Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quinta-feira, 13 de maio de 2010

Avenida Beira-mar



Gravura, 1859, de Joaquim Carvalho

Vista da orla - 1927


1931 - Arquivo Nirez

Foto de 1937


Volta da Jurema - Postal de 1939


 10 de janeiro de 1939 - Raimundo Araripe, prefeito de Fortaleza, baixa decreto adendo ao Plano Diretor da Cidade, de construções.
Proibindo as construções, reconstruções, modificações, reformas de prédios ou quaisquer obras na faixa litorânea de Fortaleza, nas faces norte e nas faixas compreendidas entre elas e o oceano, das ruas e trechos: Rua dos Tabajaras, compreendido o seu prolongamento, a partir do Poço da Draga; Avenida Getúlio Vargas (hoje Avenida Beira-Mar) até a povoação do Mucuripe, inclusive; trecho da faixa oceânica, partindo do Poço da Draga, em direção ocidental, seguindo pelo perfilamento do Arraial Moura Brasil, que faz frente para o mar.
Quantas construções prejudiciais à Fortaleza existem hoje nos locais citados.

 22 de dezembro de 1945 - Em virtude do avanço do mar na Praia de Iracema e o plano de construção da Avenida Beira-Mar, a Prefeitura Municipal de Fortaleza proíbe as novas construções na orla marítima bem como reformas de prédios no mesmo trecho.



Estoril (Vila Morena) -1943 Arquivo Nirez

A Primeira Edificação da orla de Fortaleza...

A história da Vila Morena, (Estoril), primeira construção da orla de Fortaleza, começou em 1920, quando o pernambucano José de Magalhães Porto desafiou os conselhos de amigos, que alertavam que a praia era perigosa e suas ondas eram muito fortes, instalando ali a sua moradia e dedicando o nome dela, como era usual na época, à sua amada esposa Francisca Frota Porto, de apelido Morena. Foi o próprio José de Magalhães que ajudou o antigo Porto das Jangadas, que depois se chamaria Praia dos Peixes, a se chamar Praia de Iracema, bem como influenciou para que as ruas próximas à Vila tivessem seus nomes inspirados em tribos indígenas do Ceará.
A edificação da Vila foi feita em taipa, sem ajuda de engenheiros, e ali foram empregados materiais nobre, importados da Europa, como as vidraças das portas que vieram da França, as duas escadas caracol de ferro, fabricadas na Inglaterra e os vasos sanitários e louças oriundos da Alemanha. Durante a Segunda Guerra Mundial a família Porto saiu da Vila Morena, deslocando-se para uma outra casa ao lado e cedendo aquele espaço para o “United State Office”, que usou o local como clube de veraneio para seus soldados.



Praia do Náutico. Ao fundo, o Iracema Plaza Hotel... 
As casas de jangadeiro eram comuns na Beira-Mar - 1952

 19 de julho de 1952 - Inauguram-se as novas instalações do Náutico Atlético Cearense, nas Avenida da Abolição nº 2427, Avenida Desembargador Moreira e Avenida Beira-Mar, na Praia do Meireles, prédio com planta do arquiteto Emílio Hinko.



1959 - Os carros da época circulando no Mucuripe
(praia do Iate) ainda não asfaltado...Enciclopédia do IBGE


A construção da Avenida Beira-Mar 

A construção da Avenida Beira-Mar, iniciou-se em 1960, sendo inaugurada em 1963
 Arquivo O Povo 


 11 de agosto de 1962 - São iniciadas as obras de construção da Avenida Beira-Mar na administração Manuel Cordeiro Neto.
A Beira-mar de Fortaleza foi rasgada só em 1963, porém, ela sempre existiu antes dessa data.
As famosas e lendárias praias de Iracema e Mucuripe já despertavam o interesse dos fortalezenses antes de 1963:

"Em 26 de maio de 1964, o Diário Oficial do Município - Diom nº 3.019 traz a Lei nº 2.599 do dia 21, resultado do projeto de lei do vereador Antônio Bastos Sampaio, que denomina de Avenida Presidente Kennedy a Avenida Beira-Mar, que se encontrava em construção, mas que já tinha o nome de Avenida Getúlio VargasFoi uma péssima substituição. Felizmente não "pegou" e hoje é Avenida Beira-Mar." Nirez

Por isso que vamos ver como era essa região, que é considerada "Um símbolo da cidade", certamente a avenida mais importante do ponto de vista turístico da Capital da Terra da Luz.

A praia de Iracema surge, nos anos 1920, como uma novidade no contexto de Fortaleza: um balneário que passa a congregar os grupos mais ricos da cidade, introduzindo uma inédita forma de lazer dentro da cultura local.


Antes o local se chamava "Praia do Peixe", a praia da venda do peixe.
Ficou conhecida com esse nome até 1925.


Imagem rara aérea do porto em construção. Notar a Praia do futuro, à esquerda, sem nada... Arquivo Nirez


Anos 60


Beira-mar, meados dos anos 60 - Mucuripe ao fundo - Especial Manchete 25 anos


Postal Inauguração da Estátua de Iracema, em 1965 - Acervo Gilberto Simon


Postal raríssimo, da Praia dos Diários. Meados dos anos 60


Postal final dos anos 60 e os carros estacionados no Mucuripe

Anos 70

 10 de outubro de 1972 - Criação da Praça da Independência, na administração de Vicente Fialho. A praça fica na Avenida Presidente Kennedy (Beira-Mar), entre a Rua Júlio Ibiapina e a Rua José Napoleão, no Mucuripe, próximo à Volta da Jurema.

 13 de maio de 1973 - Inaugurado o primeiro hotel turístico de Fortaleza, o Hotel Beira-Mar do Grupo Ary, na Avenida Presidente Kennedy (Avenida Beira Mar) nº 3130. São 12 apartamentos, sete suítes e uma suíte presidencial. O projeto do prédio é de autoria do engenheiro Cláudio Ary. A casa terá na gerência o Sr. Virgílio Cruz

 12 de janeiro de 1979 - O prefeito Luís Gonzaga Nogueira Marques (Luís Marques) inaugura o trecho da Avenida Beira-Mar que vai do Imperial Palace Hotel até a Volta da Jurema: 

Urbanização da Beira-Mar

"O projeto de urbanização da Beira-mar compreende uma extensão de 4.500 m (quatro mil e quinhentos metros) de comprimento, na faixa de praia mais tradicional da cidade, em uma zona intensamente usada pelos banhistas. A sua construção está sendo feita em etapas. A primeira etapa foi concluída em janeiro de 1979 e uma segunda parte está em execução, com conclusão prevista para o final de abril próximo. Para explicarmos nosso trabalho precisaremos nos deter em certos fatos de grande significado para o mesmo pois a Beira-mar foi, antes de mais nada, uma coisa essencialmente experimental e artesanal fugindo, portanto, das convenções normais de elaboração e execução de um projeto.



Saudades desse calçadão! 
Foto Gentil Barreira

Não tínhamos levantamentos precisos da topografia e da vegetação, a não ser a aerotopografia de cidade, que foi transportada de 1:2000 para 1:200, a escala do projeto. A prefeitura não dispunha, naquela época, de condições para conseguir melhores dados. Tivemos, então, que percorrer algumas vezes o terreno da obra, no caso, a faixa correspondente à primeira etapa, para nos familiarizarmos com todos os aspectos do meio. Depois de várias caminhadas nos sentimos à vontade para iniciar o trabalho. Elaboramos, então, um traçado que nos permitisse toda a mobilidade possível pois sabíamos que, no decorrer da obra, alguma coisa teria de mudar. Desenhamos os contornos dos passeios de uma forma ondulada, sem rigidez. Quando a construção começou, instalamos uma prancheta no canteiro das obras e ali, a cada obstáculo, refizemos o que foi necessário, sem nenhum transtorno.



Foto Gentil Barreira

No caso do piso escolhemos o mosaico, que foi um material de largo uso no passado, tanto nos melhores salões quanto nas calçadas. É um piso relativamente barato tem alternativa da cor, boa resistência, fácil reposição e antiderrapante, sendo, por isto, o mais indicado para pisos de parques e praças. Porém, desde o advento da cerâmica, ele só tem sido usado em pequenas quantidades e em poucos casos. Mesmo assim o especificamos e algumas fábricas se reuniram para atender a solicitação. Um pedido daquele porte, segundo os fabricantes, só havia sido feito a uns 15 anos atrás e, mesmo assim, em menor quantidade. Hoje já não nos preocupamos com volume de mosaico, pois a coisa mudou depois da primeira solicitação. O mosaico “pegou” de novo e a cidade voltou a usá-lo em quantidade, recriando o mercado, conforme temos visto.



Pista de Skate - Foto Gentil Barreira

Durante o desenrolar da obra observamos que teria um bom efeito, um desenho que arrematasse as bordas do calçadão, pelo lado da rua. A solução surgiu, inspirada em uma retícula gráfica ampliada, usada em um trabalho de programação visual da própria prefeitura. Esta retícula formava um bordado, que lembrava uma varanda de rede. Foi um espécie de acaso anexado ao projeto. Só que, para anexarmos aquele acaso ao mosaico precisávamos de nove formas diferentes e não temos aqui pessoal especializado neste tipo de coisa. Alguém, que não nos ocorre no momento, sugeriu uma solução de improviso. E um artesão local, torcendo o ferro de uma forma rude, fez as tais formas que resolveram bem a questão.



Foto Gentil Barreira

Dentro da obra, também projetamos as peças de concreto que sustentam as tabelas de basquete, as fôrmas usadas na na sua execução e descobrimos que o meio-fio de concreto, usado deitado, era um excelente arremate de acabamento para os contornos dos calçadões permanecendo, até hoje, como solução para parque, praças etc. Porém, uma das coisas mais importantes que aconteceram foi, com o mesmo orçamento, estender o comprimento da obra em mais 330 m, invertendo o sentido do caimento dos passeios para o lado das praias. Isto economizou aterro e fundação, que permitiu uma extensão final de 830 m sem acrescentar nem um centavo aos custos. Esta medida também foi adotada na segunda etapa, da seguinte forma: estipulamos que o volume de aterro deveria se resumir à metade do que havia sido calculado, compensando a falta com a própria areia do local. No final de tudo certo e, com a diferença, construímos um anfiteatro à beira do mar, com capacidade para 1.500 pessoas.



Foto Gentil Barreira

Era mais ou menos isto o que tínhamos a dizer. Acrescentamos, somente, que, na execução da primeira etapa, ocorreram muito mais coisas. Foi um projeto muito comentado na época, pois se tratava da primeira intervenção deste gênero, e deste porte, na cidade. Isto levantou muitas dúvidas e provocou, inclusive, uma polêmica quase que diária em um jornal da cidade, que foi minguando à medida que os resultados foram aparecendo.



Construção do Anfiteatro - Foto Gentil Barreira

Construção do Anfiteatro - Foto Gentil Barreira

Não podíamos falar do trabalho sem tocar nestas coisas. Justificá-lo, entretanto, coube à população quando o aceitou inteiramente. São 1.380 metros de passeios com bancos, bares, quadras de esportes, jardins, gramados, anfiteatro etc. Elementos que, por si só, estimulam a comunidade a sair de casa. Mas foi, sobretudo, gratificante a relação do arquiteto com a obra. Ali nós conseguimos experimentar, criar, recriar e, mais ainda, amadurecer um pouco, profissionalmente, da única forma que consideramos válida – dentro da obra."



Otacílio Teixeira Lima Neto, o Bisão.
Crédito: Blog Bisão Arquiteto

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Texto extraído do Panorama da Arquitetura Cearense, edição especial dos Cadernos Brasileiros de Arquitetura, em seu volume 9, de Abril de 1982.
Fotografias: Gentil Barreira.


Uma das imagens mais marcantes da Déc. de 1970/71: Beira-mar crescendo...
Dunas ao fundo. Um verde hoje ocupado por edifícios.


Vista do Mucuripe. Detalhe: o prédio azul foi um dos primeiros 
(senão o primeiro da Avenida após rasgada)


Postal início da década de 70. Construção do antigo Othon Palace Hotel, hoje Oásis Hotel.


Década de 70


Postal primeira metade da déc. de 70


Postal datado de 1974. Um opala azul na tranquila beira-mar...


Postal datado de 1976


Postal raro. Data: Segunda metade dos anos 70, talvez 1977, final da construção do Esplanada Praia na orla. Em primeiro plano, o Iracema Plaza Hotel, de 1951


Postal da segunda metade dos anos 70. Detalhe: o primeiro hotel cinco estrelas, Esplanada Praia Hotel, inaugurado em meados de 1978


Postal 1977-1978. O prédio mais alto é o Hotel Esplanada

Anos 80


Postal, metade da déc. de 80. Detalhe: construção do ed. Solar da Volta da Jurema


Postal segunda metade dos anos 80 - Acervo Gilberto Simon




Postal segunda metade dos anos 80


Vista da orla em 1982

 22 de abril de 1984 - Fecha as portas, definitivamente, o Restaurante Lido, bar e hotel, na Praia de Iracema, com endereço de Avenida Getúlio Vargas (Beira-Mar) nº 801.

 28 de janeiro de 1986 - O operário Francisco Pereira Ávila morreu quando as cordas que seguravam o andaime em que trabalhava, no 11º andar de um edifício em construção na Avenida Beira-Mar, romperam. Ele caiu e outros dois companheiros que estavam com ele ficaram pendurados por meia hora, sendo salvos por outros trabalhadores. 


Postal datado de 1986/1987 - Acervo Gilberto Simon

Anos 90
Vista do avião - Anos 90




Postal datado de 1991/1992. 
Construção do edifício mais alto de Fortaleza: Beira-mar Trade Center, 108 metros

 29 de junho de 1992 - Dia do pescador, inaugura-se, em terreno vizinho à Igreja de São Pedro, na Avenida Beira-Mar, no Mucuripe, o Monumento do Pescador, trabalho do escultor Kazane, iniciativa da Secretaria de Cultura e Desportos - Secult, na administração do governador Ciro Ferreira Gomes (Ciro Gomes) e do secretário de cultura Augusto Pontes.

Foto de 21 de março de 2007

 09 de agosto de 1992 - Inaugura-se, às 10h, no final da Avenida Beira-Mar, no largo em frente às bancas de venda de peixes e mariscos, o Monumento ao Jangadeiro, de 5m de altura, representando três velas de jangadas, vazadas, confeccionadas em aço especial anti-corrosivo, projetada pelo artista plástico Sérvulo Esmeraldo.
O monumento fora criado pela Lei nº 6.942, de 12/07/1991, de autoria do vereador Eliomar Braga.
Estiveram presentes à solenidade além do prefeito Juraci Vieira Magalhães (Juraci Magalhães), a primeira dama do Município, Zenaide Magalhães, o comandante Carlos Barbosa Faillace, da Capitania dos Portos, o presidente da Colônia dos Pescadores, José Maia e o artista autor do trabalho, Sérvulo Esmeraldo.



Postal circulado em 1993


Vista de Beira-mar 1995


Vista da beira-mar, um dos edifícios mais belos do país: Solar da Volta da Jurema


Postal datado de 1996


Beira-mar 1996

Foto de 1996 do livro Fortaleza 27 graus


Vista segunda metade dos anos 90 Crédito: Hotel Seara

 08 de janeiro de 1999 - Liminar expedida pelo juiz Francisco das Chagas Barreto Alves, garante a realização, mesmo fora da lei federal, do Código de Posturas (Lei nº 5.530) e da recente lei municipal (nº 8.219), o pré-carnaval na Avenida Beira-Mar

 28 de julho de 1999 - Inicia-se na Avenida Beira-Mar, mais uma vez, o Fortal.

 25 de outubro de 1999 - Fortaleza é atacada por fortes ressacas marinhas que causa sérios problemas urbanos como a invasão das avenidas litorâneas pela areia da praia, principalmente na Avenida Beira-Mar e Avenida Historiador Raimundo Girão e o desmoronamento de morros e desabamento de casas na Praia do Arpoador.

 30 de dezembro de 1999 - Morre, aos 30 minutos, com a idade de 83 anos, o desenhista-projetista José Ribamar Onofre vítima de insuficiência e infecção respiratórias. Foi o projetista da Avenida Beira-Mar, na administração Manuel Cordeiro Neto. Nascera em Princesa, PB, a 22/03/1916.


Anos 2000


Praia do Mucuripe - Alex Uchoa


Postal vista da Beira-mar tirada de um avião - anos 2000


Estátua de Iracema no Mucuripe



A única casa que existe na Avenida Beira-Mar de Fortaleza. Apareceu na novela: Meu Bem Querer, da Globo, era a casa do personagem de Murilo Benício 
(Foto: L.C. Moreira)

Calçadão da Av. Beira-mar



Fonte: Livro Cronologia Ilustrada de Fortaleza, Nirez, Otacílio Teixeira Lima Neto, o Bisão e Fortal

quarta-feira, 12 de maio de 2010

EXCELSIOR HOTEL



Raríssimo Cartão-Postal possivelmente de sua inauguração, 1931

A primeira construção no local data de 1825 e era um sobrado (construção de dois andares) pertencente ao Comendador José Antônio Machado.
Este sobrado foi construído pelo engenheiro Coronel Conrado Jacob de Niemayer, com a utilização de mão de obra de presidiários.
No sobrado funcionou o Hotel Central e o Café Riche.
Em 1926 foi comprado e em 1927 demolido.

O sobrado que pertenceu ao comendador José Antônio Machado. Demolido depois para dar lugar ao Excelsior Hotel
Um novo projeto, inspirado num edifício existente em Milão, Itália foi construído no mesmo local, sendo desconhecido o autor deste projeto.
O construtor foi Natali Rossi, irmão de Pierina Rossi, esposa de Plácido de Carvalho, rico comerciante fortalezense, e dono do novo prédio e do hotel.
Esta construção, de estilo eclético, foi o primeiro arranha-céu da cidade e utilizava na sua estrutura alvenaria de tijolos e trilhos* de trem, (sem cimento) e é considerado "o maior edifício de alvenaria no mundo"**. A decoração interna é da própria Pierina Rossi utilizando materiais importados da Europa.


Postal de 1940
Postal de 1934
Pierina Rossi era italiana e depois de ficar viúva casou-se com Emílio Hinko, arquiteto húngaro residente em Fortaleza.
Este arquiteto foi o construtor do Palácio do Plácido, majestosa construção, cópia de um Palácio Veneziano, que o Sr. Plácido de Carvalho havia mandado construir para a bela Pierina. Ficava na Avenida Santos Dumont, possuía pequenos chalés para servirem de moradia dos serviçais do castelo.
Nos anos 60 o castelo foi vendido.

Anúncio do hotel - 1953
"Diziam se tratar do maior do mundo em alvenaria...da época..." já foi um dos orgulhos dos fortalezenses, quando era anunciado como “maior hotel do Norte e Nordeste" como descrito em cartão-postal da época.


Inaugurado em 31 de dezembro de 1931, o prédio do Hotel Excelsior possui 07 andares. Na época, era o maior prédio em alvenaria já construído no Brasil. Naquela época, o hotel oferecia luxos como água corrente aquecida, luz elétrica, cozinha internacional, correios, telefonia e excelentes cômodos. Era considerado o único hotel de luxo do Ceará. Atualmente, o prédio destina-se à moradia da família e de alguns inquilinos.


Endereço: Rua Floriano Peixoto, em frente à Praça do Ferreira .


Ficha do Hotel da época que Amélia Earhart se hospedou- 1937

Foto do início dos anos 30
Matéria do Diário do Nordeste:

EXCELSIOR HOTEL - Teve o início de sua construção em 1928. No dia 31 de dezembro de 1931 surgia em Fortaleza o primeiro arranha-céu do Ceará e "o maior prédio de alvenaria do mundo" com sete andares em estilo eclético. O Excelsior Hotel foi o primeiro hotel de nível internacional do Nordeste. Localização: Rua Guilherme Rocha, 172.

O comerciante Plácido de Carvalho, que teve forte atuação no cenário empresarial de Fortaleza, nas duas primeiras décadas do Século XX, até a primeira metade dos anos trinta, registrou seu reconhecido bom gosto, em vários prédios que construiu, destacando-se, entre outros, o famoso Palácio Plácido, que ele erigiu para homenagear sua mulher, a italiana Maria Pierina Rossi; o Cine-Theatro Majestic Palace, o Cinema Moderno e o imponente Excelsior Hotel. Dos quatro monumentos arquitetônicos só resta o Excelsior, porém, há cerca de dez anos fechado, pois como hotel encerrou suas atividades. Com nove pavimentos, incluindo o térreo e o terraço da cobertura. O Governo do Estado, através da Secult, deve efetuar, de imediato, o tombamento daquele que é apontado como “maior prédio do mundo em alvenaria”. Ocupando espaço nobre no centro da capital, na Praça do Ferreira, fazendo esquina com a Rua Guilherme Rocha, o Excelsior Hotel já foi um dos orgulho dos fortalezenses, quando era anunciado como “maior hotel do Norte e Nordeste, com a maior terrace do Brasil”. Ali, durante décadas, se hospedaram as maiores personalidades do cenário artístico, político e empresarial do País. Entrou em declínio quando o fluxo turístico descobriu as amenidades da orla marítima e o centro ficou em desuso.


A visão de um repórter

A visão do terraço do primeiro arranha-céu. Um retorno à época em que superlativos não tinham acento agudo e "vizinho" e "aprazível" se escreviam com "s". A visão do repórter que subiu ao terraço do "primeiro arranha-ceu" (sim... "céu" também não tinha acento) da cidade é o retrato do que era a Fortaleza dos anos 30. "É um terraço aprasibilissimo, de onde se descortinam belissimos panoramas do mar, das serras e dos sertões visinhos", descrevia no texto sobre a inauguração do Excelsior Hotel. Um "mundo" enxergado do sétimo e último andar. Era de onde a Fortaleza construída chegava mais perto das nuvens. Mesmo sem a pompa de outrora, ele sobrevive em um dos cantos da Praça do Ferreira, vazio e austero.


Matéria de capa, edição de O POVO de 2 de janeiro de 1932:

O hotel começara a funcionar no primeiro dia do ano. "Hontem", detalhava o jornal. A solenidade de inauguração, no entanto, se dera às 16 horas do último dia de 1931. Até o interventor federal estava lá, era o senhor Carneiro de Mendonça. O prédio que mudava a cara da cidade virou acontecimento. Decoração, infra-estrutura, tabela de preços, tudo estava lá, detalhes minuciosos na matéria sobre a inauguração. Boa parte da população nunca conseguiria hospedar-se ali ou muito menos pronunciar o nome da "poderosa organização universalmente conhecida".

O fabricante do material de refrigeração do hotel era a Copeland Products inc. de Mountm Clemens, Michigan, ENA. O material de refrigeração era descrito em altura, largura e peso. A geladeira de oito portas do bar, por exemplo, tinha capacidade para 500 garrafas de cerveja e 12 quilos de gelo. "Os segundo, terceiro, quarto, quinto, sexto e setimo andares contem apartamentos e quartos avulsos, todos obedecendo a fino gosto, elegantes decorações, instalações sanitarias de primeira ordem e agua gelada em todas as dependencias do edificio" - isso mesmo, tudo escrito sem acento.




Mais detalhes podem ser encontrados no livro Caminhando Por Fortaleza de autoria do escritor cearense Francisco Benedito de Sousa.
O Livro pode ser adquirido na Livraria do Centro Cultural Dragão do Mar, nas Bancas de Revistas na Praça do Ferreira ou diretamente do autor através do telefone: (85) 493-2518.



*De acordo com o pesquisador e ex-ferroviário, Assis Lima, os trilhos usados não foram de trens. As ferragens para a construção do prédio vieram da Polônia, juntamente com uma encomenda para a estrada de ferro de Baturité, que à época já era denominada RVC. A encomenda chegou em 1929. Fonte: Relatório da RVC de 1929, criminosamente destruído em 1998 por ser entregue às intempéries de prédio com telhado comprometido. As chuvas de 98 levou os insensíveis dirigentes da ferrovia a colocarem "papéis velhos" no lixo.¬¬

terça-feira, 11 de maio de 2010

Caixas d'água do Benfica



Em 27 de Novembro de 1862, pela resolução nº 1.023 foi concedido a José Paulino Hoonholtz o privilégio de explorar por 50 anos o fornecimento de água em canecos, oriunda do Benfica, obrigando-se a instalar no mínimo quatro chafarizes na cidade.
O mesmo contrato mandava fechar todas as cacimbas (poços) residenciais.
No ano seguinte Hoonholtz transfere a concessão para a Ceará Water Company, de Londres, mas não funcionou.

Construção das caixas d'água em 1922. Acervo Lucas

Acervo Assis Lima

Anos 40
No dia 26 de Março de 1867 inaugurou-se esse serviço.
Só em 1911 o presidente do Estado inicia trabalhos de encanamento para água com duas caixas d'água na Praça Visconde de Pelotas (atual Praça Clóvis Beviláqua), mas em janeiro de 1912 o governador é deposto e as obras suspensas até 1922, quando novo presidente retoma as obras, que são finalmente terminadas e inauguradas em 1926.

As duas maiores caixas d’água erguidas sobre grandes e possantes arcadas de cimento armado elevadas às alturas do solo, ocupando grande parte dos fundos do espaço da Faculdade de Direito do Ceará, servindo para armazenar e distribuir a água pela rede do encanamento da cidade, hoje estão obsoletos pelo tempo e desuso do sistema de irrigação.


A ideia que tomava conta da cidade é que toda água encanada nas residências, vinha das caixas-d’água, por isso havia horário para o abastecimento para que cada usuário se prevenisse enchendo suas caixas nos horários próprios evitando ficar sem água. Era forma prática de se abastecer para não sofrer falta d’água, porque todos tinham conhecimento do horário que as águas chegavam aos seus locais e o tempo de duração da sua transmissão.

Em frente as caixas d'água. Acervo Léo Kalenga

Foto de 1986 - Arquivo O Povo

Quem dela não fizesse uso racional ou adequado, submeter-se-iam aos famosos banhos “turcos ou thecos” muito comum aos que não gostam de tomar banho... ou têm medo d’água.

Detalhe da escada que dá acesso as caixas d'água - Acervo Sahra Gadelha

Acervo Sahra Gadelha

Agora o tempo passou, temos com abundância, mas, ainda a depender das chuvas que venham para encher os açudes que nos abastecem e ficamos pedindo que as chuvas cheguem pelos sertões, serras, colinas e chapadas, ou, a gotinha que vem de nuvem nômade, que nos fala o grande poeta Guilherme de Almeida, quando diz: “e a gente fala da gotinha que erra de folha em folha e, trêmula, cintila, mas nem se lembra da que o solo encerra, da que ficou no coração da argila”.

Registro de 1971


Nos guardados histórico-afetivos do pesquisador Miguel Ângelo de Azevedo (Nirez), "aquela praça era muito bem arborizada, sendo depois, cortadas todas as árvores para construção de um reservatório d´água que ficou muitos anos ao abandono, só vindo a funcionar no final do século passado" (Portal da História do Ceará - www.ceara.pro.br). A praça havia sido urbanizada em 1930, à época do prefeito Álvaro Weyne, quando também recebeu o nome de Praça da Bandeira (ainda hoje, popular). De acordo com o memorialista, na administração de José Walter Cavalcante (1967-71), foi construída uma caixa d´água subterrânea que deixou a praça "sem arborização e sem função por mais de uma década".

Ali, a propósito, é o marco da ampliação do abastecimento d´água para Fortaleza. Em meados do século XIX, aponta Nirez, a praça Clóvis Beviláqua se chamava Praça do Encanamento: o nome dizia da implantação de chafarizes - depois, de caixas d´água - que estendiam o abastecimento desde o Benfica. Apenas a terceira caixa d´água, mais recente, erguida na década de 1960, permanece em atividade.

"As Velhas Caixas D’água - Até 1827, Fortaleza não tinha noção do que fosse abastecimento de água. O comerciante Abel Pinto vendia águas em carroças com entrega em domicílio, retiradas de fontes das nascentes localizada na Rua dos Quartéis, defronte a Igreja da Sé. Com autorização da Câmara Municipal, foi iniciados estudos do projeto de Abastecimento pelo Engenheiro Berthot em 1861. Um ano após foi concedido privilégio ao José Paulino Hoonholtz, a fim de fazer o encamento de seu sítio no Benfica, para espalhar a rede hidráulica pela cidade. Apesar de em 27 de maio de 1863, ter sido celebrado o contrato, a inauguração oficial verificou-se na tarde de 27 de março de 1867, pela THE CEARÁ (NORTH BRAZIL) WATER COMPANY LIMITED. (Assim nasceu as Caixas d”água)." Assis Lima


Fontes: O Povo, Diário do Nordeste, Portal do Ceará, Nirez 
pesquisas diversas na internet

A Rádio Educadora Cearense




O Brasil havia experimentado o funcionamento do Rádio por ocasião da festa do centenário da independência quando, aos 7 de setembro de 1922 foi instalado no Corcovado, Rio de Janeiro, um equipamento transmissor e vários receptores em locais estratégicos da então Capital da República. Isso motivou o Sr. Edgar Roquette Pinto a fazer funcionar um ano depois a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, embora devamos fazer justiça ao estado de Pernambuco quando em Recife a sua “Rádio Clube” foi ao ar em 1919. No Ceará, apesar da euforia de 1924 com a beleza teórica e pouca aplicabilidade prática do “Rádio Clube Cearense” que de modo efêmero funcionou no prédio do Distrito Telegráfico (Fênix Caixeiral), Fortaleza ainda saboreou desta experiência.
Coincidência ou não, a segunda tentativa em Radiotelefonia cearense nasceu juntamente com o Jornal O Povo, com diferença apenas de dias. Em 1 de janeiro de 1928 O Céu da Fortaleza Antiga Foi novamente cortado pelas ondas hertzianas da “Rádio Educadora Cearense”. Aos 12 de janeiro de 1928, o Jornal O Povo em sua edição nº 6, traz a seguinte nota: “Esta nova sociedade de Rádio, ciosa de seus deveres de educar o povo de nossa terra, está promovendo um concurso que sobre os aspectos, é merecedor dos aplausos do público e dentro de pouco tempo saberemos qual o melhor Rádio telegrafista...”.
A sede da Rádio Educadora Cearense localizava-se na Rua General Sampaio nº 118, no local onde depois funcionaria o Instituto de Previdência do Município-IPM, esquina com a Rua Meton de Alencar, na Praça Clovis Beviláqua, que já foi “Praça da Bandeira” e na época se chamava “Visconde de Pelotas”.


Por todo o mês de janeiro (1928) e, durante os dias úteis de 19.00 até 21.00h, ficaram abertas na sede da emissora, as propostas de matrículas aos interessados em fazerem o concurso para ficarem aptos, ao manuseio dos equipamentos da Rádio-telegrafia. Essa estação radiofônica foi se impondo no conceito público pela sua programação e pelas suas altruísticas atitudes.
O jornal “O Povo”, com menos de um mês de existência, já acompanhava todos os acontecimentos da cidade e publicou na edição de 23 de janeiro os nomes dos componentes da R.E.C. “Presidente: Dr. José Odorico de Moraes; Vice-presidente: Luiz Espíndola; 1º Secretário: Achiles Arraes; 2º Secretário: Pierre Pereira da Luz (Locutor); Adjunto tesoureiro: Antonio D'Oliveira Braum; Diretores fiscais: Flósculo Barreto, Benjamim Falcão e Oswaldo Fernandes”. Nessa mesma nota, o noticioso de Demócrito Rocha diz que o Sr. Antonio de Alencar Santiago (telegrafista), ficava como responsável pela a direção da Rádio, quando ausentes os diretores.



Naquela época era difícil se conseguir concessão do Governo para o serviço de comunicação, tanto pela dificuldade da aquisição dos equipamentos, o quanto pela a liberdade de expressão que era vigiada, talvez seqüelas deixadas pela “coluna prestes”.
Fortaleza assim sintonizava sua programação, mas ainda sem qualidade a gosto do ouvinte. Tinha o boletim informativo, músicas selecionadas. Nos fins de semana eram transmitidas para a elite (os receptores eram caríssimos) as partidas de futebol, de onde o poeta Pierre Luz, da janela do estúdio narrava os acontecimentos no campo, local este onde depois construíram a Faculdade de direito da UFC, afinal o Estádio do Prado só seria inaugurado em 1941.
A vida dessa emissora também foi curta, pois quando João Dummar criou “O Ceará Rádio Clube” a Rádio Educadora Cearense já havia saído do ar.
Teria sido a Revolução de 1930? Descubram os entendidos.




segunda-feira, 10 de maio de 2010

Rádio Verdes Mares

Em todo empreendimento que venhamos a implantar, para o esperado sucesso, devemos analisar os fatores que influenciam e os que motivam. A Rádio Verdes Mares parece ter passado por esse critério, pois não se concebe um mesmo grupo empresarial fundar uma empresa, para concorrer com ela mesma. Em tese o rádio é para oferecer entretenimento, cultura e informação. O ouvinte era levado ao nível do rádio, muito diferente de nossos dias em que muitas vezes, para se conquistar audiência alguns locutores com um linguajar torpe, promovem um verdadeiro festival de baixarias ao som de músicas com duplo sentido.
Foi no clima de conquistar um novo público que, foi inaugurada aos 28 de julho de 1956, na freqüência de 1.410 quilociclos, a Rádio Verdes Mares de Fortaleza. Com decoração do arquiteto Roberto Vilar, O estúdio foi instalado no 4º andar do edifício Pajeú (Rua Sena Madureira), e recebeu uma mesa de som importada dos Estados Unidos da América. Era um equipamento de alta fidelidade de fabricação Western Elétric. A estação transmissora fora instalada no bairro Nova Aldeota, local hoje próximo ao terminal rodoviário de integração do bairro Papicú com um excelente o transmissor de 10 kW, marca Phillips.
Esse foi mais um empreendimento da Cadeia dos “Diários Associados”, que resolveu oferecer uma programação diferente, acompanhando as transformações que a sociedade cearense da época reclamava. A Ceará Rádio Clube e a Rádio Iracema tinham uma programação voltada para auditórios, orquestras, apresentações artísticas, reportagens, produções. A verdinha como “Caçula dos Diários” foi ao ar, para o musical selecionado e o jornalismo. Depois o elenco desta emissora nova, seria enriquecido com a chegada de Wilson Machado que, vindo da Rádio Araripe do Crato, assumiria em 1957 a direção artística.

O que era interessante era que, os radialistas da Cadeia Associada, tanto atuavam no microfone da veterana PRE9, bem como no da Verdes Mares. Dentre outros atuaram de inicio na nova emissora: Wilson Machado, Antonio José de Alencar, Dílson Silveira e Narcélio Lima verde. Edilmar Norões passou a trabalhar a partir de janeiro de 1957.
Por dois anos a Rádio Verdes Mares fora associada, quando na seca de 1958, o radialista Paulo Cabral de Araújo teve seu contrato rescindido com a “Cadeia dos Diários Associados” que, administrava as empresas do jornalista Assis Chateaubriand. Recebeu como indenização pelos relevantes serviços, a Rádio verdes Mares. Sob nova direção, a rádio serviu como um canal a serviço daquele ano que era eleitoral. Paulo Cabral liderou um grupo de políticos ligados a União Democrática Nacional – UDN, onde emergiram nomes que se destacariam no cenário político como José Flávio Costa Lima, Hildo Furtado Leite e José Pontes de Oliveira.

Nesse período a emissora transferiu seu estúdio sendo anexado aos seus transmissores no Bairro Papicú, quando em julho de 1962 fora vendida para o grupo do empresário Edson Queiroz. A partir daí a emissora sob nova direção, experimentou incentivos conquistando a invejável posição que até hoje se encontra, graças ao trabalho do hoje saudoso Astrolábio Queiroz, cujo trabalho fora continuado por Mansueto Barbosa.

Toda emissora de rádio tem seu carro chefe ou trabalho que a destaca. A Ceará Rádio Clube tinha o “Matutino PRE-9” com Aderson Braz e cândido Colares e a “Festa na Caiçara”, com Augusto Borges no auditório; A Rádio Iracema tinha “Discoteca do Fã” com José Lisboa e o “Fim de Semana na Taba” iniciado com Armando Vasconcelos, seguindo-se com Eduardo Fernandes (Dudu) e depois foi para as mãos também de José Lisboa, no auditório; a UirapuruAtendendo o Ouvinte” e “Peça o Que Quiser” com Heraldo Menezes: a Dragão do Mar com “A Dragão Dá o Bis no Som Maior do Sucesso” com Guilherme Pinho e “Dragão a Dona da Noite” com Jadir Jucá etc.

A Verdinha foi além do estúdio, e montou um serviço móvel de utilidade pública na Praça José de Alencar. Estendeu-se aos bairros com prestação de serviços e, que o diga o dinâmico Narcélio Lima Verde, patrimônio da radiofonia cearense. E o quer dizer do Rádio Noticias Verdes Mares com o saudoso Mardonio Sampaio?

Sempre pecamos por omissão quando o negócio é menção de nomes, porém estiveram no microfone da Verdinha: Cirênio Cordeiro, Orlando Ramalho, Paulino Rocha, José Julio Cavalcante, José Santana, Almino Menezes, Paulo Lima verde, Edson Silva, Jurandi Mitoso, Nilton Sales, Euclides Costa, Ivan Prudêncio, José Rangel e
Cid carvalho.
Um técnico de destaque fora Francisco Lourenço dos Santos que ficou de 1962 até 1980, quando com o surgimento da Televisão Verdes Mares Canal 10, teve que ceder para o Dr. Pedro Virgilio que assumiu a Chefia de Engenharia do grupo VM.

A Rádio Verdes Mares, agora operando com uma potencia de 50 kW e que desde 1980 saiu da freqüência dos 1410 para 810 kHz, pertence ao “Sistema Verdes Mares de Comunicação”. Sob o comando do Dr. Edilmar Norões, e com uma programação atualizada e eclética, o seu estúdio está localizado na Avenida Desembargador Moreira, anexado à Televisão do mesmo nome.

A Verdinha sempre vem inovando, e seguindo desafios, pois obedece a diretrizes, vivendo sempre no contexto empresarial. A família de Comunicação Verdes Mares cresceu, e além de outras emissoras, já conta com afiliadas no interior cearense. A sua história de luta, deixou marcas indeléveis de grata recordação, cuja radiofonia cearense registrara em seus anais.
As atividades do rádio são voltadas para a sociedade, e é isso que a verdinha, vem fazendo.
Fonte: Tempos do rádio e arquivo Nirez

domingo, 9 de maio de 2010

Rádio Uirapuru



Ainda hoje se comenta a fase dos anos de ouro do Rádio cearense vividos brilhantemente, onde se procurou ressaltar que a época foi de pioneirismo, das radionovelas, dos programas de auditório, enfim, de tanta coisa marcante e vivida pelo Rádio no Ceará antes do aparecimento da televisão. O surgimento da Rádio Uirapuru trouxe aos cearenses uma inovação do que até então haviam feito as emissoras que a antecederam.

Inaugurada em 16 de junho de 1956, sua fundação fora resultado de uma labuta dedicatória e porque não dizer audaciosa de José Pessoa de Araújo e Aécio de Borba de Vasconcelos, com pacto associativo de amigos dentre os quais se destacaram José Julio Cavalcante, Luiz Crescêncio Pereira e Afrânio Peixoto.


Em todo projeto audaz devemos analisar os fatores que motivam e os que influenciam e neste clímax, nasceu a “Emissora do Pássaro”, a “Casa do Esporte”, “A Boazinha”, como bem frisaria depois o grande radialista Cid Carvalho. A rádio uirapuru na época de sua criação precisaria de novidades, bem como outras emissoras, e foi isso que fez com que o rádio não morresse, quando surgiu em novembro de 1960, a TV Ceará canal 2, a maior concorrente na história do rádio. Após a revolução pacífica, o rádio encontrou seu próprio rumo.

A Rádio Uirapuru tinha uma programação moderna e variada onde manteve de maneira diversificada, o entretenimento para os ouvintes, mas voltando-se para mantê-lo informado e prestando seus serviços aos que a prestigiavam com sua audiência.
Foram firmados convênios com a Mayrink Veiga e Nacional do Rio de Janeiro e os grandes programas humorísticos da época passaram a ser apresentados também em Fortaleza em gravações. A esse estilo de programação se juntaram as produções locais, como “Almanaquinho do Ar” com Tarcísio Tavares, “Revistinhas da Cidade” com Ivan Lima; “Despertador Musical” com Juarez Silveira e “Nos Bastidores policiais” com Cidrak Ratts, que marcou época.


Gazeta de Notícias - 21 de junho de 1961

O forte na programação da ZYH-25 haveria de ser o esporte, a noticia e a informação de um modo geral. E que para tudo isso viesse a funcionar com melhor qualidade, para aqui veio o extraordinário Fernando Jacques, da Rádio Nacional do Rio que acabara de retornar ao Brasil, após estágio na BBC de Londres.
Uirapuru diz respeito a um pássaro raro, pequeno, com penas castanhas e cinzas e seu porte é algo em torno de 200 g. Segundo os amazonenses, seu canto bonito e nostálgico só é ouvido quinze minutos por ano. Que bela inspiração do empresário José Pessoa de Araújo.


A instalação do estúdio inaugural foi no décimo primeiro andar do Edifício Arara (IAPC), na Rua Pedro Pereira no centro de Fortaleza. A Estação Transmissora fora colocada no antigo Santa Rita (atual Maraponga), considerado um dos bairros mais arborizados da capital. Cada emissora que surgia, notadamente procurava ganhar o seu espaço, pois a televisão como já foi dito ainda não existia. As famílias se reuniam em suas respectivas salas de estar e, nas cantoneiras sintonizavam o Rádio.


O bom do rádio antes da TV era que, o ouvinte trabalhava com sua imaginação querendo descobrir quem era aquela voz, ou desenhava na mente como seria aquele locutor ou Radioator.
A Rádio Uirapuru em 1957 mudou seu estúdio para o “Prédio do Rádio”, edifício que a direção mandou construir na esquina das ruas Clarindo de Queiroz com General Sampaio, na antiga praça da Bandeira. O formato da edificação era realmente de um aparelho receptor que serviu de ícone, tal como: “Guindaste Titan” no Mucuripe; o “Bar do Avião” na Parangaba; a “Palhoça do Raimundão” na Serrinha; o “Atapu” no Joaquim Távora; a “Vila Cazumba” na estrada de Messejana; o “Muro do Colégio Santa Isabel” no antigo Alagadiço e as “Oficinas do Urubu” no Carlito Pamplona.


Alguns que marcaram época nos microfones da Uirapuru foram: Heraldo Menezes que era o dono da tarde com os programas: Atendendo o Ouvinte e o Peça o que Quiser; Edson Silva com Nós na Fossa; Silvino Neves com forró na Madrugada, e sem esquecer do eloquente noticioso, na brilhante voz do jornalista e advogado, Dr. Cid Carvalho com “Antenas e Rotativas”. Em gravação, o Reverendo Celsino Gama com o Cada Dia, Programa da Igreja Presbiteriana.
Foi registrado muito ecletismo e pouca vaidade na emissora do pássaro, que convém salientar a passagem de César Coelho com “Romances de César Coelho”, dramas diário; Carvalho Nogueira que como poeta e jornalista, tinha a alma de seresteiro.
Atuaram dentre outros também: Baman Vieira, Carlos Alberto, Lúcio Sátiro, Orlando Viana, Barroso Damasceno, Gilvan Dias, Cauby Chaves, Vicente Alencar, Almir Pedreira, Lúcio Brasileiro...

Em 1975, a Uirapuru mudou de frequência, passando de 1340 para 760 kHz e no prefixo de ZYH 588. O estúdio depois que saiu da Praça da Bandeira, esteve na Rua Quintino Bocaiúva (Benfica), no edifício da Gellati na Avenida Barão de Studart e, atualmente é localizado na Rua Marcondes Pereira, no bairro Joaquim Távora.
Pouco antes de ser vendida, a administração da Uirapuru estava sob o comando de José Pessoa Filho, Wagner Jucá e Vânia Pessoa.


Adquirida pela Igreja Universal do reino de Deus, a Boazinha passou uma temporada com o nome de “Record”, porém ao integrar a Rede Aleluia, voltou ao original: “Rádio Uirapuru de Fortaleza”, e agora com modernos transmissores jogando 25 kw na antena de 110 metros, os céus do Nordeste são rasgados com 24 horas de programação evangélica.

Aos amigos não poupo elogios; aos inimigos ainda que os tivesse, pouparia qualquer crítica”. José Pessoa de Araújo.


Créditos: Tempos do rádio e Arquivo Nirez

sábado, 8 de maio de 2010

Rádio Dragão do Mar

"Uma Emissora de Luta na Terra da Luz "

A Rádio Dragão do Mar nasceu com conotação política; enquanto a Rádio Verdes Mares já nas mãos de Paulo Cabral de Araújo apoiava a União democrática Nacional - UDN, o Partido Social Democrático - PSD com vistas à campanha sucessória de 1958 fazia oposição ao Governo do Estado do Ceará, que estava nas mãos de Paulo Sarasate (governador) e Flávio Marcilio (vice). O Rádio sempre fora um bom cabo eleitoral e antes do advento da Televisão era um forte instrumento de base.

O fortalecimento da Dragão vingou na inspiração da Braveza, pois, em dezembro de 1957 a emissora já tinha inserções experimentais e a aparelhagem, estúdio e escritório já estavam instalados no edifício Arara (Depois sede do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários IAPC) , na Rua Pedro Pereira, centro da cidade, ocupando todo o 11º andar do prédio.
O Jornalista Blanchard Girão teve como responsabilidade elaborar o esquema de programação na nova emissora, que foi inaugurada aos 25 de março de 1958, data comemorativa da abolição da escravatura negra no Ceará. A nomenclatura “Dragão do mar” foi uma justa homenagem ao aracatiense de “Canoa Quebrada”, o jangadeiro Francisco José do Nascimento, cognominado “Chico da Matilde”, cuja idéia desse batismo radiofônico, segundo os contemporâneos fora idealizado pelo radialista Olavo Peixoto de Alencar. A música escolhida como característica foi “Terra da Luz”, música de exaltação, de autoria de Humberto Teixeira e Lauro Maia. Depois o humorista e compositor Silvino Neto, que em temporada por Fortaleza, fora incumbido de produzir um seriado de vinhetas sob o tema “Terra da Luz”, e foi quando a emissora obteve um toque mais suave na exibição de sua programação e intervalos comerciais.

A denominação de “Dragão do Mar” já tinha como sugestão uma linha de protestos e lutas, como ficou ratificado, pois assim fora assegurada por ondas hertzianas uma labuta que culminou com a vitória do Sr. Parsifal Barroso, candidato da união PSD/PTB.
A rádio seria a “pedra no sapato” do Governo da UDN, onde havia denuncias de deficiências na administração estadual, e que na análise do hoje saudoso Jornalista Blanchard Girão: “tinha escândalos de afilhadíssimos que caracterizavam, de um modo geral, a prática política estadual daqueles tempos”.
Com força no setor jornalístico, que estava entregue aos irmãos Almir e Artur Pedreira, a “Dragão” tinha obviamente um caráter primordial: combater o Governo da UDN e a promoção eleitoral dos candidatos do PSD. A direção política da emissora estava a cargo do então deputado estadual Franklin Chaves. O editorial da rádio era a crônica “A Nossa Palavra”, que ia ao ar às 12.h30, escrita por Blanchard Girão, lida por Waldir Xavier e, esporadicamente por Almir Pedreira.

A emissora, com forte oposição e radicalismo caiu na graça do povo e isso contribuiu especialmente no departamento de esportes, onde originou uma grande equipe (Ivan Lima, Gomes farias, Paulino Rocha, Josely Moreira e muitos outros). Os programas de estúdio, muitos elaborados por Juarez Barroso (já falecido) e Rui Paes de Castro, todos vislumbrando dotes jornalísticos e rádio/teatro.
Programas da “Dragão”, além da crônica, ficaram líderes em audiência, “O Contador de História”, quadros rápidos, com resumidíssimos contos de extraordinária graça. Ressalte-se, demais, o cast de radioteatro, dirigido por J. Oliveira, que encenou algumas das mais ouvidas novelas de rádio da época. Neste cast apareciam nomes jovens, que se consagrariam depois no rádio e no teatro brasileiro, por exemplo, Aderbal Junior e Oliveira Filho.
Sem demora, a “Dragão” passou a ocupar posição de relevo no campo radiofônico local. Em alguns horários, a “Dragão” batia amplamente as concorrentes, razão pela qual era a emissora preferida por alguns fortes anunciantes, como a The Sidney Ross, que mantinha elevados contratos com a emissora para a divulgação de seus principais produtos, como “Melhoral”, “Talco Ross” e “Pílulas de Vida do doutor Ross”.
A rádio, segundo alguns jornalistas, sacudiu a opinião pública, denunciando os desmando do Governo udenista. Estes retrucavam mais violência onde na época o Secretario de Segurança, general Severino Sombra, mandou prender um carro de reportagens da “Dragão”. Isto provocou uma reação histórica da imprensa local liderada por Perboyre e Silva, presidente da Associação Cearense de Imprensa. Uma imensa passeata de carros formou-se na Sede da ACI e se dirigiram para o Quartel da PM em Antonio Bezerra, com até as rádios concorrentes transmitindo os lances do acontecimento, e o povo nas calçadas aplaudindo os jornalistas. O comando do quartel não permitiu a entrada dos jornalistas e os mesmos se deslocaram para a Praça dos Voluntários (Centro de Fortaleza), onde aconteceu outra enérgica manifestação, exigindo a libertação dos companheiros presos, o que foi afinal conseguido graças à firmeza e à valentia pessoal de Perboyre Silva. Tudo isso fez crescer ainda mais o prestígio e a popularidade da “Rádio Dragão do Mar”, com seus índices de audiência subindo de tal forma que as concorrentes já se sentiam incomodadas.
Noutra ocasião, o mesmo Secretário de Segurança, general Sombra, mandou prender de modo arbitrário um grupo de jornalistas. Os policiais detiveram numerosos profissionais de jornal e rádio, dentre os quais Adísia Sá, Narcélio Lima Verde, Edmundo Maia. Todos esses lamentáveis acontecimentos só fortaleceram a oposição, afinal a rádio Dragão do Mar, que liderava a luta contra a orgia de nomeações feitas pelo Governo da UDN, a esta altura, já estava derrotado nas urnas.
Concluída a campanha com o PSD voltando ao poder, o partido sentiu que não tinha vocação para manter uma emissora, com seu um elenco milionário: equipe esportiva e de jornalismo, produtores de programas, cast de rádio-teatro. Foi herdada uma folha de pagamento altíssima, o que a colocou em permanente situação deficitária. O PSD passou o comando da rádio, então ao Sr. Moysés Pimentel.
A “Dragão”, já politicamente prestigiada, sob a orientação de Pimentel, tornou-se porta-voz das grandes bandeiras reivindicatórias da época, abrindo microfones a lideranças operárias, estudantis e mesmo camponeses. Sustentou a campanha em favor do general Lott à presidência da República (candidato do PSD/PTB) e assumiu posição firme em prol da legalidade, quando da renuncia do Sr. Jânio Quadros, sendo a única do Estado a lutar em favor da posse do vice-presidente João Goulart.
Ao lado de Jango, a “Dragão” assumiu a linha de frente em prol das reformas de base e foi, no Ceará o grande veiculo de divulgação das teses progressistas que marcaram aquele período histórico brasileiro. Em 1962, como decorrência natural da conduta da emissora, a sua cúpula diretiva candidatou-se, sendo eleito com grande votação, o empresário Moysés Pimentel para a câmara federal e Blanchard Girão que era diretor de programação, juntamente com Aécio de Borba diretor administrativo, foram para a Assembléia Legislativa.
Os dias da “Dragão”, porém, estavam contados. Em 64, mal estourou o “golpe”, os militares trataram de ocupar a rádio, fechando-a e prendendo os seus jornalistas e locutores (Peixoto de Alencar, Nazareno Albuquerque dentre outros), enquanto os deputados Moysés Pimentel e o Blanchard Girão foram cassados e presos. Desde 62 a emissora política mantinha a sua diretriz democrática e reformista, ao lado do Presidente da república João Goulart que fora deposto em 1964.
A “Dragão” saiu do ar por vários meses e, quando voltou veio sob outra direção,ou seja com o militar reformado General Almir Macedo de Mesquita. Totalmente descaracterizada e, de tombo em tombo, ficou na vala comum das rádios, quase ignoradas pelo público.
A Rádio Dragão do Mar, em seu primeiro período, como emissora do Partido Social Democrático e posteriormente sob a orientação político-ideológica do empresário Moysés Pimentel, (presidente regional do Partido Social Trabalhista – PST) confunde-se com a conturbada realidade sócio-política do Ceará e do País naqueles finais de década de 50 e princípios da década seguinte. Nacionalmente, a Dragão do Mar esteve na crista de acontecimentos históricos da maior relevância, como a renúncia do Presidente Jânio Quadros, seguida da afronta à Constituição vigente na tentativa de golpe por parte dos comandantes militares, que vetaram a posse do Vice-Presidente, João Goulart.
A Dragão foi a única emissora cearense a posicionar-se a favor da posse do Vice-Presidente, entrando em choque, conseqüentemente, com a área militar. Toda a momentosa jornada do governo Goulart, a luta pelas reformas de base da sociedade brasileira, o despontar da consciência cívica do nosso povo, estudantes e trabalhadores em memoráveis movimentos, tudo isso perpassou através das ondas da Rádio Dragão do Mar, cuja coerência política se manteve incólume durante toda aquela fase. Em 1964, no auge da crise política brasileira, a Dragão continuou impavidamente nas suas posições.
Pois bem, os estúdios da rádio Dragão do Mar, quando saiu do edifício Arara, esteve na antiga Avenida Estados Unidos (hoje Senador Virgílio Távora), passando uma temporada na Rua Marcondes Pereira, próxima a Avenida Barão de Studart. Hoje está na Rua 25 de março nº. 685, e sua estação transmissora está transmitindo da Avenida Presidente Costa e Silva no Mondubim Velho, com uma torre de 100 metros, 25 kW de potência com o transmissor EASA, e 10 kW com o auxiliar de marca Nautel.
Com uma programação bem eclética, inclusive reservando o horário noturno para programação evangélica, sempre operando na freqüência de 690 kHz, a ZYH 590 concedida ao Partido Social Democrático – PSD, foi adquirida por Moysés Pimentel juntamente com o Deputado Franklin Chaves; das mãos do general Mesquita foi transferida para a Família Cesar Cal's na pessoa de seu diretor presidente Dr. Sérgio Cal's. Finalmente a famosa Dragão do Mar em 1 de agosto de 2008, fora vendida para a Comunidade Católica Shalom.

Sua programação jornalística, musical, evangélica e todos os outros foram erradicados. O povo continua ouvindo rádio, mas a bravura política e a diversificação aprendida pela didática dos microfones da 690, foi para a história.
É dizer como o saudoso radialista Wilson Machado: “E os anos carregaram”.
Fonte: Tempos do rádio
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