Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga : Nos trilhos do tempo
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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Nos trilhos do tempo

“O primeiro apitar de trem”
No dia 3 de agosto de 1873, cerca de 8.000 fortalezenses - a quase totalidade da população da capital cearense de então! - vieram, meio assombrados, assistir, na rua do Trilho de Ferro, hoje Tristão Gonçalves, à passagem barulhenta do primeiro trem que andou espantando todo mundo, na via pública, com o seu apitar estridente e esquisito.
Naquela tarde, dava-se a experiência da locomotiva "Fortaleza". Diante da multidão basbaque, o pequenino trem, com um êxito surpreendente, rodou, cinco vezes, seguidamente, sob os mais entusiásticos aplausos, entre a estação Central, localizada no antigo Campo d'Amélia, atual praça Castro Carreira....”
  


Raimundo Menezes - Coisas que o vento levou... 


Estrada de ferro de Baturité

Foi em 25 de março de 1870 que um grupo de empresários ilustres entenderam de impulsionar o desenvolvimento do nosso Estado e, assim, resolveram se reunir e criar uma ferrovia. O Pacto foi firmado entre o Senador Tomaz Pompeu de Souza Brasil, o Bacharel Gonçalo Batista Vieira (Barão de Aquiraz), o Coronel Joaguim da Cunha Freire (Barão de Ibiapaba), o negociante inglês Henrique Brocklehurst e o Engenheiro Civil José Pompeu de Albuquerque Cavalcante.
A Companhia Cearense da Vila Férrea de Baturité foi constituída em 25 de julho do mesmo ano. Esta era a empresa para construir um caminho de ferro inicialmente até a Vila de Pacatuba, com um ramal para Maranguape.
Em 1871 foi instalado em Fortaleza o escritório da empresa, tento seu primeiro empregado João da Costa Weyne. O local escolhido para a instalação da estação central foi o antigo Campo D'Amélia, hoje a Praça Castro Carreira, e para a construção do "chalet" para o escritório e as oficinas o antigo Cemitério de São Casimiro. A inauguração aconteceu em 9 de julho de 1870, no Reinado de Dom Pedro II, tento como o diretor da Estrada o Engenheiro Amarílio de Vasconcelos.
Em 1º de julho de 1873 deu-se o assentamento dos primeiros trilhos, com a Locomotiva de Fortaleza andando sobre eles em agosto. Foi concluído em 14 de setembro de 1873 o primeiro trecho entre Fortaleza e Arronches, hoje Parangaba, sendo ele inaugurado em 29 de novembro. A primeira viagem que o trem fez sobre aquele trecho teve como tripulação o maquinista José da Rocha e Silva, foguista Henrique Pedro da Silva, chefe de trem Eloy Alves Ribeiro e guarda-freio Marcelino Leite.



De um tempo em que os trens do interior transportavam passageiros além das cargas, o Ceará chegou a possuir 58 estações ferroviárias, perfazendo um total de 600 km. Isso é o que conta o arquiteto José Capelo Filho, dono de um acervo impressionante com mais de 4000 fotografias, que outrora pertenceram a Mister Hull. "Conheci a mulher de Julian, filho de Mister Hull com uma cearense, que queria doar os álbuns depois que o marido faleceu, então eu fiquei. As mapotecas, esses móveis, também comprei dela", explica Capelo, apontando para as mobílias de seu escritório, as quais hoje abrigam livros, documentos e relíquias sobre a história do Ceará.

Mister Hull
Com o material em mãos, o arquiteto reuniu as imagens, ao lado de sua esposa, a também arquiteta Lidia Sarmiento, com o objetivo de registrar informações valiosas durante o processo de restauração das estações ferroviárias, com base em dados reais, ou simplesmente conhecer mais sobre a história do Ceará. Algumas estações, aponta com tristeza, estão abandonadas, perderam detalhes valiosos, como arremates do telhado, ou se encontram perdidas no meio da vegetação que tomou conta da paisagem.

"Cada imagem será acompanhada por um registro gráfico e iconográfico, com informações sobre a data de inauguração das estações, altitude, posição quilométrica, o nome anterior e o atual. Além disso, há desenhos de plantas, que encontrei no acervo de Mister Hull", explica. Tanto detalhamento é fruto da obsessão do ilustre gerente de estrada de ferro, que hoje dá nome a uma das avenidas de Fortaleza. Por trás das imagens, é possível se deparar com um senso de organização de quem queria registrar pessoas, animais, detalhes de casas, além de outras informações, anotadas também em índice. Nos livros, a marca registrada do colecionador retrata a preocupação em apontar a origem do acervo.

"Tenho também documentos importantes como o balanço anual da estrada de ferro de Baturité, de 1912 a 1915, com informações sobre a arrecadação, o número de vagões...", descreve. Outro livro, entre os achados, é do Engenheiro Ernesto Antônio Lassance Cunha, onde se observam dados, descrições sobre a economia de municípios e localidades do Ceará. "Já aí se pensava, por exemplo, em ligar o Ceará ao Sul da República. Havia também a preocupação em minorar os efeitos da seca e desenvolver a lavoura e a indústria do estado".

História

"No dia 3 de agosto de 1873, cerca de 8000 fortalezenses - a quase totalidade da população da capital cearense de então! - vieram, meio assombrados, assistir, na rua do Trilho de Ferro, hoje Tristão Gonçalves, à passagem barulhenta do primeiro trem que andou espantando todo mundo, na via pública, com o seu apitar estridente e esquisito".

A passagem do texto de Raimundo Menezes, em "Crônicas Históricas da Fortaleza Antiga", retrata a cena ocorrida no Campo D´Amélia, atual Praça Castro Carreira ou da Estação, por ter sido escolhida para abrigar a estação central da Estrada de Ferro de Baturité. Durante a inauguração, o trem fez algumas viagens, acompanhadas de aplausos da população.

Um engenheiro que gostava de colecionar imagens

O arquiteto José Capelo Filho conta que o inglês Francis Reginald Hull, ou Mister Hull, como é mais conhecido, chegou ao Ceará em 1913, nomeado para o cargo de Superintendente Geral da Brazil North Eastern Railway, arrendatária da Rede Ferroviária Cearense, para explorar o serviço de trem. Era uma criação da South American Railway Construction Company Limited. Além da ocupação como engenheiro ferroviário e hidráulico, Mister Hull dividia seu tempo fotografando, colecionando cartões-postais, contando a história dos locais por onde passava por meio das imagens, muitas delas hoje no arquivo do arquiteto. Curioso, estudou as secas do estado, quando descobriu a ligação do fenômeno com as explosões solares, que ocorrem com uma variação sazonal de 9 a 11 anos. Um quadro com o gráfico, inclusive, encontra-se no escritório de Capelo. Segundo o arquiteto, o inglês ainda era dono da biblioteca mais importante do Brasil do ponto de vista de documentação do período colonial.

Mister Hull


Ceará nos trilhos


Os trens estabelecem os caminhos do progresso cearense, provocam mudanças na sociedade e criam uma nova paisagem. Em “Estradas de Ferro no Ceará”, Francisco de Assis Lima e José Hamilton Pereira remexem o baú do transporte ferroviário no Estado, mergulham na memória, e revelam uma história feita de desafios, sonhos, construções ousadas e prédios que o tempo se encarregaria de fornecer valor histórico.

A primeira concessão para a construção de estradas de ferro no Ceará deu-se com um decreto de 1857, em um empreendimento que deveria construir e explorar uma via férrea a qual, partindo de Camocim e imediações de Granja, seguiria para o Ipu, passando por Sobral. Um projeto arquivado. Outro marco da história ferroviária cearense data de 1968, quando foi apresentado o projeto de uma linha ferroviária ligando Fortaleza à vila de Pacatuba, com um ramal para a cidade de Maranguape. Outro projeto que não saiu do papel.

Só dois anos depois, nasceria o projeto da primeira estrada de ferro construída no Ceará, a Via Férrea de Baturité. E, em 13 de março de 1873, chegavam a Fortaleza as primeiras locomotivas, desembarcadas no trapiche do Poço das Dragas (antigo porto). “O prédio da estação ainda estava em obras quando recebeu as máquinas à vapor que, sendo arrastadas por tração animal com a afixação de trilhos portáteis, foram transformadas num show de apresentação, ao desfilarem pela Rua da Ponte (Alberto Nepomuceno) e Travessa das Flores (Castro e Silva) até a Praça da Estação, explicam os autores.

Um novo “espetáculo” aconteceu cinco meses depois, quando a locomotiva “A Fortaleza” rodou cinco vezes - desta vez com os próprios motores - da Estação Central até a parada “Chico Manoel”, no Cruzamento das Trincheiras, atual Liberato Barroso. O primeiro trecho da ferrovia, ligando o Centro ao Distrito de Arronches (Parangaba), ficou pronto em setembro de 1873, quando, com restrições, uma locomotiva e alguns vagões chegaram, pela primeira vez, a Parangaba.

Em seguida, foram inauguradas as estações de Mondubim, Maranguape e Maracanaú (1875) e Monguba e Pacatuba (1876). O governo imperial encampou a ferrovia em 1878 e estabeleceu algumas mudanças no projeto original, além de ordenar a construção de uma nova estrada ligando o porto de Camocim até Sobral e o início dos estudos para a construção da nova estação central, que seria inaugurada em 1880.Registros fotográficos

A obra traz registros fotográficos históricos de estradas sendo construídas, das festas de inauguração no Ceará, das pontes e estações mais importantes no caminho dos trens. Algumas fotos ganham mais valor por retratarem estações que foram demolidas com o tempo, como a de Maracanaú, e de paisagens de um Ceará que não existe mais. Mas a maioria das fotos é de construções que resistem ao tempo. São registros das pontes sobre os rios Acarape, Aracoiaba, Quixeramobim, Putiú, Jaguaribe e de belas estações, como as de Camocim (1913), Missão Velha (1926).


Crédito: Diário do Nordeste e Ofipro 

8 comentários:

  1. gostaria de obter a fotografia onde o irmão de meu bisavô, Ernesto Lassance Cunha (diretor da EFB), posa ao lado do Presidente do Ceará, Caio Prado. Como faço?

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    1. Oi Josette, boa tarde!

      Diga o número da foto (de cima pra baixo - 1ª, 2ª, 3ª...) e diga para qual e-mail devo mandar que te envio sem problema.

      Abraços

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    2. Por gentileza, quem tem contato telefônico do Nirez e do Eng. José Hamilton da RFFSA ?

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  2. soy Ruth Hull honum, nieta de Francis Reginald Hull. Me gustaria contactar con la esposa del Sr Julian Hull, Dalva Ferreira, creo, o con sus familiares y descendientes . Hace años estuvimos contacto. Muy agradecida. ruthhull.prof@insestatut.cat

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  3. Vocês aí no tem nenhuma foto do ilustre o qual foi dado o nome da praça Antônio Alves linhares

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    1. Oi Rosana, bom dia!

      Talvez o Nirez tenha:
      nirez@terra.com.br

      Abraços

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  4. A esposa dele era Dona Maria Linhares mas conhecida como Maezinha

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