Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

A Prainha de outrora...


Igreja da Prainha em 1935
Nossa outrora hígida capital desfrutava de tranquilidade nos bairro, onde conviviam harmoniosamente famílias abastadas e carentes. As Cambirimbas e a Tijubana eram aglomerados da classe mais pobre, existentes respectivamente ao lado das espaçosas residências do velho Alagadiço e de Jacarecanga. A Cachorra Magra se agregava ao Benfica, bairro descoberto pelas famílias ricas da cidade. E, ao simplório bairro do Outeiro, trecho da cidade sito a leste do Riacho Pajeú e alcançando por ínvios caminhos, quais eram o Corredor do Bispo (atual rua Rufino de Alencar), o Beco do Pocinho e o início da futura Pinto Madeira, se agregava a Prainha, alcançada pela antiga rua da Praia (atual Pessoa Anta) e habitada por "gente boa" da terra. 


Seminário e igreja da Prainha em 1906 - Arquivo Assis de Lima

Nele nasceu e viveu algum tempo o grande cearense e maior crítico literário nacional da passada centúria Araripe Júnior, cuja moradia localizarei para a posteridade. E foi ele palco das peraltices de outro grande conterrâneo nosso, por via das frequentes andanças pela casa de parentes seus, o inesquecível Gustavo Barroso.


Foto da época da Inauguração da torre do Cristo Redentor em 1922. As casinhas que vemos, são da Rua Rufino de Alencar. Nirez

O bairro da Prainha compreendia não somente a parte que fica abaixo da colina onde nossa cidade se assenta mas se estendia à porção de cima, que dava frente para o areal hoje correspondente à Praça Cristo Redentor e ao início da rua do Seminário, atualmente Avenida Monsenhor Tabosa


Foto do Álbum de Vistas do Ceará de 1908

As casas à esquerda formam a Rua Rufino de Alencar que vem do lado da Catedral e quando chega na Rua Boris faz a abertura de um ângulo para formar a praça. A foto na realidade é o areal do que seria futuramente a Praça do Cristo Redentor. Arquivo Nirez

Na esquina noroeste da rua Boris, hoje reduzida em sua extensão em decorrência da demolição da face norte da desaparecida rua Franco Rabelo, e a atual Avenida Presidente Castelo Branco, que o povo chama de Leste-Oeste, existia um velho solar pertencente ao coronel Solon da Costa e Silva, nascido em Pacatuba e comerciante em Fortaleza, proprietário da Empresa Ferro-Carril de nossa cidade (que explorava o serviço de bondes de tração animal), sucedia em 1914 pela Ceará Light (concessionária do serviço de bondes de tração elétrica). O coronel Solon, que deu seu nome a uma rua da cidade, era pai de meu querido professor de inglês no Liceu do Ceará, Mozart Solon, e avô do Pe. Fred Solon, sacerdote jesuíta muito popular entre as novas gerações de fortalezenses. O belo prédio a que me referi foi em parte demolido para o alargamento da referida artéria, hoje crismada com o respeitável nome do primeiro Presidente da República após a Revolução de março de 1964.


A rua do Seminário em 1890 - Nirez

A Casa Boris

Descendo a ladeira da rua Boris, vamos encontrar ainda hoje o edifício que abriga a Casa Boris, aqui estabelecida no século passado e de grande importância econômica e social, a ponto de o povo dizer que o mar era o "açude do Boris".


Foto colhida pela objetiva da Aba Film no ano de 1938. A partir da esquerda, a mansão que foi de Luiz Borges da Cunha e Maria Pio de Castro, que ficava na Rua Franco Rabelo, em frente à Praça, seguida da casa construída por José Pio de Morais e Castro e Angélica Borges Pio de Castro, depois ocupada pelo inglês Francis Reginald Hull (Mr. Hull), meio encoberta por uma árvore; a Avenida Monsenhor Tabosa, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e o Seminário Arquidiocesano. Na frente, a praça, com a torre que lhe deu o nome. Arquivo Nirez

Voltando à porção elevada da Prainha, visualizávamos, ao lado do belo prédio em que se abriga a Biblioteca Pública, a casa de nº 317 da desaparecida rua Franco Rabelo, no início da Avenida Presidente Castelo Branco. Tratava-se do primeiro bungalow construído em Fortaleza, iniciativa de Manuel Pio.


Ladeira da Prainha e residência de Mister Hull -Nirez

Vizinho a esse prédio existia outro fazendo esquina com a atual rua Almirante Jaceguai, que integra a Ladeira da Prainha, onde os bondes estacavam pela impossibilidade de subi-la. Nele residiu José Pio, irmão do proprietário do bungalow vizinho, e sua estampa consta do Álbum de Fortaleza editado em 1908. Depois foi residência de Francis Hull, cônsul inglês em nossa terra e gerente da Ceará Light, homem curioso de nossas angústias climáticas e autor de estudos sobre a problemática das secas, merecendo por isso batizar importante artéria de nossa terra. Esse prédio foi demolido e o correspondente terreno serve atualmente de estacionamento de automóveis ou atividade correlata.


O bonde Prainha na Avenida Pessoa Anta

Olhando em diagonal para a Praça Cristo Redentor e de frente para a Igreja da Conceição da Prainha (conhecida como Igreja do Seminário), localiza-se o prédio outrora residência do Barão de São Leonardo. Corresponde atualmente aos números 5, 15 e 23 da Avenida Monsenhor Tabosa, chamada antes de rua do Seminário. O Barão de São Leonardo, hoje denominando rua de nossa capital, chamava-se Leonardo Ferreira Marques e nascera em Mombaça.


Vista aérea da década de 20/30 - Arquivo Nirez

Vizinho à casa do Barão situava-se outra que tem hoje o nº 39 onde residia no início do século corrente  o grande poeta cearense que batizou rua da cidade e foi "degradado" por um vereador de passada legislatura, que quis homenagear o pai do dono de um posto de gasolina ali situado... José Albano, membro de família fidalga chefiada pelo Barão de Aratanha, nasceu em casa situada na esquina noroeste das ruas Visconde de Saboia e Coronel Ferraz, mas morava então na Prainha. Descia ele a ladeira do bonde da mesma denominação para, juntamente com o futuro deputado federal e jornalista Luis Cavalcante Sucupira, banhar-se nas ondas que quebravam nas areias da futura Praia de Iracema, então Praia do Peixe.


Praia de Iracema em 1930


Fonte: Prainha, um bairro decadente - Mozart Soriano Aderaldo

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Retrospectiva 2012



2012 foi um ano maravilhoso para o Fortaleza Nobre, muitas histórias que tive o maior prazer em pesquisar e aprender para trazer aos leitores do blog. Foi também gratificante acompanhar o crescimento da nossa Fan Page. A participação das pessoas em cada foto postada, foi essencial para esse sucesso! Cada curtida e cada compartilhamento, era uma alegria e um atestado de que o FN* está no caminho certo! Hoje nós já somos mais de 6.600 e tenho certeza que 2013 será ainda melhor, pois voltarei cheia de novidades e com a bateria recarregada e um estoque de fotos antigas, ainda maior! 
Na nossa Fan Page, já foram postadas mais de 1.600 fotos antigas. 

Aqui no blog, já chegamos a 990 seguidores e conforme estatística do Blogger, só no mês passado tivemos 36.628 visualizações da página. E fora o Brasil, o blog já atingiu os Estados Unidos, Suécia, Portugal, Alemanha, França, Reino Unido, Espanha, Rússia e Bélgica. Estamos chiques demais! 

Ah, não posso esquecer de agradecer aos amigos do Twitter que vira e mexe, retweetam nossos assuntos e atraem mais seguidores e amigos, valeu mesmo!

Bom, foi pensando em todos vocês que resolvi fazer essa retrospectiva, espero que gostem!!! 









No Auge da Leste-Oeste

...Foi nessa época e nesse ambiente que surgiram e floresceram os inúmeros bares, boates e inferninhos da nova e recém inaugurada Avenida Leste-Oeste. A cidade crescia vertiginosamente, puxada pelo “milagre econômico” e sob a batuta da Gloriosa Revolução de 64. 

Dos Elegantes Cafés vindos do século XIX ao varejo atual

...Existiam ainda na praça quatro quiosques que se denominava “café do Comércio”, “café Iracema”, “café Elegante” e “café Java” – o mais antigo, pois data de 1886 e se tornara o principal ponto de reunião da fina flor da cidade, e dos famosos intelectuais da inovadora Padaria Espiritual.








Primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza - Uma casa, duas antenas e 3  gerações

Em 1922 instalou-se a primeira estação radiotelegráfica de Fortaleza na Praia do Peixe com duas grandes torres (antenas). Os escritórios ficavam no prédio da Fênix Caixeiral, na Praça Marquês do Herval, na Rua General Sampaio, esquina com Rua Guilherme Rocha, onde hoje fica o edifício do CEMJA.



Colégio Lourenço Filho - 74 anos

... Para patrono da instituição, escolheram o professor Lourenço Filho, que na época já ultrapassara as fronteiras nacionais, devido às suas realizações na área da Pedagogia. No ano de 1939, foi instalado o Curso Ginasial e, em seguida, o Normal e o Colegial. Não foi necessário muito tempo para que o Lourenço Filho fosse reconhecido pela sociedade como exemplo de educação no Estado.







Grupo Escolar Fernandes Vieira - Colégio Juvenal Galeno


Em 6 de setembro de 1923 no bairro de Jacarecanga, foi adquirida para propriedade do Estado a chácara localizada na rua Oto de Alencar frente para a Praça do Liceu. No dia 3 de outubro foi lançada a pedra fundamental para a construção do então Grupo Escolar Fernandes Vieira, pelo então presidente do Ceará Idelfonso Albano...


Clube dos Diários - Fatos Históricos


Em 18 de março de 1913, é fundado o Clube dos Diários, nascido de uma dissidência do Clube Iracema, e que se instalou no dia 23, no Palácio Guarani, no mesmo local antes ocupado pela Associação Comercial do Ceará.
Depois juntou-se ao Clube Iracema, denominando-se Clube Diários-Iracema.









O Correio do Ceará é um tradicional jornal de Fortaleza. Foi fundado em 2 de março de 1915 por Álvaro da Cunha Mendes*, mais conhecido por A. C. Mendes, empresário do ramo gráfico. A partir de 1937 passou a ser integrante do Diários Associados. Antônio Moreira Albuquerque, jornalista que nasceu em Granja (01 de jan. de 1918) e faleceu em Fortaleza (1998), foi secretário do "Correio do Ceará" por vários anos nas décadas de 50,60 e 70.


De Serviluz a Coelce - A Companhia Energética do Ceará

... Desde 1912 a Capital era servida pela luz e força da Light, companhia inglesa que explorou o bonde, ônibus, além de luz e força, sempre com precariedade.
A empresa foi municipalizada, transformou-se em Serviluz, Conefor e finalmente em Coelce.

Fábricas em Fortaleza

...A Gelatti, marca uma nova era, um divisor de águas, pois antes existiam pequenas fábricas de picolés semi-artesanais como a "Princesinha"(na Barão de Aratanha dos irmãos Arruda) e a Gelatti se estabelece com equipamentos modernos, em escala industrial, onde até o carrinhos eram diferentes e os vendedores, trabalhavam uniformizados e de boné.








Avenida Santos Dumont - Antiga Rua do Colégio das Órfãs

...uma das vias mais longas da cidade com mais de oito quilômetros ligando o bairro Centro a zona leste de Fortaleza chegando até a Praia do Futuro cruzando o bairro Aldeota. A avenida começa estreita e de sentido único oeste-leste a partir da rua Coronel Ferraz sendo alargada a partir da rua Dona Leopoldina. A partir da rua Tibúrcio Cavalcante a avenida ganha um canteiro central e passa a ser de sentido duplo.

Rua General Sampaio - Antiga Rua da Cadeia 

Há tempos, muitos anos atrás, a rua General Sampaio se chamava a rua da Cadeia, porque lá no início, próximo à Estação de Trem, estava situada a Cadeia Pública. Esta região era a mais procurada para moradia. Constituía-se a área nobre da provinciana capital do Ceará.

Manuel Morcego e Tristeza

...Na adolescência à juventude, resolveu trabalhar na Construção da nossa Catedral da Sé. Tornou-se um audaz servente e chegou a ser pedreiro da Sé. Sua habilidade não chegou a tanto, porque designado para trabalhar na construção da torre da Igreja, certa vez, escorregou de um andaime que falseara com o vento, logo veio a cair das alturas. Tamanha foi à destreza e agilidade, que, ao cair rolando altura a baixo, deu de encontro às estroncas segurando a uma delas, como se dizia, "agarrando-se com unhas e dentes", enfrentando o medo de morrer ao cair daquelas alturas. Salvou-se graças a ajuda dos demais operários que, num átimo, o socorreram rapidamente.

O Otávio Bonfim dos velhos tempos...

Na década de sessenta, por exemplo, o bairro Otávio Bonfim, oficialmente Farias Brito, na zona oeste da capital, tinha um charme bem particular. Não era de classe alta. Também não estava na linha da pobreza.






Tragédia na inauguração da Av. Leste-Oeste


Foi como se, por alguns segundos, tudo houvesse ficado em silêncio. Como se o tempo houvesse parado um pouco para que as pessoas pudessem entender o que estava acontecendo. Acho que eu nem respirava.

- Caiu! – gritou alguém.

E o tempo voltou a funcionar. Houve gritos e correria. Verdadeiro pânico tomou conta da multidão. Lembro bem de um caminhão de bombeiros saindo, com a sirene ligada, um de seus soldados correndo e se pendurando nele.


Espaços da elite na capital cearense

No século XIX, a capital cearense sofre intervenções no seu traçado urbano. Em um primeiro momento, no ano de 1818, quando o urbanista Silva Paulet projeta a planta de Fortaleza em formato xadrez, e em um segundo momento, no ano de 1875, por Adolfo Hebster, que deu continuidade ao projeto, finalizando a “Planta Topográfica de Fortaleza” que tinha por finalidade disciplinar a expansão urbana e racionalizar os espaços da cidade, eliminando becos e vielas...

Avenida Pessoa Anta - Rua da Praia

A Avenida Pessoa Anta que até então era apenas um caminho chamado "Caminho da praia", foi surgindo com a chegada do progresso e dos históricos prédios, passando a chamar-se Rua da Praia em 1932.













50 Anos da Avenida 13 de Maio

Depois da inauguração da Paróquia de Fátima, na Av. 13 de Maio, no ano de 1955, o bairro veio a ser cobiçado como promissor, e, em grau de importância, chegou a ser dito por muitos que seria o bairro do futuro, tão importante quanto a Aldeota. 

Greve dos portuários - A Construção da trama


Durante o quatriênio de 1900 a 1904, o Governo do 
Ceará estava nas mãos de Pedro Augusto Borges, aliado de Nogueira Accioly que administrou o Estado de maneira a reforçar o poderio da Oligarquia Acciolina. 


Escola Johnson - 50 Anos

...Mais tarde, com o regresso da família Johnson aos Estados Unidos, a escola passou para o quadro da Secretaria de Educação do estado do Ceará, em novas instalações no Bairro Engenheiro Luciano Cavalcante e hoje é denominada Escola de Ensino Fundamental e Médio Johnson.

O cordão das "Coca-colas"

Nos idos de 45, terminada a Segunda Guerra Mundial, os soldados americanos retornavam ao seu país de origem e as "coca-colas" ficaram desativadas. Mas não estavam mortas, tanto assim  que continuavam a desfilar seu charme e sua elegância pelas streets da urbe, motivando as mais variadas reações: as velhas e respeitáveis matronas, guardiãs da sagrada moral cristã, resmungavam, olhavam de esguelha, condenavam as meninas ao fogo eterno do inferno e até benziam-se. "T'esconjuro, filhas do mal!"...







Escola Normal do Ceará -  De 1884 à 1922 (Parte I)

Fundada em princípios filosóficos e educacionais, defendidos por intelectuais da época, como Thomaz Pompeu de Souza Brasil Filho, os professores José de Barcellos e Amaro Cavalcanti, dentre outros, a Escola Normal  do Ceará concretiza, oficialmente, ao final do século XIX os anseios de igualdade, mesmo que fosse de uma “igualdade formal”, presentes na ideia de criação de uma escola pública de formação de professores. 

Colégio da Imaculada Conceição - Fatos Históricos

...Pela manhã, os congressistas visitaram o Colégio da Imaculada Conceição. Às 15 horas, foram recepcionados pelo Interventor Carneiro de Mendonça, depois do que visitaram o Sanatório de Messejana e a casa em que nasceu José de Alencar.

Bairro Vila União

O crescimento populacional da Vila começa depois da Segunda Guerra Mundial com o loteamento de terras da área. É um bairro com uma população dividida entre classe média, média alta e pobre.

É isso amigos! O ano está acabando e eu só tenho a agradecer o carinho de todos e espero contar com vocês no próximo ano!

Forte abraço

Leila Nobre


*FN = Fortaleza Nobre

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Maracanaú - O maior centro industrial do estado

Há muito tempo, os índios pitaguaris se encontraram com os colonizadores nas velhas terras do Siará. Formaram aldeias, cambiaram os idiomas, os costumes, as crenças, lutaram entre si e disputaram poderes. Depois chegaram os escravos que araram a terra e construíram açudes nas fazendas. E do amálgama de índios, brancos e negros surgiram os primeiros traços da gente de Maracanaú.

De longe, a história de Maracanaú pode se parecer com as histórias de muitos outros lugares do Brasil. Como a vista de uma paisagem, que disfarça as diferenças, esconde os detalhes e dá ao quadro uma harmonia de conjunto. Mas, basta aproximar o olhar para que se revelem as sutilezas que fazem de Maracanaú um lugar único, marcado com as escolhas que os maracanauenses fizeram a cada passo de seu caminho no tempo.


Embarque em ônibus da Viação Santo Antônio em Maracanaú - Cepimar

O atual território do município, na época da chegada dos primeiros europeus, era habitado pelos índios pitaguaris, Jaçanaú, Mucunã e Cágado. Dos aldeamentos destas etnias, surgiu o povoamento da Lagoa de Maracanaú e, depois, o das lagoas de Jaçanaú e Pajuçara.

Lagoa de Maracanaú antigamente - Foto de Bruno Rafel

No ano de 1649, estes índios receberam a visita dos holandeses, que cartografaram as roças de mandioca e milho, bem como os caminhos indígenas, durante a expedição em busca das minas de prata na Serra de Maranguape e Taquara. As ditas roças de mandioca e milho foram expandidas durante o tempo em que Mathias Beck administrou o Ceará a partir de sua base militar e administrativa: o Forte Schoonenborch.

Maracanaú¹ é a terra adotiva do escritor Rodolfo Teófilo e conhecida como a maior cidade-dormitório do Ceará.


Estação e igreja matriz de Maracanaú - Foto de Bruno Rafel

Possui o segundo maior produto interno bruto per capita do Ceará, estando atrás apenas do município de Eusébio.
A partir de 1870, o povoamento cresce em torno inicialmente da lagoa de Maracanaú e depois das lagoas de Jaçanaú e Pajuçara, fazendo com que os nativos perdessem o controle da então chamada Aldeia Nova.


Padre Teógenes e alunos do Instituto Carneiro Mendonça em Maracanaú - Cepimar

Com a inauguração da linha férrea, em Maranguape, no ano de 1875², houve uma luta para estendê-la até o povoado.
O povoado tornou-se Vila do Santo Antonio do Pitagaury em 6 de maio de 1882.

Maracanaú tornou-se distrito de Maranguape em 1906.

Maranguape conquistou o Distrito Rodolfo Teófilo (Pajuçara), que pertencia a Fortaleza, em 1938. O território passaria a integrar a cidade de Maracanaú com a emancipação que estaria por vir.


Estação de Maracanaú - Provavelmente nos anos 50 - Crédito da foto

O movimento de emancipação começou em 1953, com os tenentes Mário de Paula Lima e Raimundo de Paula Lima.

Uma tentativa bem-sucedida de emancipação ocorreu em 1962, tendo à frente o Padre José Holanda do Vale. No entanto, a emancipação durou pouco. O Golpe Militar de 1964 acabou com todos os municípios criados em 1962.


Antiga Prefeitura de Maracanaú - Acervo de Bruno Fernandes

Nos anos 1970, Maracanaú sofreu uma grande transformação quando foi escolhido para sediar o Distrito Industrial de Fortaleza.

Mais uma tentativa frustrada de emancipação teve à frente o então vice-prefeito de Maranguape, Almir Dutra.

A quarta tentativa de emancipação foi em 1981 com o “Movimento de Integração e Desenvolvimento de Maracanaú”.


Barragem Santo Antônio do Pitaguary na década de 90 - Maracanaú
Acervo de Bruno Rafel

Maracanaú foi finalmente emancipado em 5 de julho de 1983, pela Lei Estadual nº 10.811.

A primeira eleição municipal foi em 16 de dezembro de 1984, elegendo Almir Dutra³.

O Prefeito Almir Dutra foi assassinado em 27 de fevereiro de 1987. A prefeitura passa a ser administrada pelo vice-prefeito José Raimundo.

José Raimundo é afastado do cargo. Assumiu o interventor Alfredo Marques, que permaneceu no comando da prefeitura até outubro de 1988, quando é substituído pelo vereador Anastácio Soares Lima.

Entre os anos de 1989 e 1992, Júlio César Costa Lima esteve à frente da administração de Maracanaú.


O começo do Conjunto Jereissati Anos 90 - Maracanaú
Acervo de Bruno Rafel

Em 1993 assumiu o então eleito Antonio Correia Viana Filho, que renunciou no ano seguinte, ficando a administração sob o comando de Dionísio Brochado Lapa Filho.
Júlio César se apresenta novamente na vida política de Maracanaú como prefeito, permanecendo no cargo por dois mandatos consecutivos, de 1997 a 2004.


Antiga Pracinha de Maracanaú - Acervo de Bruno Fernandes

Roberto Pessoa vence as eleições de 2004 e fica à frente da Prefeitura de Maracanaú.


A economia de Maracanaú está centralizado fundamentalmente no setor industrial, devido ao Distrito Industrial de Fortaleza, o qual possui indústrias de: preparação de britamento e outros trabalhos em pedras (não associados à extração); produtos de laticínio (exceto leite); artefatos têxteis de tecidos (exceto vestuário); artigos para cama e mesa e colchoaria; biscoitos e bolachas; calçados de couro, plástico, tecidos, fibras, madeira ou borracha; fungicidas; herbicidas; defensivos agrícolas; massas alimentícias; material elétrico para veículos (exceto baterias) e medicamentos.


A Estação de Maracanaú em 1975

A agricultura é também uma fonte de renda do município, com plantações de algodão herbáceo sequeiro e plantas aromáticas e medicinais.
A arrecadação de Maracanaú é a segunda maior do estado.
Maracanaú tem a segunda maior arrecadação de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços do Ceará, ficando atrás apenas da cidade de Fortaleza.
A economia da cidade também é impulsionada pelo seu maior centro de compras: North Shopping Maracanaú, o único shopping de toda Região Metropolitana de Fortaleza.

North Shopping Maracanaú - D'Neto


  • ¹O topônimo Maracanaú vem da língua tupi, significando "água de maracanã", através da junção dos termos maraka'nã (maracanã) e 'y' (água, rio). Sua denominação original era Vila do Santo Antônio do Pitaguary. A partir de 1890, adotou seu atual nome.

  • ²Maracanaú figurou como parte de Maranguape até que este, em 1875, viu-se diante de uma grande transformação, com a inauguração da Estrada de Ferro de Baturité e a estação de trem. No século XX, cresceu o povoamento em torno de quatro instituições: o trem metropolitano - ramal Maranguape/Fortaleza, o Sanatório de Maracanaú (hoje Hospital Municipal), a Colônia Antônio Justa e o Instituto Carneiro de MendonçaCentro de Reabilitação de Menores.

Foto de 2007 - Acervo Júnior TST


Em 1983, Maracanaú emancipou-se definitivamente de Maranguape, através da ação política do Movimento Pela Emancipação de Maracanaú, um agrupamentos de políticos com interesses diretamente ligados a Maracanaú.
Os vereadores da Câmara Municipal de Maranguape deram um forte apoio à luta pela emancipação do município.


Avenida Central  - Maracanaú

  • ³Após a conquista da condição de município, o primeiro prefeito eleito foi Almir Freitas Dutra. Ele, no entanto, veio a ser assassinado em 27 de fevereiro de 1987. A prefeitura passou, então, a ser administrada pelo vice-prefeito José Raimundo.

Avenida Central  - Maracanaú

Rua Onze -  Maracanaú

Leia também sobre a Fazenda Raposa


Fontes: http://www.maracanau.ce.gov.br/Cepimar/Wikipédia

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Bairro Vila União




Foto Fortalbus - Vamos para o Vila União?

O bairro Vila União foi fundado pela Prefeitura de Fortaleza em 23 de agosto de 1940. Antes de ser chamado Vila União, aqui eram terras de propriedade da Sra. Maria de Conceição Jacinto, que em 1938 vendeu-as para o Dr. Manoel Sátiro, que logo tratou de lotear as terras. Vindo ela da cidade de União, hoje chamada Jaguaruana, deu o nome do loteamento de Vila União. Antes a localidade se chamava Barro Preto.


O bairro atraía muita gente para o Clube Vila União, famoso pelos bailes mominos e tertúlias - Arquivo Diário do Nordeste

O crescimento populacional da Vila começa depois da Segunda Guerra Mundial com o loteamento de terras da área. É um bairro com uma população dividida entre classe média, média alta e pobre.

Escola Cordeiro Neto - Foto de Wellington Leão

Continua a ser um dos bairros mais tranquilos da capital: Ainda se vê cadeiras nas calçadas. Segundo o IBGE hoje vivem cerca de 17 mil moradores e, tem três favelas importantes: Favela do Carvão, Jagatá e Complexo Lagoão


Muito útil esse 'Informador de ruas' do Vila União  - Foto de Wellington Leão

Defronte a praça central encontra-se a sede do Vila União Atlético Clube¹ que tem enfrentado dificuldades desde a década de 80 com o declínio dos clubes sociais. A população do bairro que compõe a maioria dos associados, no intuito de preservar o clube não deixando ir à bancarrota, iniciou nos últimos anos um processo de renovação, cancelando a realização de eventos que viessem a incitar a violência e promovendo o resgate dos valores que ensejaram a constituição inicial. Hoje o clube ainda sobrevive e é mantido com muitos esforços da coletividade e dos sócios através de bingos, festas e outros eventos. A população do bairro participa diretamente das atividades do clube Vila União, sendo certo que muitos moradores prestam serviços garantindo um incremento importante de renda. Porém o bairro procura suprir essa dificuldade há 20 anos com uma liga denominadaLiga Desportiva do Bairro da Vila União que presta um grande trabalho sócio-esportivo todos os anos, tirando meninos e jovens do mundo das drogas e encaminhando para o esporte e cidadania.

Igreja Matriz do Vila União - Foto de Wellington Leão

Com o implantamento de um sistema de transporte urbano chamado VLT (veiculo leve sobre trilhos), a comunidade Lauro Vieira Chaves travou uma árdua batalha contra os poderosos da especulação imobiliária que junto com o governo Cid Gomes ameaçavam retirar várias famílias de suas residências e jogar as pessoas para 14km de distância sem uma mínima estrutura, quebrando laços de família, união, dignidade, mais os moradores se uniram, foram a luta e conseguiram mudar o traçado do VLT, sendo assim permanecendo em seus lares.

Praça Matriz do Vila União - Foto de Wellington Leão

A estrada de ferro que passa pela Vila União liga Parangaba ao Mucuripe e foi construída em 1942. A Vila União foi sede da Prefeitura de Fortaleza.

A Lagoa do Opaia é uma das mais importantes áreas de lazer do bairro - Arquivo Diário do Nordeste

Situado a cerca de 5 km do centro da capital, limita-se com os bairros do MonteseFátima. Em referido bairro localiza-se a Lagoa do Opaia e o parque homônimo. Limita-se ao sul com o terreno do Aeroporto de Fortaleza. É considerado um dos bairros mais centrais da cidade, sendo equivalente a distância para os limites de Fortaleza, razão pela qual é procurado para instalação da sede de empresas de transporte urbano e entregas. Onde fica localizado o maior Supermercado “G Barbosa”.

Escola Papa João XXIII - Foto de Wellington Leão

Tradicional bairro suburbano, o Vila União emergiu social e economicamente, por meio da moda 

No passado, a tranquilidade somente era interrompida pelo fluxo de carros que iam e viam do Pinto Martins. No mais, havia um cenário bucólico, destacado pela Lagoa do Opaia, as frondosas mangueiras, os cajueiros e uma comunidade pacífica, que se aglutinou desde quando o bairro se chamava Barro Preto

O comércio de confecções desenvolveu-se e hoje a região reúne mais de 40 fábricas de pronta-entrega - Arquivo Diário do Nordeste

O presente é o desenvolvimento do lugar, que se tornou um centro do comércio atacadista da moda, empregando pessoas da região e fora dela, gerando renda, desenvolvendo a rede de serviços, e favorecendo a moradia para diferentes segmentos da sociedade. 

Caravelle em 1982. Acervo Renato Pires
Para o pesquisador e memorialista Marciano Lopes, o fato é que tanto o Vila União chamava a atenção por ser um recanto pacato, até mesmo pelo excesso de movimentação no Aeroporto Pinto Martins, como também por mesclar as classes média e média alta. “Por ser um corredor para o aeroporto, através da Avenida Luciano Carneiro, as classes sociais se mesclavam, especialmente no Restaurante Caravelle, conta Marciano. 


Restaurante Caravelle -Acervo de Pompeu Macário

Para quem deixava familiares, parentes ou conhecidos no Pinto Martins (que atualmente possui seu terminal na Avenida Senador Carlos Jereissati), era quase imperioso parar na volta no Caravelle, onde se impõe a personalidade carismática de seu proprietário, Oscar Victor de Holanda, 77 anos. O restaurante tem mais de 50 anos de funcionamento.

“Nunca houve época ruim para o Caravelle. No passado, o aeroporto movimentava a casa. Hoje, é a comércio de confecções”, diz Oscar, ressaltando que foi obrigado a se adaptar aos novos tempo, introduzindo refeições self-service

É inegável que o setor de confecções atacadista alavancou o desenvolvimento do Vila União e se tornou um termômetro do setor na cidade, como afirma o presidente do Sindicato dos Corretores de Moda de FortalezaRegião Metropolitana (Sincom), José Afonso Bezerra Júnior. “Para nós, o Vila União é principal centro de venda de confecções. Hoje, encontra-se à frente do Montese e da Maraponga, avalia José Afonso. Ele informa que esse prestígio foi favorecido pela migração de mais de 40 fábricas de pronta entrega para aquele lugar, contribuindo na oferta de emprego e renda e diversificando os serviços do bairro. 

Colégio Aurélio Câmara - Foto de Wellington Leão


“Se temos ou não um comércio em ebulição na cidade basta darmos uma volta, pela manhã, no Vila União. Há muitos carros em frente às lojas e isso significa que o setor está em plena atividade atividade”, ressalta o presidente do Sincom, destacando que várias fábricas já se instalaram no bairro, após a descoberta por marcas famosas.

Não obstante o lado emergente do bairro, as mazelas de um espaço localizado no subúrbio de Fortaleza são ainda muito visíveis, mesmo que lá tenha funcionando por mais de nove anos a sede administrativa da Prefeitura de Fortaleza
¹Embalos de sábado - Tertúlias ficam na saudade 

O antigo Vila União Atlético Clube é um testemunho de como o bairro mudou seu perfil. A referência de uma agremiação suburbana, famosa pelas tertúlias da década de 1970 e os bailes carnavalescos, faz parte de um passado glorioso. 

A história é contada por um dos mais antigos moradores do lugar, o aposentado Francisco Jacinto de Sousa, 78 anos, popularmente chamado de Caboclo do Olho Cego

Caboclo do Olho Cego - Arquivo Diário do Nordeste

Ele chegou ao Vila União, quando ainda se denominava de Barro Preto. A mudança de nome, conforme conta, aconteceu de forma simplória: alguns moradores formaram um time de futebol, o União Atlético Clube e, então, o lugar onde ficava o campo da equipe era conhecido como a “Vila do União”.

Caboclo do Olho Cego acompanhou as mudanças do bairro, percebendo que o desenvolvimento era inevitável, assim como as mudanças que iam surgindo no modo de viver e de se divertir dos moradores. 

Do Clube Vila União, lembra as noites de sábado sempre repletas de gente do bairro e de localidades vizinhas, atraídas pelas animadas tertúlias. Ele conta que o lugar pacato sempre foi um atrativo para que pessoas de outros bairros de Fortaleza viessem desfrutar dos prazeres oferecidos no subúrbio, sem que houvesse – como aconteceu depois – a influência das drogas e da violência. 

“Era muito comum soldados da Base Aérea pularem o muro do Aeroporto e vir passar as tardes aqui. Havia um moço que tocava violão e animava as tardes até a hora que retornava ao seu posto de serviço”, conta. 

O Clube Vila União, ao contrário da maioria localizada no subúrbio que fechou suas portas, ainda está em funcionamento. As festas de carnaval deixaram de existir e, assim como as tertúlias, ficaram apenas na memória de que viveu aquela época. 

Contudo, com uma população inventiva, o clube ainda abriga os principais eventos sociais do bairro. No lugar, são festejados bodas, aniversários de 15 anos e médias e grandes confraternizações de fim de ano. O clube mantém uma quadra de esportes, salão de festas e um bar, que ficam sempre à disposição da comunidade. 


Editado em 07/12/2022:
"Achei estranho, uma matéria tão maravilhosa e rica em detalhes não citar nossa família "Parreão" ou os "Dantas" e nossas vacarias, ou mesmo o famoso Restaurante Alpendre da Vila e seus bailes sociais que vieram um pouco depois, mas que marcaram bastante a localidade, frequentado até pela Família Imperial Brasileira Orleans e Bragança, essas peculiaridades às quais todo nosso bairro e até bairros adjacentes conhecem. Não digo que pecou, a matéria, mas que lhe faltaram mais importâncias serem citadas. A praça do Vaqueiro, o Muribeca, a boate Boing, o Zé do Amâncio, o urubu que todos os dias desfilava na praça do Vila União à vontade, o Cordeiro Neto, o Aurélio Câmara, o "Papinha", a Horta, o terreno do seu "Zé Guedes", as "rezadeiras", o "Cará", os pedalinhos da lagoa, os chafarizes da praça e do "outro lado", a merenda do Zé do buzo, os quase 70 anos de Albert Sabin (aqui, em 1976), os campos da vacaria, corps, cebolão e horta, a feira dos cacarecos, o rio conhecido como "calombinhos", o caldo de cana na praça, as procissões e os dias de reis ( ficávamos trancados em casa, para não atender os chamados, rsrsrs). Não estou criticando, estou apenas acrescentando informações. Só recordando e agradecendo a matéria por trazer e me fazer lembrar de como aqui era prazeroso de se morar e a vontade de resgatar o "respeito de antigamente". Grato.
Daniel Dantas


Wikipédia/http://vilauniao.wordpress.com, Diário do Nordeste (Marcus Peixoto)

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: