Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Estação da Floresta e o Ramal da Barra - Álvaro Weyne
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quarta-feira, 19 de outubro de 2016

Estação da Floresta e o Ramal da Barra - Álvaro Weyne





Os moradores do bairro Álvaro Weyne e os pesquisadores da história de nossa cidade após esse relato, irão agora compreender porque a “Rede de Viação cearense – RVC” construiu uma estação intermediária entre a Central e o Distrito de Barro Vermelho (atual Antônio Bezerra) já que nos anos 20 do século passado, não existia nesse local uma justificativa sócio – econômica para uma parada de trem. A “Floresta” como era conhecida na época, era muito arborizada e um solo abençoado pela natureza, pois, as águas de seus poços eram excelentes para o consumo humano e faça-se justiça, era a melhor água de Fortaleza. Pois bem, o diretor da RVC Dr. Demósthenes Rochert, o Presidente do Ceará José Moreira da Rocha (Desembargador Moreira) e o Prefeito de Fortaleza Godofredo Maciel, viabilizaram perante o Ministério da Viação e Obras Públicas, a construção de uma artéria ligando por ferrovia Fortaleza ao Rio Ceará, isso devido ao potencial econômico fluvial/marítimo e os já avançado estudos para a implantação do primeiro aeroporto de Fortaleza. A Barra do Ceará foi onde o nosso Estado nasceu. É o berço de Fortaleza e tem mais essa interessante história.



O Ramal Ferroviário da Barra teve como ponto de junção, o Bairro da Floresta localizado no Km 4,180 m da Estrada de Ferro Fortaleza/Itapipoca-EFFI e como não poderia deixar de ser, surgiu a necessidade imediata da construção de uma Estação, cuja inauguração ocorrera aos 14 de outubro de 1926, data também do término das obras do referido trecho Floresta/Barra do Ceará. Tinha uma extensão de 3,800 Km com 3,010m acima do nível do mar. O recebimento de óleo de mamona, a exportação dos curtumes, sal e outros produtos eram movimentados por via férrea. A condução de passageiros nesse ramal era apenas em excursões particulares ou, quando havia interesse da RVC recepcionar ou/em conduzir autoridades ao aeroporto.




Por toda a década dos anos 30 o ramal esteve no auge, sendo posteriormente sua degringolagem marcada por dois grandes motivos: O surgimento do complexo portuário no Mucuripe, quando os navios de médio porte que fundeavam na Barra do Ceará passaram a atracar no novo porto e segundo, com a inauguração (1952) do aeroporto no Cocorote (denominou-se depois Pinto Martins). Os hidroaviões foram desaparecendo. Em 1954, não existia mais nenhum motivo para o trem ir para a Barra do Ceará, razão pela qual os trilhos foram arrancados. Quem percorrer as Ruas Hugo Rocha e Vinte de janeiro no Bairro da Colônia deve saber que, essas vias rodoviárias surgiram graças ao trem da Barra. Esse capítulo da história de Fortaleza é pouco conhecido, mas que deve ser explorado pelos pesquisadores. Hoje o Rio Ceará é cartão postal e indústria para o turismo. A Estação da Floresta em maio de 1960 passou a se chamar Mestre Rocha, pois, na época o diretor da RVC que era o Cel. Virgílio Nogueira Paes atendeu ao pedido dos familiares de José da Rocha e Silva, que foi o primeiro maquinista do Ceará, sendo em seguida, mestre geral das oficinas da antiga Estrada de Ferro de Baturité. O mesmo faleceu em 1927. Com o advento da Revolução política de 1964, o nome do Bairro Floresta foi modificado, passando a se chamar Álvaro Weyne* homenageando por recente falecimento, o comerciante e ex-prefeito de Fortaleza. A RVC por questão de adaptação e interferência política cedeu, e a Estação de Mestre Rocha também passou a se chamar Álvaro Weyne.



A edificação da Antiga Estação Floresta sofreu desativação em fevereiro de 1982, quando a Coordenadoria dos Transportes Metropolitanos - CTM inaugurou uma nova estação, só que com a quilometragem alterada e com plataformas adaptadas ao novo trem. Aí em 1984 a bucólica e nostálgica edificação desapareceu. Os moradores parecem que perderam o seu referencial. O amigo trem nesse local não se achou mais acolhido... Chorando sua ausência foi embora e nunca mais parou.


Assis Lima

 
*Álvaro Nunes Weyne, comerciante e prefeito de Fortaleza por dois períodos (1928-1930 e 1935-1936). Faleceu aos 4 de julho de 1963, com 81 anos de idade. Em 1964, Murilo Borges, então prefeito de Fortaleza, assina decreto mudando o nome do bairro da Floresta. A estação que era chamada de Mestre Rocha, não suportou a interferência.

21 comentários:

  1. Meu avô paterno morava no bairro Floresta, o terreno era enorme com muitos cajueiros e mangueira e realmente havia um poço com uma bomba manual. Meu avô foi maquinista da RVC, muitas vezes passamos em frente à estação.

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  2. Muito interessante a participação de Assis Lima contando fatos da história recente de Fortaleza.

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  3. Meu avó era maquinista de trem antiga REFESSA. EU MORAVA a 100mtros da estação de trem.

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    1. Bom dia! Você não teria fotos da estação em outros angulos?

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  4. Meu avô foi funcionário da REFESSA, um dos "empregados da estrada de forro", como se dizia... Juntos, esses homens construíram suas vidas próximo à "Oficina de Trens"(REFESSA). Assim surge a "Vila Operária", onde hoje(2016) pode se encontrar casas e fámilias inteiras dessa época de ouro da Estrada de Ferro! Eu tenho família lá, na RUA SÃO ROQUE, de frete para o portão da "Oficina de Trens".

    um importante registro! Parabéns!!!

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    1. Quem estudou no Centro Educacional Ferroviario lembra muito bem, nos pegavamos o trem operario e decia nas oficinas do urubu, meu pai tambem foi funcionario da estrada de ferro com eram chamados.

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  5. Caro Assis Lima, você tem fotografias do trecho final da linha férrea na Barra do Ceará?

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  6. Nós anos 60 eu e meus irmãos e irmãs éramos moradores,alias minha família ainda é,eu que moro em são Paulo,mas cresci neste bairro,meu pai Luiz Machado era funcionário da REFESA,estudei no Colégio José V.Ramos e íamos de trem todos os dias.como esquecer.sao muitas lembranças.(Irene).

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  7. Meu tio, João Cabral, foi da REFESA. Minha tia Lina ainda mora na Vila Operária. Ele era um dos mecânicos do famoso "Trem de Socorro". - Um conjunto de composições amarela e vermelha que era chamada para socorrer descarrilamentos na rede ferroviária. Sempre o vi como um heroi por me impressionar com sua aparência de "Hercules", em foto levantando sozinho um vagão. Na verdade, o tal vagão estava amarrado a um guindaste. Na epoca , anos 70, chamávamos de "Oficina dos Urubus".

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    1. Meu pai avô trabalhou na estrada de ferro,meu pai na refesa e meu irmão na cfn.
      Epoca boa do meu pai ele trabalhava no Socorro.
      Porque a nossa barra Ceará e tão esquecida. Local onde foi marco da nossa história do ceara.

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  8. Morei no alvaro weyne do ano de 1969 até o ano de 1979 , morava na msm rua da estação, a teodomiro de castro!
    Bons tempos !!!

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  9. Meu avô ANTONIO DA PAIXÃO também trabalhou na refesa, todos da minha família moramos de frente aos trilhos q vai dar direto na refesa. Lembro quando era pequena os trens passavam aqui de frente minha casa tinha até uma alavanca aqui de frete no qual se mudava o sentido dos trinhos. Tenho irmão hoje q trabalharam e um ainda trabalha na refesa. Ainda passa trem aqui de frente mas é só vagões velhos ou q precisa de consertos. Toda minha família ainda moram por aqui.

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  10. Lembro muito bem da estação, passei minha infancia no bairro floresta.

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  11. Deixo aqui nosso contato família Weyne , estamos reconstruindo nosso árvore genealógica e ficaríamos muito felizes em conhecer mais Weyne 8199882-6292

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  12. A saudade e tão grande que chego a chorar parabéns pelo belo acervo .

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  13. Moro aqui em frente ao muro da "REFESA" no Álvaro Weynne, dá-se para perceber todo o desmatamento na região ainda que se mantenha viva uma parte da flora do lugar. A água ainda jorra e é de ótima qualidade até os dias de hoje. A área da estação cresceu bastante no limite com o bairro Presidente Kennedy, com postos de gasolina, farmácias, supermercados, shoppings e com grandes residenciais. Bom mesmo é poder ouvir o incomodo barulho do ferro, das máquinas e da sirene do intervalo dos trabalhados. Poder conhecer mais da história através do blog é incrível, parabéns pelo trabalho.

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  14. Eu morei na rua Via Ferrea Sobral e estudei no Seminário. Morei perto da Estação.

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  15. ESTAÇÃO MESTRE ROCHA...O MESTRE ROCHA ERA UM ENGENHEIRO QUE VEIO MONTAR A REDE FERROVIÁRIA NO CEARÁ. DAÍ ELE FOI QUEM PRIMEIRO "DIRIGIU" A 1ª MÁQUINA DE TREM EM 1873. MESTRE ROCHA É MEU BISAVÔ MATERNO, NATURAL DO RIO DE JANEIRO. EM FORTALEZA ELE CONSTITUIU SUA FAMÍLIA .

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  16. Pessoal gostaria de reunir todas essas famílias e fotos desse lugar a praça da estação de Álvaro Weyne para fazer um protesto pedindo as autoridades que revitalizem a praça novamente pois hoje o estado e deplorável.

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  17. Nasci e me criei no bairro Álvaro Weyne, inicialmente na vila Soeiro, depois na tenente Lisboa e por último na vila operária, também conhecido como Waldemar falcão, lembro bem da velha estação,da praça com o chafariz, do seminário, do educandário menino jesus, da febence onde aos fundos ficava a loja maçônica Gonçalves Lêdo, lembro-me dos campinhos, da velha autoviária são Vicente de Paula que despunha aquele ônibus verde que fazia a linha centro, boas lembranças dos meus avós, tias e amigos.

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  18. Eu também nasci e vivi no Álvaro Wayne, estudei no Ginásio Paulo Sarasate e o Colégio José Valdo Ribeiro Ramos, morei na R. Hugo Rocha e R. Jacana, iamos de trem para a escola, pois meu pai trabalhava na oficina do urubu, nessa estação existia uma praça onde assistíamos televisão, o bairro era muito bom pra morar, perto do centro e todas as pessoas da época eram conhecidas no bairro. Muita saudades dessa época onde não existia essa violência de hoje.

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