Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

sábado, 1 de maio de 2010

Memória do Rádio Cearense: Personagens para sempre - Parte I



João Demétrio Dummar

Há um quê dos personagens de ficção na trajetória de João Demétrio Dummar. O cearense que nasceu na Síria no início do século passado; que migrou com a família para o Brasil; que passou por Belém; que chegou ao Ceará aos sete anos; que viveu parte de sua juventude no Crato; que honrou a tradição do homem de negócios e que se tornou, ainda na década de trinta, um empresário de comunicação. Isso quando Sírios e Libaneses ainda nem sonhavam em se tornar personagens simpáticos e bonachões nos romances de Jorge Amado. João Dummar era simpático, registro feito por familiares, companheiros de trabalho e amigos – tinha o que hoje chamaríamos de determinação de empreendedor. Um pioneiro que conseguiu ver uma fresta no futuro do Ceará dos anos 20. Um negociante, dono de seu próprio negócio ou firma – como se costumava dizer – que percebeu o potencial do advento da radiodifusão e só se deu por satisfeito quando fundou a Ceará Rádio Clube em 1934, "começando a difundir a arte e a música para todo o Estado".


João Dummar

Um outro fato marcante é seu encontro com Demócrito Rocha, um outro homem de mídia jornalística de sua época. Há coincidências na trajetória de ambos. No mesmo ano em que a sociedade Dummar & Cia. Nascia, por exemplo, Demócrito Rocha fundava o jornal o Povo em Fortaleza. Os laços se estreitaram quando João Dummar conheceu dona Maria Lúcia, filha de Demócrito, que viria a ser sua esposa e mãe de seus seis filhos. Um deles, João Dummar Filho, aproveita o centenário de nascimento do pai para contar sua trajetória em livro. Foi o que se poderia chamar de um desafio de mãe para filho. Um convite de dona Lúcia a que ele, que era ainda um menino quando o pai morreu precocemente em 1954, não pôde resistir. Este livro narra à trajetória de um pioneiro que, como um personagem de ficção, também viveu momento difícil e adversidades. Feitos, determinação, pressões, problemas de saúde, há na vida de João Dummar elementos suficientes par deixar o leitor estimulado. Eis, portanto, a história da vida de João Dummar um verdadeiro cearense das Arábias.

De Marciano Lopes "Coisas que o tempo levou" a era do rádio no Ceará, pretendemos retirar fatos históricos e pitorescos da vida daqueles que começaram este "mister" de levar o rádio cearense ao patamar mais alto da radiodifusão.


João Dummar recebe título de cidadão cearense


Memória do rádio cearense

A história da radiodifusão no Ceará é riquíssima e pobre em fontes de consultas, livros voltados para esta cultura do rádio e televisão principalmente. Há de se perguntar: o que os jornalistas estavam fazendo antigamente? Será que esqueceram estes detalhes, se enfornaram nas redações de jornais e os radialistas e que contaram sobre seus trabalhos, suas casas de emissão de sons. Algo aconteceu. Mas prefiro está enganado. Contar todas às nuances, dos pioneiros da radiodifusão cearense, num simples trabalho, será quase que impossível, já que, a história do Pioneiro do Rádio no Ceará foi contada em um livro de autoria de João Dummar Filho. Devo acrescentar que após a morte do pai, surge então a sociedade de João e José Dummar denominada Dummar & Cia., em 1928, na verdade a continuação da mesma empresa familiar iniciada em 1911 no Crato. Estabeleceu seu novo endereço comercial em ponto nobre da cidade, na Rua Floriano Peixoto, 517, com fundos para a Rua Coronel Bezerril, bem próximo à Praça do Ferreira.

João e José Dummar trilharam a trajetória comercial de sucesso da família, tornando-se os representantes da Philips do Brasil, da Rádio Brunswich Corporation, da companhia Brunswich de Bilhares, dos pianos Essenfelder e do automóvel Skoda, procedente da ex-Tchecoslováquia. O destino marcou um encontro entre João Dummar e Demócrito Rocha, selando uma amizade sólida entre eles, que se tornaram figuras importantes da mídia jornalística e eletrônica de sua época. No mesmo ano de 1928, em que se firmou a Sociedade Dummar & Cia. Demócrito Rocha fundou o jornal O Povo, em Fortaleza. A era da radiodifusão no Brasil começou com Roquete Pinto, ao fundar a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, em 1923. Então na província de Fortaleza, em 28 de agosto de 1931, oito anos após, com o entusiasmo de um adolescente, João Dummar fundou a Ceará Rádio Clube, uma associação integrada por amadores da radiotelefonia, e dela participavam: Jorge Ottoch, Francisco Aprígio R. Nogueira, Clóvis Fontenele, Joaquim da Silveira Marinho, Álvaro de Azevedo e Sá entre outros.

Era a semente da futura PRE-9, plantada em terras nordestinas. Vieram ao Ceará Augusto Calheiros, Vicente celestino, Orlando Silva, Francisco Alves, o Chico viola em temporadas memoráveis. A era dourada do rádio, fase dos grandes programas de auditório que ocorreu nos centros urbanos do país. João Dummar instalou dois pianos franceses no estúdio da PRE-9 e iniciou os programas de auditório, com a participação dos pianistas Lauro Maia, e José Pompeu Gomes de Matos. Os principais cantores locais eram: Moacir Weyne, José Jatahi e Romeu Menezes, conhecido como "O boêmio galã".

Apresentavam-se com freqüência no auditório da Ceará Rádio Clube os cantores Victor Loiola, João Milfont, Mores Neto, as irmãs Gondim, sendo acompanhadas pelos músicos: Aleardo Freitas, José Menezes, que tinha o nome artístico de Zé Cavaquinho e Lauro Maia ao piano, que tinha sido apresentado ao João Dummar em meados de 1935.


João Dummar no Centro ao lado do cantor Francisco Alves (chapéu na mão)


Lauro Maia foi convidado para trabalhar na equipe de radialistas, pois estava impressionado com a criatividade daquele jovem estudante da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará. Com o convite Lauro Maia aos 23 anos passou a integrar a Orquestra da Ceará Rádio Clube, que era dirigido pelo maestro Euclides Silva Neto. Lauro Maia criou o programa radiofônico "Lauro Maia e seu Ritmo", onde divulgava as músicas e os ritmos nordestinos como: xote, o coco, o batuque e o ritmo Por ele mesmo criado, o balanceio. Compôs músicas carnavalescas, Ponce de Leon foi o primeiro Rei Momo de Fortaleza. Quatro Ases e um Coringa fizeram um enorme sucesso, nacional. Formado por Esdras Falcão, Evanor de Pontes Medeiros, André Batista Vieira, Permínio de Pontes Medeiros e José Pontes Medeiros e o nome original foram dados por Demócrito Rocha, que batizou inicialmente como "Quatro ases e um Mele". Depois do sucesso trocaram o Melé pelo Coringa. Em 1937, o jornal o Povo com apoio da PRE-9, realizou um festival de Marchas Carnavalescas que teve como Juiz Ary Barroso, o notável compositor de Aquarela do Brasil, foram inscritas 27 músicas; o primeiro lugar foi de Lauro Maia com a marchinha "Eu sei o que é", Luiz Assunção ficou em segundo com "Adeus Morena" em 1938.

Lauro Maia assumiu a direção artística da Ceará Rádio Clube e passaram a dirigir a orquestra batizada de "Jazz PRE-9" que se apresentavam também nos bailes elegantes da cidade. Lauro Maia se dedicou à música viajou ao Rio de Janeiro e em seu lugar assumiu Demival Costa Lima. Nas manhãs de sábado existia o programa "A Hora Infantil" com Zilda Maria Rodrigues mãe do professor de Direito Roberto Martins Rodrigues. Em 12 de outubro de 1942, publicado em sua coluna "Nota" de O Povo Demócrito Rocha disse:
A primeira vez que falei diante de um microfone da atual PRE-9 foi a três de outubro de 1932. Na véspera, alta noite, chegara a Fortaleza a notícia de que cessara a luta civil em São Paulo. O General Klinger telegrafara ao General Góis Monteiro, pedindo-lhe destino. O dia três amanhecera ruidoso. Fui despertado de madrugada por um grupo de amigos. Houve manifestações populares ao interventor Carneiro de Mendonça e em palácio, alguém me disse: - João Dummar deseja que você ocupe o microfone de sua estação.

João Dummar, que chegara ao Ceará aos sete anos de idade e dedicara sua vida ao progresso da terra que amava, teve seu processo de naturalização bloqueado na burocracia do Itamaraty e passou a ser instado por Assis Chateaubriand a vender a (Ceará Rádio Clube). Para Chateaubriand, presidente dos Diários Associados, a compra da PRE-9 iria fortalecer seu império nacional de comunicação, inclusive: o jornal Unitário e Correio do Ceará, ambos de Fortaleza. A pressão foi tão grande que em 11 de janeiro de 1944 João Dummar vendeu a Ceará Rádio Clube. Quarenta anos depois, pelas mãos de seus filhos (Carmem Lúcia Azulai e Demócrito Rocha Dummar) surgiram a Rádio Tempo FM e as rádios AM e FM O Povo que simbolizam a continuidade de seus ideais.

Como foi citado e esclarecido o marco inicial em Fortaleza no setor de radiodifusão foi à pioneira, a PRE-9 ou Ceará Rádio Clube como queiram.
Marciano Lopes em desabafo diz o seguinte: considero-me um radialista frustrado, pois não cheguei a atuar no período da chamada "era de ouro do rádio pós-moderno". Pior: não comecei em minha terra, nem na PRE-9, como era meu sonho de menino. Por mero acaso, foi em Aracaju capital do Estado de Sergipe, precisamente na Rádio Cultura de Sergipe, que iniciei minhas atividades radiofônicas. Era uma emissora pertencente à Arquidiocese, daí, desenvolver uma linha de programação sóbria e rígida. Havia um escuta para anotar os deslizes do radialista para passar a direção. Mesmo assim o cearense radicado em Aracaju fez sucesso, brilhou no rádio e começou a receber caravanas para conhecer o autor de "Uma Tragédia Brasileira", "Expoentes da Música" e muitas outras produções. Foi convidado para levantar a Rádio Jornal que andava ruim das pernas, tirou a emissora do ar por uma semana, refez toda a sua programação, mudou o visual da sede, deu uma virada geral, o que se lamentava é que sua fraca potencia não ultrapassava os limites da capital sergipana.

Foi para Salvador, levando mil e uma cartas de recomendações. Não precisou delas, foi trabalhar por coincidência na Rádio Cultura de Salvador, quando apresentou seu currículo foi logo contratado e passou a ser produtor. Fundou a Rádio Bahia, do mesmo grupo, onde implantou um programa igual as das FM de hoje. Foi convidado para ajudar na rádio Cruzeiro da Bahia, a convite de Paulo Tapajós foi para a Rádio Nacional. Na época da Revolução Militar volta à Fortaleza, através de Carlos Lima foi trabalhar na Rádio Assunção Cearense, lançou um programa de sucesso "Progamascope", demorou pouco tempo, pediu demissão ao Padre Landim. Perdeu aquele glamour que tinha pelo rádio, os tempos eram outros, o rádio mudara, a televisão absorvera toda sua magia e fascínio. E para concluir este desenvolvimento, vem a Rádio Comunitária. Nós estamos construindo um país. Quando uma rádio comunitária entra no ar é mais que uma, porque ela é o sonho de muitos. É a vez e a voz daqueles que estavam calados.



João Dummar com Francisco Alves e ao fundo o locutor Cabral de Araújo

São também onde os sonhos e as esperanças, as dores e as dúvidas de cada um, ente individual e coletivo, se transforma em ondas que chegam às casas e às ruas da comunidade. Fazer rádio comunitária é refazer o mundo que foi destruído por estes que estão no poder. Por isso, ao apoiar a radiodifusão comunitária, o Partido dos Trabalhadores assinala mais uma vez seu compromisso com a gente brasileira. O PT sabe da luta que é botar uma rádio comunitária no ar, sabe das dificuldades enfrentadas por aqueles que, no cotidiano de sua cidade, com poucos recursos econômicos, enfrentam a repressão policial e política.

O PT está junto na luta pela democratização dos meios de comunicação. O Partido sempre esteve na linha de frente desta luta. Com relação às rádios comunitárias, vale destacar que o PT sempre estimulou o movimento nacional; o Partido teve e tem uma atuação destacada no Congresso Nacional, e, além das experiências locais, criou um Fórum na Secretaria Nacional de Movimentos Populares. Esta cartilha, portanto, é apenas uma parte do trabalho que o PT desenvolve. Uma contribuição ao movimento cujo dono não é o PT nem outro partido, mas o povo, com seus gostos, suas cores ideológicas, seus jeitos e, principalmente, suas esperanças (Palavras do Senador Geraldo Cândido do PT).

Sucintamente irei colocar a idéia de como formar uma rádio comunitária:

1- Reúna a comunidade;
2- Organize a entidade;
3-Compre os equipamentos;
4-coloque no ar;
5-Sustentação Financeira;
6- Para obter a concessão. As rádios comunitárias se programam em Freqüência Modulada (FM). Antes de adquirir o transmissor verifique qual a freqüência estabelecida pelo Ministério das Comunicações para sua localidade. Exija do fabricante a garantia de que o sinal transmitido vai limitar-se a faixa determinada, ao invés de aparecer em outros pontos do dial.



Continua...

Os Marcos da Ceará Rádio Club - 4ª parte



OS ESTÚDIOS E O AUDITORIO DE 500 LUGARES NO EDIFÍCIO PAJEÚ. PROGRAMAÇÃO ESPECIAL EM ONDAS CURTAS. O CEARÁ FALANDO AO MUNDO.

Os publicitários Manoel de Vasconcelos e Genival Rabelo, diretores da revista "Publicidade & Negócios'" vieram a Fortaleza em maio de 1949, assistir a inauguração das novas instalações da Ceará Rádio Clube, no Edifício Pajeú.
A edição de nº 96 daquela prestigiosa publicação conta para os leitores como eram "as novas instalações" da emissora, que dispunha de três estúdios, inclusive um palco-auditório, moderníssimo. A inauguração ocorreu no dia 13 de maio de 1949, reunindo no auditório, como escreve a revista, o desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, Governador do Ceará; D. Antônio de Almeida Lustosa, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza; dom João Daudt d'Oliveira, presidente da Confederação Nacional do Comércio", etc.

João Calmon, então Superintendente das empresas "associadas" do Ceará, sublinhou: "
Servindo a um povo que deixa sua terra para vencer em outros Estados, e em outros Países, a Ceará Rádio Clube precisava realmente levar a voz da terra-máter aos mais longínquos rincões. Já mantemos, na onda de 19 metros, um programa único de "broadcasting" nacional, de duas horas por dia, sem publicidade comercial e sem subsvenção de qualquer espécie, anunciando em cinco idiomas diferentes e dedicados exclusivamente à propaganda do Ceará e do Brasil."


Auditório da Ceará Rádio Club - Capacidade 500 lugares sentados

Esse programa, que fez sucesso junto aos sintonizadores da onda de 19 metros, anunciava em português, francês, inglês e espanhol.

Em 1949 era diretor geral; Paulo Cabral de Araújo; diretor artístico, Manuelito Eduardo; diretor do Departamento Musical, maestro Mozart Brandão; diretor do Departamento Técnico, Igor Olimpico e chefe de publicidade Virgllio Machado.

Na chefia do escritório funcionava Rômulo Siqueira, que, mais tarde, seria diretor de Publicidade da estação, e diretor, nas mesmas funções, na TV Ceará.

Participaram da festa de inauguração do auditório da Ceará Rádio Clube, no dia 13 de maio de 1949, além do grande pianista e compositor cearense Aloísio Pinto, Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Nilo Sérgio, Rosita Mir e Carmen Santos.
O setor técnico da emissora foi sempre bem diligenciado, tendo operado nele, além de Igor Olimpiew, Rômulo Proença, Gerardo Justa, Antônio Fernandes Normando (falecido em acidente no transmissor), Francisco Coelho Cabral, Francisco Danúzio do Nascimento, e, mais recente, Abdênago Batista Pereira.


Dr. João Calmon - que promete novas realizações - quando da inauguração das novas instalações da CRC.

A DÉCADA 1950-59. GRANDES CARTAZES INTERNACIONAIS:
XAVIER CUGAT E ORQUESTRA, LOS ESTUDIANTES, AGUSTIN LARA E OUTROS.


A década seguinte (1950-59) é assinalada pela competição radiofônica, que começara em outubro de 1948 com a inauguração da Rádio Iracema de Fortaleza. As funções dentro do rádio vão-se tornando independentes, passando a fase em que o mesmo radialista, por solicitação da empresa ou de seu próprio espírito de trabalho, era levado a diversificar a sua atuação, constatando-se a presença do locutor também como rádioator, organizador de programa, redator, animador de auditório, etc.

Começava o profissional do microfone a ter função especificada, a de maior liderança e apropriação quanto ao gosto e preferências do público ouvinte.

Foram os anos de grandes contratações artísticas, possivelmente o momento de maior valorização do rádio cearense, quando a emissora, que desde 1949 mudara os seus estúdios para o Edifício Pajeú, lº e 2º andares, na Rua Sena Madureira, 1047 (onde hoje funciona o Tribunal de Contas do Estado), dispunha de apreciável auditório de 500 lugares, às vezes insuficiente para receber multidões que desejavam aplaudir, de preferência, os grandes cartazes internacionais que nos visitaram.

Foram celebrados contratos altíssimos, possibilitados graças à colaboração dos grandes clubes da cidade, notadamente o Maguary Esporte Clube, seguido de perto pelo Ideal Clube, Náutico Atlético Cearense, Comercial Clube e tantos outros.

Orquestras internacionais, como a de Xavier Cugat, Augustin Lara, Los Estudiantes, Cassino de Servilha, além das grandes orquestras brasileiras, haveriam de se exibir no decorrer desse período áureo do rádio cearense, tocando ora no Teatro José de Alencar, ora no auditório do Edifício Pajeú, ou diretamente no clube social, onde consentiam, via de regra, que sócios e convidados do clube dançasssem.

Desse tempo, as temporadas de Josephine Backer, Carlos Ramirez, Vicente Celestino, Gilda de Abreu, Pagano Sobrinho, Orlando Silva, Silvio Caldas, Lúcio Alves, Isaurinha Garcia, Dorival Caymi, Carmen Costa, Luiz Gonzaga, Dalva de Oliveira, Jararaca e Ratinho, e muitos mais que viriam ao Ceará contentar não apenas os que gostavam de rádio, mas os que eram freqüentadores de cinemas e grandes "shows" no sul do país.

O público cearense teve então o privilégio de aplaudir, sem sair de Fortaleza, famosos cartazes que permaneciam como atrações nos teatros do Rio e São Paulo.


TELEVISÃO EM CIRCUITO FECHADO, EM 1951. TELEVISÃO PROFISSIONAL EM 1960, COM O ADVENTO DA TV CEARÁ, CANAL 2. PROVAÇÃO E DESAFIO.


A estação pioneira da radiodifusão no Ceará, igualmente com pioneirismo, muito antes de instalar a primeira estação de TV do Ceará, ofereceu aos freqüentadores de seu auditório, em 1951, programa em circuito fechado de televisão, operado com câmara Vidicon. Dois ou três receptores de televisão ficaram situados tanto no interior como na parte exterior do Edifício Pajeú, onde se realizou a experiência com bastante sucesso.

Manuelito Eduardo comandou essa pré-apresentação de televisão em Fortaleza, narrando vários programas, inclusive a "Hora da Saudade", animada com a voz nostálgica de José limaverde.

O ano de 1960 assinalaria o advento da TV, com a inauguração da TV Ceará, canal 2, departamento da Ceará Rádio Clube que, dando cumprimento à sua evolução, marcada de tantos êxitos, demandava o mundo fascinante do vídeo.

Daí por diante estabelecer-se-iam novas regras para o desempenho do rádio em face do advento da televisão. Já não importava o programa de auditório. Não valia mais a exibição de grandes cartazes em transmissões radiofônicas. A imagem, no vídeo, era uma espécie de cinema que proporcionava entretenimento gratificante aos que se deixavam ficar na intimidade de seus lares.

Findar-se-iam os dias de movimentação em auditórios de rádio, quando, no caso específico da Ceará Rádio Clube, eram atrações os programas "Divertimentos em Seqüência", "Festa na Caiçara", "Desfile de Calouros", ora animados por Manuelito Eduardo, ora por Toão Ramos, e "Clube Papai Noel", programa dedicado a valores novos, ultimamente apresentado por Augusto Borges, que nele começara como contra-regra.

No entanto, sofrida mas não vencida ao primeiro confronto com a televisão, a radiodifusão do microfone e do receptor haveria de reagir. O transistor, tornando obsoleta a válvula, consagrou novo alento ao rádio, dinamizando-o, tornando-o mais utilizável.

Num mundo insolidário, o receptor de pilha, transistorizado, passava a ser o companheiro mais fiel do homem. Mais depressa, que se pôde imaginar, consolidou novamente o prestígio da radiodifusão sonora.

A Ceará Rádio Clube, caminheira de muitos dias e muitas glórias, teria de sofrer a perda de sua estação de televisão, por ato presidencial, de irrecusável intempestividade, em 1980. Provação e desafio para a emissora que teve de arcar com pesados ônus para indenizar todos os funcionários da ex-TV Ceará, cuja concessão a declarara perempta o Governo Federal; -- e desfazer-se de todo o seu parque técnico, assim como de patrimônio considerável representado por imóvel e instalações que se expressavam em 3.300 metros de área construída.

Nem assim, a tamanho tropeço, se abateu a "pioneira", a mais respeitável e querida emissora do Ceará, agora em nova sede, com modernos equipametos eletrônicos, na retormada de sua marcha em direção a futuro mais promissor.

Feliz por se saber naturalmente querida pelos que sabem o que tem sido sua fulgurante jornada de meio século, a Ceará Rádio Clube é a própria história da radiodifusão do Ceará.



Continua...

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Os Marcos da Ceará Rádio Club - 3ª parte



EM 15 DIAS UM MILHÃO E DUZENTOS MIL CRUZEIROS PARA A SANTA CASA DE MISERICÓRDIA NÃO FECHAR

A idéia motivadora da campanha partiu do então superintendente das empresas "associadas", no Ceará, jornalista João Calmon, atendendo a apelo formulado pelo desembargador Feliciano de Athayde, à época provedor da Santa Casa da Misericórdia.

Este menininho descalço também quis trazer a sua contribuição para a campanha da PRE-9 em benefício da Santa Casa.


Registre-se que o locutor Paulo Cabral de Araújo teve atuação marcante, de tempo integral; Luciano Carneiro, de tanto falar, quase perdeu a voz, tendo de se afastar do microfone por algumas semanas.

Em decorrência do trabalho de benemerência, exercido pela empresa, o entusiasmo de seus diretores e locutores, a Ceará Rádio Clube, dois anos depois, ensejava que Paulo Cabral conquistasse a Prefeitura Municipal de Fortaleza, aos 28 anos de idade, na eleição de 3 de outubro de 1950, disputando o cargo com quatro outros candidatos: Antônio Gentil (Presidente do Partido Social Democrático, no Ceará, e Deputado Federal, além de diretor do Banco Frota Gentil); Alísio Mamede, médico pediatra, humanitário e apoiado por aqueles dias pelo prefeito Acrísio Moreira da Rocha; e Paulo Machado, médico, professor, nome até hoje de larga reputação em Fortaleza. A esse tempo Paulo Cabral era o Diretor Geral da emissora, mas continuava a atuar ao microfone.

Na proximidade do assunto, mencione-se que depois de Paulo Cabral, vários radialistas disputaram mandatos eletivos, valendo referir, dentre tantos, o nome de Wilson Machado, aprendido na escola radiofônica do Ceará, inspirada pela PRE-9, oriundo do Crato, onde empregava seus serviços profissionais na Rádio Araripe, da rede "associada".

A emissora na grande e sempre lembrada campanha em favor da Santa Casa e Hospital Psiquiátrico São Vicente de Paulo, em 1948, arrecadou um milhão de cruzeiros em dinheiro sonante, apreciável quantia para a época, entregue, em solenidade levada a efeito nos estúdios da Ceará Rádio Clube, ao Provedor da Santa Casa.


Fac-símile do famoso cheque de 1 milhão de cruzeiros, pago pela Ceará Rádio Clube, em nome dos ouvintes, em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Foi emitido em 2 de outubo de 1943,assinado por Paulo Cabral, diretor da empresa.



Graças ao movimento encetado pela emissora pioneira da radiodifusão no Estado, nessa mesma ocasião laboratórios farmacêuticos e fornecedores diver, sos daquele hospital, perdoaram dívidas que, somadas, representaram a considerável soma de Cr$200.000,00 (duzentos mil cruzeiros).

A essa campanha, em diferentes épocas, juntar-se-iam outras não menos importantes pelo interesse despertado na coletividade, como a de acudimento às vítimas das enchentes do Rio J aguaribe, efetivada em 1949, quando partiram de Fortaleza, em demanda daquela região, vinte caminhões carregados de gêneros alimentícios e roupas sob a legenda: "Caravana da Solidariedade". Paulo Cabral de Araújo acompanhou a frota de socorro até o local, participando diretamente na distribuição dos donativos do povo de Fortaleza.

Pode-se dizer que a Ceará Rádio Clube, mais do que qualquer outra emissora de seu gênero, formou sempre de modo decisivo a favor dos problemas da comunidade. Relevantes campanhas em benefício de todos os segmentos da população soube empreender com oportunidade, contando imediatamente com a adesão do ouvinte.

A emissora acompanhava o movimento político da província; transmitia os principais comícios das campanhas eleitorais e informava as providências mais importantes do governo. Estava presente a todos os atos públicos, principalmente os religiosos, e reportava de bordo de aeronaves, a entrevistar personalidades em evidência, transmissão que aproveitava o próprio serviço de rádio, dos aviões, com permissão do DAC. Carlos Gaspar e Luciano Carneiro foram os principais repórteres radiofônicos dessa época.

Por linha telegráfica, da Rede Ferroviária (Rede de Viação Cearense), como se chamava então a emissora conseguia falar de vários pontos do Estado, tendo trazido até Fortaleza, de Camocim, importante pronunciamento do governador Raul Barbosa, em 1952.

A PROGRAMAÇÃO DA EMISSORA EM 1946. O "QUINTETO DE SALÃO" E A ORQUESTRA DE CONCERTO SOB A REGÊNCIA DO MAESTRO MOZART BRANDÃO

A programação estabelecida pela empresa para os festejos de 5 a 12 de outubro de 1946 (nota de rodapé *) é bem o testemunho do alto nível de seus programas artísticos, e de profissionais contratados para desempenhá-los. O pianista, compositor e maestro Mozart Brandão confirmava extraordinário talento, quer como pianista (o titular era Luiz Assunção, compositor que se projetou nacionalmente), quer regendo a Orquestra Guarany (de metais), a Orquestra de Concerto ou, semanalmente, o Quinteto de Salão, em que pontificavam, dentre outros, o flautista João Baptista Brandão e os violinistas Edgar Nunes Freire e Paulo Pamplona.

 Além da orquestra de metais a Ceará Rádio Clube mantinha afinado conjunto de pau-e-corda, assim chamado (Regional Prenove), sob a direção de Afonso Ayres, aplicado violonista. Com a morte deste, dirigiriam o Regional, em épocas distintas, Paulo de Tarso e Moreira Filho. Evaldo Gouveia, inicialmente, e Maciel, também o integraram.

Os anos finais da década 1940-49, a se tirar pela programação de 1946 e de períodos seguintes, assistiram de modo efetivo o amadurecimento da vocação artística e profissional da radiodifusão no Ceará, graças a revelação e a aplicação de grandes talentos. Na redação de programas e crônicas a estação pioneira podia orgulhar-se do trabalho de Otacílio Colares, Orlando Mota, Heitor Costa Lima e Eduardo Campos. William Alcântara, José Júlio Barbosa e Clóvis Matias formavam o elenco de humoristas. Mário Alves, Gilberto Milfont, Terezinha Holanda, Evaldo Gouveia, Trio Nagô, Guilherme Neto (mais tarde um dos dirigentes da TV Ceará), Vocalistas Tropicais, Paulo Sucupira, Acadêmicos do Rítmo, Julinho, Solteiro e tantos outros.

Gerardo Barbosa Lima era o discotecário, com estágio em emissora dos Estados Unidos, e sua auxiliar, Tereza Moura, que assumiria depois a presidência do sindicato da classe, no Ceará.

Em anos diferentes, mas por volta desse tempo, foram contratados da emissora, quer como dirigentes, quer como artistas, redatores ou locutores, Melo Júnior, Eduardo Fernandes, Maurício Carvalho, Antônio de Almeida, Albuquerque Pereira, Paulo Oliveira, Fátima Sampaio, Cândido Colares, Barbosa Filho, Barbosa da Silva, Pequeno Airton, Geraldo Fontenele, Mirian Silveira, Ângela Maria, Neide Maia, Zuila Achiles, Hildemar Torres, Cleyde Holanda, Maria de Lourdes Gondirn, Maria Guilhermina, Salete Dias, Ismy Fernandes, Laura Santos (a estrela das novelas), Irmãs Vocalistas, Keyla Vidigal, Maria José ("pastora"), Maria José Brás, Wilson Aguiar ("cheiroso"), Carmen Santos, Nogueira Saraiva (o grande repórter da cobertura do arrombamento do Orós em 1960), Ciro Saraiva e Jayme Rodrigues.

Aderson Brás e Mozart Marinho apresentavam o "Matutino Prenove", substituindo a locutores da antiga geração, José Cláudio Oliveira, Dante Vieira e José Júlio Cavalcante. Hermano Cabral da Justa foi o primeiro dirigente do "Matutino Prenove", noticiário de grande conceito, e responsável pelas edições do "Noticiário Relâmpago", patrocínio da Casa das Máquinas, durante 25 anos. Na década que antecipou o advento da Televisão, iniciativa pioneira da Ceará Rádio Clube, atuaram ainda Tom Barros, Augusto Borges e Francisco Gadelha (direção artística), e como locutores: Edésio Amorim, Narcélio Limaverde, Paulo Lirnaverde, Aldenor Maia, Wilson Machado, Ulisses Silva, Almir Pedreira, Halmálo Silva, Gonzaga Vasconcelos, Orlando Santos, Baman Vieira. E mais os radialistas: Blanchard Girão, Djacir, Luciano Campos, Hélder Souza, Emiliano Queiroz, Temístocles de Castro Silva, Jurandir Mitoso e Angélica Cavalcanti.

*Conquanto a data oficial da entrega da estação, em funcionamento, ao público, seja
a do seu licenciamento - 30 de maio de 1934 -, a partir de 1942, por conveniência puramente administrativa, ficou eleito o dia 12 de outubro (comemorativo do início das transmissões em ondas curtas) para marcar o aniversário da emissora.







Continua...



quinta-feira, 29 de abril de 2010

Os Marcos da Ceará Rádio Club - 2ª parte



DÉCADA 1940-49. A INCORPORAÇÃO AOS "DIÁRIOS ASSOCIADOS"

clique aqui para ouvir a "chamada" oficial dos Diários Associados

A década de 1940-49, da qual seis anos já são de administração da empresa pelos "Diários Associados" (fase que se iniciou a 11 de janeiro de 1944, dia da incorporação à rede nacional de emissoras de Assis Crateaubriand) é de constante aperfeiçoamento e melhoria dos padrões de redação e apresentação de programas. Sucedem-se as temporadas de artistas.

Desde Linda e Dicinha Batista, Uyara de Goiás, Manézinho Araújo, Dilú Melo, passando por Raul Roulien, então fazendo sucesso no cinema, foram sucessivas as exibições de grande êxito.

Desse período, depois do desempenho de Dermival Costalima, sucede a primorosa atuação de Antônio Maria de Araújo, em 1944, dando mais condições para a realização de programas artísticos de alto nível.

Coincidindo com a abertura da Livraria Aequitas, é lançado o primeiro concurso radiofônico, do Ceará, de peças de rádioteatro, sob o tema: "Os grandes processos da História". Seria vencedor, com o "Processo de Maria Antonieta", o jornalista Eduardo Campos que, a 4 de setembro desse ano, passaria a integrar os quadros da emissora, onde pontificava, com grande talento (fácil no improviso e inteligente), Paulo Cabral.

Com o nome de Manuelito Eduardo, Eduardo Campos passaria a atuar também como locutor, formando ao lado de João Ramos, Heitor Costa Lima, Mozart Marinho, Aderson Brás, Luzanira Cabral (Stela Maria), Cabral de Araújo, José Lima Verde e Silva Filho, todos expressivos locutores desses anos de ouro da radiofonia cearense.

Nessa década, que se menciona, foram utilizados pela primeira vez os violeiros cearenses, às quartas-feiras, no programa "Paisagem Sertaneja", produzido por Eduardo Campos, que a esse tempo escrevia também "As bailarinas divertem o rei". Mas as horas dos ouvintes passam a ser dedicadas principalmente aos programas de rádioteatro, quando fazem sucesso várias histórias romanceadas, em capítulos, não só no horário chamado nobre, o noturno, mas também pela manhã, às 9 h, quando vai ao ar a novela "As pupilas do Senhor Reitor", e, logo depois, "Os fidalgos da Casa Mourisca".

Registre-se que a primeira novela apresentada pela Ceará Rádio Clube, ao vivo, com o seu próprio "cast", foi o seriado de Amaral Gurgel, "Penumbra", inaugurando o horário das 20 h.
A história de Amaral Gurgel repetiu em Fortaleza o êxito alcançado no sul do País, ao microfone da Rádio Tupi. E logo a esta os ouvintes puderam seguir as emoções de "Rosa de Sangue", outra novela de impacto.

Eduardo Campos escreveu então a primeira novela cearense, radiofônica, "Aos pés do tirano", que se transformou em sucesso não apenas no Ceará mas em todo o Nordeste. Eram destaques como galãs, nos principais espetáculos de rádioteatro, os irmãos Paulo e José Cabral de Araújo.

Com o ingresso de João Ramos no elenco de locutores e artistas da Ceará Rádio Clube, formou-se a dupla de românticos (João Ramos - Laura Santos) que se tornou ídolo do chamado "teatro ego" (denominação desses dias), subindo então para cinco os radialistas oriundos de um mesmo lugar. Vieram de Guaiúba (município de Pacatuba), onde nasceram, para atuar no rádio cearense, precisamente na Ceará Rádio Clube: João Ramos, Paulo Cabral de Araújo, José Cabral de Araújo, Luzanira Cabral e Manuelito Eduardo.

A estação fundada por João Dummar inovou em tudo, até em transmissões esportivas. O primeiro noticiário de esportes foi organizado e apresentado por jornalista extremamente talentoso, no caso o comentarista Miguel Picanço, que se escondia sob pseudônimo de
P. Teleco.






A PRIMEIRA PARTIDA DE FUTEBOL PELO RÁDIO. CABRAL DE ARAÚJO E ODUVALDO COZZI. O "NATAL DOS LÁZAROS"


A transmissão pioneira de futebol foi levada a efeito por José Cabral de Araújo, do estúdio das Damas (e não diretamente do campo), com Rui Costa Souza, este realmente assistindo à partida no Prado, de onde, por linha telefônica, relatava ao primeiro todos os lances do prélio. Graças a esse artifício, os que estavam na cidade puderam acompanhar todo o jogo narrado com maestria pelo locutor, que se julgava presente.


A primeira reportagem esportiva, de nível profissional, foi efetuada algum tempo depois pelo grande radialista Oduvaldo Cozzi. Em Fortaleza não apenas reportou futebol, mas realizou programas e entrevistas, ouvindo a intelectuais, principalmente na "enquete" que ficaria lembrada de todos, questionada nesta indagação: "Qual o mais fiel espelho do mundo moderno?"

Vale a pena ser ressaltado que desde cedo os que dirigiam a Ceará Rádio Clube perceberam a importância do rádio no 'trato de problemas sociais, preocupação que se tornou um dos objetivos da empresa, na conquista de sua audiência e notoriedade.

Seu primeiro movimento filantrópico foi a campanha em favor dos hansenianos, a atender a apelo do humanitário médico Antônio Justa, que sugeriu a criação do "Natal dos Lázaros", promoção caritativa que a emissora liderou ao longo de 38 anos.


Natal dos Lázaros - Abertura da Campanha dos Lázaros - vendo-se sentados Tereza Moura, (grande incentivadora) e Otacílio Colares. Sentados da direita para esquerda Walter de Moura Cantídio, Orlando Mota, João Jaques Ferreira, Almir Pinto. O de óculos é José Cláudio Correia e o que olha para Tereza Moura é o leprólogo Dr. Dedé Morais.

Natal dos Lázaros - De pé, na apresentação do Show para os hansenianos (anos 60) o radialista Manuelito Eduardo Campos, que participou da Campanha por 32 anos.


Natal dos Lázaros - Visão dos hansenianos no Auditório do Teatro da Colônia Antônio Diogo (anos 60) por ocasião da entrega de donativos da Campanha promovida pela Ceará Rádio CLub.



Natal dos Lázaros - Entrega de donativos ao Leprosário de Antônio Diogo (anos 60). Ao centro, Aderson Braz, Manuelito Eduardo e José Ramos.

Vindo a Fortaleza, em temporada artística, dois ou três anos depois da efetivação da campanha "Natal dos Lázaros", Sílvio Caldas compareceu aos dois leprosários, estabelecendo então, sob a denominação de "São João dos Lázaros", outra promoção que prevaleceria por mais de vinte anos.

Campanha em prol da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza.

Foi memorável no Ceará a Campanha em favor da Santa Casa de Misericórdia, nos anos quarenta, quando aquele hospital esteve para cerrar as portas a indigentes.

A Ceará Rádio Clube liderou a luta impulsionada por Paulo Cabral, Manuelito Eduardo e Luciano Carneiro, este último egresso do "Correio do Ceará".

Continua...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Memória sonora - Trecho de Transmissões

Aqui uma pequena coletânia do resgate sonoro da Ceará Rádio Club, em trechos de transmissões coletados do Arquivo Nirez.

Entrada da Rádio Club Cearense - já componente dos "Diários Associados", por iniciativa de Assis Chateaubriand


João Ramos chamada 1- Voz de João Ramos apresentando a rádio novela "Herança Maldita"


João Ramos chamada 2 - Outro trecho de João Ramos apresentando a rádio novela "Herança Maldita"


João Ramos chamada 3 - Voz de João Ramos apresentando SALMOS no horário reservado à prece PRE9


Narração do 1º Gol narrado pela PRE9 - 1937 -

Rádio Club Cearense 1924 - Reportagem do Jornal "Diário do Nordeste" - Caderno CULTURA - 19/2/1984

A idéia de efetivar em Fortaleza uma consciência comunitária para a fundação da radiofonia cearense, para surpresa nossa, decorreu do estado de espírito inovador de expressivo grupo de pessoas, que ocupavam, na capital, importantes cargos administrativos. devendo-se mencionar como inspirador desse momento inicial o chefe do Distrito Telegráfico, Sr. Elesbão de Castro Velloso, engenheiro, a quem se deve a iniciativa de reunir a 20 de janeiro de 1924, em sua repartição, para discussão da constituição de entidade de radiotelefonia (assim se denominou antes a radiofonia), os engenheiros Antônio Eugênio Gadelha, Humberto Monte, João de Carvalho Góes, Clóvis Meton de Alencar e Alfredo Euterpino Borges.

O próprio Elesbão de Castro Velloso, em reunião posterior à primeira, a 30 de janeiro do mesmo ano, seria indicado para redigir o estatuto da associação que tomou o nome de Rádio Club Cearense.
Manuelito Eduardo Pinheiro Campos - No Auditório da Ceará Rádio CLub, altos do Edifício Diogo, centro de Fortaleza, preparando seu programa "Paisagem Sertaneja" e músicos.

Aquele grupo já aí passava a contar com novas e importantes adesões. Assim, além dos mencionados engenheiros, o movimento pioneiro obteria o concurso do Dr. Carlos da Costa Ribeiro, de Clóvis de Araújo Janja e Augusto Menna Barreto, este último telegrafista do Telégrafo Nacional.

Mais reuniões desses idealistas aconteceriam a seguir nos dias 4, 5, 6 e 10 de fevereiro, quando o pequeno número inicial de fundadores da novel entidade, subiria para trinta e sete. A 15 de fevereiro de 1924, já aprovado o estatuto, ocorreria a eleição da primeira diretoria do Rádio Club Cearense, assim constituída: Presidente - Engenheiro Elesbão de Castro Velloso; Secretário - Dr. Carlos da Costa Ribeiro; Tesoureiro - Dr. Antônio Eugênio Gadelha. Havia Comissão Fiscal, integrada pelos Drs. Humberto Monte, João de Carvalho Góes e Joaquim Antônio Vianna Albano; e Comissão Técnica, figurando nesta pessoas da mais alta importância na sociedade cearense: Thomaz Pompeu Filho, Clóvis Meton de Alencar e Alfredo Euterpino Borges.

A diretoria do Rádio Club Cearense tomou posse em sessão solene, realizada a 9 de março do ano em causa, na sede da Fênix Caixeiral, presentes todos os associados.

Essas informações tomâmo-las à revista “Rádio”, número 24, do Rio de Janeiro, fundada e dirigida pelo grande Roquette Pinto, graças à valiosa colaboração do jornalista Antônio Camelo, dos “Diários Associados” de Pernambuco, bastante interessado em elucidar os fatos históricos da radiodifusão nordestina.

Podemos ver ainda na longa notícia da revista acolhendo informações de seu correspondente em Fortaleza, que a sociedade logo contou com a participação de duzentos sócios, freqüentadores de sua sede social, instalada na Rua Barão do Rio Branco, No. 21, possivelmente na primeira ou segunda quadra do início da rua, nas proximidades do Passeio Público.

Diretoria do Rádio Club Cearense de colocar em funcionamento, quanto antes, “uma pequena estação emissora de 3 watts (devia ser de 30 watts), “que construíra à pressa, a envidar esforços para inaugurar ainda no decorrer de março”.

Na sede da sociedade operava uma “receptora de 3 válvulas, circuito T. S. F., com alto falante Ericsson - Super Ione”. Além desse receptor, refere mais a revista, existiam em Fortaleza: “um receptor de circuito de reação a 2 válvulas, de propriedade do sócio Clóvis Meton de Alencar e por ele construído (veja-se esse detalhe!); um outro idêntico, do sócio Alfredo Euterpino Borges igualmente por intermédio um regenerativo com circuito de placa sintonizada, pertencente ao sócio engenheiro João de Carvalho Góes e um receptor a dupla reação pertencente ao sócio Augusto Menna Barreto.

A única emissora radiofônica sintonizada em Fortaleza na época, e precariamente, era a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro: “sem a nitidez e a segurança que é para desejar”.

Anote-se, por exemplo, esta queixa registrada pelo correspondente da revista “Rádio" : “No Ceará: porém não são muitos os que compreendem o alcance altamente patriótico, instrutivo e recreativo que a radiotelefonia proporciona a todas as classes, e, daí, certo retraimento por parte do público, na cooperação indispensável à pronta realização daquele objetivo. Não teve a menor coadjuvação das classes conservadoras nem logrou nenhum incentivo dos poderes públicos". (grifamos).

Por essas razões, certamente o movimento pioneiro exauriu-se sem conseguir fundar, àquele tempo, a estação de rádio que, de modo precário, somente em 1932, passaria a funcionar sob o prefixo PRA-T, para transformar-se em realidade em 1934, de modo oficial, da Ceará Radio Club, com o prefixo PRE-9. A loja especializada em material eletrônico “A Instaladora”, com sede na rua Uruguaina, 150, (Telefone Norte 810), do Rio de Janeiro, tinha um estoque receptores Neutro Dyne, Kellogg, Turca e Grosley (aparelhos mais sofisticados, mesmo para a época, pois seus circuitos operavam com mais de duas válvulas), e receptores de uma válvula, marca Myera, cuja audição era obtida com a ajuda de fones.

Para terminar, vale a pena mencionar os nomes de alguns sócios mais conhecidos do Radio Club Cearense de 1924: Thomaz Pompeu Sobrinho, Demócrito Rocha, João Batista de Paula, (da Light); Vicente Linhares, Álvaro Wayne, Antônio Diogo Siqueira, Dolor Barreira, Mozart Pinto, Jáder Carvalho, César Cals, Ignácio Gomes Parente, Abel Ribeiro, João de Deus Cavalcante, Manuel Sátiro, Amâncio Filomeno F. Gomes, Luiz de Moraes Correa, etc.



Crédito: As matérias sobre a Ceará Rádio Club foram extraidas do site oficial da CRC

Os Marcos da Ceará Rádio Club - 1ªparte



Eduardo Camos escreveu em 1984 um ensaio chamado "50 Anos de Ceará Rádio CLub", em homenagem ao cinquentenário de atuaçao da emissora.


50 Anos de Ceará Rádio Clube (1934-1984) - Ensaio escrito por Eduardo Campos

Colocarei aqui os artigos do referido livro:

JOÃO DUMMAR DÁ A LARGADA PARA O SUCESSO

Por inspiração de João Dummar, interessado por assuntos de radiotelefonia - como se denominavam então as atividades de radiodifusão -, a 28 de agosto de 1931 foi fundado o Ceará Rádio Clube (a designação era masculina), sociedade civil integrada por "amadores da radiotelefonia", no caso, os senhores Francisco Aprígio Riquet Nogueira, Clóvis Fontenele, Joaquim da Silveira Marinho, Eusébio Nery Alves de Sousa, Francisco Campello de Alencar Mattos, Diogo Vital de Siqueira, Álvaro de Azevedo e Sá, Sebastião Coelho Filho, César Herbster Dias, Jorge Ottoch, o próprio João Dummar e tantos outros.


O objetivo da sociedade era "promover relações entre os amadores de radiotelefonia por meio de reuniões, irradiações e serviço de publicidade", assim como "instalar uma estação emissora de onda longa devidamente autorizada pelo Governo, e de cujo stúdio seriam "regularmente irradiados programas de atrações e interesses gerais"; "facilitar aos seus associados a aquisição", "instalação de aparelhos de radiotelefonia" e "propagar a radiotelefonia, facilitando" ao Governo a irradiação de notícias oficiais."

Em 1932, debaixo das intenções explicitadas no estatuto divulgado dois anos depois, a sociedade obtinha licença (a 16 de agosto) para transmitir sob o prefixo PRAT, tendo-se instalado a emissora, de modo precário, a 19 de setembro de 1933, aguardando o licenciamento oficial que afinal seria concedido pela portaria 415, de 30 de maio de 1934, com os dizeres: "O Ministro de Estado dos Negócios da República dos Estados Unidos do Brasil, atendendo ao que requereu o Ceará Rádio Clube e tendo em vista os pareceres prestados: RESOLVE aprovar as plantas, orçamento e especificações técnicas que com esta baixam, rubricadas pelo Diretor Geral de Expediente, interino, da Secretaria de Estado deste Ministério, para a instalação de radiodifusão da referida sociedade. Rio de Janeiro, 30 de maio de 1934. (Assinado) José América de Almeida."

O Ceará Rádio Clube funcionaria provisoriamente sob o prefixo PRAT, a título experimental, autorizado a irradiar na onda de 330 metros, o que posteriormente foi modificado pela portaria 415. O transmissor dos primeiros anos tinha a potência de 500 watts, controlada na sintonia por cristal, coajuvado por dois amplificadores de estúdio, inclusive três retificadores. Eram dois os mastros da antena, e esta, como se presume, horizontal.

O estúdio dava-se ao luxo de ter dois pianos, um francês, de cauda, e outro, de fabricação nacional, de armário. As torres de transmissão foram adquiridas ao Sr. R. A. Almeida, do Rio de Janeiro, tipo "self-supporting".

O Ceará Rádio Clube tinha sua sede e estúdios na rua Barão do Rio Branco, 1172, operando o transmissor nas Damas (lado poente da Avenida João Pessoa), ocupando área próxima as dependências que pertenceram, anteriormente, ao Ideal Clube. Para ali, em 1938, foram também transferidos os estúdios.


De acordo com a licença expedida pelo Departamento dos Correios e Telégrafos, Serviço Radioelétrico, tem-se como data oficial de abertura, ou de início das atividades, o dia 30 de maio de 1934, que se aceita para efeitos históricos, e não 22 ou 28, do mesmo mês, como têm anunciado outros pesquisadores da história da radiofonia brasileira.


AS PRIMEIRAS MANIFESTAÇÕES DE "BROADCASTING"

Não está bem definido quando se iniciaram os programas de rádio, elaborados para ouvinte. Dá conta o cronista e escritor Otacílio Colares de que por volta dos anos iniciais da Ceará Rádio Clube, já tocavam piano em seus estúdios "revelações como José Pompeu Gomes de Matos, Lauro Maia, José e Estevão EmI1io de Castro e Aloysio Pinto." Foram artistas cantores, dessas primeiras manifestações de "broadcasting", José Jataí, Romeu Menezes, o "boêmio-galã" Moacir Weyne e Altair Ribeiro.


Descrevendo a Fortaleza dessa época, com os seus oitenta mil habitantes, Otacílio Colares narra: "Era, quando, tirante as sessões "colosso" e "gigante", dos popularíssimos cinemas centrais, Majestic e Moderno" ... "só restava, para encompridar a hora de recolher-se à casa, o recurso dos longos papos às mesas de cafés, que os havia, às dezenas, à roda e nas proximidades da Praça do Ferreira."

Nesses cafés, de freqüência variada, lá estavam os pequenos rádioreceptores, todos em mógno, geralmente com as caixas em forma ogiva!, em cantoneiras no geral de mármore ao alcance apenas da sintonia do proprietário, na transmissão das vozes, então máximo, de Vicente Celestino, Silvio Vieira, Augusto Calheiros, Alberto Perroni, Gastão Fomenti: valsas, canções, cançonetas, foxes bem marcados, sambas de Noel e choros de Pixinguinha e Benedito Lacerda.

Isto sem esquecer Carmen e Aurora Miranda que despontavam gloriosamente. Não sendo de esquecer os programas de música erudita, com apresentações. Se me não engano, redigidas por Audifax Mendes, que música selecionada era passatempo de uma elite social em cujas residências solarengas havia piano como instrumento e não como puro móvel ornamental."

Por esses dias vieram a Fortaleza, para cumprir programas ao microfone da Ceará Rádio Clube grandes nomes do rádio brasileiro: Sílvio Caldas, Francisco Alves e Carlos Galhardo.

Em 1936 a empresa promoveu o primeiro concurso para locutor, iniciativa que despertou a curiosidade do público ... e a contratação dos três primeiros profissionais dessa categoria, que mais tarde seria enriquecida com a presença de Paulo Cabral de Araújo.

Raimundo Menezes, em 1938 ocupava cinco minutos eventualmente, ao microfone da emissora, com crônicas de sua autoria enfeixadas posteriormente em livro sob o título: "Coisas que o tempo levou", nome de programa que ia ao ar sob a responsabilidade inicial de José Cabral de Araújo e, depois, por muitos anos, de José Limaverde.


Eduardo Campos


OS NOVOS ESTÚDIOS NO EDIFÍCIO DIOGO. A CONSAGRADORA TEMPORADA ARTÍSTICA DE ORLANDO SILVA, O "CANTOR DAS MULTIDÕES"

Em 1941, a 29 de agosto, através de portaria de número 496, a estação recebeu autorização para mudar os estúdios das Damas (Avenida João Pessoa) para o oitavo e nono andares do Edifício Diogo. O cumprimento dessa providência implicava em melhoria técnica dos equipamentos de transmissão e aperfeiçoamento da programação artística.

João Dummar contratou então o radialista Dermival Costalima, que chegou a Fortaleza a tempo ainda de atuar nas Damas e acompanhar de perto os trabalhos de montagem do estúdio no centro da cidade.
A festa se deu a 12 de outubro de 1941, memorável por registrar igualmente a entrega aos ouvintes do transmissor de ondas curtas, conquista técnica que possibilitava a emissora alcançar os pontos mais distantes do Ceará, do Brasil e do exterior.

A atração maior desse acontecimento foi a presença de Orlando Silva, considerado o "cantor das multidões" e senhor de considerável prestígio popular. Pode-se dizer, sem exagero, que a cidade parou para receber a grande voz romântica do cancioneiro nacional, cantor que disputava as preferências do público juntamente com Francisco Alves, "o rei da voz", que antes' visitara o Ceará, para atuar ao microfone da PRE-9, em 1938.

Orlando Silva viajou do Rio de Janeiro para Fortaleza em avião de carreira da NAB (Navegação Aérea Brasileira) que, à época, descia no antigo Campo do Alto da Balança.

Pela primeira vez, em Fortaleza, a polícia teve de tomar medidas especiais para proteger o artista em seu desembarque, tendo bloqueado o acesso ao aeroporto, para onde convergia incalculável número de curiosos, que começavam a se identificar por "fãs".
O desembarque houve-se com ordem. Ao transpor os portões do aeroporto, até o centro da cidade, o cantor pôde testemunhar que se transformara em ídolo da mocidade fortalezense.

Debaixo de aplausos o cantor desfilou até o hotel, o "Excelsior", em carro aberto. E da sacada do apartamento dirigiu-se mais de uma vez aos que ali se postavam, sendo vivamente aplaudido. Sua temporada foi êxito completo. Principalmente, por ter lançado os dois grandes sucessos do carnaval de 1942. "Chica boa" e "Lera lero".

Os programas da emissora, a partir da direção artística de Dermival Costa Lima, passaram a ser cuidadosamente escritos. A terminologia já dominante no rádio, no sul do País, chegava a Fortaleza daqueles dias e à sua emissora pioneira. O programa obedecia a texto do "script", como se dizia então, e cada participante da audição recebia cópia, para acompanhar. Acudia a linguagem técnica nova semântica radiofônica, a adotar neologísmos. Tinham curso as palavras "broadcasting", "cast", "lady-crooner", e designações que se iam somar aos procedimentos de sonotécnica, sonoplastia, etc.

Nas transmissões era utilizado mais de um microfone. E para quase todos os programas, a direção exigia recursos musicais, orquestrados ou produzidos pelo sonoplasta, no caso o próprio discotecário.

Efetivaram-se, então, os primeiras programas de auditório, que este, composto de cem poltronas, ficava instalado no oitavo andar do Edifício Diogo. (Direção comercial e Superintendência funcionavam no nono andar).




Continua...



terça-feira, 27 de abril de 2010

As novas instalações da Ceará Rádio Club - Revista " Publicidade & Negócios " Maio de 1949 - nº 96



As Novas Instalações da Ceará Rádio Club (texto original - com a grafia da época)



Em Fortaleza, uma das 5 emissoras mais bem instaladas do Brasil. Amplo auditório com 500 poltronas. Em breve estará funcionando mais um transmissor de ondas curtas.
Será a segunda emissora brasileira que utilizará efetivamente, ao mesmo tempo, três freqüências próprias. Um programa dedicado exclusivamente à propaganda do Ceará e do Brasil. O rádio é um serviço público. Cartazes do sul e artistas locais. Uma das 7 emissoras brasileiras de ondas curtas. Alcance e correspondência.
O volume de publicidade da Ceará Rádio Clube vem numa ascensão constante, passando de Cr$ 1.600.503,00 no balanço 44/45 para Cr$ 3.896.497,70 no balanço 48/49. Campanhas da PRE-9.
Mais de 1 milhão de cruzeiros conseguiu levantar a Ceará Rádio Clube numa campanha de 2 semanas em prol da Santa Casa de Misericórdia.
Precisamente no dia 13 de maio deste ano, a Ceará Rádio Clube inaugurou suas novas instalações, que ocupam dois pavimentos no mais moderno e imponente edifício de Fortaleza — Edifício Pajeú.
Reservou o primeiro andar para o auditório, que conta com cerca de 500 poltronas, deixando o segundo pavimento para administração, redação e discoteca.
O redator de PN, convidado a visitar as novas instalações da PRE-9, percorreu detidamente todas as dependências, que, a seu ver, se incluem entre as 5 mais bem cuidadas e modernas instalações de emissoras existentes no Brasil. A começar pelo auditório, construído segundo todos os requisitos da técnica: ótima acústica, nenhuma ressonância.
Mesa de controle, microfones, todo o material absolutamente novo, tudo RCA. 3 estúdios, utilizando normalmente 5 microfones. Depois, o capricho com que a emissora soube instalar cada uma de suas dependências — salas amplas, confortáveis, arejadas. Cada setor de atividade dispõe de sala própria. Temos assim, no segundo andar, as salas para a contabilidade, propaganda, direção geral, superintendência, redação, ensaios e, finalmente, discoteca. Esta conta com mais de 13 mil discos (todos os gêneros).

Des. Faustino Albuquerque, Governador do Estado, quando falava na inauguração do auditório.

Dom Antônio de Almeida Lustosa, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, benzendo as novas instalações.

Solenidade da inauguração

A inauguração das novas instalações da Ceará Rádio Clube, como não podia deixar do ser, foi um acontecimento para o rádio brasileiro, dadas as características apontadas acima.

Revestiu-se de grande brilhantismo, reunindo, no auditório, o Desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, Governador do Ceará, D. António de Almeida Lustosa, Arcebispo Metropolitano de Fortaleza, o Dr. João Daudt d'Oliveira, Presidente da Confederação Nacional do Comércio, além de outras altas autoridades e pessoas gradas. Inicialmente, D. António de Almeida Lustosa benzeu as novas instalações, usando, em seguida, da palavra, o Desembargador Faustino de Albuquerque e Souza, o Dr. João Calmon, Superintendente dos Associados no norte do país, e o Dr. Paulo Cabral, Diretor-geral da PRE-9.


Anunciando novas realizações para futuro próximo


Dr. João Calmon - que promete novas realizações

Trabalhador incansável, entusiasta do rádio, realizador como poucos, o Dr. João Calmon, nas suas breves palavras, não quis apenas rejubilar-se com o acontecimento. Não se contentou em contemplar o caminho já percorrido. Não se demorou nas dificuldades e percalços que teve de vencer para chegar àquele momento. Dentro de sua tranqüila modéstia, preferiu voltar os olhos para o futuro e comprometer-se com os ouvintes a novas realizações.

"— Não pretendemos — disse ele —, encerrar, agora, o nosso ciclo de realizações.

No momento em que inauguramos as instalações das Emissoras Associadas de Fortaleza, no belo Edifício Pajeú, é-nos grato anunciar que, dentro de poucos mesas, teremos nova inauguração, desta vez de um outro transmissor RCA Victor, de ondas curtas, que nos permitirá irradiar, simultaneamente, em três freqüências diferentes e não apenas em duas, como hoje.

Poderemos, então, transmitir, ao mesmo tempo, nas ondas de 250, 49 e 19 metros, um só programa ou três programas diferentes.


Mais de mil pessoas acorreram ao auditório da Ceará Rádio Club, no dia 13 de Maio

Para se ter uma idéia da importância dessa iniciativa, basta salientar que a Ceará Radio Clube, operando com três estações, duas RCA Victor e uma Marconi, será a segunda emissora brasileira que utilizará efetivamente, ao mesmo tempo, três freqüências próprias."
Um programa dedicado à propaganda do Ceará e do Brasil

Em seguida, o Dr. João Calmon justifica sua alegria ao anunciar a próxima inauguração do novo transmissor de ondas curtas, com estas palavras :

" — Servindo a um povo que deixa sua terra para vencer em outros Estados e em outros países, a Ceará Radio Clube, precisava realmente levar a voz da terra-mater aos mais longínquos rincões.


Já mantemos, na onda de 19 metros, um programa único no "broadcasting" nacional, de duas horas por dia, sem publicidade comercial e som subvenção de qualquer espécie, anunciado em cinco idiomas diferentes e dedicado exclusivamente à propaganda do Ceará e do Brasil."
Mais adiante, mostraremos a repercussão que este programa vem obtendo no estrangeiro, conforme o atesta a copiosa correspondência que de toda parte do mundo chega à Ceará Rad;o Clube. O programa é anunciado em português, francês, inglês, espanhol e sueco.


Mário Alves e as Irmãs vocalistas - Artistas Locais


O rádio como serviço público

Ainda do breve discurso pronunciado pelo Dr. Calmon ao microfone da Ceará Rádio Clube, no dia da inauguração de suas novas instalações, destacamos este trecho:

"— Confessamos, humildemente, que não há nenhum mérito de nossa parte nessa ininterrupta série de realizações. Se há alguém que mereça elogios é o generoso povo cearense, é o seu comércio compreensivo e de ampla visão, é a sua indústria tão arrojada e promissora, sustentáculos permanentes da Ceará Rádio Clube. Sempre encaramos o rádio como um serviço público e não como1 um negócio particular e por isso alegramo-nos em afirmar que, até agora, utilizamos integralmente os nossos lucros no melhoramento, sob todos os aspectos, da Ceará Radio Clube.

A única recompensa que desejamos é a continuação dessa aura de simpatia que nos cerca, inesgotável estímulo para o nosso trabalho em favor do Ceará e do Brasil."
Modestamente — e este é o traço predominante da personalidade de João Calmon —, concluiu ele:
" — E agora este repórter que vos fala, dando-vos rápidas notícias da Ceará Rádio Clube, agradece, em nome dos "Diários Associados" de Fortaleza, a vossa presença nesta casa do povo cearense e passa o microfone ao nosso jovem e brilhante diretor, Paulo Cabral." (Este, que já se tornou famoso pela sua invulgar capacidade de improvisação, derramou-se no seu discurso mais eloqüente."

Cartazes do sul e artistas locais

Agora, com amplo auditório próprio, já não depende a Ceará Rádio Clube do Teatro José de Alencar.
Mas, certo, não seria tarefa imediatamente fácil criar um novo hábito para o povo de Fortaleza: freqüentar auditório da estação de rádio, a preços que se elevam até 20 cruzeiros a entrada.


O Maestro Mozart Brandão dirige o Departamento Musical. Ni clichê, as duas orquestras da Ceará Rádio Club



A Ceará Rádio Clube, com esse objetivo, não contratou um apenas, mas vários cartazes, do maior renome, no sul do país, e levou-os aos seus microfones, tendo ao mesmo tempo o cuidado inteligente de prestigiar os seus artistas locais, criações dela.
O resultado se confirma nas fotos que apresentamos nesta reportagem, onde se vê o auditório, que tem lotação para 500 pessoas sentadas, comportando mais de mil espectadores.
O povo de Fortaleza, do Ceará e do nordeste ouviu nitidamente as vozes de Nelson Gonçalves, Luiz Gonzaga, Nilo Sérgio, Rosita Mir, Carmem Santos, que sucessivamente foram desfilando ao microfone da Ceará Rádio Clube.

Ao mesmo tempo, os artistas e conjuntos locais se esmeravam numa como que rivalidade com os artistas vindos do Rio e de São Paulo. Sobretudo, porque todos os que trabalham na PRE-9, fazem-no com entusiasmo e dedicação.


Aloisio Pinto - A figura mais expressiva da pianística cearense


E é justamente este espírito de equipe, a harmonia reinante entre direção, funcionários, artistas e colaboradores da Ceará Rádio Clube, o esforço permanente de superação, a vontade firme de fazer bom rádio, que dão a esta emissora um índice de audiência na cidade em que tem sua sede jamais alcançado no Brasil por outra emissora, em qualquer mercado.

Foto de 05 de Maio de 1955 - Luiz Gonzaga e seus dois músicos nos auditórios da Ceará Rádio Clube, que eram no Edificio Diogo - Foto do blog Forró em Vinil

Nem a Rádio Nacional possui no Rio de Janeiro índice tão permanentemente alto de audiência, quanto a Ceará Rádio Clube, em Fortaleza.


Continua...

Ceará Rádio Club - Fotos que fizeram história da CRC



Fotos de grandes fases da Ceará Rádio CLub.
Campanhas da Ceará Rádio Clube em prol da Santa Casa de Misericórida.



Comissão recebedora de donativos da Campanha em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza - da esquerda para direita, Heldine Cortez Campos, na terceira e quarta posições: Manuelito Eduardo e Paulo Cabral; de frente, escrevendo: Maria Coeli de Araújo; sentados, em primeiro plano: Aderson Brás e Tereza Moura, em atendimento aos ouvintes cooperadores.


Fac-símile do famoso cheque de 1 milhão de cruzeiros, pago pela Ceará Rádio Clube, em nome dos ouvintes, em favor da Santa Casa de Misericórdia de Fortaleza. Foi emitido em 2 de outubo de 1943,assinado por PauloCabral, diretor da empresa.


Sedes



Cartão Postal, produzido pela Aba Film de Fortaleza - para a correspondência com ouvintes do exterior, vendo-se, da esquerda para direita, a antena da emissora, o edifício de seus novos estúdios (em 1937), em São João do Tauape (onde funciona o hipermercado Romcy (à época do artigo - hoje Extra Supermercados) e o Edifício Diogo, onde se situavam os estúdios, nos 8o. e 9o. andares (Av. Barão do Rio Branco - centro).

Edifício Sede da Ceará Rádio CLube - aos tempos em que funcionava no bairro das Damas, com estúdios e transmissor. O Destaque é o bem cuidado jardim.


Conjuntos e grupos musicais

Conjunto Liceal - atuante pelos anos 30. Na foto, no centro, Luri, ao lado de Valnir Chagas. Os três da ponta, da esquerda para direita, Aleardo, Pijuca e Danúbio. Estes, mais do que outros, tiveram ulterior participação no "broadcasting" cearense.

Vocalistas Tropicais - conjunto que pontificou na década de 1940-49. De cima para baixo, como se lê na foto: Paulo Sucupira (que cantava sob o pseudônimo de Bill James), Nilo Mota, Eduardo Panplona, Aleardo, Paulo de Tarso, Danúbio e Vicente.


Foto histórica da Orquestra da Ceará Rádio CLub, obtida em 1947. Da esquerda para direita, de pé João Ramos (locutor-apresentador), Tompson Lemos (pistão); Eliézer Ramos (trombone de vara); Luiz Róseo (sax alto); João Baptista Brandão (flauta); Carlos Alenquer (sax alto); Emygdio Santana (pistão); Mário Alves (cantor); RUiz Noronha (pistao e violoncelo); Osvaldo ("Canelinha"), baterista. Na mesma ordem, na fila intermediária: Chileno (3o. violino); Francisco Alenquer (flauta); Oscar Cirino (2o violino); Edgar Nunes (1o. violino). Na fila da frente, ainda da esquerda para direita: Otávio Santiago (cantor); Epaminondas (cantor); José Amâncio (sax-tenor); Luiz Assunção (pianista) e Reginaldo Assunção, filho de Luiz Assunção.

Presenças ilustres - Almirante - 1951

Presença de Almirante - "a maior patente do Rádio brasileiro", - Em 1951, no palco-auditório do Edifício Pajéu, se apresenta Almirante.
Mais atrás do grande artista nacional estão Manuelito Eduardo Campos e o maestro Mozart Brandão. Ano 1951

Presenças ilustres - Francisco Alves - 1938
Composição fotográfica da presença de Francisco Alves - "O Rei da Voz" - Em Fortaleza, para atuar ao microfone da Ceará Rádio CLube.

Francisco Alves chega à Fortaleza - O momento em que descia do avião Condor o grande artista brasileiro.

Francisco Alves e João Dummar - O cantor, com chapéu de massa, à mão, ao lado do grande inspirador da radiodifusão no Ceará, João Dummar.


Francisco Alves, João Dummar e Cabral de Araújo - O Cantor conversando amistosamente com João Dummar, estando identificado, ao fundo, o locutor Cabral de Araújo.


Francisco Alves, ao violão - O Cantor, quando cantava para um grpo de amigos de João Dummar (1938).


Artistas locais e artistas nacionais em visita à Ceará Rádio Clube

José Jatahy, o cantor boêmio, que foi atração dos programas da Ceará Rádio Clube, em 1937


Afonso Aires, o violinista da pioneira. Década de 1940-49.


Lauro Maia e Aleardo Freitas, dois grandes artistas que muito contribuiram para o êxito do rádio em seus começos no Ceará. Fotografia de 1936, tirada ao pé da torre de transmissão da Ceará Rádio CLub, no bairro das Damas.

Visita dos Cantores Januário e Uyara. Flagrante obtido em 1938, quando fizeram sucesso em Fortaleza, ao microfone da Ceará Rádio CLub: Januário de Oliveira e Uyara de Goiás. Na foto, à direita dos dois, os jornalistas Mariano Martins e João Calmon.

Confraternizações e Dirigentes da Ceará Rádio CLube



Da esquerda para a direita: Luís Assunção, maestro Airan Pacheco e Manuelito Eduardo. Ércole Vareta foi regente dos conjuntos orquestrais da Ceará Rádio Clube ao tempo da II Grande Guerra .

Confraternização Associada nos anos da década de 1940-49. Discursando José Júlio Barbosa. Da esquerda para a direita: de costas, José Júlio Cavalcante; major João Baptista Brandão; Zezé do Vale, Paulo Cabral de Araújo, Orlando Mota, Edgard Freire, Manuelito Eduardo e Oscar Cirino.


Da esquerda para a direita: João Ramos, Dermival Costa Lima (diretor que deixava a Direção Artística da Ceará Rádio CLube); Antônio Maria (que assumia); José Júlio Cavalcante, Manuelito Eduardo e Maestro Mozart Brandão.

Televisão na década de 1960-70


Primeira demonstração pública de televisão, antes da década de 1960-70. Na foto o técnico que operava a câmara Vidicon e o Quinteto da Força Policial (que participava do programa "Coisas que o tempo levou"). Podem ser identificados José Júlio Barbosa, à esquerda. José Limaverde e Clóvis Matias ao centro. São detalhes: as lâmpadas de iluminação, um "panelão" fixado em poste improvisado, e receptor servindo de "monitor"nessa transmissão de televisão em circuito fechado.

Aniversários da Ceará Rádio Club - Os aniversários da CRC sempre foram momentos de confraternização entre todos que faziam aquela emissora.

Em reunião comemorativa do aniversário da Ceará Rádio Clube, funcionários da emissora ouviam - no Maguary Esporte Club - discurso do diretor artístico Manuelito Eduardo. Na primeira mesa, à esquerda, Rômulo Siqueira, Silva Filho, Josino da Costa, Gerardo Barbosa Lima e de perfil Aderson Braz. Ao Lado do orador, Orlando Mota e Paulo Cabral de Araújo. Os demais são principalmente, músicos da Orquestra da emissora Mozart Brandão, Amâncio Alenquer, Luiz Róseo, Canelinha e funcionários de escritório.


Sede da Ceará Rádio Club em 1942


Foto do prédio dos transmissores da Ceará Rádio Clube em São João do Tauape - Montese, em 1942. Local hoje é ocupado por um supermercado.

50 Anos da Ceará Rádio Club


Convite expedido pela Ceará Rádio Clube por ocasião das comemorações dos seus 50 anos da emissora - 1934 a 1984.




Crédito: Prenove

O rádio no Ceará


A informação pode soar inusitada mas, em verdade real: a radiofonia, não sob essa designação, mas nomeada radiotelefonia, tem sua pré-história ocorrendo em 1924, quando se instala em Fortaleza o Rádio Club Cearense, do qual participam exatamente 129 associados. Lidera a extensa relação o engenheiro Elesbão de Castro Velloso, a quem devemos creditar a iniciativa para instalar em Fortaleza o primeiro equipamento para transmissão de voz e música, o que acabou convertido no funcionamento de “pequena estação emissora de 3 watts” na sede do Clube à Rua Barão do Rio Branco nº21, onde os membros da agremiação podiam dispor de solitário e inovador aparelho receptor de 3 válvulas, em circuito T.S.F, com alto-falante tipo Ericsson Super-Tone.

Causa admiração: além desse receptor, a cidade - consideremos assim - possuía apenas mais quatro aparelhos receptores (rádios), sendo seus proprietários os srs. Clóvis Meton de Alencar, Alfredo Euterpino Borges, João de Carvalho Góes e Augusto Mena Barreto.

Colhe-se ainda na fonte dessa informação (Revista “Rádio”), de 1924, editada no Rio de Janeiro, não haver em todo o Estado do Ceará nenhum estabelecimento comercial que negociasse aparelhos de rádio e acessórios.

Nomes de projeção ou simplesmente bastante conhecidos no Ceará integram a lista de sócios do Rádio Clube Cearense em 1924, quais os já citados e mais Humberto Monte, Mário de Alencar Araripe, João Lopes Filho, Thomaz Pompeu Sobrinho, Raimundo Alencar Araripe, Carlos Livino de Carvalho, Álvaro Weyne, Eurico Monte, Jorge Fiúza, Francisco Linhares, Assis Bezerra, Dolor Barreira Guilherme Ellery, Mozart Pinto, Jáder de Carvalho, José Carlos Matos Peixoto, César Cals, Humberto R. de Andrade, Abel Ribeiro, Ignácio Gomes Parente, Heribaldo Dias da Costa, João de Deus Cavalcante, Clóvis B. Fontenelle, Amâncio Philomeno F. Gomes, João Thomé de Saboya e Silva, Octavio Lobo. Dário Correia Lima, Luiz de Moraes Correia e etc.

O comerciante João Dummar, responsável 10 anos depois pela instalação da Ceará Rádio Clube, empreendimento radiofônico em moldes também comerciais, não tem seu nome citado na lista de associados da emissora de 1924 ... nem nas reuniões que culminaram com a montagem e funcionamento do transmissor de 3 watts.

O jornalista e escritor Eduardo Campos, de quem aproveitamos os dados ora referidos, escreveu a respeito no artigo “O Rádio Club Cearense de 1924”, estampado em edição do “Diário do Nordeste” em 19 de fevereiro de 1984, elucidando o que se deve entender por fase pré-histórica da radiofonia do Ceará:

O sobrenome Dummar só vai aparecer identificando proprietários de quotas ou ações de emissora de rádio em 1931, quando, a 28 de agosto funda-se a Ceará Rádio Clube, “autorizada a irradiar com o prefixo PRA-T, em 16 de agosto de 1932”, mas só instalada em 19 de setembro de 1933, e depois licenciada com o prefixo PRE 9 pela portaria 415, de 30 de maio de 1934.


João Dummar - Fundador da Ceará Rádio Club

A escritura de Constituição Definitiva da Ceará Rádio Clube S.A: é o documento cartorário que define oficialmente não só a constituição da Diretoria da empresa, àquela época, como os propósitos de sua atuação, marcando de modo claro,pela primeira vez a presença de João Dummar, que encerra a lista dos acionistas principais, juntamente com o irmão José Dummar e esposa desse, Sra. Zarra de Abreu Dummar.

A escritura, ora mencionada, é o mais completo documento elucidativo da constituição e funcionamento da Ceará Rádio Clube. Para conhecê-la clique aqui.

Eduardo Campos escreveu também pequena memória intitulada “Fundamentos do Rádio Cearense”. Conquanto alguns dados já estejam conhecidos linhas atrás, vale transcrever o documento pela oportunidade de aí se ordenarem, em forma concisa, as etapas mais significativas que assinalam, sem dúvida, o surgimento da radiofonia no Ceará.

João Dummar, homem de negócios, de boa formação cultural, sendo apreciador da música erudita, fazia-se amigo de expressivos nomes no cenário artístico e cultural do país. A pouco e pouco, conquanto de forma amadorística, a nova PRE-9 vai conseguindo atrair ao seu modesto estúdio, dotado de um bom piano, os talentos musicais de Fortaleza. Cinco anos depois de inaugurada, a estação já chega aos ouvintes, que crescem em número a cada dia que passa, com programação definida diária. As irradiações começavam às 18horas, com encerramento depois das 22 horas. Aos domingos, fica a impressão, a irradiação tinha início às 11 h, e, pelo meio da tarde, nesse dia do anúncio resgatado (26 de novembro de 1939), Cabral de Araújo, locutor esportivo, transmite diretamente de Recife a partida entre as seleções do Ceará e Pernambuco pelo Campeonato Brasileiro de Futebol.

Segue a íntegra da reportagem do Jornal O Povo - de 26 de novembro de 1939.

Do livro de Eduardo Campos - “50 ANOS DE CEARÁ RÁDIO CLUBE (1934-1984)”, extraímos as informações sobre os inícios das primeiras manifestações de “broadcasting” da emissora:


A fase mais significativa da emissora vai definir-se na localização de seus novos estúdios, inicialmente em 1942, a área central, então a mais valorizada da capital, altos do Edifício Diogo, e, mais tarde, em 1946, modernamente instalada em dois andares do Edifício Pajeú, dispondo de confortável auditório e estrutura agradável ao público que ali, anos seguidos, fez-se presente para aplaudir grandes espetáculos e artistas.

Dessa fase, assinalada por grandes momentos do rádio cearense, vale a pena ler na integra a reportagem publicada pela revista “Publicidade e Negócios”, de maio de 1949.


Continua...

Crédito: Manuel Eduardo Pinheiro Campos

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