERGIPE. Sócio Correspondente
  12. ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE IMPRENSA. Sócio Efetivo.
  13. INSTITUTO CEARENSE DE GENEALOGIA. Sócio Efetivo.
  14. INSTITUTO GENEALÓGICO DO BRASIL Sócio Efetivo.
  15. SOCIEDADE CEARENSE DE GEOGRAFIA E HISTÓRIA. Sócio Efetivo e Presidente de Honra
  16. INSTITUTO DO MUSEU JAGUARIBANO. Sócio Fundador.
  17. ACADEMIA SOBRALENSE DE ESTUDOS E LETRAS. Sócio Honorário.
  18. CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL DO CEARÁ. Sócio Honorário.
  19. INSTITUTO CULTURAL DO VALE CARIRIENSE. Sócio Honorário.
  20. LEGIÃO BRASILEIRA DE ASSISTÊNCIA. Diplomas (2) pelos relevantes Serviços prestados a causa da Maternidade, Infância e Adolescência do Brasil.
  21. SECRETARIA DA CULTURA E DESPORTO DO CEARÁ. Diploma de Amigo da Cultura.
  22. INSTITUTO MARIA IMACULADA DE PACOTI. Diploma de Honra do Mérito.
  23. SOCIEDADE MUSICAL HENRIQUE JORGE. Patrono Benemérito.
  24. ACADEMIA AMAZONENSE DE LETRAS. Sócio Correspondente.
  25. SOCIEDADE CAPISTRANO DE ABREU. Sócio Correspondente.
  26. INSTITUTO ARQUEOLÓGICO, HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DE PERNAMBUCO. Sócio Correspondente.
  27. ACADEMIA LIMOEIRENSE DE LETRAS. Patrono da Cadeira nº 25
  28. ACADEMIA MORADANOVENSE DE HISTÓRIA E LETRAS. Patrono
  29. ACADEMIA CARIOCA DE LETRAS. Sócio Honorário.
  30. ACADEMIA CEARENSE DE CIÊNCIAS, LETRAS E ARTES DO RIO DE JANEIRO. Sócio Honorário.
  31. INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO BRASILEIRO (Rio de Janeiro). Sócio Correspondente
  32. INSTITUTO DOS ADVOGADOS DO CEARÁ. Sócio Efetivo, título recebido post mortem.
  33. ACADEMIA DE LETRAS E ARTES DO CEARÁ (ALACE) Patrono da Cadeira nº 21
  34. ACADEMIA DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO CEARÁ. Patrono.
  35. COMISSÃO NACIONAL DE HISTÓRIA (Rio de janeiro). Conselheiro
  36. INSTITUTO DO NORDESTE (Fortaleza-Ce). Sócio Efetivo.
  37. ROTARY CLUB DE FORTALEZA. Sócio e Fundador.
  38. ROTARY CLUB DE FORTALEZA - PRAIA. Presidente Honorário - Biênio 1987-1988).
  39. ASSOCIAÇÃO CULTURAL FRANCO-BRASILEIRA.Presidente.
  40. CENTRO JUAZEIRENSE DE CULTURA. Sócio Honorário.
  41. ASSOCIAÇÃO DOS VAQUEIROS E CRIADORES DE MORADA MOVA. Patrono.
  42. SOCIEDADE DE ASSISTÊNCIA AOS CEGOS DO CEARÁ. Sócio Benemérito.

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Raimundo Girão - o Doutor em Direito (1937)

Raimundo Girão e a bandeira do Ceará

Raimundo Girão (1987)

Os Braços de Meu Pai

Por Raimundo Girão

"Vi-os sobre o seu corpo no caixão funéreo. Nunca os vira assim imóveis, inertes, impo tentes. Faz dez anos, hoje.
Os braços que ali estavam não eram mais os braços de meu pai, antes nem um só momento repousantes, quedos, em descanso. Sempre os vira em movimento, como que esgrimindo e na verdade lutando, construindo na ânsia de trabalhar, no insofrido, impaciente, incontido desejo de não parar.
Nas madrugadas aurorais do sertão já estavam a mover-se empenhados nas labutas suarentas do campo, que ele era do sertão, fundamente campônio, integrando-se no amanho difícil da terra e no pastoreio perigoso dos gados nas caatingas. E os dias todos, as horas todas, os minutos todos, aqueles braços másculos não cessavam de agitar-se como braços de guerreiros lendários em duelos renhidos.
Mas as maldades da politicagem forçaram-no a emigrar de lá, de sua fazenda, do seu chão nativo, do seu rio decantado - o Banabuiú de Morada Nova, "Deus magnífico, protetor das plantas e dos animais, bendito pelas estrelas nas alturas, e a quem, na imponente nave da terra, os ventos entoam exaltações, vibrando, festivos e farfalhantes, nos vastos carnaubais", - e o trouxeram para outro cenário todo diverso, o da serra, em Maranguape, o cenário alto de um sítio ali, no mais alto da montanha, adquirido quase em abandono, o mato tomando conta de tudo. E ei-lo com os seus braços, eis os braços de meu pai a por as coisas em febril apresto para a transformação produtiva - as laranjeiras carcomidas mudadas em laranjais, pomosos, os velhos cafeeiros, agora, feitos cafezais em flor, os roçados sáfaros estuando em bananais abundantes.
E os braços não tinham sossego, de manhã até noite, fazendo, refazendo e plantando e regando podando e colhendo, ajudados pelos meus doze anos a os dez do Raul, anos de recordações já distantes, ajustados nós ambos por força do exemplo e da necessidade ao ritmo de trabalho daqueles braços. Dobravam os nossos ombros de menino o peso dos fardos de frutas e ao da gravidade, puxando para baixo, nas ladeiras íngremes, desde que o sol se anunciava, rasgando o nevoeiro denso e aliviando um tanto o frio da serra, dilacerantemente frio, e até que resolvia esconder-se, tarde triste, nas quebradas do poente, onde reboavam os retinidos metálicos das minúsculas arapongas, como que saídos da bigorna de ferreiros coléricos e invisíveis.
E os braços de meu pai refizeram o desgosto da saudade do sertão, da pobreza com que o exílio o feriu. Recuperaram o sítio, refizeram o pão de cada dia, refizeram a roupa da família, amenizaram os sacrifícios de minha mãe, na solicitude de cada instante, maternalmente santa no auxílio que nos dava, resignada e forrada de ânimo, fabricando doces e bolinhos que vendia vintém a vintém, para jogar no mealheiro das despesas a sua admirável, sagrada contribuição.
Depois, veio o Sousa para a Capital, atraído por mão amiga, para os misteres de uma escrivania do foro, que encontrou em desmantelo e desordenado atraso, tal como o sítio da serra. E os braços de meu pai transplantaram-se para nova lida diferente, toda outra, e consertaram o cartório e deram marcha aos processos, garantiram a confiança das partes, conquistaram a estima dos magistrados - os sacerdotes daquele buliçoso templo da Justiça.
Não estancaram de um segundo sequer aqueles braços de coragem e de fé, escrevendo com letra firme e cheia de tinta e dignidade, as peças processuais, as certidões, os mandados, os depoimentos e - o que ele fazia com maior contentamento - os alvarás de soltura de culpados que a ignorância e a crueldade da sorte haviam empurrado às desgraças e agruras das prisões.
E o Sousa Girão fez-se o serviçal do templo, multiplicando favores a dando asos à sua bondade desafetada, à sua obsequiosidade que não pretendia volta, nem uma vez negando ou se excusando, antes sempre compreensiva, indulgente,tolerante para quantos a solicitavam - advogados, juizes, litigantes e réus, misturados no afã das defesas a das acusações, dos despachos e das sentenças.
Durante mais de trinta anos praticou o bem e foi útil, servindo com desinteresse, dando de si cordial e satisfeito, espontâneo e simples, na sua função pública e nos deveres do seu CONSULADO de mil providências em benefício de parentes e estranhos, sempre com os seus braços que os meus olhos fitavam agora sobre o corpo, sobre o peito com um coração sem sangue a sem calor, não mais a pulsar, como tanto pulsara dantes, pelos bons intentos, pelas probas atitudes sem qualquer mácula de ódio ou malquerença.
A morte prostrara os braços vigorosos de meu pai naquele silencioso adormecimento, que a dor dos filhos e da segunda esposa haviam enfeitado de flores, e nunca mais havia de ver fortes, diligentes, lestos, operantes, paternais, acolhedores, nunca mais havia eu de os ver fazendo, desfazendo, refazendo.
Os braços de meu pai não eram mais os braços de meu pai."

Pompeu Sobrinho e Raimundo Girão nos 80 anos do Instituto do Ceará

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Na redação do O Povo. Visita de Gustavo Barroso em companhia de Raimundo Girão e do seu primo Dr. Valdir Liebmann, recebidos pelo jornalista J. C. de Alencar Araripe 

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Raimundo Girão , Luís da Câmara Cascudo e outras personalidades na UFC 

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No Restaurante Lido com amigos e colaboradores da Secretaria de Cultura: Rui Guédis, João Ramos, Carlos Studart Filho, Mozart Soriano Aderaldo, Raimundo Girão e José Aurélio Câmara (1970) 

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Membros do Tribunal de Contas do Ceará: Brasil Pinheiro, Paulo Avelar Rocha, Raimundo Girão, Antônio Coelho de Albuquerque (Presidente) Dário Correia Lima e Eduardo Ellery Barreira (1956) 

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Academia Cearense de Letras 

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Raimundo Girão discursando no Instituto do Ceará 

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Raimundo Girão como Secretário de Educação (Governo Franklin Chaves) 

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Mozart Soriano Aderaldo (Secretário de Educação), Gal. Humberto Ellery (Vice-governador), Raimundo Girão (Secretario de Cultura) e o Governado Plácido Aderaldo Castelo

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Instalação da Biblioteca Pública do Estado, em prédio à praça Cristo Redentor. Renato Braga, Cel. Teles Pinheiro, Raimundo Girão,Parsifal Barroso, José Lins de Albuquerque

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Governador Plácido Castelo e o Secretário de Cultura Raimundo Girão. Na instalação da 1ª Secretaria de Cultura do Brasil

Uma de suas últimas fotos

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Raimundo Girão com o Reitor Antônio Martins Filho


"Afinal realizei-me. Sei que não existi; vivi. Vivi sabendo não ser coisa vã o viver como superior e essencial função do homem, não só biologicamente e sim também espiritualmente, moralmente.A vida biológica é autônoma, ele não a faz. A espiritual e a moral ele se ajuda a construir , pois que não as constrói sozinho, sem a influência arbitrária e multitentacular do meio social que a rodeia. Mas de qualquer modo terá na face os vincos das canseiras para - e este o seu verdadeiro destino - tornar digna a sua qualidade humana, conseguindo pouco às vezes, às vezes completando-se. Para que não seja tão só um número estatístico."

Raimundo Girão

Depoimentos Sobre Raimundo Girão:

Antônio Martins Filho

"O Meu Amigo Girão: as Origens do Nosso Relacionamento"
"Raimundo Girão, considerado um dos 20 dos maiores cearenses de todos tempos foi, acima de tudo, imperecível patrimônio para o Ceará e, particularmente, para esta cidade de Fortaleza - A Princesa Vestida de Baile - que ele tanto amou". Quando o visitei pela última vez, esse meu irmão espiritual e duplamente compadre pediu os óculos para fixar bem a minha fisionomia. E num gesto simbólico de aperto de mãos, com uma lucidez extraordinária, transmitiu sua derradeira mensagem: SEMPRE AMIGOS! Aquelas duas palavras me emocionaram profundamente e, durante o retalho de vida que o destino ainda me conceder, delas jamais esquecerei." (D.O. Letras Ano III nº 12 julho/setembro de 1988).
Barros Alves
"Adeus ao Mestre Raimundo Girão"
"Raimundo Girão morreu aos 87 anos deixando um vazio a todos nós. Principalmente naqueles que o conheciam e privaram de sua amizade, ouvira seus ensinamentos. Mas não nos esqueçamos que Girão é imortal . Não apenas pelo fato formal de pertencer a uma Academia de Letras, mas sobretudo porque sua obra é imorredoura. Pelo menos eu o terei sempre comigo e com ele deverei conversar ainda por muitos anos. Sempre a consultar suas inestimáveis obras é claro. Paz eterna para o mestre e amigo Raimundo Girão". (Tribuna do Ceará, ed. de 29.07.1988).
Eduardo Bezerra Neto
"Raimundo Girão - um Homem Bom"
"A saudade é sentimento humano legítimo. Mas há por outro lado, a compensar, a fé na imortalidade da alma, tal como a mensagem cristã anuncia. Neste sentido, a presença imaterial do mestre Raimundo Girão é um fato". (Tribuna do Ceará, ed. de 08.08.1988).
Eduardo Campos
"Raimundo Girão e o Ceará"
"Perde o Ceará, indiscutivelmente, uma das figuras mais respeitáveis da sua vida cultural. Raimundo Girão escreveu história com a capacidade só dada a conhecer aos privilegiados da arte de contar. Contar com desejável criatividade". (Diário do Nordeste ed. de 28.07.1988).
Moreira Campos
"Porte de Academia"
"Um polígrafo, portanto, com vocação de origem pela história, como já assinalei. Bem sei que ainda acalentava projetos, não obstante a idade de oitenta e sete anos com que morreu, tal a sua fortaleza de espírito". Pranteio aqui o homem de letras e o amigo leal, homem empreendedor, lúcido que sempre foi. Uma grande perda para os valores maiores da nossa terra e uma saudade a mais para todos nós". (O Povo, ed. de 13.08.1988).
Mozart Soriano Aderaldo
"Ele era um Homem Poliédrico"
"[...] Sua bagagem intelectual é das mais volumosas e valiosas. Destaco aqui as de minha especial preferência, como a sua apenas no nome "Pequena História do Ceará"; a publicação "O Ceará", em colaboração com Antônio Martins Filho; as monografias que escreveu sobre a nossa cidade, especialmente a "Geografia Estética de Fortaleza"; suas deliciosas memória sob o sugestivo título de "Palestina (a "fazenda" onde nasceu), uma Agulha e as Saudades" ; sua magnífica pesquisa sobre "A Abolição no Ceará"; "História da Faculdade de Direito de o Ceará"; seu "Dicionário da Literatura Cearense"; em colaboração com Maria da Conceição Sousa e finalmente a sua pioneira "História Econômica do Ceará". A relação é indiscutivelmente incompleta e outros salientariam diversas publicações de sua lavra que aqui não foram referidas. . Explico novamente: questão de inclinação pessoal.
Foi desse estofo o homem que o Ceará perdeu há pouco, deixando uma lacuna impreenchível no mundo cultural e associativo de nossa terra. E é sobre sua tumba que deposito as flores da minha saudade". (Tribuna do Ceará, ed. de 06.08.1988).

Lúcio Alcântara (Deputado Federal Constituinte)
Excerto do discurso pronunciado na ANC
"Cumpro o doloroso dever de participar à esta Casa o falecimento do professor e historiador Raimundo Girão falecido ontem em Fortaleza depois de uma longa vida dedicada à cultura e à história do Ceará.
Membro da Academia Cearense de Letras, do Instituto Histórico do Ceará, foi o inspirador da criação, no governo de Plácido Castelo, e primeiro titular, da Secretaria de Cultura do Estado. Deixou numerosos livros, sobretudo sobre temas cearenses aos quais dedicou invulgar eficiência. Foi ainda prefeito de Fortaleza. [...] Trata-se sem dúvida de um grande desfalque para a cultura cearense o seu desaparecimento. Conforta saber que seus trabalhos irão permanecer como símbolo de tenacidade de um homem voltado para as coisas do espírito com grande contribuição ao desenvolvimento cultural do Ceará. Ficará também em nossa lembrança o cidadão exemplar e o chefe de família bem constituída a que pedimos seja comunicada do voto de pesar da Assembléia Nacional Constituinte, pelo seu falecimento". (Sessão da Assembléia Nacional Constituinte, de 25.07.1988)".


Crédito: Site Oficial

domingo, 25 de julho de 2010

Cajueiro da Mentira ou cajueiro botador


O Cajueiro Da Mentira ou Cajueiro Botador ficava na Praça do Ferreira do lado da Rua Floriano Peixoto, aproximadamente entre a 
delegacia de Polícia (hoje o Palacete Ceará) e a telefônica (hoje Livraria Alaor), por trás da parte urbanizada em 1902 por Guilherme Rocha, onde ficava o Jardim Sete de Setembro.
A foto mais antiga, que data aproximadamente de 1907, traz um dos momentos de reunião dos habitues da Praça do Ferreira que no Cajueiro da Mentira ou Cajueiro Botador, contavam suas histórias, seus "causos", seus contos, enfim, dão vazão a seus espíritos criativos.
Todos os dias 1º de abril à sombra do "Cajueiro Botador" havia uma sessão de mentiras e em seguida a eleição do melhor dos mentirosos, tudo feito festivamente, com urna pendurada no tronco da árvore, tudo enfeitado de bandeirinhas de papel colorido, fogos a valer, música tocada por parte de alguma banda da polícia ou de outra corporação. A bebida não faltava e o café mais próximo ao cajueiro era o Café Java, que no dia tinha cerveja à vontade.
À noite o nome do vitorioso era colocado escrito em placa no tronco do cajueiro, sendo na hora homenageado com discursos, aplausos, risos, palmas, mas havia os que não gostavam da brincadeira e apupavam.
A brincadeira, de acordo com Raimundo Girão, iniciou-se em 1904, sendo iniciada por Álvaro Weyne, Antônio Martins, Henrique Cals, José Raimundo Costa, Porfírio da Costa Ribeiro, todos comerciantes na Rua Floriano Peixoto em frente à Praça do Ferreira. Outros elementos engrossaram a fila dos "mentirosos", todos ilustres, como Amâncio Cavalcante, Leonardo Mota, Eurico Pinto, Gérson Faria, William Peter Bernard, Ramos Cotoco, Chamarion, Carlos Severo, Gilberto Câmara, Quintino Cunha, o Rochinha da farmácia e o Pilombeta, conforme nos diz Otacílio de Azevedo em seu "Fortaleza descalça".
Em 1920 a praça foi reformada, na gestão do prefeito Godofredo Maciel e foram banidos os quiosques dos cafés e também o "cajueiro botador", assim chamado por dar frutos o ano inteiro.
A segunda foto, batida por Nirez, é do mesmo local quando da existência da praça feita na gestão do prefeito José Valter Cavalcante.
No local existe hoje uma placa que diz: "Neste local existiu um frondoso cajueiro que por frutificar o ano todo era apelidado "Cajueiro Botador", ou por se realizarem, sob sua copa, cada 1º de abril as eleições para o maior "potoqueiro" do Ceará, era também chamado de "cajueiro da mentira". Abatido, em 1920, com a reforma do logradouro, então realizada, foi em sua memória plantado um novo cajueiro, quando da restauração da praça, na administração Juraci Magalhães. Só que o cajueiro ali plantado há muito morreu e não foi plantado outro, restando apenas a placa. Será mais uma mentira do cajueiro?
Fonte: Portal do Ceará/Arquivo Nirez

Castelo do Plácido



O comerciante Plácido de Carvalho era proprietário de muitos terrenos no centro da Cidade, onde vários importantes prédios foram levantados, como o "Majestic" em 1917 e o "Excelsior" em 1930.
Quase todo o quarteirão da Rua Major Facundo que ficava na praça do Ferreira era seu. Além de comerciante era também industrial, tendo uma fábrica de mosaicos estabelecida em 1905, com escritórios na rua Barão do Rio Branco.
Em uma de suas viagens à Europa, conheceu na Itália a jovem Pierina Giovanni, a quem propôs casamento e vinda para o Brasil.




Como insistisse muito, a jovem condicionou sua vinda à construção, por ele, de um palácio para ela e ele. Adquiriu uma planta de um palácio na Itália e o fez construir em Fortaleza, por João Sabóia Barbosa, na Avenida Santos Dumont, entre a Rua Carlos Vasconcelos e a Rua Monsenhor Bruno.
Assim casaram e viveram juntos até a morte de Plácido. Essa história é contada de boca em boca na cidade, não havendo, porém nenhuma confirmação oficial. Isto ocorreu por volta de 1912. Depois a viúva Pierina casou-se com o arquiteto Emílio Hinko.





Na década de 30 o castelo foi ocupado pelo Serviço de Malária, departamento federal que equivale hoje a Sucam.
Na década de 1970 a castelo foi demolido por tratores para construção no local de um supermercado, mas passaram-se os anos e o terreno ficou abandonado até que o governo o desapropriou e nele construiu a Central de Artesanato Luiza Távora, feita com troncos de carnaubeira que aos poucos foram se deteriorando pela presença de cupins. Ultimamente foi reconstruído e é o que vemos na foto atual.



A fotografia antiga é do final da década de 30 e foi batida pela Aba Film, uma foto de um ângulo bastante artístico.
As fotografias seguintes procuraram o mesmo ângulo, sendo a segunda de 1976, colhida por Nirez e a última atual, batida por Osmar Onofre. Infelizmente o Centro Artesanal não tem o mesmo porte do castelo, além de existirem prédios "espigões" por trás.



Fotos Arquivo Nirez:





 



Fonte: Portal do Ceará/Nirez


sábado, 24 de julho de 2010

Praça Castro Carreira, a Praça da Estação



Foto 1909

Ao andar no Centro de Fortaleza, é difícil encontrar alguém que informe onde fica a Praça Castro Carreira. Isto se dá porque na preferência popular, ela é conhecida como Praça da Estação. Com 11.517,00 m², é limitada pelas ruas General Sampaio, 24 de Maio, Dr. João Moreira e Castro e Silva. A maioria das pessoas que sobe e desce dos ônibus diariamente no terminal, que fica no meio da praça, não imagina o valor histórico contido naquele prédio, tão próximo. Do ponto de vista da história, a Estação Ferroviária Engenheiro João Felipe foi construída entre os anos 1879 e 1880, em estilo neoclássico.
O prédio é tombado pelo Patrimônio Histórico do Ceará.
Em 1871 tem início a história deste lugar, com a construção da estação central, do chalé para os escritórios e das oficinas da Companhia Cearense da Vila Férrea de Baturité. O primeiro trecho entre Fortaleza e Arronches, hoje Parangaba, foi concluído em 1873. A Estrada de Ferro de Sobral foi iniciada em 1878 e, em 1910, tanto a Estrada de Ferro de Baturité, quanto a Estrada de Ferro de Sobral são arrendadas à South American Rallway. Anos depois, em 1915, com o contrato rompido, passa a ser chamada Rede de Viação Cearense e volta a ser dirigida pelo governo da União. Em 30 de novembro de 1873 nasce oficialmente a primeira Estação de Fortaleza, a Estrada de Ferro de Baturité.

A Praça em 24/05/1900

É curioso, mas poucos sabem que a segunda e definitiva estação foi construída no local do antigo Cemitério de São Casimiro, com mão-de-obra dos retirantes da seca de 1877. Foi inaugurada em 9 de julho de 1880, no Reinado de Dom Pedro II. Ainda hoje, quem entra no hall do prédio da estação, logo após a escadaria, do lado direito, e olha para cima, verá em letras antigas os dizeres: “Reinado de Dom Pedro II¨.
O sapateiro Daniel Pinheiro Bezerra, que aparenta ter 75 anos, lembra, saudoso, da praça que costumava frequentar desde que tinha 6 anos, quando vendia maxixe na feira livre. Sim, a Praça da Estação já foi uma enorme feira livre, onde se comercializava de tudo, de frutas e verduras a utensílios domésticos, e até animais. “Como a feira dos pássaros, sabe?”, relembra Lôro.
É assim que Daniel é chamado, carinhosamente, Lôro. Seus olhos azuis contrastam com a pele queimada pelo sol, com rugas profundas que marcam seus anos de luta, sofrimento, de pura sobrevivência. Há 25 anos Lôro trabalha como sapateiro, no mesmo lugar, com a mesma cadeira de ferro antiga. As cadeiras, aliás, são registradas na Regional da Secretaria de Serviço Urbano, onde o proprietário recebe uma carteirinha. “Tá vendo aquela outra cadeira ali? Eu comprei para o meu filho. O dono dela morreu e a família vendeu para mim. Os mais antigos, como eu, já morreram. O último era dono daquela outra cadeira abandonada. A família não está nem aí, e ninguém mais trabalhou nela.
Lôro compara, e diz que nunca mais a clientela foi a mesma. Lembra que a Praça da Estação já foi bem frequentada; as pessoas eram muito bem vestidas; todos os homens usavam calça comprida e sapato social. “Hoje a praça é cheia de malandro. Antigamente não tinha essas coisas de andar de bermuda e chinelo”, reclama. Próximo de onde Lôro estava, passa Luís Ribeiro, aposentado da Rede Ferroviária. Ele faz questão de parar para cumprimentar o Lôro. Pouco tempo antes estive com Ribeiro, na Associação dos Ferroviários Aposentados do Ceará localizada na esquina da praça. Ali eles se reúnem todos os dias para jogar conversa fora, tomar um cafezinho e se divertir jogando. Também é possível mergulhar no passado e sentir como era a atmosfera daquela praça anos atrás.
Agente da Estação, Luís Ribeiro, 64 anos, trabalhou em todos os setores, de telegrafista a agente comercial, cargo de que se orgulha muito. Isso porque, segundo ele, ao deixar de beber, começou a estudar, conseguiu melhor formação e subiu de cargo, tornando-se agente comercial.
Trabalhou 36 anos na Estação. Viu toda a evolução da praça, de feira livre a parque de diversões e por último e, até hoje, terminal de ônibus.
No meio da conversa chega Antonio Serafim, companheiro de trabalho de Luís. Vestindo camisa e calça social, assim como todos os outros aposentados, Antonio, 71 anos, fumava um cigarro atrás do outro. Não falou muito, mas concordava e sorria com as histórias que Luís contava.
Ele trabalhou como foguista e maquinista. Viajava para São Luís, Crato, Teresina e Recife”, recorda Luís, empolgado.



Orgulhoso, Antônio ainda completou: “por 31 anos trabalhei; todos os meus cinco irmãos também trabalharam na mesma função, mas só sobrou um irmão”. Segundo Luís, a da Estação era uma das praças mais importantes e bem frequentadas da cidade. Todas as empresas de ônibus interestaduais nos anos 1960 ficavam ali, ao redor da praça. “Dava gosto de ver as pessoas bem arrumadas que circulavam pela praça, que desciam na Estação e frequentavam o centro da cidade. O maior crime foi extinguir as estradas de ferro. A estrada levou progresso, cultura para o interior”, lembra, com saudosismo, o aposentado que fez parte deste crescimento.
Em frente à Associação dos Aposentados fica o Centro de Turismo do Estado, conhecido como Emcetur.
Na edificação foi inaugurada uma prisão imperial, em 1866, que funcionou até 1970. “Foi toda construída de areia de rio, com óleo de baleia e as portas de ferro fundido vieram todas da Escócia”, conta um simpático aposentado, conhecedor profundo do local. Por ironia ou não, nas portas principais há flechas no topo que apontam para cinco corações. O sapateiro Lôro disse
que na época em que a prisão funcionava, bem na esquina da praça, havia janelinhas com grades, de onde os presos jogavam latinhas para a calçada por meio de um fio. As pessoas que passavam colocavam dinheiro, cigarros. Hoje a antiga Cadeia Pública abriga lojinhas de artesanato, renda e confecção, além do Museu de Minerais do Ceará e o Museu de Arte e Cultura Populares.

A Praça em 1963 - Lucas Jr

Há rumores entre os comerciantes de que no local há estranhas passagens secretas escondidas sob o piso da histórica edificação.
Ao longo do tempo, o cenário mudou bastante. Hoje a praça é tomada por ambulantes que vendem de tudo: frutas, verduras, raspadinhas, jogo do bicho, vale-transporte.
Figura curiosa, o dono da barraquinha de churrasquinhos, Ricardo, é o típico conversador. Por temer a fiscalização, prefere não se identificar. Há quatro anos vende espetinhos na Praça da Estação, e todo santo dia começa a montar seu carrinho às quatro horas da tarde.
Além dele, outras quatro pessoas vendem espetinho, mas o do Ricardo tem um diferencial: acompanha baião de dois e custa um Real. “O movimento começa às cinco da tarde e vai até por volta das oito horas. Acabou o trem, já era; só dá ladrão”, avisa. Depois de muita insistência,
contou como batizou seu carrinho, “Churrasquinho do Maluco”. Não queria dizer, também por medo da fiscalização, que proibiu a venda de bebida alcoólica. O nome foi dado pelos frequentadores que tomam cachaça. “Não há como não vender pinga. Perco a clientela. A maioria quer uma pinguinha para acompanhar o churrasco. Há sexta-feira em que vendo 19 litros de pinga e chego a vender 200 espetinhos”, revela Ricardo. A noite vai chegando e o movimento de pessoas e ônibus aos poucos vai diminuindo. A Praça da Estação, ou melhor, a Praça Castro Carreira vai seguindo seu destino, guardando antigas lembranças do passado e revelando novas realidades do presente.



Saiba mais


Nomes anteriores e resumo histórico:

Campo D´Amélia (1830) em homenagem a imperatriz D´Amália de Lenchtmeberg. Se chamou também do Senador Carreira , 1822, da Via Férrea 1890 e Castro Carreira a partir de 1932.
Era um campo onde as tropas coloniais e depois as imperiais treinavam as sua milicias, e também donde fazia seus esportes de cavalhadas e torneios hípicos da argolinha. Do lado poente estava o cemitério de São Casimiro e no lado leste o dos protestantes ingleses.
Desde 1971 com a construção da estrada de ferro de Baturité recebeu o nome popular de “Praça da Estação”. Havia no centro da mesma uma estátua do General Sampaio em fundida de bronze, sobre pedestal esculpido em Fortaleza, em granito Cearense. Foi inaugurada em 1900 na data do nascimento do Patrono da Infantaria (hoje a estátua esta localizada em frente ao Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção )

Cronologia:

1870 – Construção da Estada de Ferro de Baturité
1871 – Primeira locomotiva chamada Fortaleza.
1873 – Inauguração da Estação Central.
1880 – O “Chalet” da diretoria e oficina.


Crédito: Patricia Nielsen e pesquisas na internet.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

Ensino Mútuo

Em 1828 a Praça do Ferreira era um campo de areia com um pequeno poço no centro, construído pelos flagelados das secas de 1877 a 1879. Foi neste ano que a Junta da Fazenda Nacional tomou a iniciativa de mandar construir uma casa para abrigar a nova aula do Ensino Mútuo de Fortaleza, sendo escolhido o local da esquina da Rua da Alegria (Rua Floriano Peixoto) com travessa 24 de Janeiro (Rua Guilherme Rocha), onde fica hoje o Palacete Ceará. Na época a praça era conhecida por praça das Trincheiras. Mas o local não foi bem aceito pelos componentes da Câmara por vários motivos, entre eles os de ficar longe da cidade e por ser do lado do sol. Mas apesar disto o prédio foi construído ali e foi inaugurado no dia 5 de fevereiro de 1829. Em 1863 houve uma remodelação e em 1890 foi entregue à Guarda Civil para servir de quartel. Em 1897 foi aumentado o prédio pelo lado da atual Rua Guilherme Rocha.

Em 1913 o coronel José Gentil de Carvalho construiu um prédio nos fundos do quartel, permutando pelo prédio da corporação, com o Governo do Estado. Manda demolir o velho prédio e em seu lugar ergue, em 1914, com planta do arquiteto João Sabóia Barbosa, o "Palacete Ceará", construído por Eduardo Pastor. No prédio de trás o "Palacete Fortaleza", passou a funcionar a Chefatura de Policia e depois, quando esta se mudou para a praça dos Voluntários, funcionou ali o "Café Brasil". Em 1946 a Caixa Econômica Federal adquiriu os dois prédios e logo se instalou ali, onde tinha estado por vários anos o Clube Iracema e o "Rottisserie Sportman" de Efrem Gondim.

A porta que vemos à distância fechando a rua na primeira foto, era do Palácio da Luz, então sede do Governo, parcialmente demolido, abriga hoje a Academia Cearense de Letras. Vemos também a copa do "oitizeiro do Rosário". Estão presentes os trilhos dos bondes de tração animal.

A foto nova mostra em substituição ao antigo prédio do Ensino Mútuo, os baixos do Palacete Ceará e do Palacete Fortaleza, com o calçadão da Rua Guilherme Rocha, a pavimentação da Rua Floriano Peixoto, os prédios do Banco de Fortaleza - Banfort, da Caixa Econômica e o Palácio Progresso por trás.


Crédito: Portal do Ceará/Cronologia de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo

Fênix Caixeiral


PRAÇA JOSÉ DE ALENCAR - FÊNIX CAIXEIRAL - SUS

No dia 24 de maio de 1891 um grupo de empregados do comércio de Fortaleza se juntou e fundou uma associação a que deram o nome de Fênix Caixeiral. Aquela época, os vendedores em casas comerciais tinham o nome de caixeiros. A entidade tinha de tudo para atendimento a seus sócios e funcionava como um instituto de previdência já que na época tal não existia.
Em 1905, no dia 24 de junho, inaugurava-se a sede própria, na praça José de Alencar, na esquina da Rua General Sampaio com Rua Guilherme Rocha. Em 1915, no dia 24 de junho, foi inaugurada a segunda sede, desta feita na esquina da mesma Rua Guilherme Rocha com a Rua 24 de Maio. Nos dois prédios funcionavam a Escola de Comércio (a primeira de Fortaleza a ter aulas à noite), o Cine-Teatro Fênix, a Biblioteca Social, o Pátio de Diversões, o Campo de Cultura física, Assistência Médica, Dentária e Judiciária, o Tiro de Guerra, o Dispensário Profilático e, a partir de 1926, o Banco de Crédito Caixeiral. Durante a revolução de 1930, manteve a Guarda Cívica Fenista.
No prédio da Fênix Caixeiral funcionou, além da própria entidade, o Centro dos Inquilinos, a Associação Comercial do Ceará, o Instituto Politécnico, a Associação dos Jornalistas Cearenses (ACJ), hoje Associação Cearense de Imprensa (ACI), além de muitas outras atividades ali exercidas, como impressão de jornais, funcionamento de academias e instalação de sociedades. Lá também funcionou o serviço de telégrafo de Fortaleza.
Na primeira foto, a mais antiga, vemos em primeiro plano parte da Igreja do Patrocínio, cuja pedra fundamental foi lançada em 2 de fevereiro de 1850 e em seguida o primeiro prédio da Fênix Caixeiral, inaugurado em 24 de junho de 1905.
Na Segunda foto, da década de 50, vista do mesmo ângulo, vemos novamente parte de igreja e no lugar do prédio da Fênix, o novo edifício da Fênix Caixeiral sendo construído. Vê-se já, à distância, o Edifício Santa Elisa "Gilete", na esquina com a Rua Senador Pompeu, um ônibus dos que se construía a carroçaria em Fortaleza e um automóvel talvez Pontiac.
A terceira foto mostra a igreja encoberta parcialmente por tapumes, grades e muros, o prédio que começou a ser construído para a Fênix, financiado pelo IAPC, passou a pertencer ao INPS, depois INSS e atualmente traz a sigla SUS. Na fachada sente-se a confusão de letras superpostas. Na rua já não passam carros.
Hoje no local está, desde a década de 60, o prédio do INAMPS, destinado ao SUS, conforme foto atual de Osmar Onofre.


Saiba mais:

Em março de 1984, o antigo prédio da Fênix Caixeiral, na rua 24 de Maio, foi passado adiante pelo Grupo Ximenes e Tecidos S.A. Naquela época, restavam apenas as colunas construídas à base de ferro de difícil demolição.

A fundação da Fênix Caixeiral se deu em 24 de maio de 1891. A primeira sessão foi realizada em um prédio da rua Formosa, hoje Barão do Rio Branco, 193. A inauguração do prédio da rua 24 de maio, no entanto, só ocorreu em 24 de junho de 1915.

No dia 25 de junho de 1918, foi criada a Lei Municipal número 56, que considerava feriado municipal o dia 24 de junho (data da instalação do prédio). Em 28 de junho do mesmo ano, o Decreto Federal nº 3.523 considerou o antigo prédio da entidade como "utilidade pública".

"Vendido afinal o prédio da Fênix" - manchetava O POVO em uma de suas páginas, no sábado de 6 de janeiro de 1979. Na ocasião, O POVO ouviu Aloísio Ximenes, do Grupo Ximenes e Tecidos S.A., que comprou o edifício. Ele explicou que "a decisão de concorrer à aquisição do prédio revestiu-se de caráter puramente comercial, levando-se em conta que a valorização determinada pela proximidade do centro de comércio justificava a oferta feita pela organização". Até aquela data, o prédio ainda estava sem destino. "Pode virar um shopping center, uma incorporada, loja de departamentos, estacionamento ou mesmo a sede da nossa organização", previa o novo proprietário. 


Crédito: Portal da História do Ceará, Jornal O Povo

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