Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : 50 Anos da Avenida 13 de Maio II
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terça-feira, 25 de setembro de 2012

50 Anos da Avenida 13 de Maio II


O prédio já abrigou a Escola Industrial do Ceará, a Escola Técnica federal do Ceará, o Centro Federal de Educação Tecnológica - CEFET e o IFCE- Instituto Federal de Educação Tecnológica. Fica na 13 de maio, entre Senador Pompeu e Marechal Deodoro (vulgo Cachorra Magra).

O primeiro bar na Avenida 13 de Maio, com três ou quatro cadeiras na calçada foi um sucesso enorme. Muitos imaginaram logo que outros fariam o mesmo, transformando a avenida e implantando de vez o estilo americanizado no bairro. Chamava‑se Ponto Quente, na esquina da Av. 13 de Maio com a rua Napoleão Laureano, onde hoje é o Mercadinho Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (fechado). Pela primeira vez, fora do centro da cidade, podíamos comer sanduíche mixto quente com coca-cola ou cachorro quente, únicas novidades extras existente em toda a extensão da avenida 13 de maio. O primeiro local chic que serviu para encontros sociais no Bairro de Fátima foi lá, no Ponto Quente, muito tempo depois surgiu o clube S.B.F., típico da Av. 13 de Maio ou da Sociedade do Bairro de Fátima, onde o Sr. Eduardo e o Sr. Cajazeiras foram, com certeza, um dos cinco diretores mais empreendedores. Ali nasceu a felicidade de muitos casais do bairro, pois foi onde desfilou as deusas que as mães guardavam em casa. Todo fim de semana se podia dançar, jogar voleibol, futebol, e divertir‑se próximo de casa. Lá conhecemos as mais lindas mulheres da região. Era um centro social de muitas atividades, onde reunia em grandes eventos os mais conhecidos jovens não só da localidade, mas de outros bairros próximos, desde a Av. Lauro Maia até a Avenida Visconde do Rio Branco. Quem frequentava a S.B.F, incluía‑se no roteiro dos grandes eventos. Passaram por lá os mais importantes conjuntos e bandas do Nordeste, como Alberto Mota e seu conjunto, Os Brasas, Ivonildo e seu conjunto, Canhoto e seu conjunto, Os Tremendões e mais outros de destaque que eram conhecidos no Nordeste. 
O Clube Maguary oferecia eventos maiores e festas mais importantes; era comum sair do Maguary e terminar a festa na S.B.F ou vice‑versa. Muitos rapazes e moças tinham como certa esta trajetória nos finais de semana. Naquele tempo, não existia os Chicos do Caranguejo. E as músicas mais badaladas eram: “Há um alguém..., na multidão... que vai lhe adorar..., com devoção...  , ou, “Moon River”..., Bobby Sollo”, “Nico Fidenco”“Domenico”“Tequila”“Caramelito”Mambo Cubano”, “Mambo Jambo”“Sumer Holliday”“Volare”“Not for Sale”“The Pop’s”The Platters” e por que não Ivonildo e seu conjunto ou um dos maiores sucessos do mundo, “The Great: pretendet” ou mesmo “The Mamas and Papas”; assim, os mais alucinados jovens dançarinos, pode-se dizer, nunca deixavam de ver nos olhos das suas garotas que se transformavam em (verdadeiras compotas de lágrimas), quando tocava uma das músicas mais contagiantes como “coruja”, imagine, “coruja... “você agindo assim só vai sofrer, pois chegará o dia em que ninguém vai perceber, existe uma coruja no lugar... coruja...”. E para os mais bregas, Paulo Sérgio, com a Última Canção... ou quem não se deliciou ouvindo ou cantando... “Quero que você... me aqueça nesse inverno, e que tudo mais vá pró Inferno...”.

Igreja de Nossa Senhora de Fátima, na Av. 13 de Maio ainda em construção, em 1955.

A Praia do futuro era o maior deserto que conhecíamos em Fortaleza (Nossa turma da 13 vivia lá também). Havia as luaradas, para quem desejava um piquenique a noite na praia, com todo mundo “arrumado”, digamos assim. Eram feitos encontros na Beira-Mar, ou outra praia qualquer, onde se levava um grupo de amigos com as namoradas para sentar na areia. Tomava‑se drink drea.. trazidos de casa, gelado, (uma das mães teria de ser portadora desse ideal sonífero) e comia‑se um sanduíche caseiro, (pão de forma - com o tradicional corte das partes queimadas e recheio de presunto enlatado) geralmente preparado, também, por uma das mães das meninas, ou a mais prendada, digamos assim.

As ruas mais agitadas naquele tempo da “bossa nova”, na Av. 13 de Maio eram a Saldanha Marinho, a Pe. Leopoldo Fernandes e Napoleão Laureano, Mário Mamede e outras, onde havia maior permanência de jovens festeiros. Todas bem próximas da Igreja de Fátima, nosso centro religioso e cultural ao mesmo tempo.

Cruzamento da Av. 13 de Maio com Av. da Universidade - Foto anterior a 1974

Um dia chegou o twist e os namorados da Vanessa e Vládia, filhas do Sr. Mancito, (moravam na rua Pe. Leopoldo Fernandes) foram os lançadores dessa música aqui no bairro. Foi qualquer coisa assustadora para todos, pois não se conhecia esse jeito descontraído de dançar. Um sucesso garantido durante noites e noites seguidas aqueles dançarinos modernos que mostravam um estilo americanizado de dançar. Os mais beneficiados com tudo isso foi a nossa turma festeira, composta pela Aíla e a Ângela, a Glória, Medina, Ana Célia e a Célia Sá, além da Glória Pordeus, o Cláudio, o Gerardo e Glória, sua irmã e os meus irmãos. A proporção que outras ruas iam tomando conhecimento vinham se aproximando dessa casa.

O mesmo cruzamento sem a fonte.

Era uma música de som alto e todos se arrepiavam estranhamente pelo desprendimento e desinibição daqueles que sabiam dançar música americana. Vinham pessoas de todos os lugares de Fortaleza. Todo bairro ficou cotaminado. Queriam ver como funcionava a nova moda. Muitos ficavam de olho durante a semana para saber onde era a “tertúlia” do sábado, com certeza, tinha que ter twist para dançar, e certa seria a presença das “turmas”, primeiramente na residência da festinha, depois o clube da S.B.F seguido do Maguary. Não se deixava por menos. Festa era o que não faltava mais. Muitas vezes íamos duas, três e até quatro tertúlias nos fins de semana, mesmo porque na própria festinha tomava-se conhecimento de outra nas redondezas. Onde tivesse chance de dançar twist, todos queriam ir. Era comum nas casas de família, ser servido o famoso ponche de maçã, alguma mistura próxima de maçã picadinha, cachaça, água, açúcar e vinho para dar cor. Esse líquido geralmente ficava em um grande depósito em cima da mesa da sala, junto com os copos para ser servido à vontade pelos participantes. Essa era a “bomba atômica” que todos tomavam como cortesia da chic residência para encorajar e alegrar os participantes. Era um grande depósito transparente cheio daquele tônico, com os pedaços de maçã flutuando. Naquele tempo, ainda existia a concepção da inibição e os casais gostavam de algo relaxante para “criar coragem”. Nem que no outro dia sua cabeça sentisse que ia estourar. Nas casas mais sofisticadas servia-se sanduíche em pão de forma, elegantemente, cortado nas laterais, com pasta apresuntada e cortado ao meio, mas, feliz aquele que tomasse um copo de coca-cola, só oferecido aos íntimos.


Assim era a Av. 13 de Maio. O comércio se restringia a pequenas mercearias. Não tinha nenhum comércio além das mercearias. As maiores foram a do Simeão e Pontista. Tudo era no centro da cidade. Lembro de um dia, reunidos no casarão do meu amigo poeta, o Dr. Mamede Cirino de Lima, um dos fundadores da Faculdade de Odontologia de Fortaleza, pessoa bem relacionada e cheia de valores, resolvemos comprar uma garrafa de uísque para uma comemoração. A Angélica, nossa grande mediadora, facilitou a aquisição de uma garrafa de uisque. O Rogério teve de ir ao centro da cidade de bicicleta, para trazer aquela garrafa, pois era impossível alguém vender este produto aqui na Av. 13 de Maio.
Um acontecimento marcante foi quando inauguraram a Panificadora Central, local ocupado hoje pelo Habib’s. Tempos depois, vieram umas poucas casas de comércio, sorveterias, depois outras melhores e hoje a Av. 13 de Maio ainda é aquela avenida que guarda além da esperança, os mesmos estilos, mas nunca deixou de pensar, certamente, ser o melhor bairro de Fortaleza.

Veja a Primeira Parte Aqui


Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor e fotos do Arquivo Nirez

3 comentários:

  1. Gostei demais deste comentário sobre a 13 de maio dos anos sessenta. Baldomir

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  2. Nossa !!! Sem querer eu fiz o gesto de levar a mão à boca quando eu vi a fonte no cruzamento da 13. Isso explica tudo, o formato das esquinas e aquele semáforo pra dobrar na 13.

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