Fortaleza Nobre | Resgatando a Fortaleza antiga
Fortaleza, uma cidade em TrAnSfOrMaÇãO!!!


Blog sobre essa linda cidade, com suas praias maravilhosas, seu povo acolhedor e seus bairros históricos.

 



quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Usina Ceará - Fábrica Siqueira Gurgel

A Empresa, fundada por Teófilo Gurgel Valente e Antonio Diogo Siqueira, a 24 de outubro de 1924, Siqueira Gurgel S.A, Comércio e Indústria constitui uma das mais conceituadas e tradicionais empresas de nosso Estado.


Em meados da década de 70, sob a direção de Moysés Santiago Pimentel e Júlia Geraci de Mello, a Siqueira Gurgel, elevando consideravelmente a sua produtividade, mantendo a qualidade dos seus mais antigos produtos, realizou lançamentos de repercussão nacional.

Terra Cearense - 1925

Linha de Produção: O mais importante lançamento da Siqueira Gurgel, no ano
de 1977, foi o SABLET, denominação escolhida para simbolizar uma conquista excepcional dessa empresa no campo em que tradicionalmente vinha atuando. Realmente, esse novo tipo de sabão em tablete foi o resultado de longos anos de experiência. A excelente qualidade do produto, foi possível graças ao moderno equipamento que a empresa possuía — o primeiro do gênero no Ceará. Anteriormente, os produtos similares consumidos em nosso Estado, tinham que ser importados do sul do País ou da —Bahia, Pernambuco, Maranhão e ParáCom a trilogia PAVÃO (sabão marmorizado), PAJEÚ (óleo comestível) e SABLET (sabão tablete), a Siqueira Gurgel alargou a suas perspectivas no mercado nacional, estabelecendo uma linha bastante avançada, constante de óleos vegetais comestíveis e industriais de algodão, babaçu e tucum, bem como sabões, sabonetes e glicerina.

O Mercado: A Usina Gurgel (Usina Ceará), que daria origem à Siqueira Gurgel S. A. Comércio e Indústria, já em 1921, demonstrava o seu pioneirismo na fabricação de óleos e sabões, adquirindo equipamentos na Inglaterra e Estados Unidos e contratando os serviços de um químico inglês, visando elevar à qualidade dos seus produtos. Com essa preocupação, essa empresa pôde conquistar a preferência do mercado regional, hoje se estendendo à sua atuação aos mais longínquos pontos do território nacional. 


Como tudo começou

A decisão de constituir a firma Siqueira Gurgel, que teria como objetivo a fundação de uma grande fábrica de óleos vegetais e sabão, por parte das firmas A. D. Siqueira & Filho (de Antônio Diogo de Siqueira), Theophilo Gurgel Valente, Philomeno Gomes & Cia., Proença & Cia. e José Lauriaadveio da percepção de certos fatos, por parte de seus proprietários, quando partilhavam a experiência da instalação de um escritório comercial, cuja finalidade era a distribuição, no Ceará e fora dele, por um regime de quotas, dos sabões produzidos nas fábricas pertencentes a cada um deles. 

A experiência com esse escritório levou os seus participantes a perceberem que as vantagens para todos, decorrentes dos ganhos de escala, que seriam obtidas pela produção de óleos vegetais, que se destinariam à fabricação de sabões, em uma única e grande fábrica, seriam significativamente maiores que se a produção continuasse a se dar de forma fracionada. A partir dessa percepção, constituíram a referida firma e decidiram instalar a Usina Ceará


Antigo prédio da Usina Gurgel, de Theophilo Gurgel Valente, 
onde seria estabelecida a Usina Ceará.


Reclame veiculado no
Jornal do Ceará em
21 de junho de 1937
O quadro econômico-financeiro para o estabelecimento de tal usina 
mostrava-se extremamente favorável e isto foi também percebido por seus empreendedores: 1) a sua instalação e funcionamento poderiam vir a gozar dos favores concedidos, pela legislação federal e estadual em vigor, aos beneficiadores e/ou exportadores de algodão e subprodutos; 2) a cotonicultura cearense vivia momentos de grande prosperidade, o que significaria uma oferta de matérias-primas farta e barata e uma grande possibilidade de bons negócios de exportação; 3) os capitais já acumulados nessa fase de prosperidade, por seus empreendedores, com o beneficiamento e a exportação de algodão, bem como com a fabricação de seus subprodutos (fios, tecidos, óleos e sabões) financiariam os investimentos necessários para o seu rápido estabelecimento; 4) o amplo mercado interno para o sabão, cuja demanda crescera muito em decorrência da elevação da renda no  Estado - resultante da conjuntura favorável que estava a viver o seu comércio exterior e ainda dos vultosos gastos públicos da política de combate à seca do Governo Epitácio Pessoa (1919-1922) - e do crescimento da sua população, sobretudo a da capital.


Fachada da Usina Gurgel na avenida Bezerra de Menezes com avenida José Bastos, hoje Avenida José Jatahy. Arquivo Nirez

A Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda. foi constituída, em 24 de outubro de 1924, como uma sociedade por quotas de responsabilidade limitada, com o capital inicial de 1.500 contos de réis, divididas em 150 quotas iguais de 10 contos, assim distribuído entre os sócios: Theophilo Gurgel Valente -30 quotas (300 contos); Philomeno Gomes & Cia. -30 (300 contos); A. D. Siqueira & Filho -30 (300 contos); Proença & Cia. -30 (300 contos); e José Lauria -30 (300 contos).
Os capitais que lhe deram origem eram exclusivamente os de seus sócios, não recebendo a firma no momento de sua constituição, ou depois, qualquer auxílio financeiro dos governos federal e estadual. Do mesmo modo, não usufruiu ela de nenhum dos favores da legislação já referida, tendo-se notícia apenas de que o governo estadual lhe concedeu, pela Lei nº 2.305 de 23/10/1925, isenção, por 15 anos, de todos os impostos de carácter estadual, para uma fábrica de artigos de
perfumaria a ser instalada na Usina Ceará.



A Firma Theophilo Gurgel Valente, como parcela de sua quota na sociedade, cederia o terreno e algumas instalações já pertencentes à Usina Gurgel*, no Bairro do Matadouro, onde seria estabelecida a Usina Ceará. Por sua vez, todas as firmas pertencentes à sociedade cederiam as máquinas que já utilizavam em suas respectivas fábricas de óleos e sabão, de modo que, de início, não houvesse necessidade de adquirir máquinas novas para a usina e ficassem as despesas, relativas à sua instalação, praticamente reduzidas às da construção de seu prédio. Esse procedimento, adotado pelos sócios, tornou possível a rápida entrada em atividade da usina, já em 1925.

Fábrica Siqueira Gurgel Ltda na Avenida Bezerra de Menezes com José Jatahy. Hoje no local se encontra o Big Bompreço. Anuário do Ceará de 1975. Acervo: Herlanio Evangelista

Foto aérea da Usina Ceará, Siqueira Gurgel & Cia Ltda, Bairro Farias Brito, em 1954. Acervo William Beuttenmuller

Com a entrega de todas as suas máquinas e equipamentos à Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., todos os seus sócios se obrigaram, por cláusula contratual, a não mais atuar no ramo de óleos e sabão, não apenas enquanto permanecessem como sócios, mas também depois de suas retiradas da firma. Com isso, a Usina Ceará passou a ser, praticamente, a fabricante exclusiva de óleos e sabão em Fortaleza e a maior desse último produto em todo o Estado.



Em 1927, a Usina Ceará consumiu 3.606.273 kg de caroço de algodão, para produzir 3.146.543 kg de resíduo, 42.329 kg de línter e 354.558 kg de óleo, que eram destinados, integralmente, à sua fabricação de sabão, cujo volume de produção, desse ano, não consta na fonte onde foram encontrados tais dados (Relatório do Presidente José Moreira da Rocha de 1928).

Arquivo Nirez

Em 1928, segundo dados da Revista dos Industriais, essa usina produzia, mensalmente, 420t de resíduo em pasta (que eram exportadas, em parte, para outros estados e exterior), 60t de óleo de algodão, 40t de óleo de mamona, 400 t de sabão (destinadas a Fortaleza e ao resto do Ceará), além de 600t de sílex, ocupando 800 operários.

A partir de setembro de 1927, a Usina Ceará passou a pertencer apenas às firmas A. D. Siqueira & Filhos e Theophilo Gurgel & Cia. devido à retirada dos outros sócios: em 14/06/1926, registra-se a retirada de José Lauria da sociedade da Siqueira, Gurgel, Gomes, & Cia. Ltda. e, em 1927, respectivamente nos dias 16/03 e 05/09, as saídas das firmas Proença & Cia. e Philomeno Gomes & Cia. Com a retirada dessa última firma, será constituída uma nova firma denominada Siqueira & Gurgel Ltda., em substituição a Siqueira, Gurgel, Gomes & Cia. Ltda., que permanecerá com o mesmo capital de 1.500 contos de réis da firma extinta, tendo o total de suas 150 quotas ou ações a seguinte divisão: A. D. Siqueira & Filhos (72,75%) e Theophilo Gurgel & Cia. (27,25%). 

Reclame da Usina Ceará, publicado no Almanaque do Ceará, de 1930.


Anuário do Ce, 1977.  Renato Pires

Pedro Philomeno Gomes
, ao se retirar de tal firma, sairia definitivamente do ramo de óleos e sabão, passando a se dedicar apenas ao ramo cigarreiro e têxtil. Já Amarílio Proença, o sócio realmente atuante da Proença & Cia, na Usina Ceará, voltaria a atuar na indústria de óleos e sabão, posteriormente, não com a reativação da Fábrica Proença, mas como sócio, novamente, da Siqueira & Gurgel Ltda., a partir de 1930.
Com isso continuaria a Usina Ceará a ser, praticamente, a única grande produtora de óleo de caroço de algodão e sabão, no Ceará, até o surto de fundações de fábricas de óleos na década de 1930.

Em 1930, além de instalações para produzir óleos, resíduos, tortos e sílex, a Usina Ceará dispunha de modernas instalações, com capacidade para beneficiar 200 t de algodão, produzir 20 t de fios grossos para redes e cordões para embrulhos e 10 mil redes, mensalmente (Almanaque do Ceará de 1930). Posteriormente, adicionaria a essas atividades a produção de adubos agrícolas e farinha de ossos (Almanaque do Ceará de 1932).

Como as espécies de sabão produzidas pela Usina Ceará eram de baixa qualidade, teve ela sérios problemas, nos anos imediatos à sua instalação, com a concorrência no mercado cearense que lhe foi imposta pela Saboaria Amazônia (de Soares & Carvalho). Tal saboaria, situada no Pará, produzia sabões de melhor qualidade (os seus famosos sabões das marcas Borboleta e Tartaruga), que tinham maior aceitação que os da Usina Ceará nos segmentos populacionais de maior renda do Estado, sobretudo nos de Fortaleza. A estratégia encontrada, pelos dirigentes da Usina Ceará, para escapar dessa concorrência, foi a concentração das vendas de seus produtos nos mercados de baixa renda do interior cearense, para onde seguiam via E. F. de Baturité. Somente com a elevação da qualidade de seus sabões, conseguida com a aquisição da fórmula do sabão Borboleta, da Saboaria Amazônia, através do filho de um de seus sócios, que se desentendera com o pai, a Usina Ceará livrou-se definitivamente dessa incômoda competição. Superada essa crise inicial, a Usina Ceará sobreviveria até a década de 1990, mudando diversas vezes de proprietário. 

Os produtos da Siqueira Gurgel foram e são populares entre os cearenses. Os nomes dos produtos fabricados, tais como o sabonete Sigel, o óleo Pajeú, a gordura de coco Cariri e o famoso sabão Pavão, fazem parte da cultura do Ceará. Um dos textos de um dos famosos jingle do sabão Pavão, sobrevive na alma cearense:
"Uma mão lava a outra com perfeição, e as duas lavam a roupa com sabão Pavão".


Intervalo Sabão Pavão em 1994

O nome da personagem estampada na embalagem do óleo Pajeú, a
Neguinha do Pajeú, transformou-se em uma expressão bastante usada pelos cearenses para nomear uma pessoa sapeca e sem modos. A propaganda ficou famosa por trazer pessoas com fantasias vulgares de peixes e vegetais, dançando ao som do jingle da propaganda enquanto eram preparados em uma panela gigante.

Publicidade do Óleo Pajeú, publicada no Jornal O POVO em 12/05/1973. 

Chegou o novo Pajeú.

É um amor!

O novo Pajeú é o amor das donas de casas e das cozinheiras.

Leve! Delicado! Puríssimo!

E fazendo charme em sua nova embalagem cilíndrica: muito mas prática, fácil de usar, econômica.

Novo Pajeú é um amor!

Óleo Pajeú, um produto Siqueira Gurgel S.A.

Gif


Publicidade do Sabão Pavão, publicada no jornal  O POVO em 26.02.1930 

Sabão Pavão
Cuidado com as imitações grosseiras
Só é legítimo o que for consistente (duro) e tiver o carimbo:

PAVÃO

E os dizeres: Siqueira e Gurgel, LTD

Outros produtos que também fizeram muito sucesso entre os cearenses:

Rótulo do Sabão Elephante. Arquivo Nirez

Rótulo do sabão Águia. Esse era o rótulo da caixa de madeira. Arquivo Nirez

Rótulo do Sabonete Sigel, nome extraído da firma que o fabricava, Siqueira Gurgel. 
Arquivo Nirez

Rótulo do Saponáceo Pavão. "Saponáceo era um tijolo para fazer limpeza na hora de lavar a louça, substituía o Bombril." Nirez

No final dos anos 90, a Siqueira Gurgel foi vendida para a família Viana e as instalações da fabrica foi transferida para Caucaia. O terreno da avenida Bezerra de Menezes com José Jatahy (antiga José Bastos), onde funcionou a fabrica, foi vendido para a rede de supermercados Bompreço.

Usina Ceará , de Siqueira & Gurgel LTDA no Bairro Otávio Bonfim.
Registro de 1941. Acervo William Beuttenmuller

No dia 05 de dezembro do ano 2000, é então inaugurado, no local antes ocupado pela Siqueira Gurgel, o Hiper Bompreço.

Em 2004, a Siqueira Gurgel, já na nova sede, em Caucaia, foi premiada com o prêmio Delmiro Gouveia, um prêmio que elege as cem maiores empresas do Ceará, a Siqueira Gurgel ficou na colocação 94 entre os 100.


Fundada, em 12 de outubro de 1919, a Usina Gurgel, da firma Teófilo Gurgel Valente, em solenidade que contou com a presença do presidente do Estado, João Tomé de Sabóia e Silva, o governador do Arcebispado, monsenhor Joaquim Ferreira de Melo, o presidente da Associação Comercial do Ceará, coronel José Gentil Alves de Carvalho, o diretor da Rede Viação Cearense, Henrique Eduardo Couto Fernandes, etc.


Crédito: https://www.institutodoceara.org.br/
Cronologia Ilustrada de Fortaleza - Roteiro para um turismo histórico e cultural - 2005/Diário do Nordeste/ Biblioteca Nacional Digital Brasil/ Anuário do Ceará - 1976/ As múltiplas facetas de um marchante: a vida empresarial de Antônio Diogo de Siqueira - Carlos Negreiros Viana

domingo, 6 de dezembro de 2020

Solar da família Gentil - Atual Reitoria da UFC

 


José Gentil Alves de Carvalho nasceu em Sobral em 11 de setembro de 1867. Foi o maior empresário do Ceará. Em 1909, já residindo em Fortaleza, adquiriu a chácara de Henrique Alfredo Garcia, na Av. Visconde de Cauipe (atual Avenida da Universidade), no Benfica.

A casa que existia no local foi demolida em 1918. No terreno, José Gentil ergueu, no mesmo ano, um belíssimo palacete para ser a sua residência. O projeto foi do Dr. João Sabóia Barbosa. Em torno do palacete, José Gentil construiu vilas e ruas com residências de vários tamanhos e estilos, praças e áreas verdes.

Lugar que ficou conhecido como Gentilândia.

Família do Coronel José Gentil no palacete que hoje é a Reitoria da UFC. 
Foto de 1953.

Em 1956, a propriedade foi comprada pelo primeiro reitor da UFC, Prof. Antônio Martins Filho, da Imobiliária José Gentil S/A pertencente aos herdeiros de José Gentil.

Ampliação do Solar da família Gentil
(já adquirida pelo reitor) em 1964.

De acordo com o site oficial*, um ano após a compra, o Reitor Martins Filho resolveu demolir o casarão, construído em 1918, mandando projetar, pelo Departamento de Obras da UFC, a atual sede da Reitoria. Conforme sugestão do Reitor, o projeto elaborado pelo departamento de obras mantinha as mesmas linhas arquitetônicas da casa construída segundo o plano do Dr. João Sabóia Barbosa. O palacete projetado consta de duas alas laterais unidas por um corpo central conservando a torreta que já existia no projeto de João Sabóia.


Casa de José Gentil - Reitoria UFC - Nirez


O interior do palacete foi enriquecido pelo Reitor com duas escadarias de bronze e latão. Móveis de estilo foram adquiridos, assim como lustres de cristal, alguns comprados na Bahia, para ornamentação de vários salões.

Reitoria em 1965

No terreno onde se encontra a atual Reitoria da UFC, ergueiram-se duas casas, posteriormente demolidas para dar espaço às atuais proporções do parque em torno do edifício e possibilitar a construção da Concha Acústica.

*



sábado, 22 de agosto de 2020

Ferroviário Atlético Clube - O Ferrim

Em 9 de maio de 1933, nascia o Ferroviário Atlético Clube, fundado por trabalhadores da Rede de Viação Cearense (RVC). Considerado o clube de maior expressão esportiva de raízes operárias do Brasil, o Ferrim, assim tratado por seus apaixonados torcedores, é símbolo da democratização do futebol nacional e precursor do futebol profissional do Ceará.
o clube sempre foi ligado às camadas mais populares do estado, sendo por décadas considerado um "time do povo", levando multidões aos estádios.

Hidroporto da Barra do Ceará
No início da década de 1930, a RVC, antecessora da Rede Ferroviária Federal S/A (RFFSA), instalou oficinas de manutenção de locomotivas, carros e vagões na então distante região do Urubu, precisamente onde hoje é a sede da Transnordestina, sucessora da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), na Avenida Francisco Sá – tal logradouro corresponde à antiga Estrada do Urubu, importante via de comunicação com a Barra do Ceará, onde havia um hidroporto. 

À época, Fortaleza restringia-se praticamente ao seu centro histórico. Naquela área, ao longo dos anos, concentrou-se toda uma população humilde, na maioria fugida da seca, fomes e latifúndios do sertão. Não foi coincidência que, no intuito de servir-se da mão-de-obra barata, representada por essa população carente, nesse local foram instaladas várias indústrias.

Com muitas atividades para executar, a diretoria da RVC determinou a realização de horas extras noturnas, das 18h às 20h, nas citadas oficinas do Urubu, visando a recuperação de mais locomotivas, carros e vagões. Ao final do expediente normal, às 16h25min, os operários mais jovens, sobretudo aqueles que moravam longe, aproveitavam o “intervalo forçado” para jogarem o foot-ball, como chamavam. Assim, se divertiam enquanto aguardavam o tempo passar. Cotizaram o dinheiro para a compra de uma bola e, armados de pás e enxadas, limparam um terreno vazio dentro das oficinas, tirando matos, arrancando tocos e nivelando-o. Para completar a construção do campo, confeccionaram traves a partir de tubos retirados de caldeiras de velhas locomotivas.

1938 - 1º REGISTRO FOTOGRÁFICO DO FERROVIÁRIO
Em pé: José Severiano Almeida (diretor), Oscar Carioca, Procópio, Adelzirio, Dudu, Bitonho, Zeca Pinto (atacantes), Valdemar Caracas (técnico) e Alberto Gaspar de Oliveira (diretor); Agachados: Baiano, Zimba, Boinha (médios), Zé Felix e Popó (zagueiros); Sentados: Gumercindo e Puxa-faca (goleiros). 
Crédito: Site oficial do Ferroviário

Daí em diante, no finalzinho da tarde, tornou-se sagrado o “racha” entre os operários nas oficinas do Urubu. Para maior deleite, improvisaram até dois times, Matapasto e Jurubeba, nomes de ervas, uma homenagem irônica dos proletários aos matos que havia no terreno e que deram tanto trabalho na preparação do campo. Com o sucesso das “peladas” veio a feliz ideia de organizar “algo maior”. Em reunião na casa do mecânico José Roque (o “Gordo”) os boleiros da RVC decidiram unir Matapasto e Jurubeba para formar um time de fato, capaz de jogar pela periferia nos finais de semana e até participar de campeonatos suburbanos. Dentro do óbvio, a equipe recebeu o nome de Ferroviário – apenas Ferroviário, por pouco não sendo chamado também de “Ferrocarril”, a exemplo de outros clubes sul-americanos oriundos de companhias férreas. Escolheu-se ainda um uniforme com listas verticais nas cores vermelha, preta e branca.

Foto de 1945 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1946 - Crédito: Site Oficial

As “movimentações esportivas operárias” não passaram despercebidas a Valdemar Cabral Caracas, então influente chefe do escritório de manutenção da RVC e igualmente apaixonado por futebol. Nascido na cidade de Pacoti, interior serrano do Ceará, em 9 de novembro de 1907, deu vida oficial à ideia e destacou-se, portanto, como o principal fundador do, hoje, Ferroviário Atlético Clube. Foi também o primeiro comentarista de futebol do estado, trabalhando na Ceará Rádio Clube, pioneira da radiofusão cearense. Valdemar Caracas faleceu no dia 14 de janeiro de 2013, aos 105 anos de idade.

Foto de 1946 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1947 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1950 - Crédito: Botões para sempre

Chinês faz o  primeiro Gol do Estádio Presidente
Vargas em 14 de setembro de 1941 
No ano de 1937, o Ferroviário Atlético Clube disputa a Série B do cearense e com sua conquista, assegura a vaga do estadual seguinte. Em seu primeiro estadual com os grandes do futebol local, o Ferrão fica na nona colocação, no total de dezesseis equipes na competição, com um time formado em sua maioria pelos operários da Rede de Viação Cearense. Valdemar Caracas queria ir longe, promoveu o início da profissionalização do futebol cearense, em 1939, trazendo o zagueiro Popó do Great Western de Pernambuco. Era só o começo das primeiras contratações de fora na vida do clube. Também do futebol pernambucano, vieram o craque Zuza e o extrema-esquerda Chinês. Do interior do Piauí, veio o endiabrado Pepê. Mas foi de São Paulo a chegada mais festejada, o centro-médio Miro, titular do Corinthians.

Mascote
Tubarão da Barra já teve inúmeros confrontos inesquecíveis contra outros grandes times nacionais e até contra a Seleção Brasileira, em amistoso preparatório para os Jogos Olímpicos de 1968. Por falar em Seleção, em 1959, Zé de Melo, o primeiro cearense a vestir a camisa amarelinha, pertenceu ao Ferroviário. Depois dele, vieram mais, como Mirandinha e Jardel, ambos formados nas vitoriosas categorias de base do clube. A mesma fábrica que produziu, dentre tantos Ouros da Casa, o craque Iarley, bicampeão mundial interclubes.

Foto de 1952 - Crédito: Site Oficial

Foto de 1957 - Crédito: Site Oficial


A galeria coral já contabiliza mais de 100 conquistas oficiais, entre campeonatos, copas, torneios e taças. São 9 títulos do Campeonato Cearense, incluindo um invicto em 1968 e o bi de 94/95, e 22 vices. No Nordeste, foi também vice em 1971. Foi um dos primeiros clubes de futebol do estado do Ceará a disputar uma competição internacional fora do território brasileiro, em 2007, fazendo a final da Polar Cup, no Caribe, contra o FC Utrecht, da Holanda. Com 28 participações no Campeonato Brasileiro, o Ferroviário já esteve por 6 anos seguidos disputando a Série A

1969 - Ferroviário. A partir da esquerda (em pé): Ribeiro, Luís Paes, George, Wilson Cruz, Roberto e Coca-Cola. Na mesma ordem (agachados): Fernando Consul, Uriel, Alcir, Edmar e Léo. Detalhes: George também brilhou Ceará e na Seleção Cearense. Edmar foi um dos maiores campeões do futebol cearense. Ribeiro foi campeão cearense pelo América em 1966. (Colaboração de Elcias Ferreira). Crédito: Botões para sempre

Interessante salientar que o Ferroviário já disputou competições de Futsal, Basquetebol, Handebol, Futebol de Mesa, Hóquei sobre patins, Atletismo, Ciclismo e Tênis de Mesa. No futebol, principal esporte em que atua, foi o primeiro time da capital cearense a ter sido campeão brasileiro em uma divisão quando ganhou a Série D de 2018.

Década de 1970. Ferroviário Atlético Clube. A partir da esquerda (em pé): Breno, Luís Paes, Simplício, Gomes e Louro. Na mesma ordem (agachados): Mano, Paulo Veloso, Facó, Edmar e Fernando Cônsul. (Acervo de Elcias Ferreira). Crédito: Botões para sempre

Alcunhas do Ferroviário:

  • Tubarão da Barra
  • Peixe
  • Ferrão
  • Ferrim
  • Erreveceano
  • Time do povo
  • Time proletário

Foto de 1965 - Crédito: Botões para sempre

Foto de 1970 - Crédito: Botões para sempre

Com a palavra, o fundador:

Vou falar sobre o Ferroviário, precisamente do Ferroviário Atlético Clube. Nascido em 1933, fruto da junção das equipes “Matapasto” e “Jurubeba”, recebeu, na pia batismal, o nome de Ferroviário Football Clube, mas, na confirmação da crisma, fiz substituir o Football por Atlético.

Antes que me perguntem, vou dar, para vocês, esta explicação primordial. Iniciava-se o ano de 1933, quando a direção da Rede de Viação Cearense autorizou a execução de serviços extraordinários nas oficinas do Urubu, para a reparação de locomotivas, carros e vagões, durante um expediente noturno, que começava às 18 e terminava às 20 horas. Como o expediente normal expirava às 16h25min, os operários mais jovens que residiam longe dali (Barro Vermelho, Soure, Otávio Bonfim, Quilômetro 8, Parangaba e Mondubim) resolveram aproveitar a hora de folga para a prática de futebol; na preparação do campo, a relva retirada do espaço a ele destinado, era constituída de mata-pasto e jurubeba.

Foto de 1979 - Crédito: Botões para sempre

A verve operária, que era fértil, escolheu, então, estas plantas medicinais para denominação das duas onzenas que se defrontavam todas as tardes, no campo improvisado. As traves das metas eram roliças, confeccionadas que foram com tubos inservíveis, retirados de caldeiras das “Marias-fumaça”. Com aquele “timezinho” cognominado apenas de Ferroviário, eles, os operários-atletas, ou melhor, pebolistas, foram aos subúrbios onde realizaram partidas amistosas, com real proveito para a harmonia do conjunto, tudo sem qualquer interferência da minha parte.

Foi, então, que deliberei fazer dele gente, como se diz na gíria. Reuni operários, meus companheiros, promovi sessão com livro para a lavratura de atas, fiz um retrospecto da agremiação que surgia, completei o nome desta e disse-lhes da importância daquela reunião, como fator auspicioso para projeção da classe ferroviária. Era pretensão minha que tal ocorresse a 9 de novembro, quando eu completaria 26 anos, mas o entusiasmo exigiu a antecipação e não perdi tempo, marcando o dia para 9 de maio, exatamente 6 meses antes de 9 de novembro. Parti, então para a nova missão, aproveitando as horas disponíveis da minha atividade funcional.

Foto de 1988 - Crédito: Botões para sempre

Fui tudo no Ferroviário, menos presidente, porque nunca quis sê-lo. Fui pai, mãe, babá e, sobretudo, seu educador, disciplinando-o, pois a equipe suburbana era useira e vezeira em tomar o apito do árbitro, quando a decisão deste não lhe fosse agradável. Acabei com essa prática danosa ao seu comportamento, o time se fez clube, cresceu e está aí, vencendo os tropeços e dando alegrias a todos nós, seus torcedores.
Valdemar Caracas - 1994


Créditos: Site Oficial, Wikipédia e Botões para sempre.

sábado, 27 de junho de 2020

Memórias de menina - Por Marconi Simões Costa


Maria de Lourde da
Costa Jatahy aos
15 anos.
Nascida em 23 de março de 1909, minha avó adorava contar as histórias da nobre Fortaleza de sua infância. Ela morria de rir contando as vezes em que, montada em seu cavalo Medalhinha (ele tinha uma marca de nascença em sua testa, lembrando uma medalha) e acompanhada de sua inseparável amiga Francisquinha Valente, elas faziam questão de passar a galope pelos fundos do Colégio Militar, na Aldeota, bairro onde moravam, torcendo para os meninos do colégio chutarem alguma bola na direção dos cavalos. Quando isso acontecia, o arredio Medalhinha dava uma upa e jogava-lhe no chão de areia fofa da rua que ainda passa nos fundos do colégio. Era tudo o que ela queria, pois, imediatamente os meninos do Colégio Militar pulavam o muro do colégio e, enquanto alguns corriam para pegar o cavalo, outros se prontificavam a acudir as duas. E elas viam nessa situação o momento perfeito para flertar com os rapazes...


Pais de Mª de Lourdes: Carlos Jatahy e
D. Benvinda da Costa Jatahy
Minha avó sempre fazia questão de frisar que ela e Francisquinha Valente eram ótimas amazonas. Entretanto, elas montavam de lado, num ginete, com as pernas fechadas e saias, como cabia às moças da época. Elas cavalgavam com roupinha de marinheiro, posto que mulheres ainda não usavam calças. Mas ela contava que havia uma outra conhecida dela, também amazona, que usava calças. Teresinha Sabóia, creio eu que era esse seu nome, tinha morado nos Estados Unidos e voltou para Fortaleza chocando a conservadora sociedade da cidade. “Meu filho, ela montava de frente, igual a homem, escanchada, de pernas abertas e vestindo calças. Um horror!”, dizia minha avó, horrorizada com a modernidade da colega.


Bodas de Diamante dos avós paternos de Maria de Lourdes Jatahy Simões, que aparece tímida, com 15 anos de idade e pastinha cobrindo-lhe a fronte (1ª foto desta postagem). No canto inferior direito da imagem, vemos que a foto foi tirada em 24 de junho de 1924, na cidade de Fortaleza, onde Maria morava com seus pais, o casal destacado na 2ª foto desta postagem: Seu Carlos Jatahy e Dona Benvinda da Costa Jatahy.
Passe de bonde de 1945. Acervo Clóvis Acário Maciel
Ela também se divertia contando que gastava o talão de passes estudantis do bonde antes do fim do mês. Sempre com sua inseparável amiga Francisquinha Valente, elas faziam questão de torrar os bilhetes logo que o recebiam, indo várias vezes até o final da linha. E, como ela bem gostava de ressaltar: “Viajava pendurada nos estribos do bonde e, sem esperar o bonde chegar no terminal, saltava antes de sua parada total”, me explicava e — ignorando suas muitas décadas de vida — demonstrava como fazia para saltar de um bonde em movimento.


Estamos na Avenida Santos Dumont em 1940. Ao longe é possível avistar o bonde. Provavelmente seja o cruzamento com a Av. Rui Barbosa. Foto: O Cruzeiro/ Acervo Lucas
 Rio Cocó, em 1964.
Sempre montada no Medalhinha, minha avó saracoteava pelos quatro cantos da nobre Fortaleza. Ela gostava de ir na Mata do Cocó ver as lavadeiras com suas cantorias e suas assustadoras histórias de trancoso. Às vezes ela via essas lavadeiras passando pela Aldeota, indo ou vindo para o Cocó, sempre cantando as músicas que a impressionaram.


Bonde prefixo 126, Benfica, lotado, em 1940. Acervo Lucas
Bangalôs na Aldeota em 1937. Acervo Lucas
Minha avó teve uma vida muito tranquila. Certa feita, em viagem pela então capital federal, seu pai comprou um bilhete de loteria no Rio de Janeiro e, ao desembarcar do navio em Fortaleza, descobriu que o bilhete estava premiado. E teve sua vida transformada. 

Com o dinheiro do prêmio, ele abriu uma tipografia. Também comprou uma casa de um quarteirão inteiro na já nobre Aldeota. A casa era tão grande, que tinha espaço para guarda do cavalo Medalhinha, que era muito bem cuidado pela minha avó. Ela fazia questão de picar a comida do cavalo bem miúda pois, segundo ela, o empregado da casa, o escravo liberto Nego Marcolino, não sabia cortar no tamanho correto. 


Aldeota em 1935. Acervo Ápio Pontes
Acredito que esse dinheiro tenha alçado a família às altas rodas da sociedade fortalezense de então. Minha avó contava que um conhecido de seu pai — do qual não lembro o nome — os recebia em casa com sorvete feito numa máquina de sorvete que tinham em casa. Ela também lembrava das vezes que acompanhando o pai, ainda menina, travou contato com o coronel José Gentil, cujo solar hoje é ocupado pela reitoria da Universidade Federal do Ceará.



Palacete do coronel Gentil, atual reitoria.
O conforto alcançado por seus pais foi tamanho que ela e seus irmãos passaram a contar com aulas de inglês em casa. Mr. Door era o professor, nativo de país de língua inglesa (confesso que não consigo lembrar qual era o seu país de origem...). Entretanto, minha avó não estava muito disposta a sentar ao lado do docente da língua de Shakespeare. E, com isso, reclamando que ele tinha um bafo insuportável de café, ela e seus irmãos se esquivavam sempre das aulas. Um dos irmãos que lhe acompanhava na resistência contra Mr. Door era José Patápio da Costa Jatahy, homenageado em 2010, quando teve a Avenida Poeta José Jatahy batizada com seu nome.

Avenida Santos Dumont - Aldeota, em 1957.
A família, com a fortuna do bilhete de loteria, passou a frequentar as animadas noites do Clube Iracema, na Praça do FerreiraEla sempre ia com seu pai e fazia questão de, orgulhosa, dizer: “A primeira valsa meu pai sempre dançava comigo, e não com minha mãe. Meu pai dizia que eu dançava muito bem”. As noites do Iracema deviam ser realmente muito sofisticadas. Minha avó contava que sempre tinha orquestra ao vivo tocando valsas, foxtrotes, charleston e, eventualmente, tangos, a que ela se referia como argentinos. Inclusive, o ritmo portenho era um de seus grandes desgostos: “Só tem duas coisas que eu não sei dançar: o argentino e o passo”, referindo-se ao tango e ao frevo pernambucano.


Restaurante do Clube Iracema, no Palacete Ceará. Foto dos anos 20. Arquivo Nirez
Um baile no Clube Iracema
Entretanto, esse fausto foi infinito enquanto durou. Viciado em pôquer, seu pai apostou — e perdeu — tudo o que tinha construído: a tipografia, a casa, o dinheiro e, para desespero da minha avó, seu cavalo: “Eu quase morri no dia em que meu pai vendeu o Medalhinha!”, lamentava ela, décadas depois, ainda com lágrimas nos olhos.

Não sei com que seu pai trabalhava antes de criar a tipografia mas, com sua falência, passou a ser Prático da Great Western. Imagino que a família deva ter sofrido bastante nesse período de vacas magras. Lembro de — já no início da década de 90 — ter presenciado uma discussão da minha avó com a irmã caçula. Na contenda, a irmã afirmava: “Você não viveu a situação de miséria que os irmãos mais novos viveram! Você não passou fome!”.


Lourdes e o esposo Waldemar Simões
no dia do casamento, em 1925
É importante lembrar que esses relatos acerca da vida da minha avó são anteriores ao seu casamento, aos 16 anos de idade, em 1925. Ou seja, são fatos ocorridos entre o final dos anos 10 e a primeira metade dos anos 20, do século XX. Eventuais imprecisões são culpa unicamente minha, que só me disponho a descrevê-los hoje, em 24 de junho de 2020, exatos 96 anos depois da foto em destaque e 20 anos depois de seu falecimento, completamente baseado em seus vívidos relatos que ainda me vêm à mente.

Quando nasci, no hoje distante ano de 1972, minha avó já contava com 63 anos. Mas sempre foi muito lúcida, até o seu falecimento no ano 2000 com 91 anos de idade. Quando idosa, sua memória para fatos recentes não funcionava bem e muitas vezes fazia confusão entre coisas recentes e histórias antigas. Ao me ver estudando, frequentemente ela me perguntava se eu estava me preparando para o Exame de Admissão, mesmo que eu já tivesse mais de 20 anos de idade e estivesse estudando para alguma prova da faculdade. Se eventualmente faltava energia, lhe vinham à mente os blecautes que Fortaleza sofria à época da Segunda Grande Guerra e a necessidade de ficar em casa com tudo apagado, a fim de evitar eventuais bombardeios de aviões do Eixo sobre a capital cearense.

E ela viveu assim: contando para mim as histórias de sua juventude com todas as cores e intensidade que os fatos mereciam. Infelizmente, essas histórias ficaram no passado e, a fim de que não se percam para sempre no esquecimento, eu faço questão de expô-las nesse importante canal que é o Fortaleza Nobre.


Marconi Simões Costa


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