Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



sexta-feira, 27 de novembro de 2009

A antiga Praia Formosa


Uma das fotos mais antigas de Fortaleza. Trecho da antiga Praia Formosa onde hoje situa-se o Marina Park Hotel. Vemos a linha férrea que seguia para o porto.
Desde a década de 1920 até inicio dos anos 1960, a então Praia Formosa era habitada por pescadores e por pessoas de classe média, que ali se instalavam devido à facilidade de acesso à Praça do Ferreira – ponto de convergência de todo o comércio de Fortaleza, repartições públicas, linhas de ônibus e de bondes, correios, bancos, etc. O trajeto entre a Praia e a Praça do Ferreira era cumprido a pé.

Arquivo Nirez


Praia Formosa em 1905

Ao longo desse tempo a Praia Formosa sempre foi uma área bastante movimentada, com destaque para os anos 1940, quando por ali transitavam as moças que habitavam o “Curral das Éguas”; também circulavam jovens solteiras de boas famílias, que frequentavam o cassino dos americanos (no lugar do atual Estoril), ou ainda, o “La Conga” que ficava na descida da Rua Barão do Rio Branco, já na beira do mar. O La Conga era tipo uma boate, e servia de ponto de encontro dos soldados americanos que ficaram aquartelados na cidade no tempo da guerra.


Rara imagem de 1911

Estima-se que, entre 1943 e 1946, um total de 50 mil americanos tenha passado por Fortaleza.
Para suas distrações se faziam acompanhar das famosas “Coca-colas”, como ficaram conhecidas as moças de Fortaleza que namoravam os americanos, mesmo sem conhecer o idioma.
Bastava saber dançar e dizer algumas palavras que permitisse os mais rápidos relacionamentos.

Na descida do Passeio Público em direção a praia estava o “Bar São Jorge”, palco de muitas desventuras humanas, e por esse motivo, muito conhecido da crônica policial da cidade.



Nas redondezas se aglomerava grande número de operários que trabalhavam na antiga “Light”, lugar que acumulava enorme quantidade de cinza das caldeiras que forneciam eletricidade a Fortaleza.
Mais tarde o lugar passou a ser chamado pejorativamente de “Cinzas”.



A praia em 1927

Praia Formosa em 1929 com a primeira sede do Náutico 

No Arraial Moura Brasil, na descida da ladeira da Rua General Sampaio, ao lado da Estação Central e da Casa de Detenção (Encetur), em direção a Praia Formosa, ficava o muito famoso “Curral das Éguas”, local onde desde 1920, muitos rapazes, de todas as classes sociais, se iniciavam nas artes amorosas.



Ladeira da Rua General Sampaio, que terminava na Praia Formosa.


" Essa ladeira é onde nascia a rua General Sampaio formando a bucólica praia Formosa. Hoje, nada existe dessas casas. O avanço do mar a Leste Oeste modificaram por completa esta paisagem. Hoje neste local está o viaduto que dar acesso a Leste Oeste e também ao Hotel Marina Park. Esse era o bairro Arraial Moura Brasil, onde existiam ruas famosas como a Braga Torres. O que restou a muito custo, foi a Igrejinha de Santa Teresinha. A fotografia é da década de 40. Nesse tempo a praia Formosa, era um ambiente sadio e alegre. Fortaleza avançava em todos os sentidos... muitos anos passaram... e esse local tornou-se marginalizado, ficando conhecido como Curral das Éguas, de baixa categoria, muitos crimes houveram ali." Nirez


"Antiga rua Santa Terezinha na altura do número 500 no Arraial Moura Brasil, que foi demolida para passagem da Av. Leste-Oeste. Este beco que vemos no bar que tem a placa do refrigerante Crush laranja é a entrada do famoso terreiro de umbanda da dona Biléu. Neste local hoje está a estátua da santa Edwiges." Raimundo Barros



A igrejinha foi o que restou da antiga rua depois que foi aberta a Avenida Presidente Castelo Branco, apelidada imediatamente de Leste-Oeste, porque segue paralela à margem do Oceano.
As casas, estilo chalés situados à esquerda de quem descia a rua General Sampaio, estavam sempre feericamente iluminados. As mulheres, de todos os tipos, vinham de todo o estado do Ceará, boa parte delas fugindo das secas e da carência de oportunidades em suas cidades, para “fazer a vida” e assumir a profissão.


Vista aérea de 1938/39 vendo-se ao fundo a antiga Praia Formosa

Na pensão onde fixavam residência, a primeira providência da madame (a dona da pensão) era levar a “mariposa” a Chefatura de policia onde era registrada, com prontuário de ocorrência sanitária, obrigada a comparecer mensalmente para obter visto na carteira, e para ser examinada para saber se tinha contraído “doença do mundo” ou “curuba”, um tipo de sarna muito comum na época.
Os homens solteiros, casados, comprometidos, ricos, pobres, pretos ou brancos, frequentavam o local às escondidas, cuidando para evitar as “doenças do mundo” dada a inexistência de preservativos ou camisinhas.

Foto de 1973

A praia na década de 70
Os que pegavam alguma doença venérea, consultavam urologistas de confiança em busca da cura, tudo no maior segredo, evitando-se chegar ao conhecimento das famílias e namoradas, porque tal ocorrência podia decretar até o fim do casamento, se fosse descoberta.


Postal anos 70

O trottoir* era o ponto alto do assédio: as “damas da noite” vestiam-se com roupas de sedas chamativas, subiam e desciam a ladeira da rua General Sampaio, a fim de atrair os fregueses que se postavam na parte alta da rua, ou que estavam nos botequins da área.
Arranjado o parceiro, levavam para o quarto do lupanar reservado para o oficio, que não durava nem meia hora. Findo o encontro, a mulher já saía do quarto com traje diferente do que usara antes para não ser reconhecida pelos circunstantes, e recomeçava a lide de subir e descer a ladeira.
Ao lado do curral havia outras pensões, o Oitão Pretoe a Pensão da Olímpia, ambas de categorias superiores e separadas do público que frequentava o curral.



Praia Formosa sem o Marina Park Hotel - Carlos Juaçaba

Postal anos 90, já com o Hotel Marina Park
Muitas foram as promessas do poder publico e de entidades da iniciativa privada, de mudar a tradição de uso e ocupação da Praia Formosa (hoje chamada de Praia de Iracema). Campanhas de revitalização para integrar a área ao contexto sócio-cultural de Fortaleza e atrair maior movimentação de visitantes são quase constantes.
Em alguns trechos, até que esse objetivo foi parcial e relativamente alcançado. Mas o trecho onde se situavam até a década de 1960 as atividades acima relatadas, continua sendo até os dias atuais, área onde reinam a insegurança, a prostituição e o tráfico de drogas. 



Trecho da praia Formosa ontem

E hoje

Formosa era uma praia com areia batida e mar sereno. Era um pequeno trecho de terra entre as praias de Iracema e da Leste-Oeste ou como falavam antigamente, Praia da Jacarecanga.


A praia e o seu entorno hoje:



Mara Hope encalhado na antiga Praia Formosa

Do Marina Park, hospedes tem o mar como paisagem de seus quartos.  Foto Flávio Florido


 Foto Flávio Florido

Oitão Preto hoje - Foto Flávio Florido


Como um troféu, a propaganda no site oficial do hotel diz: 

"Literalmente banhado pelo mar, o Marina Park Hotel, além dos 200 metros da aconchegante Praia Formosa inserida em seu perímetro, é dotada de uma moderna Marina com capacidade para 150 embarcações..."






Curiosidades:


  • Em 6 de março de 1985, um forte temporal à noite, com maré alta, rompeu as amarras do Mara Hope, que encontrava-se ancorado no Porto do Mucuripe com problemas mecânicos. A embarcação derivou 1,6 km até encalhar em um banco de areia na Praia Formosa, ao lado do estaleiro da Indústria Naval do Ceará.

*Trottoir é o caminhar que as prostitutas fazem quando ficam a espera de seus clientes.


Personalidades - Bezerra de Menezes



Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti, nasceu na Freguesia de Riacho do Sangue, hoje Jaguaretama, em 29 de agosto de 1831 e faleceu na manhã de 11 de abril de 1900, no Rio de Janeiro.
Intelectual, médico, militar, escritor, jornalista e político de peso na sua época, teve grande atuação na capital do Império, embora seja mais lembrado pela dedicação aos pobres como médico e pela divulgação do Espiritismo, doutrina que aderiu aos 55 anos.
Entre 1842 e 1846 viveu na Serra dos Martins (RN), devido à perseguição a sua família devido à aproximação com o Partido Liberal. De volta ao Ceará, matriculou-se no Liceu do Ceará, onde concluiu o curso secundário. Em 1851 mudou-se para o Rio de Janeiro, onde fez o curso de medicina e ficou conhecido como "Médico dos Pobres" - atendendo gratuitamente os enfermos carentes. Tornou-se 2º Cirurgião-Tenente do Corpo de Saúde do Exército, membro da Academia Imperial de Medicina, membro honorário no Instituto Farmacêutico e, mesmo do Rio de Janeiro, presidiu a Sociedade Beneficência Cearense. Dez anos depois de mudar-se para o Rio de Janeiro, entra para o cenário político como vereador, pelo Partido Liberal. Representou o Rio de Janeiro ainda como Deputado Geral até 1885.
Abolicionista e opositor da monarquia, trabalhou sempre pelos mais fracos. Depois de 11 anos de intimidade com o Espiritismo, adotou-o oficialmente em 1886. E a partir desse período, passou a dedicar-se à doutrina, contribuindo para a sua divulgação e presidindo a Federação Espírita por duas vezes.
Infância e juventude

Descendente de antiga família de fazendeiros de criação, ligada à política e ao militarismo na Província do Ceará, era filho de Antônio Bezerra de Menezes (tenente-coronel da Guarda Nacional) e de Fabiana de Jesus Maria Bezerra.

Em 1838, aos sete anos de idade, ingressou na escola pública da Vila Frade (adjacente ao Riacho do Sangue), onde, em dez meses, aprendeu os princípios da educação elementar.

Em 1842, como consequência de perseguições políticas e dificuldades financeiras, a sua família mudou-se para a antiga vila de Maioridade (serra do Martins), no Rio Grande do Norte, onde o jovem, então com onze anos de idade, foi matriculado na aula pública de Latim. Em dois anos já substituía o professor em classe, em seus impedimentos.

Em 1846, a família retornou à Província do Ceará, fixando residência na capital, Fortaleza. O jovem foi matriculado no
Liceu do Ceará, onde concluiu os estudos preparatórios.

A carreira na Medicina

Em 1851, ano de falecimento de seu pai, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde, naquele mesmo ano, iniciou os estudos de Medicina na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

No ano seguinte (1852), ingressou como praticante interno ("residente") no hospital da Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Para prover os seus estudos, dava aulas particulares de Filosofia e Matemática.

Obteve o doutoramento (graduação) em 1856, com a defesa da tese: "Diagnóstico do cancro". Por essa altura, abandonou o último patronímico e modificou o "s" de Meneses para "z", passando a assinar-se simplesmente como Adolfo Bezerra de Menezes. Nesse ano, o Governo Imperial decretou a reforma do Corpo de Saúde do Exército Brasileiro, e nomeou para chefiá-lo, como Cirurgião-mor, o Dr. Manuel Feliciano Pereira Carvalho, antigo professor de Bezerra de Menezes, e que o convidou para trabalhar como seu assistente.

A 27 de Abril de 1857 candidatou-se ao quadro de membros titulares da Academia Imperial de Medicina com a memória "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento". O académico José Pereira Rego leu o parecer na sessão de 11 de Maio, tendo a eleição transcorrido na de 18 de Maio e a posse na de 1º de Junho do mesmo ano.

Em 1858 candidatou-se a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Nesse ano saiu a sua nomeação oficial como assistente do Corpo de Saúde do Exército, no posto de Capitão-tenente e, a 6 de Novembro, desposou Maria Cândida de Lacerda, que viria a falecer de mal súbito em 24 de Março de 1863, deixando-lhe dois filhos, um de três e outro de um ano de idade. 

 No período de 1859 a 1861 exerceu a função de redactor dos Anais Brasilienses de Medicina, periódico da Academia Imperial de Medicina.

Em 1865 desposou, em segundas núpcias, Cândida Augusta de Lacerda Machado, irmã por parte de mãe de sua primeira esposa, e que cuidava de seus filhos até então, com quem teve mais sete filhos.
Trajetória política

Nesse período a Câmara Municipal do Município Neutro tinha como presidente Roberto Jorge Haddock Lobo, do Partido Conservador. Ao mesmo tempo, Bezerra de Menezes já se notabilizara pela actuação profissional e pelo trabalho voltado à população carente. Desse modo, em 1860, em uma reunião política, alguns amigos levantaram a candidatura de Bezerra de Menezes, pelo Partido Liberal, como representante da paróquia de São Cristóvão, onde então residia, à Câmara. Ciente da indicação, Bezerra recusou-a inicialmente, mas, por insistência, acabou se comprometendo apenas em não fazer uma declaração pública de recusa dos votos que lhe fossem outorgados.

Abertas as urnas e apurados os votos, Bezerra fora eleito. Os seus adversários, liderados por Haddock Lobo, impugnaram a posse sob o argumento de que militares de Segunda Classe não podiam exercer o cargo de Vereador. Desse modo, para apoiar o Partido, que necessitava dele para obter a maioria na Câmara, decidiu requerer exoneração do Corpo de Saúde (26 de Março de 1861). Desfeito o impedimento, foi empossado no mesmo ano.

Foi reeleito vereador da Câmara Municipal do Município Neutro para o período de 1864 a 1868.

Foi eleito deputado Provincial pelo Rio de Janeiro em 1866, apesar da oposição do então primeiro-ministro
Zacarias de Góis e dos chefes liberais - senador Bernardo de Sousa Franco (visconde de Sousa Franco) e deputado Francisco Otaviano de Almeida Rosa. Empossado em 1867, a Câmara dos Deputados foi dissolvida no ano seguinte (1868), devido à ascensão do Partido Conservador.

Retornou à política como vereador no período de 1873 a 1885, ocupando várias vezes as funções de presidente interino da Câmara Municipal, efectivando-se em Julho de 1878, cargo que corresponderia actualmente ao de Prefeito.

Foi eleito deputado geral pela Província do Rio de Janeiro no período de 1877 a 1885, ano em que encerrou a sua carreira política. Neste período acumulou o exercício da presidência da Câmara e do Poder Executivo Municipal. Foi membro, a partir de 1882, das Comissões de Obras Públicas, Redação e Orçamento.


Vida empresarial

Foi sócio fundador da Companhia Estrada de Ferro Macaé e Campos (1870). Empenhou-se na construção da Estrada de Ferro Santo Antônio de Pádua, pretendendo estendê-la até ao rio Doce, projecto que não conseguiu concretizar (c. 1872). Foi um dos directores da Companhia Arquitetônica de Vila Isabel, fundada em Outubro de 1873 por João Batista Viana Drummond (depois barão de Drummond) para empreender a urbanização do bairro de Vila Isabel. Em 1875, foi presidente da Companhia Ferro-Carril de São Cristóvão, período em que os trilhos da empresa alcançavam os bairros do Caju e da Tijuca.

Militância intelectual


Durante a campanha abolicionista publicou o ensaio "A escravidão no Brasil e as medidas que convém tomar para extingui-la sem danos para a Nação" (1869), onde não só defende a liberdade aos escravos, mas também a inserção e adaptação dos mesmos na sociedade por meio da educação. Expôs os problemas de sua região natal em outro ensaio publicado, "Breves considerações sobre as secas do Norte" (1877). Alguns indicam que foi autor de biografias sobre o visconde do Uruguai e o visconde de Caravelas, personalidades ilustres do Império do Brasil. Foi redactor de "A Reforma", órgão liberal no Município Neutro, e, de 1869 a 1870, redator do jornal "Sentinela da Liberdade".
Bezerra de Menezes: o filme




A vida de Bezerra de Menezes foi transposta para o cinema, na película "Bezerra de Menezes - O Diário de Um Espírito", com direção de Glauber Santos Paiva Filho e Joel Pimentel. O elenco é integrado por Carlos Vereza no papel título, Caio Blat e Paulo Goulart Filho, e com a participação especial de Lúcio Mauro. A produção foi orçada em 1,7 milhões de Reais, a cargo da Trio Filmes e Estação da Luz, com locações no Ceará, Pernambuco, Distrito Federal e Rio de Janeiro, tendo envolvido a mão-de-obra de uma equipe de cento e cinquenta pessoas. O lançamento do filme deu-se em 29 de Agosto de 2008.





O projeto cinematográfico Bezerra de Menezes-Médico dos Pobres utiliza reconstituições e depoimentos para transitar por uma história repleta de exemplos edificantes de amor e moral.

A vida de nosso personagem começa em 1831 na localidade de Riacho do Sangue, Ceará. No universo sertanejo forjou seu caráter e aos dezoito anos inicia no Rio de Janeiro seus estudos de medicina. Na Capital da República foi um grande abolicionista e elegeu-se vereador e deputado em várias legislaturas. Porém, o trabalho anônimo em favor dos mais humildes foi que lhe trouxe o maior reconhecimento de seu povo, que o chamava Médico dos Pobres.

Sua trajetória foi marcada pelo amor e pela caridade. Seja como o político devotado às causas humanitárias ou como o médico conhecido por jamais negar socorro a quem batesse à sua porta. Um exemplo de homem que fez da sua vida um meio de servir ao próximo e à sua pátria...

Contar a vida desse ilustre Cearense é um projeto que ambiciona, mais do que prestar tributo à um grande homem, possibilitar, através do audiovisual, o contato do grande público com as minúcias do seu pensamento e conhecer passagens relevantes de sua vida para melhor compreender a magnitude da sua obra.
Artigos e obras publicadas

 
1856 - "Diagnóstico do cancro"
1857 - "Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
1869 - "A Escravidão no Brasil, e medidas que convém tomar para extingui-la sem dano para a Nação"
1877 - "Breves considerações sobre as secas do Norte"
"Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento"
"Das operações reclamadas pelo estreitamento da uretra"
Biografia de Manuel Alves Branco, visconde de Caravelas
Biografia de Paulino José Soares de Sousa, visconde do Uruguai
1892 - publicação da sua tradução de Obras Póstumas, de Allan Kardec
1902 - "A casa assombrada" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEB)
1907 - "Espiritismo (Estudos Filosóficos)" (colectânea dos artigos publicados em O Paiz no período de 1877 a 1894, publicada pela FEB em três volumes)
1983 - "Os Carneiros de Panúrgio" (romance originalmente publicado no Reformador e, postumamente, em livro, pela FEESP)
1946 - "A Doutrina Espírita como Filosofia Teogônica" ou "Uma carta de Bezerra de Menezes" (réplica a seu irmão que lhe exprobrava a conversão ao Espiritismo, publicada postumamente, em livro, pela FEB)
1920 - "A Loucura sob novo prisma" (estudo etiológico sobre as perturbações mentais, publicado pela FEB)
"Casamento e mortalha" (romance, incompleto)
"Evangelho do Futuro"
"História de um Sonho"
"Lázaro, o Leproso"
"O Bandido"
"Os Mortos que Vivem"
"Pérola Negra"
"Segredos da Natura"
"Viagem através dos Séculos"
Morre Dr. Bezerra - O médico dos pobres


Em janeiro de 1900, Dr. Bezerra sofreu violento derrame cerebral, que o prostrou em uma cama. Durante três meses Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti agonizou sem poder falar ou se movimentar. Só os olhos ainda se moviam. A notícia correu a cidade e causou verdadeira peregrinação à casa do médico, no subúrbio modesto. Assim como acontecia no seu consultório, pobres e ricos misturaram-se em sua casa para visitar o doente.
A cena era singular: cada pessoa entrava uma a uma no quarto onde estava Bezerra , sentava-se em uma cadeira, não falava nada,— já que ele não poderia responder — ficava alguns minutos e saía comovida pelo olhar que Bezerra lhe dirigia. A procissão seguiu-se dia e noite.

No dia 11 de abril de 1900, na casa da Rua 24 de maio, Bezerra de Menezes falece. A cidade agitou-se com a notícia da morte, estando presente no sepultamento do Médico dos Pobres e prestando-lhe homenagens.

Sua época
“Meu Ceará, já estás mui longe (...)
Não desanimes com o abandono
em que te deixam. Teu braço de
ferro não é dos descaem diante
das dificuldades.”

“Éramos passageiros que se
acotovelavam melhor para
verem o gigante de pedra, que
guarda a entrada da primeira
Baía do Mundo.”

“É preciso ter assistido a essas cenas, ter
passado no meio delas, para poder fazer
idéia de todo o seu horror!”

“A liberdade (...) É um direito absoluto e
eterno de criação divina; a autoridade é
um fato, ou, se quiserem, um direito,
porém fato ou direito transitórios,
passageiros e contingentes, de criação
humana.”




Fonte: Wikipédia e pesquisas na internet

Personalidades - Quintino Cunha



José Quintino da Cunha, o Quintino Cunha (1875/1943), se tornou uma figura lendária no Ceará. Não há quem não tenha ouvido falar nesse notável poeta e advogado. Na verdade, menos pelas suas belas poesias do que pela fama de repentista emérito. No entanto, Quintino foi um dos vultos mais importantes da literatura cearense, além de poeta era contista, orador e advogado.

José Quintino da Cunha nasceu em 24 de fevereiro de 1875, em São Francisco de Uruburetama, hoje município de Itapajé. Quintino Cunha, advogo e poeta - O "Bocage" cearense - ficou famoso por seu jeito moleque, suas "tiradas", sua alegria contagiante e sua sensibilidade. Boêmio, assíduo frequentador das rodas de bate-papo na Praça do Ferreira, no Passeio Público, nos antigos cafés Java, Art nouveau, Glória e Riche, declamava versos e discutia sobre arte, literatura e política. Seu talento jornalístico aflorou cedo. Já aos 11 anos, estreou na imprensa, redigindo "O Álbum" e colaborando no jornal "O Cruzeiro", ambos de Baturité. Aos 16 anos, escreveu "O Cabeleira", homônimo de Franklin Távora, ressaltando o lado humano do temido personagem Cabeleira. Estudou no Ginásio Cearense, então dirigido pelo Professor Anacleto Cavalcanti e na Escola Militar. Depois de alguns anos atuando como rábula, cursou a Faculdade Livre de Direito do Ceará(Bacharelou-se em 1909, onde começou a exercer a profissão de advogado criminalista). Aceitava os casos mais difíceis de defesa e mesmo assim, conseguia sucesso. Foi Deputado Estadual entre 1913 e 1914, ocasião em que defendia fervorosamente a melhoria da instrução do povo e onde lutou contra a extinção da Faculdade de Direito, então cogitada na Assembléia. Residia na Av. Visconde do Rio Branco, 3312 quando faleceu, na madrugada de 1º de junho de 1943. Em seu túmulo, a citação: "O Padre Eterno, segundo / refere a História Sagrada / Tirou o mundo do nada / e eu nada tirei do mundo".

Quintino ficou bastante conhecido por seu estilo irreverente e carismático, também lembrado pelas anedotas que contava. Se tornou uma figura lendária no Ceará. Não há quem não tenha ouvido falar nesse notável poeta. Na verdade, menos pelas suas belas poesias do que pela fama de repentista emérito. No entanto, Quintino foi um dos vultos mais importantes da literatura cearense, além de poeta era contista e orador.
Seu pai, João Quintino da Cunha, era professor e jornalista e sua mãe, D. Maria Maximina Ferreira Gomes da Cunha, era professora e solista da igreja. Quintino quase seguia a carreira militar, chegou a se matricular na Escola Militar do Ceará, mas logo abandonou a ideia e a escola.
Sempre inquieto, resolveu deixar a sua cidade natal e foi parar na Amazônia. Lá, como provisionado, advogou durante cinco anos. Depois foi para a Europa, onde publicou o seu primeiro livro, Pelo Solimões. Conviveu e fez amizade com diversos escritores estrangeiros. Logo porém, voltou ao Ceará e matriculou-se na Faculdade de Direito. Concluiu o curso em 1909.

Advogou no foro criminal, tornando-se célebre pela sua incomparável oratória. Tal qualidade era muito requisitada em comícios e festividades. No entanto, Quintino se tornou realmente famoso pela sua faceta de boêmio e, principalmente, pelas suas tiradas de espírito, repentes que faziam o deleite dos amigos e causava inveja aos gratuitos inimigos.
Viveu sempre em dificuldades financeiras, não só pelo fato da sua família ser numerosa como pelos seus sucessivos casamentos e os consequentes encargos familiares. Apesar disso, chegou a ser deputado estadual (1913/1914) e pertenceu à Academia Cearense de Letras. Faleceu em Fortaleza, com sessenta e oito anos, no dia primeiro de junho de 1943.

1
1922 - Academia Cearense de Letras

Nota - A Ilustração acima é um original de Plautus Cunha (filho de Quintino), extraída do seu livro Anedotas do Quintino - 16a Edição - 1974 - Editora Ângelo Accetti - Fortaleza-Ce.

Pela sua importância, deu nome a um bairro de Fortaleza, que por ser distante do Centro da Cidade, hoje tem o comércio desenvolvido.


CASA DE QUINTINO CUNHA EM ITAPAJÉ





'Pelo Solimões' foi o primeiro livro
de Quintino Cunha







Quintino Cunha, poeta de verdade
Oscar Araripe

Há 130 anos nascia na hoje Itapagé, Ceará, José Quintino Cunha, o mais lendário de nossos humoristas literários, o maior de nossos poetas cults.
Excêntrico sem ser snob, feio mas cativante, eternamente esquecido, sempre resgatado, Quintino Cunha figura ao lado dos grandes mestres do improviso literário ferino, como Bernard Shaw, Quevedo e Swift, sendo considerado pelo crítico Agripino Grieco "o maior humorista brasileiro de todos os tempos”.
Homem do povo, orador nato, "virgem de funções públicas”, como se considerava, culto e boêmio, sertanejo e globetrotter, Quintino representa com perfeição o melhor da inteligência cearense. Personagem da Fortaleza risonha e moleque da Praça do Ferreira dos anos 20 e 30, dos lendários cafés Art Nouveau, Riche, Glória e do Comércio, foi jornalista idealista, germanófilo anti-Hitler, esquerdista não-soviético, utópico brilhante e sobretudo livre pensador, amante dos livros e das coisas simples do Ceará.Contemporâneo de Leonardo Mota, Gustavo Barroso, Ramos Cotoco, Gil Amora, Renato Sóldon, Guimarães Passos, Emílio de Menezes, Paula Nei e tantos outros hoje também quase esquecidos, foi homenageado por Euclides da Cunha, Guerra Junqueiro, Rostand e Émile Faguet, "o monstro da Academia Francesa”, de quem foi íntimo em Paris. Rachel de Queiroz o considerava "um patrimônio da terra” e é dele o hoje clássico verso-constatação de que "o cearense é como o passarinho: tem que voar para fazer o ninho”; verdade terrível e que nos remete não só a uma inclinação existencial, mas à dura realidade de um Ceará que, malgrado os progressos, teima em existir.É dele o axioma: "No Ceará, o sujeito nasce na Fé, cresce na Esperança e morre na Caridade”.
Longe das tristezas, contudo, era Quintino - e por isso tornou-se famoso, o mestre inconteste da boutade, da ironia cáustica, irreverente, corajosa, do melhor humorismo artístico e existencial. Suas tiradas, famosas, são sempre lembradas com simpatia, pois além da arte encerram uma filosofia de vida libertária e ética. Gênio do improviso, poeta de fôlego, nos deixou, entre outros, Pelo Solimões, livro notável e que clama por uma reedição, por seu nacionalismo e pioneirismo no uso dos temas regionais, e belo exemplo da épica presença cearense na Amazônia.
Chamado por Euclides da Cunha de "poeta de verdade”, louco lúcido entre loucos comportados, Quintino certamente vai crescer ainda muito em importância e originalidade, ‘a medida em que os cearenses forem percebendo o quanto aqui a Literatura, ainda que desamparada e pouco lida, é viva e vital, e como em nenhum outro lugar do país.
Momentos antes de morrer, sem dúvida no auge de seu fino humor, ditou seu próprio epitáfio: "O Padre Eterno, segundo / refere a História Sagrada, / tirou o Mundo do nada... / e eu Nada tirei do mundo!”.
Longa vida, portanto, ao nosso mais simpático poeta, que tanto riso e alegria nos deixou para sempre.
Pintor e Escritor

°°°

Tido como rival, na verve e no anedotário, de Emílio de Menezes e Paula Ney, José Quintino da Cunha era orador fluente, ficcionista, poeta, ficando conhecido também pelas suas tiradas de bom humor, que o levaram a fazer parte de um anedotário brasileiro.
A educação básica de Quintino Cunha foi feita praticamente na Escola Militar do Ceará, pois tinha veleidades de dedicar-se à vida da caserna. Extinta tal entidade, o poeta, que já versejava desde os quinze anos de idade e já mostrava seus dons oratórias, embarca para a Amazônia. Ali, recebeu "provisão" para advogar, antes mesmo de se formar em Direito, o que faria de volta à terra natal, em 1909.

Torna-se, desde então, no Ceará, orador consagrado, repentista, poeta boêmio, "não dando maior valia aos próprios méritos". Casando-se várias vezes, viveu em constante penúria financeira. O livro de versos mais famoso de Quintino Cunha, Pelo Solimões, segundo Raimundo de Menezes, foi publicado em Paris (1907) quando de uma viagem do poeta à Europa, isso antes de se formar em Direito de volta ao Ceará.

Para não fugir à estética de sua época, imposição do meio literário e dos contemporâneos, a poesia de Quintino Cunha presta tributo ao Romantismo e ao soneto decassílabo de inspiração parnasiana, mas com um destaque especial: o poeta usa expressões e locuções populares, o coloquialismo, o que teria levado João Quintino, seu irmão, e Mamede Cirino, a musicarem alguns de seus poemas.

Quintino Cunha ainda passa pela Assembléia Legislativa do Estado, como deputado (1913/1914), tendo morrido em Fortaleza, o "poeta de lúcida inspiração", no dia 1 de junho de 1943.


Histórias de Quintino Cunha

Quintino Cunha era um notável poeta. Ficou famoso por motivos menos nobres é verdade, mas não menos interessantes. As suas respostas ferinas às provocações, as suas atuações como advogado dos oprimidos e a sua inteligência invejável e invejada, fizeram dele um mito. Muitas histórias surgiram e foram atribuídas ao Quintino. Nem todas são verídicas, mas a maioria tem registro. Aqui colocarei algumas das mais curiosas:


Clique para ampliar

Pena perpétua

O advogado Quintino Cunha visitava a cadeia, em companhia do então governador do Ceará, Benjamin Liberato Barroso (1914-1916), quando um detento lhe pediu socorro jurídico:

– Doutor, fui condenado a quatro anos de prisão porque deflorei uma donzela. Ainda tenho dois anos para cumprir, mas estou disposto a casar se me perdoarem o restante da pena.

Quintino olhou com piedade para o jovem rapaz e respondeu:

– Quer um conselho de amigo? Cumpra o resto da pena!

(Do livro “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)


Trapaças no júri

Quintino Cunha foi um advogado folclórico no Ceará na primeira metade do século passado, que às vezes aprontava peripécias nem sempre justas.

Certa vez, no tribunal do júri, levou até o promotor à comoção ao dizer que o acusado era arrimo de família e cuidava sozinho de sua mãezinha cega de mais de oitenta anos:

– Não olhem para o crime deste infeliz! Orem pela sua pobre mãe, velhinha, doente, alquebrada pelos anos e pela tristeza, implorando a misericórdia dos homens, genuflexa diante da justiça, se desfazendo em lágrimas, pedindo liberdade para o seu filho querido!

O réu foi inocentado. Na saída do tribunal, um dos presentes, sensibilizado, aproximou-se do causídico:

– Doutor Quintino, quero fazer uma visita à mãe daquele infeliz, pois quero ajudá-la!

– Ora! Eu sei lá se esse filho de uma égua algum dia teve mãe!

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Noutro júri realizado no Ceará, o assistente da acusação mandou fazer um caprichado desenho da arma do crime. Exibiu aos jurados uma cartolina branca com uma ilustração detalhada do punhal utilizado para assassinar a vítima.Vendo que os jurados haviam se impressionado com a gravura, o matreiro advogado Quintino Cunha pediu um aparte e perguntou:

– Nobre colega, caso aqui estivéssemos tratando do crime de sedução, qual seria o instrumento do crime que Vossa Senhoria estaria aqui apresentando aos jurados?

Todos caíram na gargalhada e o trabalho da acusação perdeu o impacto. O réu acabou absolvido.
(Com informações do site Ceará Moleque e do livro “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)


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Com conhecimento de causa

Notícia de época, datada da primeira metade do século passado, sobre o folclórico advogado cearense Quintino Cunha:

“Com a presença de 23 jurados, realizou-se uma segunda reunião da presente sessão do júri.

Compareceram à barra do Tribunal os réus José Boa Ventura e José Correia Lima, acusados de roubo na casa de residência do Dr. Quintino Cunha, que os defendeu. Ambos foram absolvidos por unanimidade de votos, sendo que já estavam detidos há cerca de dois anos.

Ocupou a cadeira de Promotor o Dr. Alencar Mattos.”

(Fonte: “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)

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Desconcertando o adversário

Conta-se que, numa audiência em Fortaleza (CE), um professor de hipnose era acusado de furto.

A certa altura, disse este, em sua defesa:

– Se eu quisesse fugir, poderia fazer todos aqui dormirem!

O advogado Quintino Cunha, figura folclórica do Ceará, que acompanhava a audiência, interveio:

– Não é preciso, deixe isso a cargo de seu advogado!

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Noutra feita, corria uma audiência quando o causídico adversário disse:

– Doutor Quintino, eu estou montado na lei!

– Pois saiba que é muito perigoso montar num animal que não conhece bem.

(Adaptado do livro “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)

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A inauguração do foro

O advogado Quintino Cunha, personagem do folclore do Ceará do início do século passado, fazia uma viagem de trem para Cariús (CE), mas no caminho havia uma parada em Iguatu (CE).

Era o dia da inauguração do novo prédio do Fórum (ou Foro, como queiram). Alguns colegas, ao encontrarem Quintino na estação, convidaram-no para participar da solenidade.

Mal-humorado, Quintino perguntou:

– Quem é o juiz?

– É o Doutor Fulano.

– O promotor?

– Sicrano.

– E o advogado?

– Beltrano.

Desdenhoso, o matreiro advogado torceu o nariz e resmungou:

– Pois isso não é um Foro! É um desaforo!


(Adaptado do livro “Anedotas do Quintino”, de Plautus Cunha. Colaboração de José Rodrigues dos Santos, de Fortaleza/CE)

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