Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Universidade Federal do Ceará
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.
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domingo, 6 de dezembro de 2020

Solar da família Gentil - Atual Reitoria da UFC

 


José Gentil Alves de Carvalho nasceu em Sobral em 11 de setembro de 1867. Foi o maior empresário do Ceará. Em 1909, já residindo em Fortaleza, adquiriu a chácara de Henrique Alfredo Garcia, na Av. Visconde de Cauipe (atual Avenida da Universidade), no Benfica.

A casa que existia no local foi demolida em 1918. No terreno, José Gentil ergueu, no mesmo ano, um belíssimo palacete para ser a sua residência. O projeto foi do Dr. João Sabóia Barbosa. Em torno do palacete, José Gentil construiu vilas e ruas com residências de vários tamanhos e estilos, praças e áreas verdes.

Lugar que ficou conhecido como Gentilândia.

Família do Coronel José Gentil no palacete que hoje é a Reitoria da UFC. 
Foto de 1953.

Em 1956, a propriedade foi comprada pelo primeiro reitor da UFC, Prof. Antônio Martins Filho, da Imobiliária José Gentil S/A pertencente aos herdeiros de José Gentil.

Ampliação do Solar da família Gentil
(já adquirida pelo reitor) em 1964.

De acordo com o site oficial*, um ano após a compra, o Reitor Martins Filho resolveu demolir o casarão, construído em 1918, mandando projetar, pelo Departamento de Obras da UFC, a atual sede da Reitoria. Conforme sugestão do Reitor, o projeto elaborado pelo departamento de obras mantinha as mesmas linhas arquitetônicas da casa construída segundo o plano do Dr. João Sabóia Barbosa. O palacete projetado consta de duas alas laterais unidas por um corpo central conservando a torreta que já existia no projeto de João Sabóia.


Casa de José Gentil - Reitoria UFC - Nirez


O interior do palacete foi enriquecido pelo Reitor com duas escadarias de bronze e latão. Móveis de estilo foram adquiridos, assim como lustres de cristal, alguns comprados na Bahia, para ornamentação de vários salões.

Reitoria em 1965

No terreno onde se encontra a atual Reitoria da UFC, ergueiram-se duas casas, posteriormente demolidas para dar espaço às atuais proporções do parque em torno do edifício e possibilitar a construção da Concha Acústica.

*



sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Avenida da Universidade - As ruas e suas modificações



Avenida Visconde de Cauhípe (Avenida da Universidade) - Assis Lima

"A Avenida da Universidade no Siará Grande era uma artéria aberta pelos holandeses que, queriam no olho chegar a bonita serra azul: Maranguape. Só que quando chegou a Porangaba se toparam com uma linda lagoa e surgiu a primeira bifurcação em Y que a cidade registra.* Os exploradores holandeses encontraram próximo outra lagoa: a de Maraponga. E as abertura foram dos dois lados. Uma chegou a serra e a outra ficou em Mondoig = Mondubim. A aventura de chegarem à Pacatuba não se concretizou. Em revista ao percurso encontrado, o Senador Alencar pai do romancista José de Alencar, achou interessante o potencial econômico dos locais descoberto pelos flamengos e os recursos hídricos que eram as belas lagoas. Não hesitou e assinou em 1836, decreto autorizando à Província seu alargamento num largo que se denominaria Praça da Bandeira. Essa foi a primeira rua aberta para o interior na época. Com a abertura a coisa foi sendo urbanizada e assim nasceu o nome Benfica, pois, se tinha uma visão privilegiada.

Mesmo trecho da foto anterior em data diferente - Assis Lima

Arquivo Nirez

Como parece que tudo que é bonito é efêmero, a imposição política nocauteia o que é de interesse e satisfação do povo. Os nomes de ruas eram mais bonitos, românticos. Na posteriori e com pedras toscas, colocaram o nome de Avenida Visconde de Cauhípe homenageando Severiano Ribeiro da Cunha (1831-1876). Natural de Caucaia ele era comerciante e Filantropo. Havia exercido vários cargos políticos sem filiação partidária. A Universidade Federal do Ceará foi criada oficialmente pela Lei N° 2 373, de 16 de dezembro de 1954, e instalada em sessão no dia 16 de junho de 1955. Aí pela localização denominou-se devido ao complexo de prédios com salas de ensino superior, Avenida da Universidade. Aliás, não gosto de chamar de Avenida, ruas de mão única. Bons nomes nunca devem ser esquecidos. Estão cogitando para que a Avenida da Universidade seja chamada de Antônio Martins, magnificência exordial na reitoria do Ceará, bem como a Rua Baturité (antiga Escadinha) se chame Christiano Câmara. Nada mais sugestivos. Agora tomemos cuidado para que esses nomes, não tirem da Avenida e/ou Rua a sua essência."

Assis Lima


* "Nesse mapa de Ricardo Carr de 1649, vê-se que a bicuração no caminho/picada indígena ficava depois do "Rivier genamt Itapeba" ( rio Maranguapinho ou Siqueira)." J Terto de Amorim

"A lagoa desse mapa é a do Mondubim. A lagoa da Maraponga não é uma lagoa de origem, mas um açude originalmente." J Terto.
 Conforme o círculo vermelho no mapa

"Nesse mapa de Baltazhar Gerbier de 1650/55, também vemos a mesma birfucação depois do nosso rio Maranguapinho/Siqueira, ou como Bergier citou : "La grande Riviere apelleé Ytapeha, pleine de Rochers". Círculo vermelho no mapa."    J Terto de Amorim

Conforme o círculo vermelho no mapa

 

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Casa Johnson - Avenida Beira-Mar



Foto rara da Casa JOHNSON, a única casa projetada por Oscar Niemeyer no Ceará. Foto de 1976 - Edgar Gadelha. Créditos M Williams 


Casa Johnson, Fortaleza, Ceará
Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer em 1942.

Um dos excelentes produtos do Brasil tão rico, é a fina cera de carnaúba, originária principalmente do Ceará, a cinco graus abaixo do Equador. Um industrial norte-americano especialista em produtos de cera, Herbert Johnson, construiu esta interessante casa para residência quando de suas visitas periódicas ao Brasil. A casa aproveita todas as vantagens da brisa marinha que tempera o sol quente de Fortaleza. As salas de estar abrem-se para uma grande varanda, protegida por venezianas.


Planta da casa. Acervo Brazil Builds

Planta da casa. Acervo Brazil Builds

Acervo do amigo Sérgio Roberto 

Herbert Johnson escolhia seus arquitetos admiravelmente. A casa dele em Racine, no Estado de Wisconsin, Estados Unidos, foi projetada pelo famosos arquiteto Frank Lloyd Wright.

Foto de 1976. Créditos M Williams 

A belíssima Casa Johnson na Avenida Beira-Mar em 1976. Créditos M Williams 

NIEMEYER NA BEIRA MAR


Crédito: Maurício Cals


O Clube dos Diários e a AABB, foram demolidos e a casa Johnson, apesar de bem modificada, encontra-se parcialmente preservada, ainda bem!  Foto de 1976

O imóvel que depois foi ocupado pelo Hotel Mareiro, na Beira Mar, já foi um dia a residência da Família Johnson, dona da Johnson Wax Works*. A companhia explorava carnaúba para a extração da cera. Aqui se instalaram na Fazenda Raposa, em Maracanaú. Não deu certo, passaram a fazenda à UFC.

Anos 70

Fotos da Casa Johnson em 1976 - Créditos M Williams 
















Mas e a casa? Poucos sabem, mas foi uma criação de Oscar Niemeyer. O arquiteto Romeu Duarte (UFC) comenta: “Era uma casa típica da primeira fase do Niemeyer: prismática, levantada sobre pilotis e com uma rampa interna que interligava todos os três níveis. Havia também uma piscina no térreo, estreita e extensa. Implantada sobre uma elevação do terreno, postava-se sobranceira sobre o mar”.

O tempo passou, intervenções houve e, a exemplo de outros projetos originais, se perdeu.
A casa não foi totalmente demolida, foi descaracterizada depois de sucessivas reformas.

O imóvel ocupado pelo Hotel Mareiro

O Hotel Mareiro


*Grupo Johnson


Herbert Johnson, de Wisconsin, EUA, presidente da empresa S.C. Johnson, fabricante das Ceras Johnson e de outros produtos de limpeza, veio ao Ceará em 1935 para pesquisar as potencialidades da carnaúba. A cera produzida à partir dessa palmeira nativa era o principal item para os produtos fabricados pela S.C. Johnson, e Herbert Johnson quis conhecer o potencial de cultivo da carnaubeira a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis. 
Depois de conhecer de perto o cultivo da árvore, a fim de assegurar uma fonte de recursos renováveis e manejáveis, o empresário decidiu instalar uma unidade no Ceará. Graças à carnaúba, a Ceras Johnson virou uma potência que atua em mais de 20 países e fatura bilhões de dólares anualmente. Falecido em 1978, o empresário foi sucedido pelo filho Samuel Johnson, hoje à frente da organização.

Logo após Herbert Johnson ter herdado o negócio da família, bateu à porta a Grande Depressão de 1929. Querendo garantir o fornecimento de cera de palmeira de carnaúba, crucial para os negócios da firma SC Johnson, Herbert decide visitar o país da sua origem, no Brasil. Confrontado com a duração da viagem usando os meios tradicionais da época (cerca de um ano), depressa encontrou no avião a alternativa, e o Sikorsky S-38 foi o escolhido. O anfíbio bimotor foi o primeiro sucesso comercial de Sikorsky, um verdadeiro iate aéreo, de excelente autonomia, conforto e fiabilidade, que tinha uma qualidade importante relativamente à concorrência: mantinha a altitude voando com apenas um motor. Capaz de levantar e aterrar em quase todo o lado era a ferramenta ideal para o trabalho. Johnson sai dos EUA em Setembro de 1935 com mais 5 homens, numa verdadeira expedição comercial e científica de dois meses pelo Brasil. O avião original foi mais tarde vendido à Shell, perdendo-se ao largo da Indonésia.
Foram precisos três anos e meio para a Born Again Restorations construir a réplica do Spirit of Carnaúba. Buzz conseguiu localizar dois suportes de fuselagem traseiros e a parte central da asa superior num armazém em Burbank. Vários planos foram também obtidos dos arquivos da Sikorsky e de outras proveniências, culminando numa das mais belas ressurreições no mundo da aviação antiga. Vestido de negro, vermelho e amarelo, com os seus dois motores Pratt & Whitney de 450 cavalos a rodarem em sincronia, um S-38 voou outra vez dos EUA ao Brasil, transformando novamente a vida da família Johnson.

Spirit of Carnaúba exposto no Hall Fortaleza - D' Neto

Hoje o Spirit of Carnaúba está exposto no Hall Fortaleza, na sede da empresa S.C. Johnson no Wisconsin.

Ricardo Reis

Créditos: Brazil Builds, Jornal O Povo e Ricardo Reis

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Avenida Treze de Maio - Antiga Avenida Flor do Prado


A avenida surgiu na década de 50, por ordem do prefeito, Acrísio Moreira da Rocha.


Nos anos de 1910, em um arrabalde de Fortaleza, São João do Tauape, no encontro das atuais avenidas Visconde do Rio Branco e Pontes Vieira, havia diariamente, dezenas de comboieiros vindos do interior que ali paravam, diariamente, para descanso e reorganização dos seus trabalhos: troca, venda e compra de todo tipo de mercadoria trazida do interior. A este ponto de encontro os nativos deram-lhe o nome de Tauape, significando tauá-barro, pé-caminho; caminho de barro. Por invocação a São João, foi erguida uma capela no local, daí surgindo o nome de São João do Tauape, (1948) segundo o historiador Márlio Falcão.
Os mercadores já se encontravam próximo do seu objetivo, o centro de Fortaleza, mas não era justo seguir toda vida cidade adentro com bois, cargas em cavalos e jumentos pela avenida Visconde do Rio Branco, afinal, gerava tumulto e perigo entre os moradores das casas, atrapalhava os carros e o bonde da Visconde do Rio Branco, que percorria toda avenida até a "terceira" parada, isto é, o final da linha, próximo da esquina onde funcionou o Cine Atapu, da Cinemar, inaugurado em 11.03.1950, conforme relata o historiador Miguel Ângelo de Azevedo - Nirez.

A cidade de Fortaleza crescia e necessitava de cuidados essenciais, não podia permitir mais o ingresso de animais a sujar a avenida e centro da cidade. Nasceu então a idéia do traço de união. Abrir novas ruas e avenidas, antes da cidade, para facilitar a vida de todos. Foi justamente aí que planejaram unir o São João do Tauape com o Benfica, por uma estrada calçamentada e iluminada, já que existia um precário caminho. Seria uma importante avenida que desse acesso aos mercados, outros bairros e dezenas de ruas facilitando as intercomunicações entre bairros. O meio mais fácil seria seguir pela mata rumo ao oeste (futura Av. 13 de Maio) descendo nas férteis terras de pousada e boa caça e pesca, onde havia o encontro de riachos e açude na Fazenda Canadá, do doutor Pergentino Ferreira. Todos os meios de transportes seriam beneficiados. Seguiriam com as suas mercadorias por toda avenida, sem impedimentos, até o bairro Benfica ou Prado, passando por diversas ruas atingindo os objetivos, relata Geraldo Nobre, do Instituto Histórico do Ceará.


O então prefeito de Fortaleza, Acrísio Moreira da Rocha, providenciou, juntamente com sua comitiva, um encontro de amigos com o dono das terras. Teria sido discutida na Fazenda Canadá a criação (hoje no local da sede desta antiga fazenda Canadá, encontra-se construído o Conjunto Residencial Segredo de Fátima) de "uma grande rua que beneficiasse a todos da região, facilitando o acesso para vários bairros". A resposta do dono das terras ao prefeito foi de que ele teria ao seu dispor, não só uma rua, mas terras para uma avenida inteira, se assim o desejasse, reafirma Silvio Theorga, neto do doutor Pergentino Ferreira, então com 13 anos de Idade, quando assistiu toda reunião naquela tarde na sede do Fazenda Canadá.
A grande obra da prefeitura ligaria o bairro São João do Tauape ao antigo Prado, hoje Gentilândia ou Benfica. Naquele tempo o mato alto descia dos dois lados da estrada até o riacho. Quem desejasse vir desse ponto da estrada, isto é, do São João do Tauape para o Prado, teria de seguir uma nesga de terra até a altura de um grande riacho (Aguanambi – no inverno, um grande alagado) atravessá-lo de canoa ou vir pela velha ponte e seguir pela estrada de terra vários quilômetros até próximo ao Prado (altura do CEFET) antigo local de corridas de cavalo.
O prefeito Acrísio Moreira da Rocha, logo determinou que fossem iniciados os trabalhos de limpeza da área, cortada a mata, feitos os canais de seguimento do riacho e calçamentada a estrada onde seria a grande avenida. Nos primeiros momentos todos a chamavam de Flor do Prado, relata o memorialista Marciano Lopes, dizendo da constante ornamentação, beleza natural e ligação com o Prado.

Paralelo a tudo, em 09 de dezembro de 1952 chega a Fortaleza, vindo da Europa, a imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima em visita a algumas Igrejas. O povo, muito devoto, ficou impressionado e o bispo auxiliar de Fortaleza, Dom Eliseu Simões Mendes lançou a ideia da criação de um templo. O doutor Pergentino Ferreira logo se prontificou a doar uma quadra na futura avenida. O que foi feito em 19 de outubro de 1952. O esforço incomum e a enorme motivação fizeram com que Paulo Cabral de Araújo, o novo prefeito de Fortaleza depois de 1952, juntamente com padres e políticos, apoiassem o projeto e fizesse brotar a ideia de um belo santuário para homenagear a santa. Foi formada uma comissão e passaram a visitar vários empresários, e, o engenheiro Luciano Pamplona logo se pôs a elaborar o projeto da Igreja. Veio a pedra fundamental em 28 de dezembro de 1952. Em pouco tempo a Igreja foi edificada, e no ano seguinte, com a nova vinda da imagem santa de Portugal, com a Igreja ainda por terminar, recebeu a imagem peregrina que aqui permaneceu de 14 a 16 de dezembro de 1953, onde foram realizadas várias missas, mas a inauguração somente foi possível em 13 de outubro de 1956.

A inauguração da Igreja de Fátima foi ao ar livre, com a presença de dez mil pessoas. Nesta ocasião muitos convidados estiveram presentes e logo que chegaram subiram ao palanque que foi armado para as autoridades. Centenas de pessoas impediram que o Dr. Pergentino Ferreira e sua senhora, D. Argentina, subissem ao palanque para receber as homenagens. Foi terrível, o tumulto também foi grande e quem tomava conta do palanque não deixou mais ninguém entrar depois da superlotação. Segundo palavras do Stélio, neto do Pergentino.
No dia 12 de outubro de 1955 foi indicado o 1° vigário da paróquia, o padre Gerardo de Andrade Ponte, onde permaneceu por 19 anos. O seu atual vigário é o padre Manoel Lemos Amorim.
A grande surpresa foi quando a Igreja de Fátima foi vítima de tentativa de assalto pela primeira vez. Quanta admiração de todos os moradores ao ouvirem o sino tocar apressado altas horas da noite pelo primeiro e principal ajudante do padre Gerardo Pontes. O Antônio de Souza, providenciou logo fazer alarde quando notou a presença de estranhos. Esta ação de tocar o sino da Igreja várias vezes altas horas, convenhamos, ainda hoje significa acontecimento grave. Logo, dezenas de moradores surgiram silenciosos e espantados no meio da noite e todos com as suas armas em punho, a tomar conhecimento do ocorrido. Ele dormia no andar superior e ao pressintir que alguém entrara na igreja e estava na sacristia, acordou. Não foi à toa quando apanhou a pedra que estava na soleira da porta e a soltou escada abaixo quando pressentiu que o meliante estava subindo. Dizem que o pessoal que trabalhava na obra de construção do canal, para colocação das lages de cimento armado, pois trabalhavam até altas horas da noite, viram quando alguns homens transportavam uma pessoa nos braços e passaram por eles rumo ao Cocorote, localidade das imediações da Base Aérea de Fortaleza. Não se soube mais nenhuma informação.

O terreno da Igreja englobava o quarteirão inteiro, por isso pensou-se em ampliações e, foi-se construindo a casa paroquial, salão, Instituto Educacional, quadra de esportes, muros de proteção etc. Hoje nas dependências desta quadra funciona o orgulho da avenida 13 de Maio, o Colégio Santo Tomás de Aquino, que completou 49 anos de fundação. Este colégio sempre contribuiu com a comunidade de Fátima e já formou, em nível de terceiro grau, muitas autoridades do Estado do Ceará. O seu atual diretor, Vicente Amorim declara: "Em toda nossa existência, nunca deixamos cair o nível de ensino e sempre mantivemos o respeito aos preceitos católicos".
O bairro tomava corpo dia a dia e a Av. 13 de Maio virou atração turística até para quem visitava a cidade, pois todos queriam conhecer a Igreja e passar por esta grande avenida calçamentada e iluminada. Assim, nos seus primeiros momentos, sem deixar de ser bucólica e, mesmo em transformação, os moradores ainda assistiam, naquelas manhãs sertanejas, silenciosas e convidativas a passagem de poucos carros e passeios de pessoas nas matas, riachos, lagoas e trilhas de todos os lados, pois não havia centros comerciais ou movimento de carros, somente duas ou três mercearias. Logo a empresa de ônibus Severino Ribeiro passou a servir o bairro e, alguns ônibus circulavam pela Av. 13 de Maio de hora em hora até o centro da cidade. Um ônibus vinha pelo bairro José Bonifácio até atingir a Av. 13 de Maio e outro pela Visconde do Rio Branco até alcançar a Av. 13 de Maio.


Os ônibus, verdadeiros calhambeques, eram todos de madeira recobertos por flandres, demoravam muito a passar e em determinados pontos de espera, surgiam sempre cinco ou seis pessoas, pois poucos tinham o luxo de possuir carro e trabalhavam no centro da cidade, até os que com o tempo se tornaram grandes empresários e donos de lojas famosas do centro da cidade. Para quem estava no ponto de ônibus, era esquisito, permanecia em vigilância olhando de um lado para outro; quando o ônibus despontava ao longe, pois eram poucos os carros que trafegavam na 13 de Maio, sempre alguém estava a gritar para quem vinha se chegando ao ponto: "corre... lá vem um ônibus", e quem não vinha em desabalada carreira. Ninguém podia perdê-lo, senão teria de ficar mais de uma hora a espera de outro. No ônibus, sempre lotado, havia o cobrador circulando apertadamente no meio dos passageiros, em pé, do começo ao fim do ônibus, com várias moedas na mão a cobrar a passagem, entregar a ficha correspondente e passar o troco de cada um. Para descer do coletivo como também era chamado, esticava-se a mão, como ainda hoje, para um dos lados extremos do teto e puxava-se a sinaleira; em alguns, este objeto constituía-se de um chocalho de cabra na extremidade a produzir barulho suficiente; ao puxar o barbante fazia tremer o dito objeto ao lado do motorista que entendia precisar parar. Era sempre uma longa e barulhenta viajem, pois os ônibus de madeira percorriam todo o calçamento da 13 de maio. Para servir as ruas internas do bairro, a Empresa São José do Ribamar comprou do "poierão" um ônibus e implantou, nos anos de 1960, precária linha de micro ônibus com relativo sucesso. Poeirão era o nome de um morador de um vilarejo ligado ao Bairro de Fátima.

Foto Fortalbus
Em se tratando de comércio, a Av. 13 de Maio passou muitos anos quase com o mesmo formato. Muito depois da inauguração da Igreja, surgiu a primeira sorveteria na esquina da rua Napoleão Laureano, logo transformada em bar com umas poucas cadeiras na calçada. Era uma atração inédita permanente a sorveteria e bar 'A Normalista', frequentado por todos. Fora do centro da cidade, alguns se arriscaram a tomar cerveja, sorvete, ou comer no local um sanduíche de primeira linha chamado mixto quente. Duas mercearias maiores serviram muito tempo ao bairro, a Pontista e o Simeão. Logo depois, em 09 de março de 1959, surgiu a Panificadora Central, que serviu ao bairro muitos anos. Na 13 teve também a presença de um restaurante, na esquina da rua Padre Leopoldo Fernandes, o B'arbras.
Em se tratando de diversão, antes da missa, nos finais de semana, assistiam-se jogos amistosos entre Fortaleza e Ceará no areal em frente a Igreja de Fátima, hoje Praça Pio XII.
O único clube próximo a Av. 13 de Maio chamava-se Maguary Esporte Clube, muito frequentado pelos que moravam na 13 de maio. Pelos anos de 1965 surgiu o único clube do bairro chamado S.B.F.Sociedade Bairro de Fátima, ponto de encontro de todos os jovens que moravam na Av. 13 de Maio, bairro de Fátima e adjacências, capitaneado em primeira instância por Mauro Benevides, um dos moradores do bairro.



Hoje o comércio da Av. 13 de Maio atingiu a maturidade, possui vida própria e não deixa a desejar; identifica-se com o dos grandes centros e tem seu equilibrado movimento em cada quarteirão. O comércio funde-se ao do bairro de Fátima e possui o eterno estigma de ser calmo, pois não existe aglomerado de pessoas, prédios ou de veículos. Ao longo da avenida encontram-se vários bancos importantes, lojas de renome e sempre com estacionamentos disponíveis. Suas casas comerciais são amplas e diversificadas servindo desde vestuário, boutiques de alimentos, sorveterias, panificadoras, pousadas, loja de delicatessens, cursos, restaurantes, supermercados, shopping center, farmácias, lojas de automóveis, hospitais etc., e é servida por inúmeras linhas de ônibus, além de, no seu final, encontar-se com a estação do Metrofor, localizada na esquina da Av. 13 de Maio com a Av. Carapinima. Outras importantes instituições da Av. 13 de Maio são o 23° Batalhão de Caçadores do Exército, instalado em 23 de novembro de 1944. O CEFET, antiga Escola Industrial de Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, no campus do Benfica e IBGE; no bairro de Fátima, Instituto de Educação (antiga Escola Normal Pedro II) e Conselho Estadual de Educação, UECEUniversidade Estadual do Ceará e vários colégios e centros de estudos, além de centros comerciais diversificados etc.



Quando falamos em moradia, na Av. 13 de Maio ou Bairro de Fátima, lembramos que muitos moradores optam atualmente por negociar sua residência para que sejam construídos modernos prédios residenciais, sendo visível a nova fase futurística que o bairro está vivendo com bastante sucesso, tendo em vista as dezenas de edificações novas no bairro com prédios de até mais de 20 andares, e com chances de vir a ser novamente o segmento mais procurado da cidade, tanto pelo lado mais acessível, promissor, quanto pelo lado mais cultural e próximo do centro tradicional da velha Fortaleza, dizem alguns corretores de imóveis.



Créditos: Livro Grãos de Areia - Tohama Editor e fotos do Arquivo Nirez

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