Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
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segunda-feira, 19 de julho de 2010

Sociedade de Assistência aos Cegos - Tornando realidade o que parecia impossível


O casarão é em estilo clássico. É de cor rosa, cercado de árvores, de luz e belas sombras e uma brisa refrescante sopra suavemente. O espaço interno é enorme.

A Sociedade de Assistência aos Cegos, fundada em 29 de setembro de 1942, é uma sociedade civil sem fins lucrativos, que atua nas áreas de educação, saúde, profissionalização e inserção social da pessoa portadora de cegueira.Com uma abordagem da problemática da cegueira nos aspectos biopsicossociais, a SAC promove uma perfeita integração do deficiente visual na sociedade. Através de sua equipe multidisciplinar trabalha na prevenção à cegueira. Na escola, educa e socializa alunos cegos e portadores de visão subnormal. Além da assistência social, no final do processo a instituição profissionaliza e proporciona a conquista da cidadania para o deficiente visual abrindo-lhes as portas do mercado de trabalho.

A história da Sociedade de Assistência aos Cegos - SAC, é feita de inúmeros atos de amor, coragem e acima de tudo, da crença de que todos os seres foram criados por Deus, não importando sua cor, raça, credo ou limitações.

Fundada em 1942, vivia o mundo sob os auspícios da 2ª Grande Guerra Mundial, época em que a marca qualitativa da valorização do homem dava-se em razão de determinados requisitos estéticos hereditários e não em razão de seus valores morais.
Foi exatamente nesse conturbado período da humanidade que o oftalmologista Dr. Hélio Góes Ferreira e seu grande amigo Padre Arquimedes Bruno, iniciaram esse sublime trabalho em favor do ser humano, visando libertá-lo de sua obscuridade e limitações, dedicando assim, grande parte de suas existências no sentido de vencer os desafios que lhes foram impostos e de provar que o HOMEM enquanto SER, é capaz de transpor qualquer obstáculo.



Portanto, no dia 02 de Agosto de 1942, foi instalada a Assembléia Geral de Fundação da Sociedade de Assistência aos Cegos, no Clube Iracema, situado à Rua Coronel Bezerril, 751 - 2º andar em Fortaleza-CE.

1ª DIRETORIA: Presidente - Padre Arquimedes Bruno; Vice Presidente - Edite da Costa Braga; Secretária - Hélia Elery Barroso; Tesoureira - Elezira Elery; Diretor Geral - Dr. Hélio Góes Ferreira.

CONSELHO: Yanie Fontenelle Porto, Dr. José Leite Maranhão, Beatriz de Araújo Ferreira, Dr. Abner Amaral, Regina Bulhão Ramos, Maria José Moreira da Rocha, José Oriano Menescal Netto, Dr. Eugênio Avelar Cavalcante da Rocha, Dr. João Mendes Filho, Dr. Fernando Leite, Dr. Antonio Barros dos Santos, Maria José Menescal de Góes Ferreira, Dr. Sylvio Ildeburgue Leal, Luzita Albano, Lúcia Rocha, Alfeu Aboim, João Batista Saraiva Leão e Joaniuba Amaral.


A tenacidade dessas Diretorias em promover o cumprimento das metas estatutárias da SAC, fez com que cada uma delas usando os recursos existentes em seus respectivos períodos, conseguissem com muita dedicação: criar, implantar, promover a independência financeira e modernizar esta entidade, a ponto torná-la ao longo do tempo, um modelo moderno de entidade filantrópica, com atuação nas áreas de EDUCAÇÃO e SAÚDE.

ÁREA DE EDUCAÇÃO

1. INSTITUTO DE CEGOS DO CEARÁ: fundado em 1943 - escola pioneira no estado do Ceará para a educação de deficientes visuais e portadores de visão subnormal. Após o falecimento do Dr. Hélio Góes Ferreira em 1976, passou a chamar-se INSTITUTO HÉLIO GÓES, por sugestão do Dr. Fco. Waldo Pessoa de Almeida.

2. PROFISSIONALIZAÇÃO: esse setor foi criado também na época da fundação desta entidade visando promover o desenvolvimento profissional de pessoas cegas e/ou portadoras de visão subnormal. Hoje são ofertados grande número de cursos: Operador de Câmara Escura, Áudio Locução, Telefonia, Bijuteria, Massoterapia, Telemarketing, Artesanato, DOSVOX.

3. BIBLIOTECA BRAILLE JOSÉLIA ALMEIDA: criada nos anos 70, recebeu em 1994 o nome que hoje detém, em homenagem a essa Diretora, por seu empenho ao crescimento e modernização dessa biblioteca que continua a ser a única biblioteca Braille existente no Ceará.

4. IMPRENSA BRAILLE ROSA BAQUIT: instalada em 1993. Sua finalidade prioritária é suprir a carência de livros didáticos e curriculares em Braille. Atende a todos os deficientes visuais indistintamente no que diz respeito a transcrever livros de línguas estrangeiras, bem como na elaboração de apostilas dos diversos cursos ofertados pela SAC. Foi a partir da implantação dessa imprensa que os deficientes visuais do Ceará (ou do Brasil?) puderam ter acesso a leitura diária dos jornais “Diário do Nordeste" e “O Povo” e receberem suas contas de Energia e Água em Braille, tornando realidade o que parecia impossível.


5. ESPECIALIZAÇÃO DE DOCENTES NA ÁREA DE DEFICIÊNCIA VISUAL: criado em 1996, esse setor promove, sem nenhum ônus para o governo, a especialização de professores na área da Deficiência Visual, preenchendo uma lacuna existente na educação especial no estado do Ceará. A SAC, é a única entidade não governamental, reconhecida pelo Conselho de Educação do Ceará, para promover essa especialização.

ÁREA DE SAÚDE:

1. HOSPITAL ALBERTO BAQUIT JUNIOR: criado em 1966 pela Casa da Amizade. Em 1980 foi totalmente reformado e equipado sob os auspícios do Sr. Alberto Baquit, recebendo o nome que hoje detém numa homenagem póstuma a seu filho primogênito. Esse hospital é responsável por todos procedimentos cirúrgicos oftalmológicos de pequeno, médio e grande porte, inclusive transplante de córnea, cirurgias a laser e exames especiais. Sua clientela é oriunda de Convênios, Particulares e SUS.

2. UNIDADE DE PREVENÇÃO À CEGUEIRA CEL. JOSÉ BEZERRA DE ARRUDA: a prevenção à cegueira, foi a primeira atividade da SAC, atendimento a portadores de deficiência visual para posteriormente encaminhá-los ao Instituto Hélio Góes que como já dissemos, foi a primeira escola especializada para o deficiente visual no Ceará. Nesse setor, todos os alunos da escola, são atendidos por técnicos em Estimulação Visual / Estimulação Precoce / Fonoaudióloga / Psicóloga / Odontóloga / Terapeuta Ocupacional e Fisoioterapeuta.

3. BANCO DE OLHOS DO CEARÁ: fundado em 1976, pelo oftalmologista Dr. Francisco Waldo Pessoa de Almeida. Foi o primeiro banco de olhos do Ceará. Posteriormente, tornou-se clínica de transplantação, com o advento da central única de captação de órgãos do estado. Pela LEI Nº13.985, de 26 de outubro de 2007 ficou denominada de Doutor Francisco Waldo Pessoa de Almeida a Central de Transplante do Estado do Ceará numa justa homenagem ao seu pioneirismo.

4. UNIDADE OFTALMOLÓGICA IÊDA OTOCH BAQUIT: criada em 1985, recebeu numa homenagem póstuma o nome dessa Diretora, que durante algum tempo, ficou a frente da Tesouraria desta entidade. Modernamente equipada, atende a clientes particulares, Convênios e SUS.

"Tivemos a imensa felicidade de ter confirmada ao vivo grande parte da trajetória da SAC com imensa riqueza de detalhes, pelo seu 1º Presidente, Padre Arquimedes Bruno (1942/1946), quando visitou esta casa, em outubro/1997. Morando na França desde os anos 60, Padre Arquimedes ficou visivelmente emocionado ao rever esta entidade e definiu a SAC, como uma obra “fruto de uma série de corações sensíveis às necessidades do próximo e de vontades decididas em provar o valor do homem diminuído numa parte do seu esforço, mas íntegro na capacidade do seu espírito.” Portanto, não é a toa que dizemos: SAC, uma história que Só o Amor Constrói ..."



Fortaleza, 28/7/2008
Maria Josélia Sá e Almeida Presidente


Revista Histórias da SaúdeESPECIAL SUS 20 ANOS - Ano XI nº 17
Outubro, Novembro, Dezembro 2008
Fortaleza - Ceará - BrasilSAC - Breve histórico
Sociedade de Assistência aos Cegos




Assaltantes tiram a vida do “Anjo dos Cegos”

Dirigindo a Sociedade de Assistência aos Cegos, Dr. Waldo era o anjo daqueles que perderam a visão. Para uns, através de suas mãos divinas restaurou o milagre da visão. Para outros, irrecuperáveis, foi a solução ao mostrar que podiam exercer a cidadania plena pela capacitação para o trabalho.
Waldo deixa um vazio, pela perda de um amigo, e de um líder do servir.
O maior tributo que poderíamos prestar cidadão Waldo Pessoa, era iniciarmos imediatamente uma “Campanha pela Segurança e pela Paz”, tendo Waldo como patrono. Ela seria dirigida às crianças e adolescentes, objetivando por todos os meios evitar que eles se transformem nos marginais do futuro.


Drs. Waldo Pessoa e Sérgio Augusto Carvalho

Diretor de saúde da Sociedade de Assistência aos Cegos, fundou o primeiro banco de olhos do Ceará e foi o pioneiro no transplante de córnea neste estado. Idealizou e implantou em 1970 o Programa de Prevenção a Cegueira nas Escolas, e o Centro de Estudos DOSVOX na entidade que dirigiu.Colecionou títulos como o de Reconhecimento por serviços prestados pelo Rotary Clube de Fortaleza e pela Polícia Militar do Ceará. Recebeu o Prêmio Sereia de Ouro em 1990 e Título de Cidadão de Fortaleza pela, Câmara Municipal. Homenagem postuma ao ilustre colega que na sua vida profissional dignificou o exercício da oftalmologia no nosso estado, reitera Dr. Sérgio Augusto Carvalho Pereira - Presidente da Sociedade de Oftalmologia do Ceará.

O crime. Dois bandidos entraram na clínica oftalmológica de Waldo Pessoa, localizada na Avenida Bezerra de Menezes, no bairro São Gerardo, por volta de 17 horas do dia 14 de dezembro de 2006. Eles se passaram por pacientes e depois anunciaram o assalto. Um deles entrou no consultório do médico e o ameaçou com um revólver calibre 38. Roubou uma quantia em cheques e fugiu. Waldo Pessoa, em virtude de ter sido anteriormente vítima de roubo, tinha uma arma guardada no consultório e trocou tiros com o bandido.
Já do lado de fora da clínica, o oftalmologista disparou tiros contra o assaltante, que caiu morto, ao lado do posto de combustível que fica a menos de 100 metros da clínica. O outro bandido também saiu do consultório e atirou nas costas do médico, que foi encaminhado às pressas ao Instituto Doutor José Frota (IJF) , porém não resistiu à gravidade dos ferimentos.


O oftalmologista passou nove anos à frente da Sociedade de Assistência aos Cegos, mais conhecida como Instituto do Cegos. Foi presidente da entidade de 1980 a 1986, e de 2003 até ser assassinado. Pouco tempo antes do crime, Waldo Pessoa tinha iniciado um projeto de consulta popular, no valor de 30 reais. Ele dedicou grande parte da vida profissional à filantropia.



Dr. Waldo Pessoa
recebe homenagem na
festa do RC Fortaleza
Centenário



Sexta-feira - 16-04-2010

“Uma esmolinha para um pobre cego”. É comum o pensamento de que a mendicância ou o isolamento social são as únicas saídas para um cego. As próprias famílias dos deficientes visuais, na maioria das vezes, procuram afastá-los da presença das outras pessoas, às vezes por vergonha, às vezes por querer proteger o cego contra o preconceito da sociedade. Entretanto, várias são as provas de que os cegos são pessoas capacitadas para desenvolver as atividades mais difíceis, inclusive atividades profissionais. Dessa maneira, separar o cego do meio social ou condená-lo a viver à custa de favores pode parecer uma alternativa pouco conveniente.


Exemplos de superação:


História de um Visionário

Uma vida no escuro, uma existência nas trevas, um mundo sem luz... O que você faria se não conseguisse enxergar? Eliano Gino de Oliveira, mais conhecido como Gino, é assessor de imprensa da Prefeitura Municipal de Fortaleza, deficiente visual desde que nasceu e fez isso: foi aprender Braile na Sociedade de Assistência aos Cegos (SAC); depois fez um curso de orientação e mobilidade para aprender a caminhar sozinho pela cidade; estudou datilografia e computação; entrou para um curso técnico na área de turismo no IFCE (antigo CEFET), mas acabou se formando em Comunicação Social pela UFC (Universidade Federal o Ceará); já foi candidato a prefeito de Fortaleza e, atualmente, além de trabalhar no setor de Comunicação da Prefeitura, está estudando Pedagogia na UECE (Universidade Estadual do Ceará).

Diante do computador, os dedos ágeis digitam com facilidade. Diante das outras pessoas, um jeito de conversar e se comportar capaz de conquistar muitos amigos; tanto é que todos que entram na sala de trabalho de Gino não deixam de comentar a incrível capacidade que ele tem de “enxergar”. Uma memória capaz de gravar as datas mais improváveis e os menores detalhes. Com o rádio como companheiro desde pequeno e o amor à leitura, Gino é um jornalista que se orgulha em já ter produzido, juntamente com a sua equipe, até cinco pautas por dia.

Gino foi estudar na SAC (Sociedade de Assistência aos Cegos) ainda criança. “Lá era uma nova perspectiva de vida. Criado menino pobre do subúrbio, para enfrentar uma selva de concreto e opiniões”, lembra Gino. Na SAC, ele aprendeu com professores cegos a ler e a escrever em Braile, um sistema de leitura e escrita adaptado para deficientes visuais e no qual se utiliza o tato. Gino também teve lições de mobilidade e de como comportar-se em sociedade.
Quando concluiu os primeiros anos de escola, teve que sair em busca de uma instituição de ensino que aceitasse estudantes cegos. A falta de preparo das escolas fez com que Gino se deparasse com muitos preconceitos, vindos inclusive dos professores. E, segundo ele, a situação não melhorou muito desde essa época. “Até hoje o sistema [de ensino] é quase o mesmo”, diz Gino.

Ainda jovem, o assessor de comunicação fez um curso de locomoção na SAC, aprendendo a andar sozinho pela cidade apenas com a ajuda da bengala. Depois disso, estudou datilografia e até hoje é capaz de escrever no computador com uma velocidade impressionante. “Esses foram dois cursos [mobilidade e datilografia] que alavancaram a integração e a independência dos cegos em Fortaleza, afirma.
Aos 22 anos de idade, em 1975, Gino entrou para o curso de Comunicação Social, na UFC, fato que, pelo seu ineditismo, lhe rendeu uma colocação no Anuário do Ceará (publicação anual que fornece dados culturais, econômicos, sociais, geográficos, históricos, etc. sobre o Estado do Ceará). Mas, para fazer a prova do vestibular e ingressar na universidade, ele lembra que teve de enfrentar o preconceito de muitas pessoas, que não conseguiam entender como um cego seria capaz de fazer o vestibular.
Na universidade, Gino também teve de lidar com muitas dificuldades, como a falta de textos adaptados para deficientes visuais. E a solução era pedir a ajuda dos colegas, que liam os textos e gravavam para Gino escutar. “Talvez eu não tenha aproveitado cem por cento, como um colega qualquer, mas eu conseguia ser um aluno ‘normal’, diz Gino. E não parou por aí: instigado por uma amiga, fez vestibular para Pedagogia na UECE, curso no qual já está no sexto semestre e, mesmo assim, diz que ainda há professores que não sabem lidar com os deficientes visuais.
Um mundo sem luz talvez seja o de quem não consegue ver nos deficientes visuais um ser humano como qualquer outro, que tem direito a estudar e trabalhar e é competente o suficiente para desenvolver qualquer atividade.

Reportagens antigas sobre a Sociedade de Assistência aos cegos:

Aprovados os Estatutos e indicada a 1ª Diretoria da S. A. C.

Reuniram-se ontem pela manhã, no "Clube Iracema", os elementos que tomaram a seu cargo fundar nesta capital a Sociedade de Assistência aos Cegos.
O dr. Helio Gois Ferreira procedeu à leitura do projeto dos Estatutos, artigo por artigo, sendo discutida e aprovada a lei orgânica da nova entidade filantrópica, cuja vida era uma grande necessidade em nossa terra.
Foi Bastante animada a discussão, o que demonstra a boa vontade de quantos ali se reuniram.
Depois de aprovados os Estatutos, os socios presentes indicaram a diretoria a ser constituida, a qual é composta das seguintes pessoas:
Presidente: pe. Arquimedes Bruno, vice-presidente: d. Edith da Costa Braga, secretario: d. Helia Barroso, tesoureiro: snha. Elezira Ellery, diretor geral: dr. Helio Gois Ferreira.
A SAC. vai publicar, na forma da lei, os seus Estatutos adquirir personalidade juridica.
Como já foi publicado, o benemérito capitalista cearense sr. cel. Antonio Nunes Valente, por intermedio d`O POVO ofereceu meia quadra de terreno no bairro da Aldeiota para ali ser construido o edifício da Escola dos Cegos.



Como decorreu a solenidade

Revestiu-se de grande brilhantismo, o ato inaugural ontem, pela manhã, da "Casa dos Cegos" confortavelmente, instalado em amplo edifício da Avenida Bezerra de Menezes.
Às 8 hs. 30, precisamente, teve lugar e benção do predio por D. Manuel da Silva Gomes, ex-arcebispo de Fortaleza.
A seguir o padre Arquimedes Bruno celebrou missa á qual estiveram presentes os cegos e numerosas pessoas da sociedade cearense, especialmente convidadas.

A INAUGURAÇÃO

A inauguração da "Casa dos Cegos" ocorreu depois de 9 horas.
Aberta a solenidade pelo exmo. sr. interventor federal, dr. Francisco de Menezes Pimentel, falando o dr. Raimundo Girão, em nome da diretoria do núcleo cearense da Legião Brasileira de Assistência e o padre Arquimedes Bruno.
Finalmente, falou o cego José Esmeraldino de Vasconcelos, que em seguida, executou em um serrote, números de música, recebendo entusiasticos aplausos.

VISITA ÀS DEPENDÊNCIAS
DA "CASA DOS CEGOS"

Encerrada a cerimonia inaugural a nossa reportagem visitou as diversas dependencias da "Casa dos Cegos".



Aspecto da sessão solene realizada ontem pela manhã no Instituto dos Cegos do Ceará, por ocasião do encerramento do ano letivo e a inauguração de três novos pavilhões. Vê-se ao lado a mesa que dirigiu os trabalhos, sob a presidência do governador Faustino de Albuquerque, o dr. Hélio Góes, quando pronunciava o seu discurso, em nome da diretoria da instituição
A história da humanitária instituição - um grupo de abnegados a serviço dos que não vêem - Seis anos de sacrifícios e luta - As primeiras vitórias - O que foi o dia de ontem no estabelecimento da Avenida Bezerra de Menezes.

O dia de ontem foi um grande dia para o Instituto dos Cegos do Ceará. É que se comemorou, solenemente, dois grandes acontecimentos: o encerramento do ano letivo e a inauguração de três novos pavilhões. Grande número de autoridades, à frente das quais se encontrava o governador Faustino de Albuquerque, e de pessoas de nossa aristocrática sociedade, com predominância do elemento feminino, compareceram aquela utilíssima instituição, levando o seu apoio moral e material aos nossos infelizes irmãos que vivem no mundo das trevas. Lá se demoraram por varias horas, acompanhando todos os festejos, que tiveram inicio com a missa e terminaram com um lauto almoço. Vale salientar, entretanto, que a parte mais atraente do programa da festas foi a sessão litero-músical no decorrer da qual os cegos demonstraram as suas habilidades: uma executando número de música e outros lendo discursos, pelo método Braille. Diante de espetáculo tão belo e comovente, todos os visitantes se mostraram impressionados, sem esconder o seu entusiasmo. Para se ter uma idéia da magnificância da festa, nada melhor do que citar uma frase do Chefe do Executivo, quando pronunciou entusiástica oração de encerramento:
- Não conheço outra instituição no Ceará que com tão, pouco renda tanto.

A HISTÓRIA DA INSTITUIÇÃO

Durante a nossa permanência no Instituto dos Cegos, localizado no bairro do Alagadiço, à Avenida Bezerra de Menezes, aproveitamos a oportunidade para fazer uma reportagem, com o objetivo de mostrar aos nossos leitores o que é aquele conceituado estabelecimento. Principalmente com a sua história. A Instituição foi criada no ano de 1943, por um grupo de particulares e com o auxilio da Legião Brasileira de Assistência, com a denominação de Casa dos Cegos. Destinava-se a abrigar os que não vêem, sem distinção de idade e sexo. Era uma espécie de asilo. No ano seguinte, os seus dirigentes idealizaram transformar a Casa dos Cegos em Instituto dos Cegos, com outro objetivo mais útil, qual seja o de adaptar os asilados à sociedade. Tarefa difícil, muito afanosa, mas que tem logrado êxito, pois no curto período de seis anos, aquela organização já tornou dezenas de cegos úteis à sociedade. Numerosos exemplos teríamos que citar, se fossemos enumerar os casos de cegos adaptados pelo Instituto, durante este espaço de tempo. Citamos, porém, dois casos bem curiosos: o primeiro é de Sebastião Belarmino mais conhecido por "Ceguinho da PRE-9", que ali tirou o seu curso e foi se aperfeiçoar no Rio, no Instituto Benjamin Constant. Depois de Concluir os estudos com brilhantismo, foi convidado pelo governador da Paraíba para lecionar numa escola de cegos. O segundo é o de Jose Alencar Bezerra, vindo do Piauí, que após a conclusão do curso, daqui também se transportou à capital da Republica, onde se diplomou seguindo posteriormente para São Paulo, onde trabalha na imprensa e no rádio.
Maiores se tornam os sucessos do Instituto dos Cegos do Ceará, ao conhecemos detalhes de sua história, toda cheia de vicissitudes. Tem sido na realidade uma luta pela subsistência. Com uma subvenção anual de dez mil cruzeiros do governo Federal e um pequeno auxílio da Legião Brasileira de Assistência, tem-se erguido aquela instituição, da qual os cearenses podem se orgulhar. É que um grupo de abnegados, à frente dos quais os drs., João Matos, Hélio Góes, Raimundo Piquet, Valdemar Alcântara e Silvio Leal e d. Maria Braga, têm sabido dirigir a nau no mar porceloso. João Matos é um grande capitão, habilíssimo na arte de arrancar donativos do nossos ricos, principalmente do Rotary Club, que sempre acorre com recursos financeiros quando o Instituto atravessa momentos dificultosos. Os drs. Hélio Góes e Raimundo Piquet, por sua vez, fazem render as contribuições conseguidas. E d. Maria Braga, finalmente, sabe apertar o cinto, dirigindo a economia interna no Instituto, sem deixar os seus pupilos e as suas pupilas passarem necessidade. Não fosse o espírito abnegado dos administradores, aquela obra grandiosa, como muitas outras de nossa terra, já teria ido de água abaixo.


FESTIVAMENTE COMEMORADA A AUSPICIOSA DATA - A REUNIÃO DE ONTEM NA BENEMERITA INSTITUIÇÃO
Viveu ontem o Instituto de Cegos do Ceará um dos seus grandes dias, com a passagem do seu 7º aniversário de existência, fundado que foi, a 19 de Setembro de 1943, por um grupo de devotados da visão.
Comemorando o grato acontecimento, a direção do Instituto, em cooperação com os professores e alunos, promoveu interessante e movimentado programa litero-musical, fazendo-se ouvir, além de atraentes numeros de recitativos e discursos, o harmonioso conjunto músical do Instituto, tão bem orientado pelo prof. José Esmeraldino de Vasconcelos.

POSSE DO CONSELHO DELIBERATIVO E ELEIÇÃO DA DIRETORIA EXECUTIVA

Aproveitando a auspiciosa data, realizou-se, antes da sesseão litero-musical a que acima nos referimos, a solenidade de posse do Conselho Deliberativo e a eleição da Diretoria Executiva da Sociedade de Assistência aos Cegos, que norteará os detinos da humanitaria entidade no biênio 1950-1952.
Por aclamação geral de todos os associados presentes, foi reeleito presidente o sr. João Matos, a quem a sociedade deve a sua properidade e o seu renome.Para a vice-presidencia foi escolhido, também por unanimidade, o dr. Silvio Ildeburque Leal, que, como secretario, teve, na diretoria passada, uma atuação digna de nota.
O nosso companheiro prof. Mozart Sobreira Bezerra foi distinguido com sua eleição para secretario da sociedade, o mesmo acontecendo com os srs. Aluisio Riquet, que foi reeleito tesoureiro, e o dr. Helio Gois Ferreira, que, pela sua relevante folha de serviços prestados a benemerita agremiação, foi conservado, por aclamação geral, no alto cargo de Diretor-Geral.
Para o Conselho Fiscal foram escolhidos o desembargador Eugênio Avelar Cavalcante Rocha, o padre Arquimedes e o sr. Afonso Cavalcante.
No final da reunião, que decorreu num ambiente de distinção e franca cordialidade, foi servido aos presentes uma taça de finas bebidas e saborosas iguarias.
A noitada de ontem deixou, como sempre, a mais grata das impressões a todos quantos compareceram a sede da grande e conceituada instiuição da Avenida Bezerra de Menezes.


Foi sepultado, às 17 horas de ontem, no Cemitério São João Batista, o conhecimento oftalmologista Hélio Góes Ferreira de 76 anos de idade. Sua morte ocorreu às 8h40min, nesta Capital, 53 dias após ser vitimado por um acidente vascular cerebral. Estava internado por na Casa de Saúde de São Raimundo, mas seu passamento verificou-se em sua residência, a avenida Tristão Gonçalves, 352 em presença de seus familiares.
Formado pela Faculdade Nacional de Medicina, em 1924, com a tese "Simulação em Oftalmologia" aprovada com distinção, o Dr. Hélio Góes Ferreira, fundou, além da Sociedade de Assistência aos Cegos, a Sociedade de Oftalmologia do Ceará, a clinica de Olhos do Instituto de Proteção à Infância do Ceará e a Casa de Saúde São Lucas, da qual foi Diretor durante 20 anos: Chefe, da Clinica Oftalmológica da Santa Casa de Misericórdia, durante 45 anos, médico da Saúde Pública, hoje Secretaria de Saúde do Estado, Presidente da Entidade de Classe dos Médicos Oftalmologistas do Ceará e Diretor do Clube Iracema.

LÍDER

Por três vezes o Dr. Hélio Góes Ferreira representou o Ceará em congressos Brasileiros de Oftalmologia, dois em São Paulo (1945 - 1950) e um no Recife (1947). Apresentou os seguintes trabalhos: “O Tracoma na Escolas de Fortaleza” e 25 anos de Cirurgia de Catarata e “Valor Social dos Cegos”.
A morte do Dr. Hélio Góes Ferreira foi bastante lamentada por todos que o conheciam. Durante o exercício de sua várias atividades ia diariamente à Sociedade de Assistência aos Cegos, que mantém o Instituto dos Cegos do Ceará. Ao seu sepultamento compareceram o vice-governador Waldemar de Alcântara, representando o governador Adauto Bezerra, os Secretário de Saúde, Segurança Pública, Industria e Comercio e Cultura e outras autoridades, colegas médicos e admiradores. O Dr. Hélio Góes Ferreira era casado com a Sra. Maria José Menescal de Góes Ferreira e deixou quatro filhos: Carmen Góes Ferreira de Arruda, casada com o Coronel José Bezerra de Arruda; Helena Menescal Góes Ferreira (solteira); Maria Lúcia Góes Ferreira de Filgueiras Lima; e Hélio Góis Filho, assessor parlamentar do Ministro de Industria e Comercio, casado com Rita Gonçalves de Góes Ferreira.


Comemorando, ontem, seus 38 anos de existência, o Instituto do Cegos do Ceará prestou homenagem ao Governador Virgílio Távora, com a aposição do seu retrato na sala destinada às fotografias das personalidades que colaboraram e apoiam aquela instituição. Além do Governador e da Primeira Dama do Estado, dona Luíza Távora, estiveram presentes o prefeito Lúcio Alcântara, o Secretário de Educação, Antonio de Albuquerque e Souza Filho, o Secretário de Obras, Luiz Marques, e outras autoridades, bem como o presidente daquela instituição, Francisco Valdo Pessoa de Almeida.
A sociedade foi aberta com um discurso de um ex-integrante e interno do Instituto, hoje cursando universidade. Falou, em seguida, o presidente da instituição, que se referiu a aposição do retrato do Governador como uma manifestação que representa ser ele um novo "filho da casa". Ressaltou a ajuda governamental ao Instituto dos Cegos, lembrando o apoio que Virgílio Távora também vem prestando.
Finalmente, falou o governador Virgílio Távora, que agradeceu a homenagem, lembrando o apoio que vem procurando dar as obras sociais do Estado, através do trabalho da Primeira Dama. Prometeu ajuda ao Instituto, com empréstimo que está contratando com o Banco Mundial.
Terminada a solenidade, o Governador do Estado e a Primeira Dama, acompanhados das demais autoridades e convidados, percorreram as dependências da instituição, visitando a biblioteca, salas de aula, refeitório e outros setores.
Em seguida, internos e externos do Instituto dos Cegos fizeram uma apresentação musical, cantando o "Manero o Pau" e, depois, um jogo de futebol de salão, disputado por times de cegos, que foram bastante, aplaudidos, em alguns lances, inclusive pelas autoridades. A banda de música juvenil da Polícia Militar do Ceará animou toda a festa.


A História da Sociedade em fotos:


Inauguração de um novo Pavilhão, aparecendo dois grandes beneméritos da Casa, Hélio Góes e Aluísio Riquet -anos 60


Rotary Club - Março 2007 - Dr. Waldo Pessoa e o ex-presidente Wellington Malta.

Jornal O Povo 02/07/1991 - Clínica Ieda Otoch Baquit conta com equipamentos ópticos modernos para atender aos cegos.

 Jornal O Povo 02/07/1991 - Waldo Pessoa acha que é hora de acabar com paternalismo no cego.

Jornal O Povo 12/08/1974 - Peça filatélica impressa em Braille.

Jornal O Povo 20/09/1978 - No instituto, as crianças aprendem a conviver naturalmente com seus colegas normais - 1978.

Jornal O Povo 08/01/1981 - Deficientes e seus familiares prestigiaram a solenidade da campanha do Ano Internacional do Deficiente.

Jornal Diário do Nordeste 30/08/1984- Instituto dos Cegos inaugura o Hospital Alberto Baquit Júnior.

Jornal Tribuna do Ceará 30/08/1984- Inaugurado o primeiro hospital para doenças de olhos do Estado.


Diário do Nordeste 07/11/1986"É crescente o índice de cegueira, principalmente a cegueira carencial. A cada ano aumenta o número de crianças com idade entre 10 e 12 anos que ficam cegas completamente pela falta de consumo de leite, carne e demais proteínas. a Secretaria de Saúde como a de Educação têm planos de prevenção da cegueira, mas não são executados. E o que vemos é o aumento significativo de crianças cegas." Dr. Waldo Pessoa de Almeida.

Diário do Nordeste 25/09/1990 - Waldo de Almeida recuperou a visão de mais de mil pacientes.

Diário do Nordeste 29/09/1990 - Sereia de Ouro - Oftalmologista Francisco Waldo Pessoa de Almeida foi apadrinhado por Alberto Baquit.

Diário do Nordeste 29/09/1990Sereia de Ouro 90: Industrial Walder Ary, jornalista Eduardo Campos, os médicos Waldo Pessoa e Aluysio Aderaldo.

Diário do Nordeste 02/08/1992 - Dr. Waldo Pessoa mostra os modernos equipamentos adquiridos pela SAC.

Diário do Nordeste 21/05/1994 - Instituto dos Cegos com Impressora para Braille - É o segundo equipamento no País. O equipamento importado da Noruega, representa um progresso na educação dos cegos.

Diário do Nordeste 14/08/1994 - Operação de catarata - Médico Valdo Pessoa: "Momento da cirurgia quem decide é o próprio doente".



Créditos: Jornal OPovo, Site do Sac e pesquisas na internet


domingo, 18 de julho de 2010

Igreja e Praça do Mondubim


Praça Venefrido Melo, a Praça do Mondubim em 1937. Arquivo Nirez

Na época da foto antiga, que não está muito distante, pois a foto data do final da década de trinta, Mondubim era apenas um caminho do trem, existindo apenas uma estação, uma rua de casas e a igreja que data de 1908.
O chafariz que vemos em primeiro plano foi levado da antiga Praça José de Alencar (não confundir com a atual, essa ficava no local onde hoje está a agência do Banco do Brasil, em frente a Praça Valdemar Falcão, próximo ao prédio da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - EBCT), na mesma época em que foi desmontado o grande Mercado de Ferro e suas partes transferidas, uma para a Praça São Sebastião e a outra para a Aldeota (Pinhões). Depois o da praça São Sebastião foi transferido para a Aerolândia, onde ainda se encontra.

O chafariz, quando instalado no Mondubim, teve seu teto alterado*. Os tempos mudaram e as árvores daquela época todas já desapareceram, talvez no tempo do aparecimento dos "lacerdinhas", insetos que habitavam os pés de "ficus benjamim" e que eram uma verdadeira praga, principalmente quando atingiam os olhos de alguém.

Na época, as autoridades acharam mais fácil destruir todos os pés de "ficus" do que matar os insetos com inseticidas apropriados. Todos os benjamins de Fortaleza sumiram, com raríssimas exceções.
A igrejinha foi reformada. Não dá para perceber (Foto mais recente) por estar escondida entre as novas árvores. A maioria das casas da avenida também; os jardins foram modificados em forma e conteúdo; as árvores que ficavam nos dois lados, agora ficam nos canteiros centrais; o chafariz desapareceu deve estar na residência de algum parente de ex-autoridade.

Igrejinha do Mondubim


Ontem e hoje. A foto antiga é do arquivo Assis Lima.

A Igreja de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, construída pela Família Bastos no ano de 1908, possuía antes uma bela praça em frente a entrada principal.

“Eu relembrarei o pátio gramado da igreja, verde o ano inteiro, que vinha do patamar, pregueado de degraus solícitos e se estendia molemente para as bordas da linha-férrea”. Mário Sobreira de Andrade no texto “Velho Mondubim”, publicado na seção “Literatura de ontem e de hoje” do Jornal O Povo, em 1944. 💚


Nova matriz 


Em 2001, a antiga capela perde o posto para a nova matriz, mais ampla e batizada com o mesmo nome.


*Comparação do chafariz nas duas praças:




Portal da História do Ceará/Arquivo Nirez/O Povo


sábado, 17 de julho de 2010

Todas as ferramentas de Crispim

O centenário do Theatro José de Alencar deve tributos a um sem número de fortalezenses: servidores, platéia e contribuintes em geral. A história desses indivíduos está por trás da construção coletiva que esse equipamento cultural representa – esta é apenas mais uma delas

Por Yuri Leonardo Silva e Janaina Bezerra Pinto

"Não dá pra trabalhar no Theatro José de Alencar nessa condição, dona Silêda!" – esclareceu Seu Crispim. Já haviam se passado cinco minutos de conversa em que o marceneiro-eletricista-pedreiro-pintor-cenotécnico explicava para a Silêda Franklin, até hoje diretora administrativa do TJA, o motivo de todo constrangimento: um furo na sola do sapato.

Francisco Crispim de Oliveira foi o faz tudo mais aprumado de que se tem notícia no hoje centenário Theatro. Trabalhava a pano passado, de cinto, sapato e meia. A camisa abotoada de mangas compridas era tal qual uma segunda pele. Mesmo em face do trabalho braçal mais exaustivo, Crispim não abria mão da aparência impecável. “A elegância personificada”, nas palavras de Silêda.

Perceba que a disputa de homem mais cheiroso e bem vestido era arrolada também pelos lendários Seu Muriçoca, o porteiro, e Trepinha, o palhaço – carismáticos os dois e já conhecidos do público assíduo.

A fineza do quebra-galho, porém, estava também nos modos e no carinho declarado pela primeira casa de espetáculos pública de Fortaleza. Funcionário da Secretaria de Cultura do Estado, desde 1971, foi relocado para o Theatro durante a quinta e maior reforma da Casa, vinte anos depois.

Iniciada em 1989, a intervenção construiu um centro técnico e incorporou a estrutura da antiga Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Ceará – o Cena, frequentado por centenas de estudantes dia após dia. Com o acréscimo de três palcos, além de salas para ensaios e para a chamada residência artística, o José de Alencar transformou-se em um centro cultural.

Os amantes da Casa foram também agraciados com um sistema de ar-condicionado e com o aprimoramento da acústica do palco principal. Mas o significado daquelas paredes imponentes está além do monumento nacional tombado em 1964. As escadarias que dão acesso às altas e pesadas portas são testemunhas centenárias dos idos do século passado.

Bem ali, futuros nomes de rua sorriram das galhofas de figuras anônimas. Madrugadas adentro, os funcionários do Teatro se deixaram ficar um pouco mais no trabalho, escolhendo qual bar os receberia sóbrios para depois devolvê-los cambaleantes à calmaria das ruas.
Já no início da década de 1990, burburinhos sobre atos violentos tornavam-se a cada dia mais frequentes, e o comércio ambulante já tomava os espaços públicos, mas não sejamos avexados, que essa história teve um começo.

A testemunha de ferro e vidro

Um século antes, surgia em Fortaleza a Companhia Cearina, formada por idealistas inconformados com a inexistência de um grande teatro na Capital – já beneficiada com o progresso das estradas de ferro e com as novidades trazidas pelos navios que atracavam no porto.

Em paralelo, grupos amadorísticos de teatro pululavam na província de Fortaleza bem antes de o estado corresponder às necessidades da população de aproveitar o tempo livre. As horas de folga eram consumidas em tardes no Passeio Público, na fruição de bandas de música - fardadas ou das companhias de comércio, que perambulavam pelas ruas do Centro; além da programação de festas religiosas, clubes e bailes realizados nas casas de famílias da sociedade.

Mesmo com estas atividades preenchendo a “agenda cultural”, um desejo permanecia inalcançado pelos citadinos e era reverberado pela Companhia: a casa de espetáculos oficial do Estado, que deveria ser edificada à beira da Praça do Patrocínio – atual Praça José de Alencar.
À época, o grupo se desfez como uma tentativa frustrada, mas a história lhe dá os créditos pelo olhar visionário. Em 17 de junho de 1910, o Theatro José de Alencar já nasceu gigante, chegou como filho esperado da elite fortalezense.
O templo de ferro esverdeado e vidro multicolorido surgiu como um luxo, cresceu nos corações como um orgulho da terra e firmou-se como um abrigo de artistas ao longo das décadas da nossa história.

Entanto, acima de todos os títulos, o TJA foi testemunha das reinvenções do Centro. Viu insurgir a oposição à oligarquia Acciolina no mesmo Passeio Público que executou os Confederados do Equador. Presenciou os olhares cansados de quem vinha do Inhamuns arrastado pela fome, mas, sobretudo, pela esperança de encontrar abrigo entre as riquezas do algodão.

Sentiu crescerem os muros da cidade e as barreiras interpessoais. Presenciou os transeuntes mudarem de trajes, largarem mão dos chapéus, relaxarem nos botões abertos das camisas - as calçadas servindo de cama, de ponto de venda, de lata de lixo.

As pessoas deixaram de desejar morar no Centro. E, mesmo a Igreja do Patrocínio, patrimônio tombado pelo Estado, sem ter para onde ir, fincou cercas em torno de si para se resguardar da própria gente.

O Theatro viu tudo. Crispim e Teresinha eram meninote e mocinha quando damas e cavalheiros passeavam em seda francesa e linho irlandês pela Praça do Ferreira. Ainda brincavam nas ruas barrentas de Maranguape, ignorados do Centro das Coca-Colas - as moças prendadas e de família, namoradeiras dos soldados estadunidenses aportados em meado de 1940 na capital cearense dos 200 mil habitantes.

Mas algo nos modos e nas feições desse marceneiro e dessa caixeira-viajante, ele falecido e ela envelhecida, aproxima os dois e não está muito distante do refinamento fortalezense dos tempos da Segunda Guerra Mundial. O destino talvez já estivesse traçado para que se reencontrassem na década de 1980, no Centro do sol renitente espelhado em asfalto.

Os anos e a vida talhariam o jovem franzino em cavalheiro pobre e polido. Ao longo de conversas e experiências, o rapazote lograria a maestria de carpinteiros, eletricistas, pintores e tantos outros profissionais anônimos que permeavam o bairro. Perderia a mocidade, deixaria esvair pouco a pouco a saúde em maços de cigarro, doses de whisky e garrafas de cerveja. Encomendaria roupas feitas por alfaiates do bairro Parque Araxá, e conquistaria o coração de Maria Moura de Oliveira, a primeira mulher.

Através de um homem de poder, a cidade o agraciaria com a chave da casa de um marechal: Humberto de Alencar Castello Branco. Alguém, cujo cargo ninguém sabe ao certo, “botou uma pessoa pra cuidar do lugar porque a casa vivia fechada”, recorda a filha Edna de Oliveira, que décadas atrás se mudaria com o resto da família para o Centro.

O casal não viveu junto ali mais de dois anos: um derrame cerebral deixaria o pai viúvo. Consolos da dor e do desamparo, as tertúlias e os bares acolhiam o homem das várias profissões após as horas de trabalho. As pretendentes apareciam aos montes, mas a família era categórica: “eu queria uma mulher que cuidasse do meu pai”, relembra Edna.

Durante nossa prospecção por impressões do faz-tudo, tivemos o deleite de vivenciar uma reunião da velha guarda de funcionários do TJA sob o Palco Principal. Todos sentados nos velhos sofás negros do porão, às gargalhadas e atropelando as falas uns dos outros.

“Ele gostava de uma cervejinha danada!” apontou Francisco Brasil, enfático. “Mas não aprontava confusão com ninguém!”, retrucou Mauro Coutinho. Às vezes, chegava pra trabalhar com a “cara amassada”, ao que os amigos emendavam: “Tu num pode beber, Crispim!”

Por essa época, a comerciante Teresinha Silvério voltou do Norte do país, aonde foi ganhar a vida com a venda de confecções, e reencontrou o conterrâneo de Maranguape a procura de um rabo de saia que lhe engomasse as camisas. Do alto dos saltos Luís XV e com o lápis dos olhos irretocável, ela aceitou viver junto dele nos porões da General Bezerril, no 38.

PORTAS ABERTAS AO GRANDE PÚBLICO

O Centro de homens e mulheres rotos, das calçadas tomadas pela sobrevivência e dos prédios abandonados. Este é o cenário onde se redesenha o centenário Theatro. Sobrevivente de outros ares, mutante enraizado naquelas paragens, ele precisou subverter-se para resistir.

Passou de mimo das elites à praça do povo.
Desde 1999, abriu as portas ao grande público e viu reflorescer o jardim de Burle Marx. Mantendo a postura de proximidade com os inúmeros frequentadores anônimos do Centro, ao longo do ano do centenário, estão previstos cortejos com artistas de rua, brincantes e manifestações de festas e folguedos populares representativos da cultura cearense.

MEU AMADO FANTASMA

Já ia alta a madrugada de quinta-feira e Tereza não conseguia dormir. Faltava-lhe um pedaço, àquela hora entretido em um bingo qualquer e regado a várias doses de Dreher. Ela podia apostar, depois de tanto tempo de convívio, que a voz de Altemar Dutra embalava os jogos do companheiro. Levantou-se, ajeitou os cabelos à penteadeira, calçou os saltos e subiu altiva os lances de escada que a apartavam da rua.

Encontrou Francisco esquecido das horas. Nos dedos gastos, mais um cigarro. “Eu vou tirar você desse lugar/ eu vou levar você pra ficar comigo!” - gritava a vitrola. A mulher subiu o batente desbotado, repousando a mão direita sobre o ombro do marido. “Fia!”, ele arriscou, no tom de voz dos meninos travessos que escondem a baladeira detrás de si. “Bora pra casa, Crispim!” De braços dados, afinal, traçaram o caminho de volta.
A mesma cena se repetiu muitas vezes no passado e ainda faz saudade nos relatos da velha senhora. Viva lembrança nos sonhos das noites frias, quando ela imagina sentar-se no colo do esguio e agora fantasmagórico boêmio.
Das memórias, restou a imagem do homem que ano após ano pintava a fachada da casa do ex-presidente brasileiro. Não era o dono do sobrado, nem somente o pintor. Não tinha riquezas materiais, mas não era pobre. Crispim é representante legítimo da nobreza dos porões do Centro. No Theatro, ainda reina cheiroso e elegante, longe das vistas voltadas para o palco, próximo do apreço dos companheiros de trabalho.

Na própria casa, dividia espaço com os restos mortais de dias áureos: a morada do futuro marechal, depois o órgão administrativo, em seguida a pinacoteca e, por fim, a sede cearense da Associação dos Diplomados das Escolas Superiores de Guerra. Restaram apenas salas e corredores abandonados da casa de múltiplas identidades. O arquivo morto, há muitos anos, ocupa o sobrado onde Crispim e a família se ajeitavam no longo vão, abaixo das imensas toras de Carnaúba, sobre onde marchavam os generais.


Crédito: Jornal O Estado

Igreja do Patrocínio


Foto de 1907

Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio

A foto ao lado data de 1938 e mostra a Matriz de Nossa Senhora do Patrocínio, na praça José de Alencar. Em primeiro plano, a herma de J. da Penha, que ali esteve por muitos anos e hoje se encontra na Praça José Bonifácio. Ao lado do templo, vemos parte do muro do antigo prédio da Fênix Caixeiral. Pés de oitis, mongubas, castanholas e fícus-benjamim enfeitavam as praças de Fortaleza àquela época e eram bem cuidados, podados regularmente. Os jardins também eram bem cuidados, pois não havia a quantidade de transeuntes nas ruas e praças nem vendedores ambulantes como hoje. A Iluminação pública era feita por lâmpadas incandescentes desde 1935, quando aquelas substituíram o gás carbônico.
Em 1849 o cabo de esquadra Fortunato José da Rocha disparando um tiro contra o capitão Jacarandá, acertou no joelho do alferes Luiz de França Carvalho. Este, vendo em perigo sua vida, fez voto a Nossa Senhora do Patrocínio que se escapasse mandaria construir uma Igreja em sua homenagem. No dia 2 de fevereiro de 1850 era lançada a pedra fundamental. A planta de igreja foi do mestre Antônio da Rosa e Oliveira. O templo levou cinco anos para ser construído e só foi terminado pelo esforço do cônego João Paulo Barbosa, seu primeiro vigário.

Hoje a Igreja está da mesma forma, mas traz em seu redor um muro de pedras para sua proteção. Antes teve uma grade de ferro em seu redor mas não resolveu e marginais a invadia constantemente.
Do lado onde foi o prédio da Fênix Caixeiral hoje está o edifício do SUS e do outro, onde antes eram casas residências, hoje é um prédio comercial. A praça antes ajardinada e com árvores, hoje é um deserto de cimento com um poste "enfiado", com três lâmpadas a vapor de mercúrio. Somente próximo ao Teatro José de Alencar é que tem bastante árvores, mas é um verdadeiro mercado persa, onde de tudo se vê, sanduíches, pastéis, pão, frutas, verdura, literatura de cordel, literatura religiosa, cantadores de viola, de pandeiro, repentistas, pastores a pregar, engraxates, mendigos, etc.

Crédito: Portal da História do Ceará/Arquivo Nirez

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Praça Cristo Redentor II


Vemos na primeira foto, colhida pela objetiva da Aba Film no ano de 1938, a Praça do Cristo Redentor. A partir da esquerda, a mansão que foi de Luiz Borges da Cunha e Maria Pio de Castro, que ficava na Rua Franco Rabelo, em frente à Praça, seguida da casa construída por José Pio Moraes de Castro e Angélica Borges Pio de Castro, depois ocupada pelo inglês Francis Reginald Hull (Mr. Hull), meio encoberta por uma árvore; a Avenida Monsenhor Tabosa, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição e o Seminário Arquidiocesano. Na frente, a praça, com a torre que lhe deu o nome.

A pedra fundamental da Torre do Cristo Redentor foi lançada no dia 23 de julho de 1922, na então Praça Comendador Machado (hoje Praça do Cristo Redentor), construída para comemorar a passagem do Centenário da Independência do Brasil. Usou da palavra o arcebispo Dom Manoel da Silva Gomes.


Jardim da residência de José Pio Moraes de Castro e Sinhá Pio, que ficava de frente para onde hoje é a Praça do Cristo Redentor, esquina com a rua Almirante Jaceguai, no início da decida hoje para o Centro Dragão do Mar. A casa tinha uma torre, da qual se podia ver um panorama da cidade e servia a José Pio para o controle do movimento portuário, função que lhe cabia como agente da empresa Lloyd de Navegação. Posteriormente, José Pio venderia sua casa para o engenheiro inglês Francis Reginald Hull, o Mister Hull. A foto data por volta de 1900. Acervo Carlos Augusto Rocha Cruz
Jardim da residência de José Pio Moraes de Castro e Sinhá Pio. Foto do Álbum Vistas do Ceará de 1908.
Jardim da residência de José Pio Moraes de Castro e Sinhá Pio. Foto do Álbum Vistas do Ceará de 1908.

Deveria ter sido inaugurada no dia 7 de setembro de 1922, mas só o foi às 17hs de 24 de dezembro do mesmo ano. Os construtores foram os mestres Antônio Machado, Domingos Reis e Severino Moura, que foram os próprios arquitetos e engenheiros. 

Jardim da residência de José Pio Moraes de Castro
Na ocasião da inauguração falou o arcebispo Dom Manoel da Silva Gomes. Estavam presentes o presidente do Estado Justiniano de Serpa, o prefeito de Fortaleza, coronel Adolfo G. Siqueira e o deputado estadual Rubens Monte. A torre mede 35m de altura, com 3m de circunferência.
No dia 16 de novembro de 1924 foi inaugurado o relógio de quatro faces da coluna do Centenário (Cristo Redentor), mas em virtude do balanço da torre teve que ser retirado e foi depois levado para a torre da Igreja dos Remédios, onde ainda está.

A residência de José Pio Moraes de Castro, posteriormente vendida a Mister Hull.
Engenheiro Francis Reginald Hull no jardim da casa. Foto do livro Ah, Fortaleza.
No dia 19 de dezembro de 1924, a antiga Praça Senador Machado muda o nome para Praça do Cristo Redentor, que no dia 16 de julho de 1938 inaugurou sua urbanização.

A Biblioteca Pública do Estado, que estava funcionando no Palácio da Luz, começa a mudar-se para sua sede própria, na Praça do Cristo Redentor, no dia 26 de janeiro de 1967, era a casa já citada, de Luiz Borges da Cunha, vizinha ao atual prédio da Biblioteca Pública Menezes Pimentel, inaugurada em 27 de março de 1967.


Acervo Raimundo Gomes
Na década de 70 iniciaram-se as obras de construção da Avenida Leste-Oeste que absorveu a Rua Franco Rabelo e unindo lado leste ao oeste da cidade. Foi inaugurada no dia 5 de outubro de 1974, às 10hs, batizada de Avenida Presidente Castelo Branco, unindo a Praça Cristo Redentor à Barra do Ceará.

A foto nova mostra a praça como hoje está, sua arborização não deixa ver os prédios que a rodeiam, mas as casa da primeira foto que ficavam na Rua Franco Rabelo foram demolidas para darem lugar hoje ao Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.


Crédito: Portal da História do Ceará e Arquivo Nirez

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Passeio Público


Estamos na Avenida Caio Prado, que fica atualmente nos fundos do Passeio Público, aquela que dá para o lado do mar.
Foi iniciada, em 1864, a construção do Passeio Público no Largo da Fortaleza ou Campo da Pólvora, que era a primeira praça da povoação, na gestão do presidente da Província Dr. Fausto Augusto de Aguiar, compreendendo três planos, o atual e outros dois mais abaixo, hoje ocupados pela Avenida Leste-Oeste.
O Passeio Público já foi Campo da Pólvora, Largo da Fortaleza, Largo do Paiol, Largo do Hospital de Caridade, Praça da Misericórdia e, a partir de 03/04/1879, Praça dos Mártires. Teve dois nomes não oficiais: Campo da Pólvora (1870) e Passeio Público, pelo qual é hoje conhecido. A praça foi urbanizada em 1864.
Havia três planos em três níveis, destinados às classes rica, média e pobre. Por volta de 1879 as duas praças mais baixas foram desativadas e a atual foi dividida em três setores com a mesma finalidade, ficando os ricos com a avenida do lado da praia, a classe média com a do lado da Rua Dr. João Moreira e os pobres com a central. Foi nesta época que o passeio recebeu as bonitas grades de ferro que o rodeavam e que foram retiradas em 1939 e recentemente feitas novas de acordo com as antigas.
O nome de Praça dos Mártires é uma homenagem aos heróis tombados ali, pertencentes ao movimento República do Equador,
que foram bacamarteados: João Andrade Pessoa Anta, tenente-coronel Francisco Miguel Pereira Ibiapina, padre Gonçalo Inácio de Loiola Albuquerque e Melo Mororó, tenente de milícias Luís Inácio de Azevedo e o tenente-coronel Feliciano José da Silva Carapinima.
Na foto mais antiga(primeira), vemos no fundo o velho quartel do 9º Batalhão das Forças Federais ainda com apenas um andar; várias dezenas de combustores de iluminação a gás ladeando a avenida; em primeiro plano uma coluna encimada por uma esfinge, que dava acesso a uma escada que levava ao segundo plano; por trás, trecho da Fortaleza de Nossa Senhora da Assunção e de frente para o fotógrafo pessoas posando para a posteridade, podendo-se notar a maneira de vestir da época, quando todos, sem exceção, usavam chapéus, independente de idade, cor, credo ou condição social.
A segunda foto mostra o mesmo trecho hoje, quando o quartel abriga a 10ª Região Militar e já tem dois pavimentos, que não são vistos por estarem cobertos pelas copas das árvores. Os combustores presentes encimando a grade não são os mesmos antigos, mas novos, com luz elétrica.


Rua João Moreira - Antiga Rua da Misericórdia - Passeio Público

A atual Rua João Moreira já se chamou Rua Nova da Fortaleza, Rua da Misericórdia (por causa da Santa Casa), Rua General Tibúrcio e Rua nº 17.
Na foto antiga, que data de 1905, o fotógrafo está na calçada do Passeio Público, próximo à esquina da Rua João Moreira com a Rua Barão do Rio Branco, de costas para esta. Do lado esquerdo vemos, as antigas colunas com as grades de ferro que dali foram retiradas em 1932 e que recentemente foram refeitas no mesmo estilo, porém, com proporções alteradas. Na ponta da calçada, os combustores de gás.
Do lado direito, o prédio de dois andares (incluindo o térreo), onde ficava o "Hotel de France", que foi depois reformado, passando a ter mais um pavimento e nele funcionou, por muitos anos, o Pálace Hotel, de Efrem Gondim. Atualmente, no mesmo prédio, está a Associação Comercial do Ceará.
É a esquina com a rua Major Facundo, que nasce ali. Do outro lado da rua, a casa com as janelinhas quadradas no sótão, que era dos "Mississipis" e na outra esquina, já com a Floriano Peixoto, o edifício onde funcionou o Hotel do Norte, de Silvestre Rendall e depois lá ficou por muito tempo os Correios, a Light, o Serviluz, a Conefor e a Coelce. Hoje, apesar de pertencer ao patrimônio da Coelce, ao abandono, tendo já desmoronado parcialmente durante uma chuva.
O tempo trouxe o que mostra a foto atual, como a presença de carros, o asfalto na rua antes com calçamento, postes e fios, etc. O prédio em primeiro plano, que antes tinha apenas dois pavimentos e quatro portas, na nova foto tem três pavimentos e seis portas; no outro lado da rua a velha casa dos "Mississipis" bastante alterada, o sobrado semi-abandonado da Coelce na esquina da Rua Floriano Peixoto.

Crédito: Portal da História do Ceará/Arquivo Nirez

NOTÍCIAS DA FORTALEZA ANTIGA: