Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Escola Moura Brasil



28 de fevereiro de 1937 - Inaugura-se um Grupo Escolar no Arraial Moura Brasil, denominado Escolas Reunidas Moura Brasil. "Esta é a escola inaugurada em 1937 com o nome de Escolas Reunidas Moura Brasil, na Rua Braga Torres no Arraial Moura Brasil, bairro que praticamente não mais existe. Só resta a Igreja de Santa Teresinha" Nirez

A Escola Moura Brasil na década de 30/40 - J Terto

A Escola em foto do Jornal Unitário de 22 de março de 1952 - Acervo Lucas Jr.

A E.M.E.I.F. Moura Brasil foi criada pelo Decreto Nº 12379 de 13 de maio de 2008, publicado no DOM de 16/05/2008. Sua origem, no entanto, data do ano de 1932, funcionando como escola isolada. Em 1934, foi inaugurada em sede própria, nas proximidades da capela de Santa Terezinha, no Arraial Moura Brasil, bairro habitado por uma população muito carente.

Foto do acervo do Blog da Escola

Foto do acervo do Blog da Escola

Em 1937, no governo de Menezes Pimentel, passou a funcionar como Grupo Escolar Moura Brasil. Em 1971, devido à ação violenta do mar, suas instalações ficaram danificadas, e o serviço de engenharia da SEDUC interditou o local. Mais tarde, o prédio foi demolido.

Foto do acervo do Blog da Escola

Com a demolição, nova sede foi construída, situada à rua Padre Mororó, 189, bairro Moura Brasil, esquina com Av. Presidente Castelo Branco, com inauguração em 15 de agosto de 1972. Em 1974 recebeu a denominação de Escola de 1º Grau Moura Brasil.
Seu ato de criação inicial é o Decreto 11.493, publicado no DOE de 17/10/1975. Em 2002, por ato do governo do Estado, através do Decreto 26.881, publicado no DOE de 30/12/2002, passou a se denominar Escola de Ensino Fundamental e Médio Moura Brasil. O ensino médio funcionou nos anos 2005 e 2006, porém não prosperou.

Foto do acervo do Blog da Escola

Diante dessa situação, a SEDUC entregou o prédio para a Prefeitura Municipal de Fortaleza para que , dessa forma, fossem atendidas as demandas de vagas para crianças do Ensino Fundamental pertencentes às comunidades do entorno da escola.


Endereço da Escola: Rua Pe. Mororó, 189 - Jacarecanga 






Crédito: Blog da Escola e Nirez

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Péricles Moreira da Rocha - Popular por natureza




Nas décadas de 50 e 60 Péricles Moreira da Rocha teve uma marcante posição na política deste Estado ao lado de seus irmãos Acrísio e Crizanto, inclusive, quando fizeram do PR uma legenda competitiva com os grandes partidos de então, o PSD e a UDN. Com Acrísio duas vezes prefeito de Fortaleza, Crizanto com sucessivos mandatos de deputado federal e Perícles eleito deputado estadual em quatro seguidas eleições, os irmãos Moreira da Rocha pontificaram politicamente no Ceará, mas Fortaleza era a base eleitoral que lhes garantia essa liderança respaldada no apoio popular.

Péricles Moreira da Rocha, foi um diplomático boêmio, popular por natureza, de família bem aquinhoada e conhecido nos bares, restaurantes, casas de diversões e no Serviço Público. Onde Péricles chegava era ovacionado. Cumprimentado. Abraçado. Conquistador emérito. Gastador sem preconceito. Inflacionou a gorjeta dos garçons. Chegava a dar quinhentos mil réis de gratificação a quem o atendia à mesa. Quando a cotação máxima era de dez mil réis.

Na década de 60, faltando alguns meses do dia de votar, o bancário José de Moura Beleza, era líder na preferência popular, aspirando a Prefeitura Municipal de Fortaleza.


De repente surge a candidatura do populista Péricles Moreira da Rocha. 

Ainda houve quem sugerisse a união de Beleza com o populista Pequim, como o tratava o povão, candidato a Vice. A esquerda "vitoriosa" não aceitava nenhum coisa e nem outra. Nem Pequim na vice e muito menos Beleza.

O irmão de Péricles fora, em épocas anteriores, eleito Prefeito de Fortaleza com os votos de grande parte dos comunistas, o também popular Acrísio Moreira da Rocha. Fizera sua campanha na base de caminhadas com carroceiros. Os bairros fortalezenses eram visitados semanalmente por passeatas de carroças. Isso não apenas tornou-se uma iniciativa inusitada, como caiu na simpatia da grande massa eleitoral.

Péricles Moreira da Rocha nasceu em Fortaleza, no dia 07 de março de 1917. Era filho de Amália Serôa Moreira da Rocha e do célebre deputado federal Manuel Moreira da Rocha. Concluiu seus estudos no Colégio Militar de Fortaleza, em 1935. Não tinha, entretanto, vocação para a carreira das armas. Transferiu residência para a Capital da República, onde preferiu ingressar no serviço público federal, e, assim, foi nomeado para o Ministério do Trabalho, servindo ali, durante alguns anos, como Escriturário, e também como Fiscal do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários.

Os pais: Manuel Moreira da Rocha e Amália

Na época da guerra, no ano de 1939, quando da construção da Base Aérea Brasileira (do Pici), notável empreendimento do governo norte-americano em colaboração com o governo brasileiro, serviu na qualidade de Chefe de Contabilidade do Escritório de Construção daquele grande campo de pouso, durante seis meses, até ser nomeado para servir no SEMTA (Serviço de Emigração de Trabalhadores para a Amazônia).

Chefiou a Seção de Ligação e Comunicação do SEMTA, acumulando nessa época as funções de Assistente do Diretor norte-americano, Mr. Juan Homs, da "Rubber Development Corporation", emprestando, desse modo, os seus serviços e a sua colaboração ao esforço de guerra. 

Carreira policial

Delegado de Polícia do 1º Distrito de Fortaleza (nomeado em 1944, já integrado novamente na vida cearense), função na qual, posteriormente, se efetivou, através do decreto-lei estadual que criou a Polícia de Carreira. Logo depois foi ao Rio de Janeiro e São Paulo, para estagiar, aproveitando para fazer modernos cursos de Polícia, e por conta da Polícia carioca, submeteu-se a proveitosos cursos orientados pelo Gabinete da chefia de Polícia do Distrito Federal, estagiando em todas as Delegacias daquela localidade.

Em 1946, por ato do Governo Federal foi nomeado Delegado Regional do Serviço de Alimentação da Previdência Social (SAPS) no Ceará, cargo que soube desempenhar com alto descortino e senso administrativo. Ainda em 1946, no governo do Interventor Pedro Firmeza, foi, por força da lei que criou e regulou a Polícia de Carreira, promovido ao cargo de Delegado de Ordem Política e Social, do qual se tornou titular efetivo; eleito para a Comissão de Indústria e Comércio em sessão ordinária de 22 de julho; reeleito para mais três legislaturas consecutivas, até 1962.


Carreira política e exílio em Paris

Com expressiva votação, foi eleito deputado à Constituinte em 1946. Como deputado se reelegeu por mais três mandatos consecutivos sempre com forte apelo popular. Eleito para Presidente da Assembléia Legislativa em 1950, chegou a renunciar, pois queria fazer oposição ao Governo Raul Barbosa. Em 1962 candidatou-se a Prefeito de Fortaleza, e neste mesmo ano, João Goulart o convidou para o cargo de Delegado do Lloyd Brasileiro, em Paris, onde passou dois anos, até que foi extinta a Delegacia.

Luto

Pericles, ou Pekin como era conhecido popularmente, afastou-se da política desde 1964, quando teve seus direitos políticos cassados pela Revolução. Na oportunidade ocupava função oficial na França por designação do governo João Goulart. Morreu em Fortaleza, em 22 de maio de 2000. O
 corpo foi velado na Assembléia e enterrado no Cemitério Metropolitano.

Tradição política

Seu pai, o Dr. Manoel Moreira da Rocha, médico conceituado e distinto, foi um dos chefes políticos de maior saliência no regime republicano no Ceará, podendo-se mesmo dizer que, depois do Comendador Nogueira Acioli, cuja política e governo combateu de armas na mão, nenhum outro teve prestígio mais sólido e amplo, acentuando-se da Campanha pró-Franco Rabelo, de que foi um dos mentores «sans peur et sans réproche*.» Fundou o Partido Democrata e durante toda a sua vida de então até 1935 representou o Ceará na Câmara Federal, cuja tribuna ilustrou com seu verbo ardoroso e honrou com bravura moral, tornando-se uma das figuras de primeiro plano do Parlamento Nacional, podendo-se, disto, ter a melhor prova no seu valioso arquivo particular, na época, em poder do Prof. Hugo Catunda, que estava escrevendo a sua biografia.

Campanha pró-Franco Rabelo 

Péricles Moreira da Rocha foi, pois, a continuação de uma estirpe porque, filho de um parlamentar dos mais brilhantes, o Dr. Manuel Moreira da Rocha, teve o seu exemplo continuado na pessoa de seus filhos, Péricles, Crisanto (este, ex-Deputado Federal), e Acrísio (ex-Interventor Federal do Estado, ex-Secretário da Fazenda e ex-Prefeito de Fortaleza), exemplo que se prolongou ainda mais com a sua participação nos trabalhos da Assembléia Constituinte.

A família Moreira da Rocha viveu sempre em grande abastança, era tratada com respeito e consideração, conservando certos hábitos de distinção, e todos eles eram conhecidos como fidalgos da TAPERA, sítio tradicional da família, designação ainda hoje relembrada com orgulho pelos seus descendentes.


*Sem medo e sem vergonha


Fontes: Diário do Nordeste, Wikipédia e Enciclopédia Nordeste

terça-feira, 12 de junho de 2012

Avenida Monsenhor Tabosa - Antiga Rua do Seminário - Parte Final


Monsenhor Tabosa vista do Praia Centro Hotel - Foto Reuton

Até a década de 60, a Avenida Monsenhor Tabosa era apenas residencial, com belas casas construídas na década de 20. Em 1972, com a inauguração e o sucesso da loja de sapatos Tamancolândia, a avenida passou a atrair cada vez mais lojas de produtos regionais e logo depois de confecções. A Monsenhor Tabosa, estava se tornando um pólo de moda e de atração para os turistas sem se dar conta. A partir daí, quando se fala na avenida, todos associam ao comércio e ao turismo.

Carnaubeira da Av Monsenhor Tabosa - Foto Paulo Targino Moreira Lima

Foto de Tony Rib

Em 1992, a avenida ganhou uma nova cara. A rua que era de mão dupla passou a ser de um só sentido. Substituíram o asfalto por calçamento para amenizar o calor e plantaram carnaubeiras que ao balançarem simulam o som da chuva. Daquelas butiques dos anos 70, quase nada restou. Mas, a Monsenhor Tabosa, entra no século XXI, mantendo o título de passarela da moda do Ceará

Loja Zant - Foto R.mello

Foto de Marisa Turassi

A localidade tem se tornado alvo de investimentos milionários. Segundo a Imobiliária Marcelino Freitas, os preços e a procura estão subindo muito rápido. No ano passado o aumento foi de aproximadamente 21,3% nos valores. Este ano, a previsão é que este percentual aumente ainda mais. A procura, também teve um aumento significativo de 30%.

 
A Monsenhor Tabosa vista do Hotel Blue Tree Towers, no 1º plano o Sebrae - Foto Paulo Yuji Takarada

A avenida que tem tradição comercial a mais de quatro décadas, está atraindo cada vez mais moradores, segundo a Imobiliária Luciano Cavalcante. Formando assim, uma verdadeira malha camuflada entre moradores, lojas, hotéis, restaurantes, postos de gasolina, camelôs, centros de cultura e turismo, entre outros empreendimentos. Pouco a pouco, os prédios residenciais estão ganhando mais espaço. 

Foto de Rodolfo Carlos da Silveira


“O preço dos apartamentos variam de 140 mil a 500 mil, dependendo do tamanho do imóvel e de sua localização na avenida”. É o que diz Rafaela Vasconcelos, 29 anos, funcionária da Imobiliária Magno Muniz. A procura de imóveis na avenida e em seus arredores, sejam comerciais ou não, se deve principalmente à comodidade e praticidade que o local oferece. Sua localização é privilegiada. Fica próximo da praia de Iracema, do Centro, de restaurantes, farmácias e supermercados. 

Foto de Marisa Turassi

Foto de Marisa Turassi

Dona Maria Leopoldina Cavalcante da Silva, 52, mora na avenida há mais de cinco anos. E é com muita satisfação, que ela fala dos benefícios e das mudanças que ocorreram durante esses anos. Segundo ela, o local é seguro e bom para se viver, devido a toda a sua diversidade.

Shopping Monsenhor Tabosa -  Foto de Marisa Turassi 

Seminário - Foto de Paulo César

Balança mas não cai

No começo da década de 70, leves terremotos abalaram alguns estados brasileiros, Incluindo o Ceará. “Eu senti a rede se tremendo, mas num instante parou”, confirma Wilka Galvão. Na rua onde mora, Monsenhor Tabosa, o abalo sísmico foi sentido e assustou a vizinhança. Inclusive “certas moças”, como ela frisa. Wilka refere-se a algumas prostitutas que moravam num prédio vizinho à sua casa. Quando sentiram o tremor de terra todas correram, e como bons cearenses, os vizinhos iniciaram a chacota ao prédio: “Esse ai balança mas não cai!”. A partir de então estava lançado o apelido. A aposentada aponta que o prédio mudou de nome, mas pelas redondezas a forma como é conhecido ainda deve permanecer por um bom tempo...




Parte III
 
Artigo: Monsenhor Tabosa de Corpo e Alma 
(Alan Regis Dantas, Iana Susan, Ônica Carvalho, Lucianny Motta, Fernando Falcão e Sâmila Braga)

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Comunidade da Graviola



Um conjunto de casas velhas e quitinetes, no quadrilátero formado pelas ruas Nogueira Aciolli, Gonçalves Ledo, Pedralina e a Avenida Monsenhor Tabosa, também conhecido por 'Favela da Graviola', em plena Praia de Iracema, tornou-se próspero ponto-de-venda de drogas a céu aberto durante 24 horas. Há o registro ainda de 'vigias' armados na entrada dos becos.

Autoridades fecham os olhos para o crime

A toda hora, traficantes e seus 'aviões' vendem pedras de crack, cocaína e maconha a viciados, a pé ou em carros. À noite e durante a madrugada, a situação fica ainda mais grave. Até crianças agem na entrada da Favela da Graviola, sem que o Ronda do Quarteirão da área (RD-1020), PMTur, P.O.G. (1ªCia/5ºBPM), ou a Polícia Civil acabem com a 'bocada'.

Foto do Grupo Gota de Luz

Nos arredores da Avenida Monsenhor Tabosa, precisamente em uma viela na rua Gonçalves Lêdo, encontra-se, quase despercebida, a Comunidade da Graviola. Nascida no berço do contraste, ao lado de uma das avenidas mais ilustres de Fortaleza, a Comunidade se equilibra entre a contradição e o olhar singular de cada um de seus moradores.

E por que será Graviola? Uns dizem que foi por causa de uma gravioleira que existiu há muito tempo e que ao morrer eternizou a localidade. Outros disseram que havia a família do seu “Graviola” que era muito conhecido e morou ali anos atrás. A família foi crescendo... Os filhos casaram, tiveram filhos e netos e por isso o nome vingou. Na verdade não se sabe ao certo o porquê de Graviola, mas todos têm o seu palpite.

 
Foto do Grupo Gota de Luz

É aqui que vive desde criança o aposentado Francisco de Assis Maciel que trabalhou a vida inteira na construção civil. Hoje, aos sessenta e três anos se orgulha ao falar do lugar onde passou a vida: “Aqui todo mundo se conhece, é amigo e se ajuda”. Assim como ele, há sessenta e seis anos, este é o lar de dona Maria Núbia Nascimento Pontes. “Até mesmo antes de eu nascer minha mãe já morava aqui. Nasci e cresci, criei meus filhos, netos e agora já tomo conta dos bisnetos. Daqui só saio para me enterrar”, diz sorrindo.
Ela também é voluntária no Centro Comunitário que desenvolve projetos de estímulo a educação e reforço escolar para as crianças da comunidade. Ele é mantido pelos moradores com a doação de notas fiscais e a participação na Promoção “Sua Nota Vale Dinheiro” do Governo do Estado do Ceará. “Todo auxílio que recebemos para manter nossas atividades chega dessa promoção. Arrecadamos nossas notas fiscais com a ajuda de alguns amigos e pronto. Nós não temos assistência de ninguém. Falta tudo! Não tem curso profissionalizante, não tem reforço escolar, não tem emprego, não tem o apoio da prefeitura, não tem professora nessa escola. Quem dá aula ali são as voluntárias. Você sabe que descer a rua e assaltar os turistas acaba sendo fonte de renda. Quando alguém vai procurar emprego e dá o endereço daqui ninguém quer empregar, porque acha que todo mundo aqui é ladrão”, indigna-se. 

Foto do Grupo Gota de Luz

O estudante Wesley Azevedo Rocha, de treze anos, também critica a atuação dos órgãos públicos na região: “Nunca vi a prefeitura fazer nada para melhorar a vida de ninguém. Nem as campanhas de prevenção contra dengue que eu vejo na televisão chegaram aqui. A gente fica sabendo que os PM’s chegam batendo em todo mundo, das bocas de fumo que tem por aqui, de um monte de coisa...”, cochicha.

Assim vivem destemidamente seus moradores, encarando a vida e os problemas com olhos sóbrios e a boca muda, no incansável vai e vem de suas estreitas e curtas ruas, exprimindo em breves sorrisos toda a imensidão de sentimentos que não podem ser ditos, pois não há quem os escute.


Crédito: Artigo Monsenhor Tabosa de Corpo e Alma 
(Alan Regis Dantas, Iana Susan, Ônica Carvalho, Lucianny Motta, Fernando Falcão e Sâmila Braga) e Diário do Nordeste

Intendência Municipal - O primeiro sobrado da capital



A Intendência Municipal - Foto do livro Vistas do Ceará - 1908

 A Intendência Municipal era um sobrado com três frentes, uma para a Travessa Pará, outra para a Rua Floriano Peixoto e outra para a Rua Guilherme Rocha ou Praça do Ferreira, era o solar do Pachecão (Francisco José Pacheco de Medeiros), adquirido pela Municipalidade em 1831 para ali funcionar a Câmara e a Casa de Correção, o que aconteceu a partir de 1833. O sobrado tinha sido construído em 1825, sendo o primeiro de tijolo e telha da Cidade. Depois ali funcionaram além da Câmara a Intendência (Prefeitura) e a sala de júri.

Em 1939 houve um incêndio parcial no quarteirão e o mesmo foi demolido a partir de 1941.

A Intendência Municipal em 1941, em processo de demolição - Arquivo de Eduardo Campos. Agradecimento: Isabel Pires

No local foi feita a grosso-modo uma pequena praça separada da outra apenas pela Rua Guilherme rocha, quando por ela ainda circulavam carros.

Em 1949 o então prefeito Acrísio Moreira da Rocha levantou o Abrigo Central que ali esteve até 1967 quando o prefeito José Walter mandou derrubá-lo.



Praça do Ferreira, vendo-se a Intendência Municipal

Ao tempo da Intendência Municipal, existiam, na parte térrea, estabelecimentos comerciais como garapeiras, cafés, livrarias, etc. Na parte alta ou torre vemos, pelo lado da rua Floriano Peixoto, um grande relógio, inaugurado em 21 de dezembro de 1932 que competiu com a Coluna da Hora (também demolida) de 1934 a 1939. No mesmo quarteirão existiam e marcaram época casas comerciais como o "Café Emygdio", a "Chrisanthemo", a "Casa Mundlos" e a "Livraria Edésio". 



Em 1967, com a destruição da Praça do Ferreira, esta parte foi anexada ao espaço, cortando a rua Guilherme Rocha e em todo o espaço foi implantada uma nova "praça" na gestão José Walter que a ninguém agradou e que agora, felizmente, já não mais existe.

A foto mais antiga é do final da década de 1930 e por trás da Intendência ainda não existiam os edifícios Jereissati e Sul América, mas o prédio dos Albanos, onde funcionou a Casa Albano e "A Libertadora".

A segunda fotografia, de Osmar Onofre, traz a Praça do Ferreira como hoje está vista do mesmo ângulo, o setor das bancas de revistas e jornais no local da antiga Intendência, as novas árvores, as duas pistas, da Rua Major Facundo e da Rua Floriano Peixoto e os dois edifícios antes citados, o primeiro foi por muito tempo ocupado pelo Hotel Savanah e o segundo pertenceu à Sul América Capitalização. No térreo do Edifício Jereissati hoje funcionou (ou funciona?) um bingo.

Rua Floriano Peixoto em 1905 - O prédio com a torre era a Intendência Municipal, adquirido do Pachecão (Francisco José Pacheco de Medeiros) sobrado antiquíssimo, o primeiro de Fortaleza e que foi demolido no inicio de década de 40.
O quarteirão onde ficava o sobrado da Intendência Municipal desapareceu com ele, dando lugar a uma outra praça muito mal cuidada na época. Depois foi construído no local, na administração do prefeito Acrísio Moreira da Rocha, pelo comerciante Edson Queiroz, o Abrigo Central, em 1949. Arquivo Nirez

A Intendência Municipal, onde também funcionava a Câmara Municipal. Vista da Rua Guilherme Rocha - Arquivo Nirez

Fatos Históricos

  • 24 de janeiro de 1831 - Data da escritura de compra e venda do sobrado do português Francisco José Pacheco de Medeiros, o Pachecão à Câmara MunicipalSeria a Intendência Municipal.


Prédio da Intendência Municipal - Foto Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Nirez

  • 09 de outubro de 1890 - Assume a Intendência Municipal, o capitão Manuel Nogueira Borges


  • 17 de janeiro de 1891 - Confirmado, através do Decreto nº 1.290, a concessão feita pela Intendência Municipal de Fortaleza a Arnulfo Pamplona, com prazo de 15 anos, para exploração de telefones. 


  • 24 de maio de 1909 - Funda-se, em Fortaleza, a Sociedade Protetora dos Animais, com 202 sócios, em solenidade no salão nobre da Intendência Municipal, sob a presidência do coronel Guilherme Rocha

  • 31 de dezembro de 1928 - Último dia do ano, é inaugurada em Fortaleza a Confeitaria Glória, da firma Almeida & Martins, pertencente a André Almeida e Antônio Martins Filho, na esquina da Rua Floriano Peixoto com Rua Pará, baixos do Paço da Intendência Municipal.


Maravilhosa foto da Intendência Municipal - Foto do livro Vistas do Ceará - 1908

  • 26 de agosto de 1941 - Começa a demolição do quarteirão que fica entre a Rua Major Facundo, Travessa Pará, Rua Floriano Peixoto e Rua Guilherme Rocha, na Praça do Ferreira, para construção do edifício que vai abrigar a Prefeitura Municipal


"O prédio nunca foi iniciado e no local foi construída, de início, uma pequena praça, depois o Abrigo Central e por fim o alongamento da Praça do Ferreira. É triste como se destrói com facilidade em nossa terra. Naquele quarteirão ficava um dos mais antigos e importantes sobrados de Fortaleza, a Intendência Municipal." 
Nirez


Crédito: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza de Miguel Ângelo de Azevedo
 e Portal do Ceará

domingo, 10 de junho de 2012

Avenida Monsenhor Tabosa - Antiga Rua do Seminário - Parte III


Praça Cristo Redentor, vendo-se ao fundo a Igreja da Prainha - Arquivo Nirez

Por essência, o povo compôs a alma da avenida, dos fundadores aos habitantes atuais...

Descobrir a história de uma rua e da região que a cerca não é tarefa fácil. Documentos históricos são raros e quando encontrados, são pouco organizados. O Arquivo Público do Estado do Ceará (localizado na RuaSenador Pompeu, 648, Centro) abriga pilhas de papéis seculares. O maior problema é a falta de esquematização, o que dificulta a pesquisa. 

Nas largas calçadas, depois da esquina da Rua Senador Almino, pães de queijo e salgados atraem a atenção dos passantes. Saindo de um estreito corredor da casa onde moram desde que nasceram, as irmãs Leda Maria e Rosângela Braga vendem seus quitutes. Elas logo advertem:  Todo mundo tá viajando, vai ser difícil encontrar alguém pra falar disso (do passado)”. Mas, conversa vai, conversa vem, algumas indicações de nomes surgem. 

Uma colega das irmãs, Lúcia Mendonça, ainda comenta sobre uma tia antiga que lembrava de velhas histórias da rua. Uma delas dizia que a maré alta chegava a lavar as costas da igrejinha. A frente da igreja, nesse período, estava virada para Avenida Dom Manuel. Do outro lado da rua, um almoço quente e barato é servido àqueles de menor poder aquisitivo. É a lanchonete do Luiz. Lá, há 47 anos mora o comerciante Luiz Antônio Alves de Souza, residente desde que nasceu. Em meio aos trocados do caixa, atendendo um e outro pagante, ele expõe as lembranças e relatos que a mãe citava. No início da década de 20 a mãe de Luiz, Maria Lúcia, é uma das fundadoras da avenida. Quando ela adquiri a propriedade, nem mesmo os quarteirões estavam formados. Luiz relembra até os tempos de menino e os jogos de bola pela velha Monsenhor Tabosa. Ele relata que muitos dos moradores à época eram comerciantes, trabalhavam no Centro, na Rua Conde D’eu. Já a mãe começa vendendo artesanato e alugando o ponto para lojas. 
Aqui é um ponto bom, resolvi ficar”, responde o comerciante, atendendo aos clientes ansiosos pelo troco.

“Ainda tem família, mas é intocada”, revela Braz da Silva, referindo-se a antiga Rua do Seminário. Ele mora na Travessa Aracoiaba, oficialmente Ademar de Arruda, com a mulher Terezinha Andrade da Silva. A casa é simples, interiorana. De grande riqueza só mesmo o diamante das bodas – 60 anos de casados. A mulher mora ali desde que nasceu, em 1929. A rua em que mora é paralela à Monsenhor Tabosa e também já foi conhecida como Rua do Bagaço. Dona Terezinha explica que é por causa das casas construídas com bagaço de cana-de-açúcar.

O simpático casal de idosos conhece as imediações, mas não saem como antes. A filha Francisca Maria Andrade é quem aproveita a proximidade do centro comercial para fazer suas compras mais necessárias. “Ah, antigamente na Monsenhor só morava ‘gente chique’. Antes é que morava gente mais humilde”, recorda Francisca. D. Terezinha some por um espaço de tempo da sala. Quando volta, traz o documento amarelado, quase em pedaços, ilustrando que o terreno, onde ela mora hoje, fora da Igreja. O papel, datado de 1957, simboliza o pagamento dos fóros, quantias pagas anualmente a Arquidiocese, por metro quadrado de terra. “Era uma mixaria, a gente pagava na Igreja da Sé, indica a dona de casa.

Sapateiro de oito décadas vividas, Braz da Silva, remonta aos clubes da vizinhança, onde ia jogar bola pelo dia, e se divertir dançando e bebendo pela noite. Enumera alguns exemplos, Clube Vila Bancária, Idealzinho, Canto do Rio, Clube Massapeense, Onze Cearense e a Baixa do Veado. Entre a Monsenhor Tabosa e a Nogueira Acioly, encontra-se a Praça da Graviola, que segundo o casal, “tem até apartamentos”. A comunidade é antiga. Na infância, D. Terezinha já ouvia falar dela, e apesar dos preconceitos sociais embutidos, a praça – ou favela - “é também lugar de famílias trabalhadoras e honestas”. Voltando para a Monsenhor Tabosa, a procura é agora pelo seu Tarcísio Pedro de Oliveira, ou o Tarcísio Lanches. Perguntando em lojas das proximidades, uma vendedora é enfática: “Aquele ignorante? Se fosse você nem ia falar com ele”. Talvez por falta de conhecimento ou por fofocas implicantes, a moça não tenha um contato direto com o conhecido comerciante daquelas bandas. Tarcísio recebe os fregueses calorosamente, e não é diferente quando se trata em contar um pouco do que lembra ao longo dos 51 anos de Monsenhor Tabosa. “Tinha muitos portuários, caminhoneiros, operários e vendedores”, rememora. A lanchonete que mantém com a esposa, era do pai que veio de Cascavel. Conta ainda que a rua possuía um campo de futebol no estilo de sítio, com muitas bananeiras e coqueiros. Haviam três bodegas principais: 
a do Seu pai, a de Seu Antônio e a de Seu Carlinho. Quando ia para a missa, os padres contavam acerca da história da Igreja de Nossa Senhora da Conceição da Prainha e com ela a do personagem Monsenhor Tabosa. Para um pouco de atender os clientes, e busca em seus guardados uma valise empoeirada, o texto que o sacerdote entregava. Destaca também a centralidade da rua na cidade: “Nós vivemos perto de tudo, perto do mar, perto do Centro. Aqui ninguém precisa ter carro”, considera. 

Uma das últimas remanescentes dos primeiros habitantes da Monsenhor Tabosa se encontra em uma casa que atravessa o quarteirão. D. Vilca Galvão, sentada na mesa da cozinha, reconsidera todo o passado para traçar a linha de vida naquele lugar. “Meu pai era industrial”, lembra-se quando fala da padaria do pai: A Confeitaria Galvão. O pessoal da estiva - serviço de carregamento e descarregamento de navios no porto - ocupava algumas casas da Rua que era toda em calçamento até o Ideal. Aliás a moradora de 78 anos reclama que “o asfalto suja muito”. Relembra as novenas realizadas no Seminário pelo Padre Arruda que eram a grande festa daquele tempo. As moças de vinte anos de idade nem sabiam o que era beijo, exulta. Lecionou no Colégio de Mister Hull, até o seu fechamento entre 1955 e 1960. Em Geografia Estética de Fortaleza, Raimundo Girão apresenta que onde é o atual Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, já existiu um estacionamento. Nas lembranças de Dona Vilca, tais dados históricos não se confirmam. Por último ela assevera que a avenida “é muito calma, (os moradores mais novos) não são nem daqui, vem de fora”.

Qual a cara da Monsenhor Tabosa? 

Os badalos da igreja do Seminário da Prainha ecoam misturando-se ao som das buzinas como uma forma de resistência de uma cidade que não há mais. Quase que imperceptível, o barulho persistente do ventos nas folhas das carnaubeiras tira os olhos do transito caótico das 18h de uma segunda-feira... 

O Seminário - Arquivo Nirez

Então qual era a verdadeira Monsenhor Tabosa? Passarela da moda, Centro Comercial ou seria Centro Artesanal? Todas essas repostas correntes que sempre enquadravam-se para designar aquela avenida naquele momento não foram suficientes. Havia algo mais ali. O badalar do sino da igreja ressaltava uma outra Monsenhor Tabosa. No passado a presença do Seminário era tão forte para aquele logradouro que até já foi usado para sua denominação: Rua do Seminário. Com casas erguidas em terrenos da igreja a influência religiosa na avenida é inegável e está presente até hoje. A substituição do nome por Monsenhor Tabosa, homenageando um sacerdote que dedicou sua vida aos doentes e pobres, é mais uma forma de reafirmar a história da rua em meio aos shoppings e lojas que proliferam pela avenida.
Outro prédio que se destaca em meio às lojas é o SEBRAE, onde são promovidos cursos profissionalizantes além de eventos culturais, como a feira da música. Além de claro, o Centro Cultural Dragão do Mar, que apesar de localizar-se na avenida é inegável sua influência na região. O Centro Cultural, batizado com o nome do pescador que é o símbolo do fim da escravidão no Ceará, aumenta o número de frequentadores da Avenida, que junto ao Dragão do Mar torna-se um ponto turístico do cidade. Apesar do seu aspecto comercial ser o mais usado para justificar a alta frequência de turistas, é inegável que um passeio pela Avenida também seja um passeio pela história da cidade e os aspectos que identificam o povo cearense, como a religiosidade.



O espaço hoje ocupado pelo Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Foto da déc. de 20 ou 30. Arquivo Nirez


Foto de Rick Foth


Religiosidade esta, fortemente marcada na avenida. No alto de uma coluna ao meio da praça, que também se localiza um Teatro que leva o nome de São José, está a estátua de Cristo Redentor. A Praça do Cristo Redentor, é cercada por árvores e táxis. 

Foto da época da Inauguração da torre do Cristo Redentor - 1922 - As casinhas são na 
Rua Rufino de Alencar. Arquivo Nirez
Abrigando o museu do Maracatu o Teatro, de nome cristão, ostenta, singelamente, a nossa miscigenação. 
Na Monsenhor Tabosa, também se encontra a biblioteca Pública Estadual (Governador Menezes Pimentel). 

Inauguração do novo prédio da Biblioteca Pública na Praça do Cristo Redentor, vendo-se Renato Braga, general Teles Pinheiro, Raimundo Girão, Parsifal Barroso, Antônio Martins Filho e José Lins Albuquerque. Foto Estúdio Eln - Arquivo Nirez


Foto de Edimar Bento


A Avenida Monsenhor Tabosa não pode ser taxada meramente como um centro comercial. Ela é muito mais importante que isso, é na verdade uma idiossincrasia nossa. Nela estão presentes elementos peculiares da nossa formação. Olhar a Avenida e elementos ao seu redor, que a ajudam a compor aquele cenário, sempre lembrado como um lugar comercial e de trânsito caótico, é olhar para a composição de uma identidade cultural que insiste em existir mesmo sendo ignorada.


A cara da Monsenhor Tabosa, apesar de maquiada por lojas, continua sendo uma expressão da formação de uma gente, de uma história que, sem termos consciência, nos pertence. A cara da Monsenhor Tabosa, é a minha, é a sua cara.




Parte I

Parte II


Crédito: Monsenhor Tabosa de Corpo e Alma (Alan Regis Dantas, Iana Susan, 
Ônica Carvalho, Lucianny Motta, Fernando Falcão e Sâmila Braga)

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