Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



sábado, 20 de junho de 2020

Theatro José de Alencar - 110 anos


Este ano, o nosso belíssimo TJA completou 110 anos. Para comemorar a data especial, posto para vocês um pequeno dossiê que fiz, contando um pouco dessa trajetória.

O theatro em construção em 1910. Acervo Lucas
Vemos o Batalhão de segurança ao lado do recém-inaugurado 
Teatro José de Alencar. Foto de 1911.


Referência artística e turística, o Theatro José de Alencar desempenha importante papel na vida cultural de Fortaleza.
Um dos maiores símbolos da cultura cearense, o nosso “Theatro” preserva no nome, a grafia de outrora. Tão grandiosa quanto às apresentações que entram em cartaz no José de Alencar, é a sua estrutura. O nome é uma homenagem a um dos maiores escritores do Ceará.
Na segunda metade do século XIX, passou-se a reivindicar das autoridades, um teatro oficial para a Fortaleza, visto que as nossas casas de espetáculos tinha existência efêmera. A atividade teatral era movida por grupos amadores.


Recém inaugurado em 1913.



Em 1894, ocorre o lançamento da pedra fundamental pelo presidente do Estado Coronel Bezerril Fontenele, que fincou sua fundação no centro da Praça do Patrocínio (posteriormente Praça Marquês do Herval e hoje Praça José de Alencar). O primeiro projeto foi de lssac Amaral e Roberto GO Bleasby e deveria ser construído sobre os alicerces de uma antiga obra que deveria ter sido um mercado a qual havia sido abandonada. Em 1896, o Presidente rescindiu o contrato da construção e submeteu a obra a exame, sendo a mesma condenada. O presidente decidiu então mandar construir a versão atual no local onde Adolfo Herbster havia projetado o Teatro Santa Tereza, em 1864, área que estava servindo de pátio para os cavalos do Batalhão de Segurança, cujo quartel ocupava a área, hoje, utilizada pelos Jardins do Teatro.

Rua Liberato Barroso, vendo-se o theatro. Foto provavelmente da década de 40.

A opereta ‘A Valsa Proibida’ mobilizou a cidade nos anos 40, quando estreou sua temporada no Teatro José de Alencar.

A opereta ‘A Valsa Proibida’ do cearense Paurillo Barroso em 1964.
Em 1904, no Governo de Nogueira Acióli, foi oficialmente autorizado à construção do Teatro José de Alencar, através da lei n° 768, de 20 de agosto. Dois anos depois, em 06 de outubro de 1908, tiveram início às obras, quando a bela estrutura metálica, importada da Escócia, já se apresentava exposta em praça pública depois de cruzar o Oceano Atlântico. A direção da obra ficou a cargo de Raimundo Borges Filho, oficial do Exército - Comandante do Batalhão de Segurança do Estado e genro do Presidente do Estado, Nogueira Acióli. A execução coube a Walter Mac Farlanes & Co e Serrancen Fondri, de Glascow, Escócia. O engenheiro responsável pela elaboração da planta foi o Militar Capitão Bernardo José de Melo, devidamente autorizado pela Assembleia Estadual por força da Lei n. 768, de 20 de agosto de 1904. A estrutura metálica deveria ter fachada em estilos Art Nouveau e Coríntio, segundo os preceitos dos chamados "teatros-jardins".
Acervo Assis Lima
A festa de inauguração aconteceu numa linda sexta-feira, dia 17 de junho de 1910, com direito a Concerto apresentado pela Banda Sinfônica do Batalhão de Segurança, sob a regência dos Maestros Henrique Jorge e Luigi Maria Smido, discurso proferido por Júlio César da Fonseca - orador oficial do Instituto do Ceará, apresentações culturais e show pirotécnico - Na praça, morteiros, foguetes, rodas de fogo e girândolas num milagre pirotécnico, abrilhantaram a festa.

Foto provavelmente da década de 40.

Antigamente, o espaço compreendido da rua Liberato Barroso entre a rua General Sampaio e a rua 24 de Maio (lado sul da praça), era ocupado por duas instituições, o Batalhão de Segurança (Polícia Militar) e a Escola Normal Pedro II - Prédio hoje ocupado pelo IPHAN, até que em 1908, parte do prédio do Batalhão de Segurança foi cedida pelo Governo do Estado para a construção do teatro.
O primeiro espetáculo foi apresentado no dia 23 de setembro de 1910, pela Companhia Dramática Lucile Perez, com a peça “O Dote”, de Artur Azevedo. O público lotou o teatro e os artistas foram muito aplaudidos.

Arquivo Assis Lima
Centro de Saúde ao lado do TJA
O José de Alencar foi projetado para ser um teatro-jardim, mas o jardim propriamente dito, só foi construído em 1975 - 65 anos após a inauguração do teatro, em uma das reformas pelas quais passou o equipamento. O jardim ocupa todo o espaço vizinho ao Teatro, na ala leste, em área que já sediou o Quartel de Cavalaria de Fortaleza e um Centro de Saúde Barca Pelon, demolido em 1973.

O Centro de Saúde que foi demolido em 1973, para a construção do jardim do teatro.
Jornal Correio do Ceará de 8/01/1959. Manchete: Farras Carnavalescas no Teatro. Concorridas Eleições de 1958, descaracterizaram o nosso TJA. Acervo Lucas

A estrutura possui duas fachadas: a primeira em estilo eclético, mas com predominância do neoclássico, e a outra em Art Nouveau, que chama atenção pelos belos vitrais coloridos. Na boca de cena, acima das cortinas, estão pintados personagens de José de Alencar. Outros dois prédios em anexo - incorporado na reforma realizada nos anos 90, fazem parte da estrutura do Teatro José de Alencar.

Registro dos anos 60. Arquivo Nirez


Registro de 1962. Acervo Lucas
No primeiro bloco, temos a sala do foyer com capacidade para 120 pessoas, no segundo, a sala de espetáculos propriamente dita apta a receber 800 pessoas, uma sala de aula transformada em espaço cênico, com capacidade para até 120 pessoas, a Sala de Teatro Nadir Papi Saboya, um palco a céu aberto, com capacidade para até 1,2 mil pessoas, um teatro de bolso com 90 lugares, o Teatro Morro do Ouro e um palco a céu aberto, com capacidade para até 350 pessoas, além da Praça Mestre Pedro Boca Rica.

Tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 1987, o Teatro José de Alencar passou por algumas reformas no decorrer dos anos:

  • 1918 - Recebeu instalações elétricas, trocou o piso de betume, do espaço até então usado como jardim, por ladrilhos hidráulicos e foram agregadas duas escadas internas, semelhantes às já existentes - Fundidas no Ceará.
  • 1938 - Passa por restauração, orientada pelo engenheiro José Barros Maia.
  • 1957 - As cadeiras com assentos de palhinha (estilo austríaco) são substituídas por poltronas de estofamento plástico.
  • 1974 - Completamente restaurado (Recomposição da estrutura metálica, das cadeiras de palhinha, que retornam ao seu lugar de direito, e o acréscimo do jardim lateral a leste do edifício, com projeto paisagístico do arquiteto Roberto Burle Marx).
  •  1991 - Houve a recomposição do jardim e instalação de espaço cênico ao ar livre para apresentação de espetáculos. Como parte desta reforma foi construído do lado oposto ao jardim um prédio anexo, com dependências administrativas. No anexo funcionam um auditório para 100 pessoas, a Galeria de Artes Ramos Cotoco, biblioteca especializada, bar e cozinha industrial. No pátio um palco ao ar livre onde são apresentados espetáculos produzidos pelo teatro.
  • 2013 - 22 anos depois da última reforma (que começou em 1989, durando dois anos), o Teatro, que por falta de manutenção se encontrava com a estrutura enferrujada, piso desgastado e portas e janelas quebradas, teve toda a pintura recuperada, incluindo também alvenaria, estruturas de ferro, revestimentos, pisos, portas, janelas, revisão elétrica e hidrossanitária, requalificação dos jardins e do sistema de prevenção de incêndio. O valor estimado foi de R$ 2.338.198,83, provenientes do Tesouro Estadual.
Reforma do Teatro José de Alencar em 1975. Arquivo Assis Lima
Por ser considerado um importante Monumento Nacional, o teatro recebeu tombamento federal ainda em 1964, mas somente foi inscrito no Livro do Tombo das Belas Artes em 1987 - Processo nº 650-T-62, Livro do Tombo das Belas-Artes, fl. 87, inscrição nº 479, data: 10.08.1987.

O corpo da sala de espetáculos é todo de aço e ferro fundido, com três pavimentos além do térreo, onde ficam a plateia, as frisas, camarotes, torrinhas, balcão e elegantes escadarias.  
Na parte superior da fachada, observamos a face alegre de Baco, deus grego do vinho e inventor do teatro, ladeado por duas musas e no andar superior, salão nobre ou foyer, dois anjinhos (Cupido e Psiqué), no frontal da porta principal, representando a união do corpo e da alma.

Postal Teatros Brasileiros de 06/12/1978.

Em seu interior, encontram-se raras pinturas do cearense Ramos Cotoco -pintou os nomes das obras de José de Alencar sobre as grades das frisas e as figuras femininas no teto da sala de espetáculos, do pernambucano Jacinto Matos - pintou os florões no forro da sala de espetáculos, da artista paraense Paula Barros - pintou os retratos de Carlos Gomes e de José de Alencar, além da representação das três artes – pintura, música e drama – na cúpula oval da sala de espetáculos, do carioca Rodolfo Amoedo, que foi aluno de Victor Meireles e professor de Portinari - pintou a moldura circular, acima do Pano de Boca, de João Vicente - pintou as imitações de mármore nas paredes da Boca de Cena e do cearense Gustavo Barroso, escritor e historiador, que auxiliou o arquiteto mineiro Herculano Ramos na pintura do 1º Pano de Boca, representando o encontro de Iracema com o Guerreiro Branco.

História em fotos:


Exposição da nova frota de carros Packard, do Posto Mazine, em 1939, em frente o TJA.

Desfile de um dos Packard.


O Teatro José de Alencar funciona de terça a sexta, das 9h às 12h e das 14h às 17h. Sábados e domingos, das 13h às 17h.

segunda-feira, 1 de junho de 2020

A saga de Rodolfo Teófilo no combate a varíola

Rodolfo Teófilo foi um grande farmacêutico, que presenciou toda a trajetória da terrível epidemia de varíola que o Ceará jamais tinha visto que foi a de 1878. Indignado por conta do descaso do poder público, ele se propõe a combater a varíola com os próprios recursos. Tendo aprendido a produzir a vacina ele passa a imunizar a população pelo sertão a fora, montado em um cavalo, tenta barrar a proliferação da doença. Vacina esta que foi descoberta em 1796, pelo médico inglês Edward Jenner. Este fato repercutiu por todo o mundo civilizado, que há séculos perdiam vidas por conta da varíola.







Crédito: Seara da Ciência
Pedro Magalhães (Professor da Faculdade de Medicina da UFC)


segunda-feira, 13 de abril de 2020

Fortaleza 294 anos

Em 13 de abril de 1726, Fortaleza era elevada à categoria de vila...


Para comemorar a data, fiz esse vídeo, um pequeno resumo, especialmente pensando nas nossas crianças, pois é pensando no hoje que construímos nosso futuro, inclusive o futuro da cidade! :)


sábado, 22 de fevereiro de 2020

Prova de Fogo, o bloco carnavalesco mais antigo da capital, completou 85 anos

Em 21 de janeiro de 1935, os sargentos do Exército, Otacílio Anselmo e Silva (Escritor e componente da Banda de música do 23º BC), Carlos Alenquer e Luís Freitas, juntamente com os comerciários Alderi Pereira e Edson Viana Maranhão, fundaram o 1º bloco de Carnaval de Fortaleza, o “Prova de Fogo”. 
Tradição do Carnaval alencarino, o bloco completou, nesse ano de 2020, 85 anos.
Como bem disse Antônio Marrocos Anselmo, querido amigo, pesquisador e amante das artes e da cultura, são 85 anos de existência e resistência!

O bloco na década de 50/60. Arquivo Nirez

Assim como outras cidades, Fortaleza conheceu o carnaval dos entrudos, das batalhas de confete e serpentina, dos bailes em clubes elegantes, dos desfiles de carros luxuosos e das apresentações de manifestações populares nas ruas, como os blocos de Carnaval, de pré-carnaval e os maracatus.

Arquivo Nirez

O bloco Prova de Fogo fez e faz tanto sucesso que inclusive foi citado na música 'Bati na Porta', de Lauro Maia, gravada pelo grupo musical “Quatro Ases & um Coringa”, pela Odeon.

Saiba mais sobre o Prova de Fogo AQUI

Samba Enredo do Prova de Fogo de 2014


terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Carnaval na Fortaleza de outrora


O carnaval de Fortaleza teve início no final do século XIX, com o carnaval de rua, mas foi proibido por um período, em 1905, pelo intendente Guilherme Rocha. Nos desfiles da época eram comuns pessoas fantasiadas de Papangus e dominós¹. Havia também os caboclos remanescentes dos indígenas de Porangaba (atual Parangaba).
Nas décadas de 1910 e 1920, as marchinhas alegravam os enormes salões dos clubes da capital cearense.
Na década de 1930, o carnaval de rua começou a se tornar mais popular, quando blocos foram formados por músicos, comerciários e trabalhadores, denominados "brincantes", com a orquestra na retaguarda. Na frente  ficava sempre um baliza, que fazia acrobacias com bastão. Mais tarde sugiram os blocos que dançavam ao som de samba, sendo o primeiro o PROVA DE FOGO, seguido da Escola de Samba Lauro Maia (Mais tarde Escola de Samba Luiz Assunção). Por falar em bloco, não podemos esquecer do Cordão das Cola-Colas, o Maracatu AZ de ouro, Enverga mas não quebra, Bloco Zombando da lua, Os enviados de Alá, Maracatu Estrela Brilhante, Maracatu AZ de Espada, Nação Fortaleza, Leão Coroado, Rei de Paus, Vozes da África e tantos outros.


De volta aos clubes sociais, estes simbolizavam o refinamento na convivência social, a beleza na alegria de viver. Na Fortaleza de outrora nasceu até uma rivalidade entre o Clube Iracema e o Clube Cearense, competindo na ostentação dos desfiles carnavalescos e na decoração de seus enormes salões.



Com o tempo, novos clubes surgiram e deixaram de ser frequentado apenas pela elite, ficando cada vez mais populares e acessíveis. Com uma maior quantidade de clubes, era comum o folião cearense ir brincar o carnaval em um clube diferente a cada dia. A programação do carnaval era agitada. No sábado "magro" (que antecedia o carnaval), a folia era no Náutico. Na sexta de carnaval, a festa ficava por conta do Iate clube. No sábado de carnaval, conhecido como "sábado gordo", a festa era no Ideal. No domingo, muitos iam curtir no Líbano. Já a segunda era reservada ao Country Clube, ficando a terça para encerramento no Náutico Atlético Cearense.





Para recordar os nostálgicos carnavais no clube Iracema, Ideal, Iate, AABB, Diários, Líbano, Massapeense, Jangada Clube, Comercial Clube, BNB, Maguari, Clube de Regatas e tantos outros, é que o Náutico promove anualmente o seu tradicional CARNAVAL DA SAUDADE
Então vista sua fantasia e caia na folia!!!






Os dominós usavam uma batina com capuz enfeitada de guizos de cores diversas. 
Os guizos são pequenos objetos oco de metal ou feito de um pequeno fruto seco, aproximadamente esférico, no seu interior possui uma ou mais bolinhas maciças (podem ser as próprias sementes do fruto) que, ao ser agitado produz um som, como de chocalho.


segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Cidade Saudade (Mucuripe) - Por Nelson F. Bezerra (Parte II)

O competente fotógrafo Nelson Figueiredo Bezerra, durante os anos 70/80, fez diversos registros da cidade de Fortaleza, uma foto mais linda que a outra!
Gentilmente ele me enviou fotos do nosso querido bairro Mucuripe, feitas nessa época e com um olhar sensível, que só o Nelson tem!


Enseada do Mucuripe e o bairro Varjota - 1974

Encontro das avenidas Beira-Mar e Abolição - 1974

1969 - Estátua de Iracema, obra do artista pernambucano José Corbiniano Lins - Praia do Mucuripe

1969 - Fabricação de Manzuás - Armadilhas para captura da lagosta

Anos 70 - Farol do Mucuripe
O farol teve importante função para ocupação dos territórios cearenses, orientando as embarcações que chegavam ao porto.

Anos 70 - Praia do Mucuripe
Procissão marítima durante a festa de São Pedro

Anos 70 - Praia do Mucuripe
Procissão marítima durante a festa de São Pedro

Anos 70 - Partilha dos peixes entre os pescadores

Anos 70 - Praia do Mucuripe


  Colaborador:
Nelson F Bezerra (Fotógrafo)

segunda-feira, 25 de novembro de 2019

Cidade Saudade (Mucuripe) - Por Nelson F. Bezerra

O competente fotógrafo Nelson Figueiredo Bezerra, durante os anos 70/80, fez diversos registros da cidade de Fortaleza, uma foto mais linda que a outra!
Gentilmente, ele me enviou fotos do nosso querido bairro Mucuripe, feitas nessa época e com o olhar sensível, que só o Nelson tem!

Vendedor ambulante montado em seu jumentinho e ao fundo vemos lavadeiras e as dunas alvas do Mucuripe. Os outdoors estão em frente o Iate Clube.

 Carroceiro Vendendo água Iontec das dunas do Mucuripe.

Abastecendo carroças com água pura das dunas. Outdoors em frente ao Iate Clube.

Recolhimento das carroças com água pura das dunas.

 Vista do alto das Dunas ao Entardecer, vendo-se o Cais do Porto, Moinhos e terminais.

Dunas ao Entardecer

Abastecimento de água para as turmas da estrada de ferro, das carroças para os moradores do Castelo Encantado e Beira-Mar, com água pura das Dunas em frente ao Iate Clube.

Início das invasões das dunas

Início das invasões das dunas

 Dunas - Outdoor em frente ao Iate Clube

                                                                                                              Colaborador:
Nelson F Bezerra (Fotógrafo) 

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